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Resumo - M02P04 (1)

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Matheus Bassalo Aflalo – M02P04 
PROBLEMA 04 – ESTRUTURA DOS CROMOSSOMOS 
Os cromossomos correspondem ao material genético condensado, sendo com-
postos por DNA, RNA – em pouca quantidade -, proteínas histonas, não-histô-
nicas, ácidas, básicas, além de constituintes nucleares não cromatínicos. Eles 
são divididos em duas cromátides-irmãs. 
Braços curtos e longos: as cromátides-irmãs são subdivididas em dois braços pelo 
centrômero, um deles curto – representado por p – e o outro longo – represen-
tado por q; 
Centrômeros: estão localizados em uma região de constrição primária e tanto 
eles quanto anéis de proteínas denominados coesinas mantém as cromátides-
irmãs unidas; em posição a eles, aparecem os cinetócoros, complexos proteicos 
que representam o ponto de intersecção dos cromossomos para os microtúbulos 
cinetocóricos do fuso mitótico. 
Há, também, regiões de constrição secundária, localizadas entre os centrô-
meros e as extremidades do cromossomo, chamadas de telômeros, tampões es-
pecializados responsáveis por evitar a perda de genes com o desgaste dos cro-
mossomos, sendo constituídos por várias sequências de DNA – 5’-TTAGGG-3’. 
Elas se ligam aos excedentes da fita simples, formando alças protetoras. 
TELOMERASE 
Algumas células têm a capacidade de reverter o encurtamento dos telômeros 
através da expressão da telomerase, uma DNA polimerase RNA dependente, a 
qual o estende. 
A telomerase não é geralmente ativa na maioria das células somáticas, dife-
rentemente das células germinativas e de algumas células-tronco adultas, já 
que passam por diversas divisões e, no caso das primeiras, dar origem a um novo 
organismo com o seu relógio telomérico de “recomeçar”. Interessantemente, 
nas células cancerígenas, os telômeros são mais curtos e a telomerase é ativa, 
concedendo-a o título de “imortal”. 
Cromatina: pode ser apresentado em dois formatos: 
→ Eucromatina: região menos condensada e, portanto, ativa, haja vista a 
possibilidade de transcrição do material genético; 
→ Heterocromatina: região mais condensada e, portanto, inativa, haja vista a 
impossibilidade de transcrição do material genético; pode ser constitutiva 
ou facultativa. 
TIPOS DE CROMOSSOMO 
Metacêntrico; 
Submetacêntrico; 
Acrocêntrico: nele, os braços curtos são compostos por uma massa de cromatina 
chamada de região satélite, a qual se liga ao centrômero por meio de uma cons-
trição secundária ou pedículo, e é importante na síntese de rRNA; 
Telocêntrico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Matheus Bassalo Aflalo – M02P04 
PROBLEMA 04 – ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS 
As alterações cromossômicas têm um impacto clínico enorme nos seres hu-
manos em relação às suas consequências fenotípicas variáveis e tanto podem ser 
numéricas quanto estruturais, podendo envolver autossomos, cromossomos se-
xuais, ou ambos, simultaneamente. 
ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS NUMÉRICAS 
Normalmente, cada célula somática do corpo humano possui 46 cromossomos 
organizados em 23 pares (22 pares autossômicos + 1 par cromossômico sexual). 
Entretanto, por vezes, ocorre de haver cópias a mais ou a menos de um cromos-
somo em particular, influenciando no conteúdo de informações genéticas. Den-
tre elas existem as euploidias e as aneuploidias. 
EUPLOIDIA 
As euploidia ocorrem em todo o genoma, originando células nas quais o nú-
mero de cromossomos é o múltiplo exato (3n, 4n, etc.) do número haploide (n) 
característico da espécie. Tal anomalia é incompatível com a vida e geralmente, 
nesses casos, são observados abortos espontâneos, bebês nascendo mortos ou 
morrendo após o nascimento. 
HAPLOIDIA (n) 
A haploidia (n) se dá com a manifestação dos cromossomos em dose simples, 
semelhante aos gametas. Ela pode ser uma condição normal em certas espécies 
(partenogênese) ou anormal, quando, por exemplo, é apresentada em células so-
máticas de organismos diploides (2n), os quais se tornam pequenos e estéreis; 
POLIPLIDIA: TRIPLOIDIA (3n) E TETRAPLOIDIA (4n) 
Além do número diploide (2n), característica das células somáticas normais, 
dois outros complementos cromossômicos euploides são ocasionalmente obser-
vados em material clínico: a triploidia (3n) e a tetraploidia (4n). 
Triploidia (3n): a maioria daqueles identificados nessa condição é resultante da 
fertilização por dois espermatozoides (dispermia) ou de insucessos em uma das 
divisões meióticas, ocasionando gametas diploides (2n). A manifestação feno-
típica de um cariótipo triploide (3n) depende da fonte do conjunto extra de 
cromossomos: 
→ Paterno: anormalidade placentária -> molas hidatiformes parciais; 
→ Materno: aborto espontâneo precocemente na gestação. 
Tetraploidia (4n): os tetraploides (4n) são sempre 92,XXXX ou 92,XXYY; a au-
sência da constituição de cromossomos sexuais XXXY ou XYYY sugere que a 
tetraploidia (4n) resulta do insucesso na conclusão de uma clivagem inicial na 
divisão do zigoto. 
ANEUPLOIDIA 
As aneuploidias, diferentemente das euploidias, não altera todo o complexo 
cromossômico, envolvendo apenas a alteração de um ou mais cromossomos do 
par, a qual dá origem a células cujo número de cromossomos é múltiplo não exato 
do número haploide (n) característico da espécie. Cabe citar que os riscos de 
gestação por aneuploidias aumenta com o avanço da idade materna. 
Clinicamente, são os tipos mais comuns e significantes de anomalias cromos-
sômicas, sendo os pares 13, 18, 21, X e Y os responsáveis pela imensa maioria 
em indivíduos nascidos com vida. Os portadores dessa condição podem apresen-
tar monossomia, trissomia e nulissomia. 
MONOSSOMIA (2n – 1) 
A monossomia (2n – 1) ocorre a partir da perda de um cromossomo no par. É 
quase sempre letal, com uma importante exceção, a monossomia do cromossomo 
X, conforme observada na síndrome de Turner. 
Síndrome de Turner: as mulheres portadoras apresentam somente um cromos-
somo X tem seu funcionamento normal, sendo que o outro pode estar perdido 
total ou parcialmente ou ser anormal: 
→ Cariótipo: 45,X; 
→ Fenótipo: baixa estatura, inteligência normal, disgenesia gonadal (malfor-
mação das gônadas), puberdade deficiente, infertilidade, pescoço alado, 
cardiopatias e rins com formato de ferradura. 
Matheus Bassalo Aflalo – M02P04 
 
 
 
 
 
 
POLISSOMIA: TRISSOMIA (2n + 1) 
A trissomia (2n + 1) ocorre a partir do ganho de um cromossomo no par. É 
observada tanto em autossomos – comumente nos pares 13, 18 e 21, os quais 
possuem menor número de genes localizados – quanto em cromossomos sexuais 
– trissomias XXY, XYY e XXX. 
Síndrome de Patau: a trissomia no par de cromossomos 13 é uma doença con-
gênita, clinicamente grave e letal em quase todos os casos, além de ser a menos 
frequente dentre as autossômicas, haja vista sua alta taxa de mortalidade in-
tra uterina: 
→ Cariótipo: 47,XX ou XY,+13; 
→ Fenótipo: microftalmia (globo ocular pequeno), fenda palato labial e poli-
dactilia; todos os órgãos podem ser afetados, porém os derivados da ec-
toderme e da mesoderme são acometidos mais frequentemente. 
 
 
 
 
 
Síndrome de Edwards: a trissomia no par de cromossomos 18 é a segunda mais 
frequente dentre as autossômicas; indivíduos portadores do sexo feminino 
apresentam uma ligeira predominância da doença: 
→ Cariótipo: 47,XX ou XY,+18; 
→ Fenótipo: baixo peso, crises de cianose (coloração azulada da pele ou das 
mucosas), tremores e convulsões, hipoplasia genital, hérnia diafragmática, 
fenda facial, onfalocele (hérnia umbilical), atresia esofágica, rins em fer-
radura e defeito do septo ventricular. 
 
 
 
 
 
 
Síndrome de Down: a trissomia no par de cromossomos 21 corresponde a mais 
comum e bem mais conhecida dentre as autossômicas: 
→ Cariótipo: 47, XX ou XY, +21 -> trissomia padrão; 46, XX ou XY, (t 14;21) 
-> translocação robertsoniana; 46, XX ou XY/47, XX ou XY, +21 -> mo-
saicismo; 
→ Fenótipo: perfil achatado, orelhas pequenas de implantação baixa, pescoçode aparência larga e grossa com pele redundante na nuca, mãos e pés ten-
dem a ser pequenos e grossos, podendo ser observado encurvamento do 
quinto dígito, aumento da distância entre o primeiro e o segundo artelho e 
prega única nas palmas (prega simiesca), olhos com fendas palpebrais oblí-
quas, língua grande, abdômen saliente e tecido adiposo abundante. 
Síndrome de Klinefelter: é caracterizada pela presença de cromossomos X ex-
tranuméricos no cariótipo masculino, levando à insuficiência na produção de 
testosterona: 
Matheus Bassalo Aflalo – M02P04 
→ Cariótipo: 47,XXY; pode haver outros cariótipos como 48,XXYY, 48,XXXY, 
49,XXXXY, cujos cromossomos X adicionais, ainda que inativados, causam 
fenótipos mais graves; 
→ Fenótipo: hipogonadismo masculino primário (deficiência funcional dos tes-
tículos que acarreta insuficiência do desenvolvimento sexual), estatura au-
mentada, proporções corporais e distribuição de pelos e de gordura no 
corpo – apresentando um padrão feminino -, massa muscular reduzida, ní-
veis de testosterona baixos e características sexuais secundárias pouco 
desenvolvidas, ginecomastia (desenvolvimento de mamas masculinas), difi-
culdade de aprendizagem e retardo mental leve. 
 
 
 
 
 
Síndrome do Super-macho: ocorre com a presença de um cromossomo Y ex-
tranumérico no cariótipo masculino: 
→ Cariótipo: 47,XYY; 
→ Fenótipo: estatura elevada, distúrbios na fala e na motricidade, volume 
cerebral reduzido, dentes grandes, espaço entre as sobrancelhas saliente, 
orelhas, mãos e pés mais compridos, criptorquidia (não descimento dos tes-
tículos), redução do tamanho do órgão genital, a maioria é fértil e possuem 
maior agressividade, devido a o aumento da síntese de testosterona. 
Síndrome do Super-fêmea: ocorre com a presença de um cromossomo X ex-
tranumérico no cariótipo feminino: 
→ Cariótipo: 47,XXX; 
→ Fenótipo: não tem aparência anormal, geralmente férteis com a menopausa 
adiantada, distúrbios na fala e na motricidade, nível hormonal elevado, vo-
lume cerebral reduzido, pouca inteligência, orelhas, mãos e pés com 
tamanho anormal e genitália e mama reduzidas. 
 
 
 
 
 
NULISSOMIA (2n - 2) 
A nulissomia (2n - 2) é a perda de dois cromossomos no par, sendo letal na 
espécie humana. 
ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS ESTRUTURAIS 
As alterações cromossômicas estruturais resultam da ruptura dos cromos-
somos, seguida pela sua reconstituição em uma combinação anormal. Isso implica 
ganho ou perda de material cromossômico, definidos em dois tipos de arranjo: 
balanceados e não balanceados. 
Rearranjos não balanceados: complexo cromossômico possui o complemento com 
quantidade incorreta de material genético, com ganho ou perda dele, acarre-
tando efeitos clínicos graves; 
Rearranjos balanceados: complexo cromossômico possui o complemento normal 
de material genético, sem ganho ou perda dele. 
Tais rearranjos podem ocorrer espontaneamente em uma baixa frequência 
ou induzidos por agentes quebradores – clastogênicos -, como radiações ioni-
zantes, infecções virais e agentes químicos. 
REARRANJOS NÃO BALANCEADOS 
DELEÇÃO 
As deleções envolvem a perda de segmentos de um cromossomo, seja nas 
suas extremidades (terminal) ou ao longo dos seus braços (intersticial). A 
Matheus Bassalo Aflalo – M02P04 
gravidade das consequências clínicas dependerá da quantidade de material 
gené- genético perdido e do local onde ocorreu essa perda. 
Síndrome de Cri du Chat: também conhecida como síndrome do miado de gato – 
haja vista o choro típico dos portadores lembrar um miado dos gatos durante o 
cio - é uma desordem genética associada com vários tamanhos de deleções do 
braço curto do cromossomo 5. Tem ligeiro predomínio sobre o sexo feminino: 
→ Cariótipo: 46,XX ou XY,5p-; 
→ Fenótipo: tamanho reduzido da cabeça, hipertelorismo ocular (afasta-
mento excessivo dos olhos), implantação baixa das orelhas, queixo pequeno, 
baixo peso, dificuldade no crescimento, hipotonia muscular, convulsões, 
cardiopatias e anomalias esqueléticas. 
DUPLICAÇÃO 
As duplicações envolvem a repetição de um segmento de um cromossomo, 
havendo, portanto, material genético em excesso e, assim, instruções a mais 
para processamento, o que ocasiona consequências à saúde. São mais comuns e 
menos prejudiciais. 
CROMOSSOMO EM ANEL 
O termo cromossomo em anel significa que as pontas dos cromossomos se 
fundiram, ficando ele em formato de anel. Isto normalmente acontece a partir 
de duas sucessivas deleções terminais e as suas extremidades – sem telômeros 
– tendem a se reunir, constituindo um anel. 
 
 
 
 
 
ISOCROMOSSOMO 
O isocromossomo se forma quando a divisão do centrômero se dá transver-
salmente ao invés de longitudinalmente. Como consequência disso, os dois novos 
cromossomos constituídos apresentam braços iguais – metacêntricos -, sendo 
duplicado para um dos braços originais e deficientes para outros. 
 
 
 
 
 
REARRANJOS BALANCEADOS 
INVERSÃO 
As inversões envolvem a reorganização da sequência do material genético 
contido nos cromossomos, com duas quebras e posterior junção do fragmento 
seccionado aos pontos fracionados, mas de modo invertido. Raramente ocasio-
nam problemas de saúde aos seus portadores – a não ser que comprometa um 
gene funcional importante -, contudo, provocam consequências clínicas aos seus 
descendentes, por meio de insucessos em pareamentos e na divisão meiótica. 
Elas podem ser paracêntricas ou pericêntricas. 
Paracêntricas: não incluindo o centrômero, nas quais ambas as fraturas ocorrem 
em apenas um braço; 
Pericêntricas: incluindo o centrômero, nas quais há uma ruptura em cada braço. 
 
 
 
 
Matheus Bassalo Aflalo – M02P04 
S
índ
rom
e
 d
e
 D
ow
n 
TRANSLOCAÇÃO 
As translocações envolvem a troca de segmentos entre dois cromossomos, 
geralmente não homólogos. Existem três tipos principais: simples ou não balan-
ceadas, recíproca ou balanceada e robertsoniana. 
Simples ou não balanceada: ocorre quando um cromossomo recebe um segmento 
de outro; frequentemente associada a fenótipos anormais ou letalidade; 
Recíproca ou balanceada: ocorre quando cromossomos não homólogos permutam 
segmentos entre si; são relativamente comuns e normalmente sem efeito feno-
típico no indivíduo, todavia, os portadores podem formar gametas danificados; 
Robertsoniana: tipo de rearranjo em que dois cromossomos acrocêntricos se 
fundem próximo à região do centrômero, resultando na perda dos braços curtos 
e na formação de um cromossomo translocado a partir dos braços longos. A 
principal importância clínica é de que os portadores dela envolvendo o par 21 
estão em risco de produzirem crianças com síndrome de Down. 
 
 
 
 
 
ALTERAÇÕES NA DIVISÃO CELULAR E CROMOSSOMOPATIAS 
NÃO-DISJUNÇÃO 
Apesar de as origens das alterações cromossômicas não sejam bem compre-
endidas atualmente, o mecanismo mais comum é a não-disjunção, isto, é a sepa-
ração inadequada de um par de cromossomos durante a meiose, com consequên-
cias diferentes aos gametas caso ocorra na primeira ou na segunda divisão. 
Primeira divisão meiótica (anáfase I): caso a não-disjunção ocorra durante a 
meiose I, uma das células acaba recebendo dois cromossomos homólogos. Dessa 
forma, na meiose II, cada um dos gametas possuirá ambos os membros - ma-
terno e paterno - ou não contém material genético; 
Segunda divisão meiótica (anáfase II): caso a não-disjunção ocorra durante a 
meiose II, um dos gametas acaba recebendo duas cromátides-irmãs de um 
mesmo cromossomo, seja materno ou paterno. 
Diante disso, verifica-se que as células gaméticas terão representantes ex-
tras de um cromossomo e, posteriormente, resultarão em zigotos com altera-
ções cromossômicas numéricas. 
 
 
 
 
 
MOSAICISMO 
É possível, também, que a não-disjunção ocorra em uma divisão mitótica (aná-
fase) após a formação do zigoto, no início do desenvolvimento embrionário. A 
partir disso, derivam-se duas ou mais linhagenscelulares – diferentes quanto 
ao número e/ou à estrutura dos cromossomos -, constando no indivíduo ou te-
cido, ao final, a presença de dois ou mais cariótipos distintos – mosaicismo. 
 
 
 
 
 
 
Matheus Bassalo Aflalo – M02P04 
QUIMERISMO 
A palavra “quimera” vem do grego, sendo relacionada ao monstro mitológico. 
Nos seres humanos, tal condição é ocasionada pela ocorrência, em um mesmo 
indivíduo, de duas ou mais linhagens celulares geneticamente diferentes, deri-
vadas de mais de um zigoto. Pode ser dispérmica ou sanguínea. 
Quimera dispérmica: é resultado da dupla fertilização, em que dois espermato-
zoides diferentes fecundam dois óvulos, constituindo dois zigotos que se fun-
dem e formam um único embrião. Caso essas células sejam de sexos distintos, o 
embrião quimérico pode desenvolver um indivíduo com hermafroditismo verda-
deiro e cariótipo XX/XY; 
Quimera sanguínea: é resultado de uma troca de células por via placentária 
entre gêmeos dizigóticos no útero – exemplo -> tipagem sanguínea. 
PROBLEMA 04 – INATIVAÇÃO DO CROMOSSOMO X 
Em mamíferos, a inativação do cromossomo X ocorre no inicial da vida em-
brionária e de maneira aleatória e fixada nas células, podendo ser silenciado 
tanto o de origem materna quanto o de origem paterna. Por essa condição, os 
tecidos somáticos das fêmeas são ditos mosaicos, uma vez que representam a 
contribuição dos genes de cromossomos X diferentes. 
 O significado biológico do silenciamento da atividade funcional de um dos 
cromossomos X em mulheres – transformando-o em corpúsculo de Barr - é uma 
forma de compensação de dose da dupla carga dele, igualando a expressão dos 
genes e, assim, a quantidade de produtos gênicos em ambos os sexos. 
→ Nº de corpúsculos de Barr: importante na diferenciação entre células mas-
culinas e femininas e na identificação de alterações cromossômicas numéri-
cas sexuais; 
→ Metilação do DNA e deacetilação das histonas. 
MECANISMO DE INATIVAÇÃO DO CROMOSSOMO X 
A inativação do cromossomo X depende de uma região genômica denominada 
Centro de Inativação do Cromossomo X (XIC), onde está localizado o gene 
Transcrito Específico para a Inativação do X (XIST). 
Quando expresso, determina o silenciamento de outros genes desse cromos-
somo, com exceção de alguns, como aqueles da região pseudoautossômica, da 
região pericentromérica e cerca de 30% dos presentes no braço curto do X. 
Pode ser letal se houver falhas nesse processo. 
Até a fase de decisão para qual dos dois X será inativado, ambos, nas células, 
expressarão o gene XIST. Todavia, com o início do mecanismo, ocorrerá: 
Cromossomo X que permanecerá ativo: cessa a expressão do XIST e, por outro 
lado, exprime o gene TSIX – companheiro antisense do XIST, pois é transcrito 
na direção oposta -, a partir do qual se transcreve uma grande molécula de RNA 
não-codificante, responsável por manter o X ativo; 
Cromossomo X que permanecerá inativo: aumenta a expressão do XIST, a partir 
do qual se transcreve uma grande molécula de RNA não-codificante que se acu-
mula no X a ser inativada e o reveste, impedindo a sua transcrição. 
Existem casos em que a inativação do cromossomo X não ocorre de maneira 
aleatória, sendo eles: 
Lyonização seletiva: acontece sobre aquele X mutado; 
Lyonização negativa: acontece sobre aquele X não mutado, mantendo ativo o X 
mutado; 
Células de tecido extraembrionário: somente X herdados do pai são inativados. 
PROBLEMA 04 – DETERMINAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO SEXUAIS 
A determinação e diferenciação sexuais é um processo complexo que envolve 
muitos genes, incluindo alguns autossômicos. A chave para o dimorfismo entre 
os sexos é o cromossomo Y, o qual contém o gene determinante dos testículos 
em seu braço curto (Yp11): Região Determinante do Sexo no Y (SRY). 
O produto proteico desse gene – proteína SRY – é o Fator Determinante dos 
Testículos (FDT), sendo um fator de transcrição iniciador de uma cascata de 
genes que determinam o destino das gônadas indiferenciadas e, sob sua influên-
cia, ocorre o desenvolvimento masculino, e ausência, o feminino. 
DESENVOLVIMENTO DAS GÔNADAS 
Matheus Bassalo Aflalo – M02P04 
GÔNADAS INDIFERENCIADAS E 
CÉLULAS GERMINATIVAS PRIMORDIAIS 
Embora o sexo do embrião seja determinado cromossomicamente e genéti- 
camente no momento da fertilização, as gônadas não adquirem características 
morfológicas masculinas ou femininas até a 7ª semana. Nos estágios iniciais, 
durante a 5ª semana, quando a proliferação do epitélio celomático e a conden-
sação do mesênquima subjacente cria uma área espessada e produz uma sali-
ência no lado medial do mesonefro – a crista genital ou gonadal. 
 A gônada indiferenciada do embrião consiste, então, em um córtex externo 
e uma medula interna, os quais se diferenciam dependendo do complexo cro-
mossômico: 
Complexo cromossômico XX: córtex -> ovário e medula regride; 
Complexo cromossômico XY: medula -> testículo e córtex regride, exceto por 
alguns remanescentes vestigiais. 
As células germinativas primordiais se originam no epiblasto, migram através 
da linha primitiva e, no início da 4ª semana, tornam-se visíveis entre as células 
endodérmicas do saco vitelínico, próximo ao alantoide. 
Durante o dobramento do embrião, à medida que a parte dorsal do saco vi-
telínico é introduzida dentro dele mesmo, tais células migram por movimento 
ameboide – regulada pela expressão dos genes Stella e Fragilis, sob a influência 
do BMP4 (Bone Morphogenetic Protein 4) – ao longo do mesentério dorsal do in-
testino posterior. 
A partir da 5ª semana, o epitélio do sulco genital multiplica e cordões epi-
teliais digitiformes – os cordões sexuais primários que estão conectados ao epi-
télio superficial – penetram o mesênquima subjacente. Já na 6ª semana, as cé-
lulas germinativas primordiais invadem as cristas gonadais e se incorporam nes-
ses cordões gonádicos. 
DESENVOLVIMENTO DOS TESTÍCULOS 
Caso o embrião seja cromossomicamente e geneticamente masculino, as cé-
lulas germinativas primordiais carreiam um complexo cromossômico sexual XY. 
Sob a influência do SRY para FDT, os cordões sexuais primários se diferenciam 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Matheus Bassalo Aflalo – M02P04 
nos cordões seminíferos e são induzidos a se condensar e penetrar na medula da 
gônada indiferenciada – SOX9 e FGF9 -, onde eles se ramificam e se anastomo-
sam para formar a rede testicular. A conexão deles com a superfície epitelial é 
perdida com o desenvolvimento da túnica albugínea, uma cápsula densa, fibrosa 
e espessa. 
Gradualmente, o testículo em crescimento se separa do mesonefro em dege-
neração e se torna suspenso pelo seu próprio mesentério, o mesorquídeo. Os 
cordões seminíferos se desenvolvem em túbulos seminíferos - separados pelo 
mesênquima -, túbulos retos e rede testicular. 
Células intersticiais de Leydig: originadas a partir das células mesenquimais; 
Células de sustentação de Sertoli: originadas a partir do epitélio de superfície do 
testículo fetal. 
Os túbulos seminíferos permanecem maciços até a puberdade, quando adqui-
rem um lúmen. Suas paredes são compostas de dois tipos de células: células de 
sustentação de Sertoli e espermatogônias, células espermáticas derivadas das 
células germinativas primordiais. Durante o desenvolvimento posterior, o epi-
télio da superfície do testículo fetal se achata para formar o mesotélio da su-
perfície externa do testículo adulto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO DOS OVÁRIOS 
Caso o embrião seja cromossomicamente e geneticamente feminino, as cé-
lulas germinativas primordiais carreiam um complexo cromossômico sexual XX. 
Com a ausência do SRY para FDT, os cordões sexuais primários se dissociam em 
conjuntos de células germinativas primordiais, os quais, mais tarde, desapare-
cem e são substituídos por um estroma vascular, formando a medula ovariana.O epitélio superficial do ovário continua a se proliferar até que, na 7ª semana, 
dá origem à segunda geração de cordões – os cordões corticais. Eles penetram no 
mesênquima subjacente, contudo, permanecem próximo à superfície. 
No terceiro mês, esses cordões se dividem em grupos celulares isolados, que 
se multiplicam e cercam cada ovogônia, as quais sofrem mitoses e produzindo 
junto a uma camada epitelial com células foliculares - derivadas do epitélio su-
perficial do ovário – milhares de folículos primordiais. Apesar de algumas ovogô-
nias se degenerarem antes do nascimento, os aproximados dois milhões que so-
bram crescem e se tornam ovócitos primários. 
Após o nascimento, o epitélio da superfície do ovário se achata e forma uma 
camada unicelular, em continuidade com o mesotélio do peritônio no hilo do ová-
rio. Gradualmente, o ovário em crescimento se separa do mesonefro em dege-
neração e se torna suspenso pelo seu próprio mesentério, o mesovário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Matheus Bassalo Aflalo – M02P04 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO DOS DUCTOS GENITAIS 
DUCTOS GENITAIS INDIFERENCIADOS 
Durante a 5ª e 6ª semanas, o sistema genital está num estágio indiferenci-
ado, quando ambos os pares de ductos genitais estão presentes: 
Ductos mesonéfricos (Ductos de Wolff): desempenham uma importante parte no 
sistema reprodutor masculino; 
Ductos paramesonéfricos (Ductos de Müller): têm um papel condutor no desen-
volvimento do sistema reprodutor feminino. 
Os ductos paramesonéfricos crescem lateralmente às gônadas a aos ductos 
mesonéfricos em cada lado, a partir de invaginações longitudinais do mesotélio 
sobre as faces laterais dos mesonefros, cujas bordas se aproximam e se fun-
dem para formar tais ductos: 
Cranial: extremidades afuniladas se abrem na cavidade peritoneal; 
Caudal: passam paralelos aos ductos mesonéfricos até alcançarem a futura re-
gião pélvica do embrião. 
Nesse local, eles cruzam ventralmente os ductos mesonéfricos, aproximam-
se no plano mediano e se fundem para constituir o primórdio uterovaginal em 
formato de Y. Essa estrutura tubular se projeta para dentro da parede dorsal 
do seio urogenital e produz uma elevação – o tubérculo do seio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO DOS DUCTOS GENITAIS MASCULINOS 
A partir das 6ª e 7ª semanas, no testículo fetal, nas células de sustentação 
de Sertoli, as proteínas WT1 e SF1 se ligam cooperativamente ao promotor do 
gene AMH e ativam sua transcrição, sintetizando o hormônio antimülleriano 
(AMH) ou substância inibidora de Müller (MIS), a qual causa desaparecimento dos 
ductos paramesonéfricos – sistema reprodutor feminino - por uma transforma-
ção epitelial-mesenquimal, exceto por uma pequena porção em suas extremida-
des craniais – o apêndice testicular. 
Já a partir da 8ª semana, no testículo fetal, nas células intersticiais de Ley-
dig, ocorrem dois processos: 
→ A proteína SF1 regula a expressão de enzimas envolvidas na biossíntese de 
esteroides – hormônios androgênios -, a exemplo da testosterona – produção 
estimulada também pela gonadotrofina coriônica humana (hCG) - e da an-
drostenediona; 
→ A testosterona pode ser convertida em um andrógeno mais potente, a dii-
drosterona, por meio da enzima 5α-redutase tipo 2 – codificada pelo gene au-
tossômico SRD5A2. Isso melhora o desempenho de suas funções fisiológicas: 
ligar aos receptores de células-alvo, conduzindo à diferenciação dos ductos 
mesonéfricos e dos genitais externos masculinos. 
Conforme o mesonefro degenera, a parte proximal de cada ducto 
Matheus Bassalo Aflalo – M02P04 
mesonéfrico se torna altamente convoluta para formar o epidídimo e alguns tú-
bulos mesonéfricos persistem – ductos epigenitais - e são transformados em 
dúctulos eferentes, que se abrem no ducto mesonéfrico – agora denominado ducto 
epididimal nessa região. Distalmente, o ducto mesonéfrico adquire um espesso 
revestimento de tecido muscular liso, tornando-se em ducto deferente. 
Ductos paragenitais -> vestígios chamados coletivamente de paradídimo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTOS DOS DUCTOS GENITAIS FEMININOS 
Em embriões femininos, a ausência das proteínas SF1 e WT1 inviabiliza a 
síntese de testosterona e do hormônio antimülleriano (AMH) ou substância ini-
bidora de Müller (MIS), o que causa, respectivamente, regressão dos ductos 
mesonéfricos – persistindo apenas remanescentes não funcionais, o apêndice 
vesiculoso – e desenvolvimento dos ductos paramesonéfricos, também auxiliado 
pela presença de estrógeno. 
Inicialmente, verificam-se três partes em cada ducto: 
Cranial vertical: abre-se na cavidade peritoneal; 
Horizontal: atravessa o ducto mesonéfrico; 
Caudal vertical: fusiona com sua equivalente do lado oposto, 
Com a descida dos ovários, as duas primeiras porções se diferenciam na tuba 
uterina e as caudais se fundem para formar o primórdio uterovaginal. Quando a 
segunda parte se move mediocaudalmente, as cristas urogenitais se aproximam 
em um plano transversal. Após a fusão dos ductos, estabelece-se uma prega 
pélvica larga – o ligamento largo do útero, formando a pelve -, com a tuba ute-
rina na borda superior e o ovário na superfície posterior. 
O útero e seu ligamento também dividem a cavidade pélvica em bolsa retou-
terina e bolsa vesicouterina. O útero é cercado por uma camada do mesênquima 
esplâncnico, responsável por formar sua cobertura muscular, o miométrio, e seu 
revestimento peritoneal, o perimétrio. Ademais, lateralmente ao útero, entre 
as camadas de seu ligamento, o mesênquima se prolifera e se diferencia no pa-
ramétrio, composto por tecido conjuntivo frouxo e muscular liso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO DA VAGINA 
DESENVOLVIMENTO DA GENITÁLIA EXTERNA 
PROBLEMA 04 – CARIÓTIPO 
 
PROBLEMA 04 – HERMAFRODITISMO

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