Buscar

Estudo do Desenvolvimento do Grafismo Infantil

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE PAULISTA
Instituto de Ciências Humanas
Curso de Psicologia
ALEXANDRE ANTUNES PINTO, RA D972367
CAIO CAMARGO MONTEIRO, RA: N3956D7
DIEGO HENRIQUE COUTO DOS SANTOS, RA: D896393
SORAIA DE OLIVEIRA GATTO, RA: T8597J8
TIFFANY GONÇALVES BRITO, RA: N470542
ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DO GRAFISMO INFANTIL
São Paulo
2020
ALEXANDRE ANTUNES PINTO, RA D972367
CAIO CAMARGO MONTEIRO, RA: N3956D7
DIEGO HENRIQUE COUTO DOS SANTOS, RA: D896393
SORAIA DE OLIVEIRA GATTO, RA: T8597J8
TIFFANY GONÇALVES BRITO, RA: N470542
ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DO GRAFISMO INFANTIL
Trabalho apresentado para a disciplina Psicologia Construtivista, como atividade prática supervisionada sob responsabilidade da 
São Paulo
2020
Sumário
1.	Introdução	3
1.1.	Teoria do desenvolvimento cognitivo Piaget	3
1.2.	Teoria de George Luquet – Grafismo	4
1.3.	Teoria de Viktor Lowenfeld – Grafismo	4
2.	Desenvolvimento	5
2.1.	Desenho 1 – Crianças de 2 anos	6
2.2.	Desenho 2 – Criança de 4 anos e meio	6
2.3.	Desenho 3 – Criança de 8 anos	7
2.4.	Desenho 4 – Criança de 12 anos	8
3.	Considerações Finais	10
4.	Referências bibliográficas	10
5.	Anexos	12
Introdução
A teoria do desenvolvimento humano busca estremar os fundamentais aspectos evolutivos, separando o ciclo de vida em períodos, estágios e estádios, procurando compreender os aspectos físicos, cognitivos, psicossociais e suas transformações ao longo da vida.
A psicologia cognitivista e construtivista teve influências dos teóricos: Jean Piaget (1896-1980), um teórico dos mais importantes para a área, pois desenvolveu a teoria do desenvolvimento cognitivo. George Henri Luquet (1876-1965), pioneiro do estudo do desenvolvimento gráfico infantil e Viktor Lowenfeld (1903- 1960), que instigou a definição e o desenvolvimento do grafismo infantil.
Tendo como base os teóricos citados acima, o objetivo deste trabalho é analisar desenhos de crianças com idade entre 02 a 15 anos, e compreender como essas crianças demonstram a percepção de seus mundos através do desenho.
1.1. Teoria do desenvolvimento cognitivo Piaget
Jean Piaget sustentava na teoria do desenvolvimento cognitivo, o conceito de esquemas mentais, sendo ciclos de assimilação, acomodação e equilibração. 
Assimilação é um decurso em que a criança acrescenta um novo elemento a um esquema mental. 
Acomodação é quando a criança altera um transforma ou cria um esquema para acomodar o novo objeto em sua condição, na qual lhe gera uma desequilibração e depois uma reequilibração. Estes ciclos fazem a ligação do indivíduo com a realidade, desde uma estrutura mental simples, como a de uma criança, até a mais complexa, como a de um adulto.
Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo pode se separar em quatro estádios: estádio sensório-motor (0 a 2 anos) estádio responsável pela criação dos “esquemas de ação”, fazendo um construto físico sob a realidade, desenvolvendo o conceito de permanência do objeto através da interações físicas com o meio ; estádio pré-operatório (2 a 6 anos) estádio da construção do simbolismos, neste estádio é esperado que a criança comece a dar representações simbólicas através dos desenhos, linguagem e socialização; estádio operatório-concreto (6 a 12 anos) aqui é esperado a construção de estruturas lógicas refinamento da memória, linguagem, moralidade e atenção; estádio operatório-formal (acima de 12 anos) neste último estádio definido por Piaget, é esperada a construção do pensamento abstrato, conceptual e a sugestão de hipóteses, pesando diferentes pontos de vista, diferente do estádio anterior, aqui o pensamento não depende de objetos concretos para eliciar novos esquemas intelectuais.
1.2. Teoria de George Luquet – Grafismo
 
De acordo com Luquet, são quatro os estágios do desenvolvimento gráfico da criança. 
O primeiro deles é o realismo fortuito, que começa por volta dos 2 anos, ocasionando o final do período chamado rabisco, onde a criança tem o prazer do movimento em seus desenhos. Ela faz desenhos sem propósito, e ao final deles, ela os nomeia, podendo ainda alterar sua interpretação mais tarde.
O segundo estágio é o realismo falhado (3 a 6 anos), onde a criança transparece a identidade forma-objeto e procura retratar esta forma, sem que haja uma relação entre os objetos desenhados.
 O terceiro estágio é o realismo intelectual (6 a 12 anos) que se define pelo fato de que a criança, passa em seu desenho a ideia que tem do objeto, não apenas reproduzindo o que ela vê.
O quarto estágio é o realismo visual (10 a 12 anos), onde a criança já consegue desenhar o objeto com proporções mais próximas do real, pois já obteve um maior conhecimento intelectual.
1.3. Teoria de Viktor Lowenfeld – Grafismo
Na teoria de Lowenfeld, foram estabelecidos seis estágios de desenvolvimento gráfico da criança.
Primeiramente temos o estágio das garatujas (1,6 a 4 anos), fase dos primeiros rabiscos da criança. Lowenfeld abraça que este é um dos marcos mais importantes para o desenvolvimento, dividindo este estágio em três, classificando gradativamente como garatuja desordenada, onde a criança desenha sem ter uma motivação para com o desenho. Passando progressivamente para garatujas controladas, momento em que a criança começa a desenvolver o controle visual de seus desenhos, passando a observar seus movimentos realizados, e chegando a garatujas com atribuições de nome, onde seus desenhos têm uma associação com o meio ao seu redor, e as crianças os nomeiam.
O segundo estágio é a figuração pré-esquemática (4 a 7 anos). Segundo Lowenfeld, este é o momento em que a criança estabelece uma ligação entre o seu desenho e o meio onde vive, são as primeiras tentativas de representar a realidade.
O terceiro estágio é a figuração esquemática (7 a 9 anos), início da fase escolar. A criança já faz uma correlação lógica em seus desenhos, expressando seu lado emocional e visual.
O quarto estágio é a figuração realista (9 a 12 anos). Os desenhos trazem mais detalhes, com proporções e ponto de vista. 
O quinto estágio é o pseudo-naturalista (12 a 14 anos), ocorrendo com a puberdade e a adolescência. É o fim da naturalidade no desenho, pela racionalização do pensamento.
O último estágio é o período de decisão (14 a 17 anos), onde os desenhos já têm uma inclinação realista, iniciando uma arte deliberada, com o propósito de objetar e debater.
Embora seja estabelecida faixas etárias para determinar o início e fim de cada fase citada, o desenvolvimento físico, psíquico e psicossocial pode ocorrer em ritmos diferentes de criança para criança.
Desenvolvimento
Para a elaboração deste trabalho foram selecionados quatro desenhos de crianças de diferentes idades, representando os estádios do desenvolvimento humano conforme determina Piaget.
Os desenhos foram previamente estabelecidos e toda análise efetuada se fundamentou nos conceitos teórico supracitados.
2.1. Desenho 1 – Crianças de 2 anos
Segundo Gardner, a criança só passa a utilizar os símbolos a partir dos 2 anos, ou seja, seus primeiros desenhos utilizam muito mais da ação motora do que a simbólica.
De acordo com Piaget, crianças de 0 a 2 anos encontram-se na primeira infância, no estádio sensório-motor. Piaget afirma, em sua teoria, que esse estádio é representado pelo início da compreensão de relações causais simples, onde a criança explora o ambiente através de atividades motoras e por tentativa e erro. Também é o começo do desenvolvimento da representação simbólica dos objetos, ou seja, a criança passa a conseguir criar mentalmente os objetos presentes em sua realidade.
A linguagem ocorre gradativamente e é influenciada pelo ambiente externo, sendo fundamental para marcar o final desse estádio. Também é no estádio sensório-motor que a criança desenvolve o processo cognitivo chamado de “permanência do objeto”, onde ela entende que mesmo que não esteja vendo determinado objeto, ele não deixa de existir.
O desenho acima apresenta traços desordenados, sem preocupação com o que está sendo criado, a criança desenha por cima do que já haviasido desenhado. Os traçados são amplos e sem um formato específico, seus traços são feitos ao acaso, sendo basicamente rabiscos, podendo ser caracterizado como “garatuja desordenada”.
Levando em conta a teoria de Luquet, a criança encontra-se na fase do realismo fortuito, porque o desenho é representado por rabiscos aleatórios, sem a apresentação de uma forma específica. Nessa fase, Luquet sustenta que a criança nomeia o desenho de acordo com a analogia que faz de algum objeto disposto em seu ambiente externo podendo sobrepor seu significado com o passar do tempo.
Seguindo as orientações de Lowenfeld, a criança se encontra no período das “garatujas desordenadas”, devido aos seus rabiscos sem ordem alguma. Segundo ele, tais rabiscos vão sendo aprimorados e se tornam mais controlados.
2.2. Desenho 2 – Criança de 4 anos e meio
Em conformidade com a teoria de Piaget, o desenho encontra- se no estádio pré-operatório, que vai dos 2 a 7 anos de idade. A criança demonstra extremo prazer nessa fase apresentando contornos mais firmes, movimentos mais controlados, começa formar representações da veracidade do próprio pensamento e inicia a representação simbólica de pessoas, contudo, não é demonstrada fidedignidade ao que é representado, comportamento esperado para este estádio.
Segundo George Luquet, o estágio é o realismo falhado, pois tenta desenhar algo real, mas ainda não consegue, evidenciado pela desproporção da figura, como cabeça, olhos e mãos acima do tamanho e torso pequeno.
Ainda não há integração coerente, pois, pensamentos e ações não estão coordenados, impossibilitando juntar partes no desenho, e uma preocupação em representar cada objeto de uma forma diferente.
Já no que tange Lowenfeld, a criança está no estágio da figuração pré- esquemática, fase do desenvolvimento gráfico, estreita relação com o desenvolvimento da linguagem, cujas características pela representação do meio de maneira descritiva, onde acontecem as tentativas de traduzir o que é real, e o seu sentido.
2.3. Desenho 3 – Criança de 8 anos
Conforme Piaget, a criança que esquematizou o desenho encontra-se na terceira infância, que se apresenta entre os 6 e 12 anos, no estádio operatório-concreto. 
Nesse estádio, a criança já consegue resolver problemas lógicos se eles estiverem conectados com sua realidade concreta. Suas cognições envolvendo a linguagem, atenção e memória são refinadas. A criança também adquire a capacidade de atenção seletiva, onde consegue focar em um estímulo por vez, devido ao desenvolvimento da sua formação reticular e lobos frontais. O uso da memória é muito mais efetivo, conseguindo acessá-las devido o desenvolvimento da memória de longo prazo. As crianças já se encontram na fase escolar, portanto o uso da gramática, metalinguística e a habilidade de narrar fatos e acontecimentos encontram-se aptos na linguagem.
O desenho apresenta aspectos expressos no domínio simbólico da criança, como a representação de um tema que lhe agrada e de elementos expressivos e elaborados, tendo como exemplo: a torre com a princesa, as flores e o sol; além da coloração realizada com cuidado para não ultrapassar as linhas estabelecidas. O desenho segue uma linha horizontal que determina o espaço onde os elementos serão representados e a relação das cores segue o padrão real encontrado no ambiente externo onde a criança está inserida.
Para Luquet, a criança encontra-se na fase do realismo intelectual, onde ela representa no papel aquilo que sabe da realidade ao seu redor. Ela consegue projetar a noção de diversos planos e profundidade através dos objetos dispostos no espaço. Também é possível observar que ela considera a distância, proporção e posição dos elementos.
Lowenfeld nomeia essa etapa de “esquemático”, onde a criança desenha o que há em seu meio, nele ela deposita os elementos em uma sequência sobre uma linha reta horizontal, normalmente na parte inferior do papel. 
2.4. Desenho 4 – Criança de 12 anos
Piaget, em seus estudos referentes ao grafismo, denomina a fase das operações abstratas (10 anos em diante) de “pseudo-naturalismo”. O jovem passa a renunciar à arte espontânea e começa a se preocupar em representar suas produções com maior objetividade, cores reais, noções de profundidade e, ao mesmo tempo, valoriza a interpretação do próprio desenho para que possa ser compreendido, bem como exercita autocrítica. Nas representações da figura humana, passa a ter uma maior preocupação com proporções, representação dos sexos (podendo até simbolizar de forma exagerada), como também das expressões emocionais (subjetividade). Piaget observa o início de “investigação de própria personalidade” e “a expressão aparece como: - Eu represento e você vê”. Nesta etapa são claramente visíveis: “o exercício, o símbolo e a regra”.
 Luquet denomina de “realismo visual” uma etapa do grafismo que “ocorre geralmente por volta dos 12 anos, marcado pela descoberta da perspectiva e a submissão às suas leis, daí um empobrecimento, um enxugamento progressivo do grafismo que tende a se juntar às produções adultas”. Assim, a criança abdica das estratégias empregadas anteriormente e a “transparência dá lugar à opacidade”, ou seja, ela desenha somente os elementos visíveis e passa a se utilizar de recursos de coordenadas, dando procedência à perspectiva.
Conceituação similar, porém, com adição de novos elementos, é encontrada na obra de Lowenfeld, para a faixa etária dos 10 aos 12 anos, a qual denomina de “realismo”. Nesta etapa o autor descreve que a criança “encontra-se mais realista e detalhista, desenhando tudo o que vê”, consegue assinalar o tamanho dos objetos, tendo compreensão de que “o que está na frente é maior e esconde o que está atrás, e ainda vai além, utiliza sombras para dar acabamento, mas principalmente para dar noção de perspectiva (claro e escuro) e a figura humana consegue ser diferenciada pelos sexos”.
Ao observar o desenho constante do anexo 4 deste trabalho, nota-se claramente a intenção do jovem de 12 anos em representar a realidade tal qual se apresenta, preocupando-se em retratar as pessoas e cores em uma cena realista. Os traçados são bem definidos, tem continuidade, porém demonstra menos detalhes nas faces, mãos e pés.
Observa-se também, que ao desenhar a mãe com o carrinho de bebê, o adolescente se utiliza da noção de profundidade, posicionando-a num plano mais ao fundo e situa num mesmo nível o carrinho juntamente consigo e o irmão mais novo.
 
No desenho apresentado, o jovem utiliza-se de recursos para diferenciar os sexos, tais quais os seios na figura materna, sobressaliência discreta em suas calças compridas e mãos no bolso, bem como usa recursos para detalhar as vestimentas de todos.
 Percebe-se que o garoto focou todo o detalhamento do seu desenho em si, na mãe e irmão, optando por não representar o restante do ambiente no plano de fundo. Pode-se aferir a importância e destaque para esses membros da família, no momento registrado e simbolizado no desenho.
 A partir das observações descritas, pode-se inferir que tanto para as teorias de Luquet, quanto Lowenfeld e Piaget, denominadas de “realismo visual”, “realismo” e “pseudo-naturalismo” respectivamente, o jovem se encontra dentro do que é esperado para a faixa etária dos 12 anos.
Considerações Finais
De acordo com o que foi analisado e apresentado baseando-se nos três estudos discutidos, pudemos notar a similaridade e coerência entre as teorias estudadas.
Os estádios e fases propostos por Piaget, Luquet e Lowenfeld puderam ser facilmente observáveis através da representação gráfica de cada criança. Houve a clara identificação da faixa etária dos indivíduos assim como a representação do que se é esperado para cada fase do desenvolvimento.
Percebemos que os estudos de desenhos fomentam uma prodigiosa fonte de estudo da psiquê infantil e garantem uma representação da subjetividade da criança e de como ela projeta o mundo ao redor. A linguagem do desenho permite que as crianças exprimam e experimentes seus pensamentos, sentimentos,desejos e anseios de modo mais fácil e variado, dando voz a sua imaginação.
Aferimos que cada desenho estudado denota que as crianças estão de acordo do que se é esperado pelos estádios de desenvolvimento, indicando uma progressividade saudável. Por fim, a proposta do trabalho se mostrou eficaz e edificante na solidificação do conhecimento transmitido em aula, propondo a análise e síntese necessária para a acomodação de novos construtos mentais.
Referências bibliográficas
	LUQUET, G. H. O desenho infantil. Porto: Editora do Minho, 1969. 
	MEREDIEU, F. de O desenho infantil. São Paulo: Cultrix, 2000.
	PIAGET, J. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 25ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.
	PIAGET, J.; INHELDER, B. O desenho. In: A Psicologia da Criança. 3ª ed. Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Difel, 2003, pp. 57-60.
	PILLOTTO, S. S. D.; SILVA, M. K.; MOGNOL, L. T. Grafismo infantil: linguagem do desenho. In: Revista Linhas - Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, Florianópolis/SC, v. 5, n. 2, 2004. Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat: http://revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1219/1033
Anexos
Desenho 1 – Criança de 2 anos
Desenho 2 – Criança de 4 anos e meio
Desenho 3 – Criança de 8 anos
Desenho 4 – Criança de 12 anos
4

Continue navegando