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PARECER JURÍDICO ILLANA BRAZIL

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO
PARECER JURÍDICO
Illana Brazil 
Disciplina: EP I
Prof.: Marcos
RESENDE
2020
1
ABORTO EM CASO DE ESTUPRO
Requerente: Hospital Bom Samaritano.
Ementa: DIREITO PENAL. ABORTO. GRAVIDEZ. ESTUPRO. DIREITO CIVIL. DIREITO DA MULHER. DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO. MORAL. ÉTICA. MEDICINA. RELIGIÃO. 
I. RELATÓRIO
Trata-se de um caso de estupro sofrido por uma mulher, Atanagildetina, 28 anos, que após procurar o Hospital Bom Samaritano soube que estava grávida de 06 semanas. A gravidez é decorrente do estupro sofrido e foi comprovado pelo Hospital através de exames feitos na paciente.
Visto que a mesma manifestou vontade de interromper a gravidez, cabe salientar que em nosso Código Penal em seu artigo 128, II existem casos de exceção onde se é cabível a interrupção da gestação sem que a prática seja considerada crime.
Sendo assim, passo a opinar.
II. FUNDAMENTAÇÃO 
Primeiramente, deve-se entender que considera-se aborto a retirada de um embrião ou feto antes que chegue a termo ( quase 40 semanas), resultando assim em sua morte. Tal aborto por ser espontâneo, quando ocorre de modo natural pela própria mulher, ou induzido, quando há a ingestão de remédios ou procedimento cirúrgico a fim de retirar o feto ou embrião. 
Antes da elaboração do Código Penal de 1940, vivia-se em uma sociedade conservadora, onde a mulher que fosse deflagrada estava manchando a honra de sua família como um todo. Naquela época a honra era uma questão da coletividade, pertencia a familia, logo uma vez que se desonrava a mulher, desonrava-se a família. Com o passar dos anos, a honra passou a ser cada vez mais individualizada, sendo assim um problema exclusivo da mulher, do indivíduo .
 Inicialmente, em 1830, no Código Criminal do Império era permitido o aborto desde que fosse feito pela própria mulher, bem como em 1890, onde era punido a interrupção feita por terceiros. 
Já no Código Penal de 1940 é tipificado a conduta como crime nos artigos 124 e 126, sendo considerado um crime contra a vida. No entanto, existem excludentes, tipificadas no artigo 128:
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
 Portanto, as gestantes que se enquadram nesses incisos podem realizar o aborto legalmente até mesmo SUS (Sistema Único de Saúde). 
Guilherme Nucci, dispõe que nenhum direito é absoluto, nem mesmo o direito a vida, portanto é perfeitamente admissível que em circunstâncias excepcionais haja a interrupção da gravidez e preservação da vida da gestante. 
“O aborto humanitário é uma figura criada para a proteção da integridade psicofísica da mulher violentada, valor esse corolário da dignidade humana, considerando que a mulher não deve ficar obrigada a cuidar de uma criança advinda de coito violento, indesejado, além de se tornar refém dos riscos de problemas de saúde mental, hereditários, que podem se manifestar na criança, fruto de uma relação muitas vezes doentia, violenta e criminosa (Mirabete e Fabbrini, 2012., p. 805). Na mesma esteira de raciocínios, pode-se afirmar que em nome da dignidade da pessoa humana, no caso a da mulher que foi violentada, o direito permite que pereça a vida do feto ou embrião. São os dois valores fundamentais, mas é mais indicado preservar aquele já existente” ( Nucci)
Entretanto, mesmo que haja excludentes a questão do aborto esbarra em questões religiosas, visto que não há uma religião sequer que aprove e não recrimine. O espiritismo recrimina, uma vez, que retirada aquela vida, sua alma fica a vagar pela Terra, sem conseguir evoluir. Enquanto para o Catolicismo, ao retirar a vida do embriao ou feto, desobedece a um dos Dez Mandamentos: “ Não matarás.”
Embora o Código Penal tipifique a conduta como crime devido a sociedade da época, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, contribuiu para a evolução moral da sociedade através dos Direitos e Garantias Fundamentais do Indivíduo. Os Direitos Fundamentais são aqueles que são inerentes à pessoa e tais direitos são indispensáveis para que o ser humano exista de forma livre, igualitária e com dignidade e tratando-se da criminalização do aborto são incompatíveis os seguintes direitos fundamentais: os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, uma vez que não pode ser obrigada pelo Estado a manter uma gestação indesejada; a autonomia da mulher, deve conservar o direito de fazer suas escolhas existenciais; a integridade física e psicológica da gestante, que é quem sofre, no seu corpo e na sua saúde mental, os efeitos da gravidez; e a igualdade da mulher, já que homens não engravidam e,portanto, a equiparação plena de gênero depende de se respeitar a vontade da mulher nessa matéria.
No tocante a Medicina, é comprovado que grande parte dos procedimentos realizados fora do ambiente hospitalar são feitos em condições precárias, sem profissionais qualificados e isso só faz aumentar o número de mortes, sendo cerca de 57 mil mortes nessas operações clandestinas.
III. CONCLUSÃO 
Tendo em vista o exposto, espera-se que seja normalizado, legalizado e descriminalizado o aborto, visto que sua criminalização só favorece o mercado clandestino, esse que não vem a assegurar e garantir todas as circunstâncias que venham a ocorrer. Tal mercado só aumenta a incidência de casos de mortes, mulheres psicologicamente e emocionalmente abaladas, bem como muitas vezes fisicamente prejudicadas, podendo até mesmo serem levadas a morte.
Busca-se a descriminalização para que Hospitais de renome e seguros, como o Hospital Bom Samaritano, venham a poder realizar tais procedimentos sem que precisem se explicar judicialmente pelo ato. 
Procura-se também estabelecer uma igualdade entre gêneros, dando cada vez mais liberdade para que mulheres se sintam a vontade para tomar suas decisões, principalmente em relação a seu corpo, tendo em vista que são as únicas a poderem engravidar.

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