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06/08 PM IV – Tatiana Valente Avaliação da consciência / Exame dos nervos cranianos História clínica: • Anamnese • QD (Queixa e duração) • HPMA (História da pregressa da moléstia atual): Tipo/ intensidade/ periodicidade/ instalação (súbita ou insidiosa) / fatores desencadeantes/ fatores associados. • IDS (interrogatório dos diversos sistemas) • Antecedentes pessoais e familiares • Exame físico geral Semiologia do sistema nervoso Exame físico neurológico: • Consciência • Nível: Se está acordado e o quanto está acordado • Conteúdo: memoria, tipo de discurso, capacidade de reconhecer objetos, fazer contas • Pares cranianos • Motricidade/marcha: sistema piramidal • Coordenação e equilíbrio: sistema vestibular • Sensibilidade: tátil e dolorosa • Reflexos tendineos • Sinais de irritação meníngea/radicular Nível de consciência: • Desperto ou alerta: Paciente contactua normalmente • Sonolento: Acorda com chamado ou estímulo leve • Letárgico: Abre os olhos ao estímulo brusco • Torporoso: Só responde a estímulo doloroso • Comatoso (Grau 1 – 4): Não responde nem ao estímulo doloroso Coma: • Grau 1: Aperceptivo: Abertura ocular ausente. Reação aos estímulos nociceptivos. Ex. retirar o membro. • Grau 2: Arreativo: Sem resposta ao estímulo. Os reflexos de tronco encefálico estão presentes (Fotomotor, tosse, corneano). • Grau 3: Arreflexivo: Sem resposta ao estímulo. Reflexos de tronco ausentes. • Grau 4: Grau 3 + instabilidade hemodinâmica (morte encefálica). Escala de coma de Glasgow (GOS): 3-15 • Normal: 15 • Sonolento: 13-14 • Letargia/Torpor: 9-13 • Coma: < 9 (preservar vias aéreas) 06/08 PM IV – Tatiana Valente Posturas patológicas: • Descerebração: Extensão mais rotação interna MMII e extensão e pronação de MMSS. • Decorticação: Extensão mais rotação interna de MMII flexão e adução de MMSS. Estímulo nociceptivo: • Fricção esternal • Fosseta supraorbitária • Trágus • Leito ungueal • Torção mamilar (não se usa mais) • Abertura ocular (mais indicado) Nível de consciência – COMA: Reflexos de tronco encefálico: • Reflexo pupilar: Fotomotor (a pupila reduz na luz). O mesencéfalo está inativo. Aferencia (nervo ótico) • Reflexo óculo-cefálico/Vestíbulo calórico: Reflexo de transição mesencéfalo e ponte (os dois estão inativos). O olho tem que acompanhar o movimento da cabeça no coma. • Reflexo corneano: Córneo-palpebral, o paciente não pisca quando algo chega próximo da córnea (n.trigemeo e facial). Ponte inativa. • Reflexo de vomito e tosse: Ponte e bulbo inativos. Nervo vago. • Resposta motora ao estímulo de dor na face: Mesencéfalo, ponte e bulbo inativos. • Drive respiratório (ausência de incursões respiratórias quando PCO² ultrapassa 55mmHg): É perdido definitivamente. Bulbo inativo. Coma – Reflexos: Reflexos fotomotor/consensual: • Aferência: II nervo • Eferência: III nervo • Resposta normal: normoativo e simétrico Distúrbios: • Anisocoria (diferença dos diâmetros pupilares maior que 1mm) • Midríase bilateral (pupilas grandes dos dois lados) - lesão mensencefálica • Pupilas médio fixas (quando é média e não responde a luz) - lesão mensencefálica • Pupilas mióticas (pupila pequena (em miose)) pode indicar sedação/ lesão diencefálica, principalmente talâmica. • Pupila puntiforme (quase invisível menor que 1mm) – lesão pontina 06/08 PM IV – Tatiana Valente Anisocoria: • Pode ser fisiológica: Síndrome de ADIE (hipotonia do musculo ciliar): Diferença de tamanho entre as pupilas. • Pós-traumática: Trauma ocular • Pós cirurgia: Discorias. Ex. cirurgia para catarata • A hipertensão intracraniana pode promover uma herniação uncal que comprime o III nervo causando uma aniscoria (causa risco de morte eminente) Coma – pupilas: Conteúdo da consciência: O paciente tem que estar acordado: • Orientado têmporo-espacial (dia/ onde mora/ idade/ onde ta) • Orientado • desorientado • Discurso: Coerente ou Confuso • Cognição: • Memória imediata ou de evocação • Fala: Afasia (dificuldade para falar que pode ser motora, de compreensão ou mista), Disartria, Dislalia. • Escrita: Disgrafia/ micrografia (comum no Parkinson) • Leitura: Dislexia • Cálculo matemático: Acalculia / discalculia (é muito difícil de avaliar pois é uma capacidade muito própria de cada um) • Desenho • Gnosia (nomeação visual, Tatil) capacidade de nomear um objeto • Comportamento: irritabilidade/ agressividade/apatia/ alucinações (associado a doenças psiquiatrias. Ex. esquizofrenia, distúrbios metabólicos, delírium tremens em etilistas crônicos, epilepsia)) Mini- mental: • Teste que avalia paciente com demência • Normal 25-30 • Baixa escolaridade >19 • Demência < 25 06/08 PM IV – Tatiana Valente Caso clínico 1: Paciente sexo masculino 32 anos, vítima de acidente automobilístico, levado à unidade de emergência do pronto-socorro pelo resgate, em prancha longa e com cola cervical. Exame físico geral: respiratório/CV/Abdome: sem alterações. Pulso: 92 / PA: 140X90 MMHG Exame neurológico: Abre os olhos apena ao estímulo doloroso, emite sons incompreensíveis, resposta motora: localiza estímulos bilateralmente, sem déficit motor aparente. Pupilas: Anisocoria (D>E) / Demais reflexas de tronco normoativos. Glasgow: 9 • Abertura ocular: 2 • Resposta verbal: 2 • Resposta motora: 5 Anisocoria: Devido a isso pode se considerar Glasgow 8 Tem sinal de compressão do III nervo (pode evoluir para coma rapidamente) Como agir: Intubação, tomografia de crânio (porque tomo e não ressonância? porque é mais rápida e da pra ver sangue na fase aguda), exame de sangue, pegar veia, soro ....) • Diagnostico sindrômico: Síndrome traumática (o que o levou ao hospital) • Diagnostico anatômico: TCE: Traumatismo crânioencefálico • Diagnostico topográfico: Lesão encefálica com efeito de massa direita levando a herniação uncal (região especifica) / Lesão expansiva: compressão do III nervo à direita • Diagnostico etiológico: Hematoma intracraniano no hemisfério cerebral direito. 06/08 PM IV – Tatiana Valente Característico de hematoma extradural temporal direito Nervos cranianos: Aspectos anatômicos: • I Olfativos: próximo dos corpos mamilares • II Ópticos: • III Oculomotor: junto ao pedúnculo, motricidade ocular extrínseca • IV Troclear: emerge posteriormente (único), motricidade ocular extrínseca • V Trigêmeo: emerge da ponte, sensibilidade da fala e mastigação. • VI Abducente: abduz o olho, está na transição ponto bulbar, motricidade ocular extrínseca • VII Facial: mimica facial • VIII Vestibulococlear: equilíbrio e audição • IX Glossofaríngeo: sensibilidade bucal, da língua, gustação, reflexo de vomito • X Vago: sensibilidade de todas as vísceras e motricidade • XI Acessório: • XII Hipoglosso: motricidade da língua Funções: 06/08 PM IV – Tatiana Valente Nervos cranianos: Semiologia Olfatório (I): • Sensorial especial Exame: • Como testa: unilateralmente com os olhos fechados, substâncias odoríferas (café, álcool, menta...) • Percepção do aroma: • Ausência: Anosmia • Diminuição: Hiposmia • Alucinação olfativa: Fantosmia • Distorção: Cacosmia • Identificação do aroma • Associação diretamente proporcional com a gustação Disfunção olfativa: Principais causas • Trauma (15%): Fratura de base de crânio (quando envolve a lamina cribrosa causa um a lesão definitiva) • Neoplasias (10%): • Intranasais (CEC (carcinoma de células escamosas da pele)/ Estesioneuroblastoma) • Base de craniana (gliomas / meninigiomas/ adenomas): Base do lobo frontal • IVAS (50%): Infecção de vias aeras superiores, hiposmia transitória. Mais comum. • Idiopática (20%): Quando perde a olfação de uma hora para outra. Não se tem um diagnóstico,mais comum no idoso. • Outras: medicamentos / doença psiquiátrica/ senilidade/ tabagismo/ epilepsia. Óptico (II): • Sensorial especial Campo visuais: 06/08 PM IV – Tatiana Valente • Quiasma: cruzamento • Amaurosa (fica cego) Exame: • Acuidade visual: Lâmina de Snellen (60 cm) • Campo visual: Exame de confrontação (80 cm) • Fundo de olho: Fundoscopia direta/indireta dilatação pupilar. O neuro procura a papila ou o disco ótico. • Fundoscopia indireta: Aumento até 3,6X. Maior campo visual. Imagem invertida e virtual. Mais equipamentos. Oftalmologista. • Fundoscopia direta: Aumento de 15X. Aparelho portátil. Campo de visão restrito. • Fundoscopia: • Papila: Borramento (papiledema) – Hipertensão intracraniana. Palidez – Atrofia óptica. • Fóvea/ Mácula • Vasos retinianos (retinopatia diabética/ HAS) Principais causas de lesões: • Traumáticas (fratura de órbita / FAF) • Neoplásicas (Adenoma hipofisário) • Vasculares (AVCs / aneurismas cerebrais) • Inflamatórias (esclerose múltipla, doença autoimune) • Hipertensão intracraniana Motricidade ocular extrínseca: Envolve o III, IV e VI nervos • III Oculomotor: Somático motor. Visceral motor – Esf. Pupila ciliar • IV Troclear e VI Abducente: Somático motor Exame MOE: Sinais e sintomas: • Podem causar diplopia 06/08 PM IV – Tatiana Valente Principais causas de disfunção da motricidade: • Vasculares: Aneurisma cerebral, AVT (síndrome de tronco encefálico), síndrome diabética. • Neoplasias: Tumores de base de crânio e de órbita • Inflamatórias: Autoimunes (S. Tolosa-Hunt) • Hipertensão intracraniana: VI nervo Trigêmeo (V): Somático sensorial Visceral / Motor /Especial Majoritariamente sensitivo Exame: • Função motora: • Como avalia? Pergunta se tem dificuldade na mastigação, pede para morder e analisa o masseter, faz palpação. • Inspeção: Desvios da mandíbula e palpação do m. temporal (boca fechada) • Reflexo masseterino (percussão embaixo do lábio, faz movimento do masseter). Aferência V e eferência VII • Sensibilidade: territórios de V1/ V2 e V3 • Tátil: Algodão • Térmica: Tubos (frio e quente) • Dolorosa: Alfinete • Vibratória: Diapasão • Reflexo córneo palpebral (na esclera (parte branca do olho)): Algodão • Sempre compara um lado com o outro • Anestesia: não sente • Hiposestesia: diminuição • Disestesia: a pessoa sente uma queimação • Alodínia/hiperpatia:sensação exagerada. Ex. sensação de dor sob pele queimada • Principais causas de disfunção: • Vascular: Neuralgia do nervo trigêmeo, trombose de seio cavernoso, aneurismas gigantes. • Infecciosa: Herpes zoster (vírus varicela zoster), pode ser até dentro do olho e pode evoluir para a síndrome de Ransey-Hunt • Neoplasia: Tumores da fossa temporal / seio cavernoso Síndrome do seio cavernoso: Sinais e sintomas: • Oftalmoparesia (III/ IV/ VI) • Hiposestesia facial (V1 e V2) Causas: • Aneurismas • Meningiomas • Inflamatória 06/08 PM IV – Tatiana Valente Facial (VII): Responsável pela mímica facial Exame: • Mortor: • Inspeção passiva: Desvio de rima labial (lado oposto da lesão), redução das linhas de expressão do lado afetado • Inspeção ativa: Pede para fazer movimentos e observa se faz dos dois lados. Fechar os olhos completamente, franzir a testa, abrir a boca. Verificar Sinal de Bell • Gustativo: Amargo, azedo, doce, salgado Sinal de Bell: • O olho vira pra cima não consegue fechar. • A: Paralisia facial periferia: VII periférico. Acomete toda a hemiface (paralisia completa), Homolateral, com Bell +. Pode ser por AVT (Acidente vascular transitório) • B:Paralisia facial central: VII Central. Poupa a metade superior da hemiface (paralisa a hemiface inferior), contralateral, com Bell -. Pode ser por AVC, Neoplasias Défict motor: Causas de paresia e disfunção: • Paralisia de Bell: Muito comum, • Idiopática (>50%) comum na adolescência • Infeciosa por herpes viral • Neoplasia: Neurinoma do acústico • Vascular: Alça vascular (compressão), pode gerar hemiespasmo hemifacial 06/08 PM IV – Tatiana Valente Vestibulococlear (VIII): Sensorial especial Junção do n. vestibular o n. cloclear Exame: • Audição (Coclear): • É avaliada uni lateralmente com olhos fechados • Provas: Rinne Weber (diapasão) – Neurossensorial X Condução • Audiometria – melhor técnica • Equilíbrio (vestibular) • Manobra de Romberg: Pé junto, braço para frente, olho fechado. Observa se o paciente desequilibra (se houver desequilíbrio é para o mesmo lado que a lesão) • Nistagmo: movimento rítmico do globo ocular • Provas calóricas: joga soro aquecido no meato e observa os movimentos (nistagmo) Sintomas: • Acuidade auditiva: • Anacusia: surdez • Hipoausia: som reduzido • Acufenos: sons que o paciente refere, mas não existe, como zumbidos, pulsações e apitos • Alucinações auditivas (epilepsia/doença psiquiátrica) • Equilíbrio: • Vertigem: Quando é periférica e a pessoa tem a noção de que está tudo rodando, leva a vômitos e piora quando se deita, sinal de Romberg +. Quando central tem alteração na marcha. Provas: Weber, Rinne e Romberg Causas de disfunção: • Coclear (Hipoacusia/ Anacusia) • Perda neurossensorial: Idoso/ ruído • Inflamatório/ Infecciosa: Otite de repetição • Neoplasia: Scwanoma do vestibular 06/08 PM IV – Tatiana Valente • Vestibular • Inflamatória: Labirintite - síndrome do vestibular periférica – Romberg positivo • Neoplásica • Idiopática • Síndrome de mèniére (hipoacusia/acufeno/vertigem): Junta o coclear com o vestibular. Glossofaríngeo (IX) X vago(X): Sensorial visceral Somático sensorial Visceral motor Visceral motor especial Sensorial especial (IX) O vago não tem a gustação do terço posterior da língua. Olfato + gustação Exame: • Sensibilidade do pavilhão auricular (meato acústico externo) • Reflexo do vômito reduzido: Estimula parte posterior da língua, úvula, amidalas, parede posterior da faringe. Em paciente comatoso intubado mexe-se o tubo. • IX Gustação: 1/3 posterior da língua • Inspeção da cavidade oral • IX: Sinal da cortina (deslocamento da parede posterior da faringe) e deslocamento da úvula. • X: Queda do palato e paralisia das cordas vocais (laringoscopia) Sintomas: • Disfagia: dificuldade de deglutição (o liquido fica mais difícil e pode causar uma bronco aspiração devido a sua consistência fluida) • Disfonia / Afonia • Dor: cavidade bucal , língua, úvula, tonsilas (glosso) e abdominal e torácica (vago) Disfunção: • Síndrome do forame jugular: Neoplasia • Neuralgia do glossofaríngeo • Malformação da transição crânio-cervical (S. Arnold-Chiari) Acessório (XI): Assessor do vago Visceral motor especial Visceral motor Misto (raiz craniana e raiz espinhal) Passa pelo forame magno e jugular Inerva o m. esternocleidomastoideo e o m. trapézio Entra dentro da bainha do vago 06/08 PM IV – Tatiana Valente Sinais e sintomas: • Inspeção: • Queda do ombro • Escápula alada • Assimetria do volume muscular • Dinâmica: • Trapézio: Elevação do ombro contra resistência • ECM: Rotação da cabeça contra resistência • Sintomas: • Disfonia (raiz bulbar) Exame: • Discenesia escapular Disfunção e lesão: • Causas: Neoplasias (forame jugular) e iatrogênica (biópsia de linfonodos cervicais – a agulha pode causar a lesão). Hipoglosso (XII): Somático motor Motricidade da língua Inervação dos músculos infrahiodeos Sinais e sintomas: • Inspeção estática (língua) • Trofismo • Fasciculações (tremores na língua): Importante, existe na esclerose lateral amiotrófica • Inspeção dinâmica: Pede para o paciente abrir a boca, mostrar a língua (Observar se desvios. Sempre para o lado opostoda lesão) • Palpação unilateral: tônus e massa muscular • Sintomas: disfagia e disartria (dificuldade na fala) Disfunções: • Causas • Doenças auto-imune: ELA (Fasciculações de língua) • Neoplasia: canal do hipoglosso • Siringobulbia Caso clínico 2: Paciente sexo feminino, 16 anos, referindo desconforto na hemiface direita há 2 dias, associada à quadro gripal (corisa, cefaleia leve e tosse seca). Acordou hoje com dificuldade para fechar o olho direito e abrir a boca. Exame físico geral sem alterações Exame neurológico: Consciente, orientada no tempo e espaço. Motricidade e sensibilidade dos membros: normal. Nervos cranianos: assimetria facial, desvio de rima labial para a esquerda, perda das linhas de expressão à direita (hemiface superior e inferior). Sem oclusão palpebral D ao fechar os olhos. Sinal de Bell + à direita. 06/08 PM IV – Tatiana Valente • Diagnostico sindrômico: Síndrome deficitária • Diagnostico topográfico: Paresia Hemifacial D • Diagnostico anatômico: Paralisia facial periférica • Diagnostico etiológico: Paralisia facial periférica D pós-infecciosa / vírus da herpes Onde estudar: • Dejong: O exame neurológico • Wilson Sanvito: Propedêutica neurológica básica • Angelo Machado: Neuroanatomia • Semiologia neurológica: Unicamp
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