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FARMACOLOGIA APLICADA A MEDICINA I - T2 AULA XII → Tratamento farmacológico da depressão Neurotransmissores do SNC: Ach, NA (relacionada ao alerta), dopamina (prazer, motivação – relação com sistema límbico), serotonina/5-HT (modulação do humor e prazer) e glutamato (principal neurotransmissor excitatório) são neurotransmissores que em geral possuem ação estimulatória, enquanto que o GABA possui ação inibitória. De forma geral, os fármacos de ação no SNC estão relacionados ao aumento ou diminuição das concentrações dos neurotransmissores e a hiperestimulação ou inibição de sua ação. Receptores: NA → α e β; GABA → GABA-r – receptor de GABA; DA → D1, D2, D3, D4 e D5; 5-HT → 5HT1A, 5-HT1B, 5-HT1C etc; Glutamato – NMDA e AMPA. Ansiedade X Depressão: Ambas apresentam sintomas de irritabilidade, falta de energia e concentração, preocupação e distúrbios do sono. Ansiedade → inquietação, taquicardia, falta de ar, dor torácica, náuseas e vertigem. Depressão → perda de interesse, tristeza, dores corporais, sentimento de culpa, distúrbios de apetite. Fatores de risco da depressão → vida estressante, relacionamentos interpessoais, traços de personalidade, fatores biológicos, puerpério, alterações endocrinológicas, drogas, infecções virais, histerectomia, câncer ou doenças crônicas. Caracterização do transtorno depressivo A) Transtorno depressivo maior/depressão/depressão unipolar → Alteração de apetite, perda ou ganho de peso, humor deprimido, fadiga e perda de energia, apatia e perda de interesse, agitação ou tendência de isolamento B) Depressão bipolar/Doença maníaco depressiva → O paciente cicla entre depressão (sintomas supracitados) e mania/euforia (sensação de extremo bem-estar, aceleração do pensamento e da fala, agitação e hiperatividade, diminuição do sono e concentração, desinibição e impulsividade → exposição à riscos). Depressão maior → Caracteriza-se como depressão a apresentação dos seguintes sintomas por um período de pelo menos duas semanas: adinamia (fadiga), agressividade, anorexia, diminuição da atenção, indecisão psicomotora (reflexos lentos), perda de interesse e de prazer pelas atividades do cotidiano, além das atividades sexuais (problemas de ereção estão inclusos), problemas de sono (hipersonia ou insônia), inibição verbal, problemas de memória, pensamentos recorrentes de morte, ideias suicidas, pesadelos, atitude pessimista, retração social. Transtornos de humor podem causar problemas individuais (sintomas) e familiares, além de gastos socioeconômicos (farmacológico, psicoterapêutico, suicídios etc. Uso racional X uso irracional de medicamentos → Depressão maior e transtornos de ansiedade, embora sejam subdiagnosticados e subtratados, requerem tratamento farmacológico que, no geral, induz melhoras significativas dos sintomas, porém alguns pacientes apresentam resistência a terapia medicamentosa ou são irresponsivos. Contudo, alguns antidepressivos e ansiolíticos são utilizados de maneira indevida. Confunde-se muito os momentos de tristeza (normais ao ciclo de vida humano) com transtornos psiquiátricos e de ansiedade e, além disso, a ideação de plena alegria e bem- estar pode causar o uso irracional de fármacos. Exemplo disso foi o uso da Fluoxetina (Prozac ®) como pílula da felicidade e que ainda é utilizada para o emagrecimento. Fisiopatologia da Depressão maior Dois fatos facilitam entendimento das classes de antidepressivos: MA geral e o nome da classe que remete ao neurotransmissor cujo fármaco atua nas concentrações. MA geral → Na década de 50, o uso de iproniazida e imipramina teve como constatação a melhora do humor. Dessa forma, questionou-se qual o mecanismo que justificava esse fato. Nesse sentido, duas hipóteses surgiram: A) Hipótese monoaminérgica: Ambos os fármacos supracitados aumentavam a quantidade de monoaminas (5-HT, DA e NA) na fenda sináptica no SNC. Com isso, postulou-se que a depressão é relacionada a diminuição de monoaminas. Monoaminas estão relacionadas no SNC com funções: sexualidade, gratificação, motivação, socialização, irritabilidade, insônia, ansiedade, obsessão etc. Partindo desse fato, medicamentos desenvolvidos alvejam o aumento de monoaminas na fenda sináptica através da inibição da recaptação, aumento da liberação ou inibição de enzimas que realizam degradação. Problemas: Anfetamina, cocaína e L-DOPA não têm ação antidepressiva, embora aumentem NA e DA na fenda sináptica. Além disso, acreditava-se que a mania estava relacionada ao aumento das monoaminas na fenda sináptica, porém nela ocorria a mesma alteração bioquímica que no quadro de depressão (diminuição de monoaminas); antidepressivos atípicos não facilitam transmissão monoaminérgica (não aumentam monoaminas). Por fim, pode-se citar que os efeitos farmacológicos dos antidepressivos apresenta uma discrepância temporal com o aumento de monoaminas que é quase imediato, enquanto que o efeito farmacológico inicia-se apenas 2-3 semanas após início do tratamento. B) Hipótese neurotrófica → O aumento de monoaminas não é autossuficiente para a ação farmacológica da melhora do quadro depressivo. Para tanto é necessário a ocorrência de adaptação celular no tecido que é mediada por fatores de crescimento (NGF – fator de crescimento neural; BDNF – fator neurotrófico derivado do encéfalo; neurotrofinas) que promovem aumento de espinhas dendríticas e aumento da plasticidade (fato que explica demora para o efeito farmacológico). Ambas as hipóteses fisiopatológicas são complementares: o aumento de monoaminas de maneira indireta induz ao aumento de fatores neurotróficos (BDNF) que atinge valores apreciáveis dentro de 2-3 semanas levando ao aumento de espinhas dendríticas que permite efeito benéfico máximo do fármaco. O fim do tratamento com fármacos antidepressivos não dever ser realizado de maneira abrupta porque diminui o estoque de monoaminas de maneira abrupta pela cessação dos estímulos exógenos, logo deve ser realizado o “desmame” para que o organismo por feedback se adapte a ausência de tais estímulos e passe a produzir as quantidades suficientes do próprio neurotransmissor. Farmacologia dos antidepressivos CLASSE FÁRMACO i-MAO – inibidores da monoaminoxidase Tranilcipromina, fenelzina, moclobemida ADT – antidepressivos tricíclicos Imipramina, desipramina, amitriptilina, nortriptilina, clomipramina, maprotilina, trimipramina, protriptilina, doxepina, amoxapina ISRS – inibidores seletivos da recaptura de serotonina Fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, fluvoxamina IRSN – Inibidores recaptação da serotonina e noradrenalina Venlafaxina, duloxetina ISRD – Inibidores seletivos da recaptura da dopamina Bupropiona A 5HT - antagonistas de serotonina Trazodona, nefazodona, mianserina e mirtazapina AULA XIII → Tratamento farmacológico da Depressão Os principais neurotransmissores aumentados pelos fármacos antidepressivos são NA e DA cujo tempo de ação farmacológica é de no mínimo 2 semanas. 1- i-MAO → Inibidores da monoaminoxidase (enzima que degrada monoaminas na fenda sináptica ou dentro do terminal pré-sináptico. Ex: moclobemida, fenelzina e tranilcipromina. MAO: No SNC, regula a concentração livre de NA e 5-HT na fenda sináptica. No fígado e na parede intestinal está relacionada a metabolização das monoaminas endógenas (5-HT, NA, e DA) e das monoaminas exógenas (ex: tiramina – estimula liberação de NA) o que conduz a interações medicamentosas e alimentares significativas. MAO apresenta duas isoformas: * MAO A → Possui maior afinidade pela 5-HT e NA → alvo interessante de antidepressivos como a moclobemida. * MAO B → Possui preferência pela DA → alvo de fármacos que são utilizados no tratamento de Doença de Parkinson como a selegilina. Uso clínico: Utilizados em caso de depressão refratária quando outros tratamentos farmacológicos são ineficientes ou em depressão atípica. Interações com alimentos → Atiramina (presente em alimentos como o queijo curado (gorgonzola), cerveja, vinho, alguns tipos de peixes, carnes embutidas, favas, vísceras em geral etc) é metabolizada pela MAO A e tem efeito estimulatório sobre a liberação de NA na fenda sináptica, pois adentra as células do terminal pré-sináptico estimulando a liberação de vesículas do neurotransmissor. Quando ocorre utilização de i-MAO A, a inibição da enzima já é suficiente para o aumento do neurotransmissor, no entanto, o uso conjunto de tiramina pode acarretar aumento expressivo de NA no fígado, intestino e SNC, cujo efeito principal é causar vasoconstrição imediata que leva a um aumento da pressão arterial causando uma hipertensão aguda. Por sua vez, essa leva a cefaleia latejante grave que pode gerar hemorragia intracraniana potencialmente fatal → Utilização refratária desse fármaco. Interações farmacológicas → O uso conjunto de i-MAO com fármacos que aumentam quantidade de monoaminas (em elevada quantidade) têm exacerbação do efeito. Ex: descongestionantes nasais (agonistas simpáticos); simpatomiméticos de ação indireta (anfetamina, metilfenidato). 2- Antidepressivos tricíclicos (ADT) → Os fármacos apresentam três ciclos e a eficácia clínica entre eles é semelhante, portanto a escolha depende principalmente do custo e dos efeitos adversos do fármaco. São eles: imipramina, amitriptilina, nortriptilina, trimipramina, doxepina, desipramina, protriptilina etc. MA: Competem pelo transportador de membrana de NA e de 5-HT, inibindo sua recaptação. Latência de ação de 1-3 semanas. Uso clínico : Utilizados na depressão, mas não são primeira escolha porque apresentam uma série de efeitos colaterais (Transtorno do pânico; TOC; fobias). Embora não seja analgésico pode ser utilizados como adjuvantes na dor neuropática (diferentemente da dor nociceptiva que é mediada por substâncias químicas, a dor neuropática ocorre quando existe lesão do nervo que pode ocorrer por secção, danos a bainha de mielina, pacientes diabéticos – glicemia – e no Herpes hoster) em doses mais baixas; utilizados na enxaqueca (nortriptilina) e na enurese (xixi na cama) em crianças. Efeitos adversos → Sistema cardiovascular: afetam os canais de sódio causando retardo na condução do impulso elétrico que pode ser potencialmente fatal porque causa bloqueio atrioventricular. Efeito menos frequente, mas o mais grave, logo a utilização com pacientes com problemas cardiovasculares deve ser bem estudada. Efeitos colaterais → São mais frequentes: Bloqueio de receptores histaminérgicos (H1 → sedação, ganho de peso e confusão – idosos), muscarinérgicos (M1 → constipação, boca seca, visão turva, retenção urinária, disfunção sexual e de memória), e α-adrenérgicos (α1 → vasodilatação, contudo mecanismos reflexos monitoram PA arterial e realizam controle de forma constante, contudo em alterações posturais podem causar hipotensão postural, taquicardia reflexa – para corrigir hipotensão –, sonolência e tontura). * Podem desencadear episódios de mania 3- Inibidores seletivos da recaptura de 5-HT (ISRS) → São fármacos que causam poucos efeitos adversos quando comparados com i-MAO e ADT, logo em seu lançamento ficaram conhecidos como pílula da felicidade. São eles: fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram e escitalopram (mistura racêmica) e fluvoxamina. * MA: Competem pelo transportador de membrana 5-HT. * Uso clínico → Classe de primeira escolha utilizada em: Depressão unipolar; TOC; bulimia nervosa; transtorno de pânico; usos sob investigação: farmacodependência, fobia social, transtorno do estresse pós traumático, anorexia nervosa, enxaqueca e ejaculação precoce (transtorno de ansiedade causam disfunção sexual - podem causar retardo da ejaculação). * Vantagens → menos efeitos adversos que i-MAO e ADT; não são cardiotóxicos; Em superdosagem são tóxicos, mas benignos se comparados com potencial letal dos ADT. Menor efeito nos receptores M1, H1 e α1 adrenérgicos. * Efeitos adversos → Dependem do paciente. Disfunção sexual (30-40% pacientes); Desconforto TGI → Sertralina – diarreia, Paroxetina – constipação intestinal; ansiedade, nervosismo, insônia, sonolência, tremor, fadiga, tontura, prurido, erupção cutânea, sudorese, boca seca. Podem causar em caso de superdosagem e interação medicamentosa (ISRS x metilfenidato) a Síndrome serotoninérgica → hipertermia, rigidez muscular, mioclonia, flutuações do estado mental e dos sinais vitais. * Síndrome de descontinuidade → Não causam farmacodependência, mas levam a quadros de: ansiedade, disforia (tristeza crônica), sintomas TGI, sintomas gripais, insônia, despersonalização e tendência suicida. Tarja vermelha (exige receita, mas não causam dependência). Nesse sentido, a retirada do fármaco é realizada diminuindo aos poucos a dosagem que o paciente consome. * Escolha → Baseada no custo, na tolerabilidade aos EA individualmente apresentados. Além disso, o tempo de meia-vida de depuração (Citalopram 36, Escitalopram 30, fluoxetina 53/240, paroxetina 17, sertralina 23/66) e a interação medicamentosa (metabólitos gerados a partir da biotransformação são metabolizados pela família do citocromo P450, logo fármacos que são metabolizados por um maior número de enzimas (fluvoxamina, escitalopram) possuem mais interações medicamentosas dos que os que são metabolizados por pequeno número de enzimas – paroxetina e sertralina) também são consideradas. Titulação da dose → inicia-se o tratamento com pequena dose que aos poucos vai sendo aumentada. 4- Inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina (IRSNs) → Embora muito utilizados, são mais mais caros que os ISRS, logo menos utilizados que eles. Também chamados de tricíclicos de terceira geração, não apresentam os efeitos cardiovasculares nem afinidade pelos receptores H1, M1 e α1. São eles: venlafaxina, desvenlafaxina e duloxetina * MA: competem pelo transportador de membrana de NA e 5-HT. Vantagens: poucos efeitos sedativos e muscarínicos. EA: semelhantes aos dos ISRS Uso clínico: dor neuropática (especialmente duloxetina) e na depressão maior. 5- Inibidores de recaptação de dopamina (ISRD) → O único exemplo da classe é a bupropiona que é utilizada como antidepressivo e ansiolítico. MA: inibe os sítios de recaptura de DA. Uso clínico: Retirada da farmacodependência, principalmente da nicotina (aumenta a quantidade de DA no SNC) e apresenta como vantagem os efeitos estimulantes e pouca disfunção sexual. Efeitos adversos: tontura, tremor, boca seca, sudorese, agrava sintomas psicóticas (em pacientes que apresentam suscetibilidade ou a doença). AULA XIV → Tratamento Farmacológico da Depressão 6- Antagonistas de 5HT → São considerados antidepressivos atípicos porque inibem a atividade da serotonina de forma competitiva pelo sítio de ação nos receptores 5-HT2A, 5-HTB e 5- HTC, contudo, de forma indireta levam ao aumento de fatores neurotróficos. Principais exemplos são a trazodona e nefazodona. MA: Através de vias indiretas ocorre aumento do BDNF, que por sua vez induz a formação de espinhas dendríticas (Receptores 5-HT2A ativam de forma indireta cascatas enzimáticas que têm efeito inibitório sobre produção de fatores neurotróficos – BDNF –, logo o bloqueio de receptores 5-HT2A promove ausência de estimulo inibitório). * Trazodona → É um inibidor fraco da recaptura de 5-HT e NA, além de ser antagonista do 5- HT2A. Possui poucos efeitos adversos anticolinérgicos, todavia causa bloqueio de receptores H1 e α1 que gera seus efeitos adversos (sedação, tontura, hipotensão ortostática, dor de cabeça, náusea). Em casos raros pode causar priapismo. * Nefazodona → É um inibidor fraco da recaptura de 5-HT e NA. Antagonista dos receptores 5-HT2, do 5-HT1C e α1 adrenérgicos (hipotensão postural). Apresenta poucos efeitossedativos e muscarínicos. EA: semelhantes ao ISRS. Pode causar insuficiência hepática (retirada na Europa). Mania → Todas as classes de medicamentos supracitadas (i-MAO, ISRS, IRSN, ADT, ISRD e A 5-HT) podem causar nos casos de depressão maior um episódio de mania. Além disso, os pacientes com transtorno bipolar podem ser tratado com esses medicamentos, no entanto, na maioria das vezes, o medicamento utilizado é o lítio. * LÍTIO → Utilizado (a priori, sozinho) nos quadros de mania, previne episódios recorrentes de transtorno bipolar. Muito utilizado na terapêutica pelo excelente efeito farmacológico, no entanto, devido a sua alta toxicidade e baixo IT dever ser realizado a monitorização terapêutica (quantificação do fármaco no organismo do paciente). Pertencente a família 1A, o lítio é extremamente parecido com o Na : efeito em eletrólitos e⁺ no transporte iônico, atravessa canais de Na , raio iônico semelhante, pode substituir o Na na geração⁺ ⁺ do PA, no entanto, não sai para o LEC com mesma facilidade, pois a Na/K-ATPase não é tão eficiente em sua retirada, logo pode acumular-se dentro da célula alterando o potencial de membrana e, além disso, pode saturar os canais de Na dependentes de voltagem.⁺ EA → IT estreito → tremor, diminuição da função da tireoide – podendo levar a casos de bócio; efeitos cardíacos sérios (acúmulo do lítio na célula altera gradiente eletroquímico); gestação: risco D → Evidência positiva de risco para o feto. Embora se saiba o MA de ação do lítio, desconhece-se o porquê de alterar o humor. → Sedativos e Hipnóticos Fisiologia do sono → Durante o estado de vigília, o EEG apresenta ondas de alta frequência e baixa amplitude que são descoordenadas, enquanto que ao longo dos 4 estágios do sono não REM ocorre aumento da amplitude das ondas, diminuição da frequência e sincronização. No estágio REM, no entanto ocorre o sono paradoxal. Ciclo de 4-5 vezes de alternância entre sono REM e não REM. Alterações do sono podem ser do tipo: sonolência excessiva, comportamentos anormais (bruxismo, sonambulismo), insônia. Insônia → Principal indicação de fármacos hipnóticos. Consiste na incapacidade de iniciar e/ou manter o sono que pode significar: sono de má qualidade/agitado, sono de curta duração, sono insuficiente para manter o alerta e o bem-estar físico e mental durante o dia. Segundo o período em que ocorre pode ser classificada em: inicial – dificuldade de adormecer; intermediária – sono entrecortado com despertar frequente; terminal – despertar precoce. De acordo com o tipo de insônia um fármaco será utilizado (Ex: insônia inicial – fármaco de tempo de ação e início de ação rápido). Além disso, também pode ser classificada por tempo de duração em: Transitória (períodos < 3 semanas → associada a situações de conflito, tensão, luto, enfermidade, viagem aérea, cirurgia etc) ou Crônica (> 3 semanas → apneias do sono, mioclonias noturnas, insônia psicofisiológica). Pode ser associada a inúmeras causas: 1- tratamentos específicos para diferentes etiologias; 2- Tratamentos não medicamentosos: medidas de higiene do sono (evitar luz azul, deixar ambiente mais escuro), redução do estresse, técnicas de relaxamento, terapias cognitivo-comportamentais; 3- Tratamento medicamentosos. Hipnótico ideal → Deve apresentar: ação em receptores específicos, lipofilicidade (atravessar BHE); efeito rápido; duração de efeito (de acordo com tipo de insônia); sono normal (ciclização entre REM e não REM); eficácia em todas as idades. Não deve causar: tolerância (quantidade inicial deve causar o efeito a longo tempo sem que a dose seja aumentada); alterações de memória; depressão respiratória; dependência física; efeito residual (efeito no dia seguinte). Na prática, no entanto, esses fármacos têm potencial de causar os efeitos indesejáveis, sendo classificados como tarja preta (causam dependência). Sedativos e hipnóticos Receptor de GABA (GABA-r) → Receptor de GABA é um canal ionotrópico (dependente de ligante) que transporta íons Cl , ou seja, o GABA é um neurotransmissor classicamente inibitório. O⁻ GABA-r possui sítio ativo de ligação do GABA (ligante endógeno) e além desse apresenta os sítios alostéricos: de ligação de barbitúricos (álcool também atua) e de ligação dos BDZs (mesmo em que se ligam zolpidem, zaleplon, zopiclona, álcool e o flumazenil – esse último antagonista dos BDZs). Através dos sítios de ligação, agonismos (GABA, barbitúricos, BDZs) e antagonismos (flumazenil) não competitivos podem ser realizados. 1- Derivados do cloral * Hidrato de cloral → Não suprime o sono REM, não tem efeito analgésico e não deprime sistema respiratório. Utilizado em alguns locais em uso pediátrico e nos procedimentos não operatórios (exames radiológicos, procedimentos invasivos, intubação traqueal, ventilação mecânica). 2- Barbitúricos → Podem ser utilizados para sedação (estado de sonolência); pré-anestésicos; hipnose (indução do sono), anestesia (pouco utilizados), anticonvulsivantes (principal uso clínico).. Apresentam tolerância cruzada com BDZs. Exs: pentobarbital, fenobarbital, secobarbital, amobarbital e bultabarbital. * MA: potencializam/prolongam ação do GABA através do aumento do tempo de abertura do GABA-r. Em altas quantidades podem atuar na ausência do GABA, pois o fármaco induz a abertura do canal e gera o efeito farmacológico (baixo IT → podem causar grave depressão do SNC). Fármacos Tempo início efeito/Tempo efeito Principais usos Fenobarbital 30-60'/6-10 horas Sedativo, hipnótico, anticonvulsivante Pentobarbital 10-15'/3-4 horas Insônia inicial e raramente adjuvante anestésico Secobarbital 10-15'/3-4 horas Adjuvante anestésico * Alta toxicidade: depressivos do SNC e indutores de diversas enzimas hepáticas (hepatotoxicidade) * Uso clínico: São usados principalmente como anticonvulsivantes (fenobarbital) ou como adjuvantes na anestesia. * Álcool → Pode atuar no GABA-r através dos sítios alostéricos de barbitúricos e BDZs, logo podem potencializar ação desses medicamentos. AULA XV → Sedativos e Hipnóticos 3- Benzodiazepínicos → São agonistas do GABA-r. Em comparação aos barbitúricos são relativamente seguros, pois possuem um IT muito maior, contudo também são tarja preta. Possuem como efeitos: ansiolítico, relaxante muscular (adjuvante na anestesia; atenção a motoristas e alveneiros), anticonvulsivante, sedativo e hipnótico (nitrazepam, flurazepam, midazolam, flunitrazepam, triazolam). Exs: diazepam, lorazepam, oxazepam, nitrazepam, triazolam, alprazolam, clonazepam, flurazepam, midazolam, flunitrazepam. * MA: potencializam/prolongam a ação do GABA através do aumento da frequência de abertura do GABA-r. Diferentemente dos barbitúricos, não atuam na ausência do GABA, independentemente da concentração, por isso seu IT é maior. f:(concentração, efeitos no SNC) → De acordo com aumento da concentração de barbitúricos ou de BDZs eles podem evoluir com os seguintes efeitos no SNC: sedação, desinibição, diminuição da ansiedade, hipnose, anestesia (causada pela depressão do SNC), depressão medular (inibição de reflexos). BDZs não evoluem a partir do nível de depressão medular, pois o gráfico atinge um platô em que aumentos de concentração não são capazes de causar progressão dos efeitos, enquanto isso, barbitúricos evoluem a partir do nível de depressão medular podendo gerar coma porque em altas concentrações é capaz de promover a abertura do GABA-r (ação ausente em BDZs). Contudo, caso exista uso conjunto de BDZs com álcool, a curva assemelha-se à curva dos barbitúricos, ou seja, pode-se chegar ao coma. * Efeitos: anticonvulsivantes e relaxantes musculares (redução do tônus muscular por atuação a nível central e não na junção neuromuscular). * Anticonvulsivantes → Clonazepam (relativamente mais eficaz como anticonvulsivante de uso crônico do que outros BDZs) e diazepam (administrado por via intravenosa é um eficaz bloqueador de convulsões – tempo de ação longo → usocrônico pode causar efeito residual de sedação). * Interações medicamentosas: 1- Depressão respiratória grave – causada por drogas que promovem aumento do efeito depressor no SNC: etanol, antipsicóticos, hipnoanalgésicos (analgésicos opioides) e anti-histamínicos. 2- Cimetidina → Protetor gástrico que causa inibição das enzimas CYP2C19 e 3A3/4 da biotransformação de BDZs (diazepam, midazolam, flurazepam) promovendo aumento do efeito hipnótico. * Contraindicações → 1- Glaucoma de ângulo estreito (aumento de pressão por retenção de humor aquoso) → relaxante muscular: midríase; 2- Gravidez → depressores do SNC (inibição do desenvolvimento por transferência placentária; tolerância e dependência → síndrome de abstinência pós natal: choro intenso, irritabilidade, convulsão; relaxante muscular) e dificuldade no parto; 3- Idosos (efeito sedativo e relaxante muscular → queda). No caso do idoso, no entanto, a prescrição quando paciente faz uso do SUS e não tem condição de pagar deve levar em conta o tempo de ação (clonazepam e midazolam possuem ação mais curta – 3 a 8 horas – , enquanto que diazepam tem ação prolongada: 1-3 dias). * EA: 1- Frequentes → tontura, falta de coordenação motora (pacientes que operam máquinas ou automóveis), xerostomia, boca amarga e amnésia (pode ser desejável – ambiente hospitalar, episódios traumáticos). 2- Amnésia anterógrada (episódica), dependência, tolerância, síndrome de abstinência (retirada brusca). * Tolerância/Dependência → A tolerância é causada por regulação no GABA-r (mecanismos não estabelecidos, supõe-se: alteração da produção do GABA, mudança conformacional do receptor, modificação do receptor, alteração na composição das subunidades) e a dependência está relacionada ao aumento de DA no sistema límbico de forma direta ou indireta, mas ambas são reversíveis. * Abstinência → Quadro clínico pouco específico que pode causar: irritabilidade, agitação, insônia (diferencial importante com retorno da ansiedade), tremor, sudorese, palpitações, náusea, letargia, cefaleia, dor/tensão muscular, aumento da sensibilidade para luz e sons, parestesia (diminuição sensibilidade, queimação, dormência), cãibras e convulsões. * Toxicidade dos BDZ → Em casos de superdosagem (intoxicação acidental em crianças ou tentativas de suicídio – sozinho) causam sono prolongado com depressão respiratória ou do sistema cardiovascular. O tratamento consiste na administração do flumazenil (antagonista do mesmo sítio alostérico dos BDZs que está relacionado a: reversão da superdosagem de BDZs associado ou não a outros fármacos, despertar de pacientes comatosos – efeito estimulante pela inibição do GABA-r – ou na anestesiologia na reversão da sedação por BDZs após cirurgia). O seu uso exige atenção em casos de intoxicação porque é eficiente em paciente que utilizam BDZs de forma aguda, contudo em paciente com uso crônico de BDZs, em que ocorre tolerância e dependência – alteração do GABA-r e da transmissão do GABA – a administração do flumazenil pode mimetizar uma síndrome de abstinência porque mimetiza retirada brusca do fármaco. Casos fatais são muito raros e só acontecem com associação do BDZs com álcool ou outras drogas (evolução com depressão respiratória grave). 4- Hipnóticos mais recentes → São fármacos de início de ação rápido e ultracurta duração (indica-se que o paciente já tome o medicamento na cama, principalmente o idoso – sonolência em 5'; insônia inicial) que ligam-se ao mesmo sítio de ação dos BDZs. Não possuem efeitos relaxantes, anticonvulsivantes ou sobre a memória. A ½ vida de eliminação é ultracurta (0,9 horas) e causam pouca insônia rebote (ou seja, o sono de qualidade em um dia não causa necessidade de tomar o medicamento para dormir bem em outro dia). O potencial de abuso ainda não é claro, mas parecem não causar dependência. Os fármacos são: zolpidem, zaleplon e zopiclona. → Farmacologia dos ansiolíticos * Ansiedade → O tratamento farmacológico só é utilizado quando sintomas interferem de forma significativa nas atividades cotidianas do indivíduo. Ex: transtorno de ansiedade generalizado, TOC, transtorno do pânico, ansiedade de separação, estresse agudo, estresse pós traumático, fobia social etc. Os fármacos utilizados são: 1 - ISRS → fluoxetina, paroxetina, citalopram, escitalopram, sertralina. Utilizados de forma crônica – adaptação tecidual para efeito terapêutico (2-3 semanas). 2- IRSN → Venlafaxina, desvenlafaxina e duloxetina. Utilizados de forma crônica – adaptação tecidual para efeito terapêutico (2-3 semanas). 3- BDZs → Diazepam, clonazepam, midazolam. Utilização crônica (clonazepam) ou aguda (diazepam – via sublingual ou intravenosa em crises). São evitados na clínica porque podem causar dependência e tolerância. 4- Antagonistas β-adrenérgicos → Utilizados ocasionalmente para ansiedade de desempenho (ansiedade situacional). Propranolol e nadolol → podem causar crises hipotensivas por regulação central – atravessam a BHE por serem altamente lipossolúveis – (efeito colateral) ou agravar quadros respiratórios (bronquite e asma). 5- Agonistas 5-HT1A → São agonistas não seletivos do receptor 5-HT1A cujo efeito demora vários dias ou semanas (uso crônico) porque requerem neuroadaptação. Exemplos são: buspirona, gespirona e tandospirona. Efeitos farmacológicos: não causam sedação nem modificam desempenho psicomotor e apresentam menor tendência de indução de dependência. Efeito colateral: náusea, dor de cabeça e tontura. Boa noite Cinderela Os principais fármacos utilizados para esse tipo de crime (abuso sexual, roubos) são os BDZs, em especial o flunitrazepam (Rohypnol ®). Tal fármaco tem características de ser facilmente diluível na bebida, relativamente sem sabor, rapidamente incapacitante (mais potente que o diazepam; dissociação mais lenta do GABA-r; rapidamente absorvido e distribuído – início ação 20-30'; amnésico; hipnótico e desinibidor) e de acordo com a dose pode gerar desde sedação até estágio 4 do coma, sendo que seus efeitos duram de 8 a 24 horas. Além disso, é um fármaco indetectável por testes de triagem (somente detectados por CG-MS em até 72 horas ou através da análise do cabelo em até 14 dias em caso de uso único) e geralmente é co-ingerido com etanol que causa amplificação do efeito. Sintomas iniciais: tontura, desorientação, falta de coordenação, fala arrastada → semelhante ao álcool. Outros efeitos: amnésia anterógrada (1' após adm oral); rápida alternância de flashes quente e frio seguidos de perda de consciência. Doses maiores (>2g) → hipotonia muscular, hipotensão, bradicardia, coma e morte (se álcool). AULA XVI → Anticonvulsivantes A trepanação – realização de um buraco na calvaria para “liberação de pressão” - constitui o primeiro tratamento de doenças de caráter do SNC (convulsão). Muitos artistas (Van Gogh, Dostoiévski, Machado de Assis) tiveram quadros de crises epilépticas e isso foi importante para o conhecimento da medicina de como a doença afeta a vida e arte dos indivíduos através da representação artística. Epilepsia → Distúrbio cerebral crônico, de etiologia variada que se caracteriza pela ocorrência de crises epilépticas recorrentes e espontâneas. Crise epilépticas → Constituem o resultado de breves descargas eletroquímicas cerebrais cuja característica clínica da crise depende da localização e função do local envolvido na descarga; alteração cerebral caracterizada por descarga excessiva e síncrona de um grupo de neurônios. Trata-se de uma manifestação clínica variável que quando envolve um componente motor é dita “convulsiva”. Um quadro convulsivo pode ser gerado por síndrome de abstinência, tratamento medicamentoso, febre, e algumas infecções caracterizando um quadro de crise epiléptica. Quando ocorre um quadro de crise epiléptica única, o tratamento só ocorre de acordo com alguns fatores, entre eles a faixa etária: 1- Crianças → nãotratar; 2 – Adultos → Discutir cada caso (fatores de risco de recorrência); 3- Idosos → tratar sempre (prevenção da queda) Classificações das crises epilépticas – 1981 1 - Crises focais A) Simples → Ativação inicial de apenas uma parte do hemisfério encefálico. Consciência preservada. Ex: epilepsia do lobo parietal (crise focal motora com sinais motores clônicos) B) Complexas → Descargas uni ou bilaterais. Consciência alterada. C) Secundariamente generalizadas → Descargas focais uni ou bilaterais com rápida generalização (se dissemina por grande parte do encéfalo). 2- Crises generalizadas (iniciam-se de forma generalizada) A) Ausência → Crises rápidas e abruptas de perda de consciência, associadas a olhar fixo e interrupção de atividades. Atinge principalmente crianças. Pode estar relacionada a deficit de aprendizado. B) Mioclônica → Contrações rápidas dos músculos tipo “choque elétrico”. C) Tônico-clônica → Perda de consciência e contrações mantidas da musculatura (tônica) seguidas por períodos que se alternam contrações e relaxamento (clônicas). Fisiopatologia A maioria das crises caracteriza-se pela predominância da atividade excitatória (glutamato) sobre a atividade inibitória (GABA) do SNC, ou seja, caracterizam-se pelo excesso de glutamato e diminuição do GABA. Fármacos anticonvulsivantes/antiepilépticos → De forma geral, reduzem a frequência e a gravidade das crises em indivíduos com epilepsia tratando os sintomas da crise e não a patologia subjacente. Ou seja, o objetivo do tratamento é o controle da crise (diminuir frequência e gravidade) e melhora da qualidade de vida sem causar efeitos adversos significativos. Crises focais Lennox Gastaut Espasmos infantis Ausência Mioclonia EME Carbamazepina +++ Fenitoína +++ ++ +++ Fenobarbital + +++ Valproato + +++ +++ +++ +++ ++ Oxcarbazepina +++ Lamotrigina ++ +++ +++ ++ Topiramato ++ +++ ++ + ++ ++ Vigabatrina +++ Gabapentina + Escolha do fármaco → depende de vários fatores: 1- Tipo epilepsia/Síndrome epiléptica; 2- Fármaco (farmacocinética e farmacodinâmica); 3- Paciente (idade, sexo, condições socioeconômicas). Contudo, no tratamento antiepiléptico, o principal fator é o tipo de epilepsia, pois fármacos tem atuação diferente sobre diferentes quadros. Na tabela acima, por exemplo, verifica-se esse fato e na mesma verifica-se que os fármacos com melhor ação são: o valproato, lamotrigina e topiramato. O uso conjunto de dois anticonvulsivantes é feito quando se utiliza dois mecanismos diferentes no intuito de gerar um melhor efeito farmacológico. Mecanismos geral de ação: 1- Aumento da atividade sináptica inibitória Potencializam ação do GABA através do aumento da sua disponibilidade (inibição enzimática ou de transportadores de recaptura) ou através de alteração no GABA-r. A) Barbitúricos - Fenobarbital→ Atuação no GABA-r pós sináptico promovendo aumento do tempo de abertura do receptor. Usos: crises focais, tônico-clônicas generalizadas, crises neonatais, convulsões febris, Estado de mal epiléptico (crise isolada, porém prolongada (>15min) ou repetidas a curtos intervalos, sem recuperação da consciência, levando a uma condição ou estado duradouro). EA: sedação, erupções cutâneas, ataxia e depressão, tolerância (cruzada com BDZs) e dependência, baixo IT, não recomendado o uso conjunto com álcool por potencialização do efeito. B) Benzodiazepínicos – Diazepam e clonazepam → Atuação no GABA-r aumentando a frequência de abertura e potencializando ação do GABA. Uso: crises de ausência (utilização refratária, pois efeito sedativo pode causar retardo de desenvolvimento escolar e social), convulsões mioclônicas, EME. Diazepam (crise aguda – atuação em todos os tipos de crises) e clonazepam (quadro crônico). EA: sedação e prejuízo de memória (amnésia anterógrada), abstinência pode causar crise convulsiva, tolerância e dependência, relaxante muscular (interessante no momento da crise, mas causa efeito residual). C) Vigabatrina → Inibe GABA-T (enzima que degrada o GABA) gerando aumento do neurotransmissor na fenda sináptica. D) Tiagabina → inibem o transportador de recaptura do GABA (GAT 1) E) Valproato/Ácido valproico → Inibe a GABA T entre outras enzimas responsáveis pelo processo de degradação do GABA. Além disso, valproato tem outros mecanismos atuando na excitabilidade neuronal. 2- Controle da excitabilidade da membrana neuronal e da permeabilidade iônica De forma geral, esses fármacos atuam através de canais de Na e de Ca ² dependentes de⁺ ⁺ voltagem, ou seja, inibem potenciais de ação através da indução do processo de hiperpolarização. Fármacos de ação no canal de Na dependente de voltagem favorecem o estado inativo (período⁺ refratário) desses receptores impedindo a entrada de Na , enquanto que os fármacos atuantes em canais⁺ de Ca ² tem a sua abertura diminuída inibindo influxo facilitado de Ca ².⁺ ⁺ A) Fenitoína → Apresenta baixo VD (↑ ligação proteínas plasmáticas – não indicada a pacientes com problema hepático). Favorece estado inativo dos canais de Na diminuindo velocidade⁺ de recuperação. Uso: crises tônico-clônicas generalizadas e crises parciais complexas, sendo que não são efetivos em crises de ausência. EA: ataxia, hipertrofia gengival (↑ produção colágeno – adolescentes são mais suscetíveis - 20% dos pacientes) placas dentais, reações de hipersensibilidade, anemia megaloblástica, má formação fetal. → Continuação anticonvulsivantes B) Carbamazepina → Prolongam estado inativo do canal de Na . Uso: crises tônico clônicas⁺ generalizadas e crises parciais simples e complexas. Também não são efetivos em crises de ausência, podendo agravá-las. EA: Relacionados ao processo de biotransformação (formação de um epóxido – função orgânica extremamente reativa, logo tóxica) → ataxia, sonolência, anemia, doenças hematológicas graves (anemia e agranulocitose). Metabolizada pela CYP3A4, enzima a qual possui efeito indutor, contudo não apresenta problemas porque isso é pensado na farmacotécnica, no entanto, pacientes (idosos) que fazem uso de polifarmácia podem apresentar alterações no tempo de meia-vida, por exemplo. C) Oxcarbamazepina → Análogo da carbamazepina que durante a biotransformação não forma o epóxido (menos EA), embora tenha o mesmo efeito farmacológico (não indicado para crises de ausência e mioclonias). Apresenta indução enzimática mínima, logo menor interação medicamentosa. Reações cutâneas menos frequentes. D) Ácido valproico → Além de causar aumento do efeito inibitório pela inibição da GABA-T e de outras enzimas que degradam o GABA (efeito secundário), o principal efeito é a diminuição da excitabilidade neuronal atuando através dos canais de Ca ² (tipo T) e de Na . Ademais, apresenta⁺ ⁺ ainda um outro efeito secundário de diminuição da atividade excitatória através da indução da enzima ácido glutâmico descarboxilase (glutamato → GABA + CO2) promovendo formação do GABA e diminuição do glutamato. Uso: crises generalizadas (71,94% efetivo), crises focais, crises indeterminadas (espasmos infantis, neonatais), Síndrome de Lennox-Gastaut, crises de ausência etc. EA: náuseas, sedação, elevação das transaminases hepáticas (TGO e TGP → marcadores da função hepática → níveis elevados no sangue podem indicar problema hepático ou de outros tecidos como os cardiomiócitos e músculo estriado, no caso da TGO), tremor, queda de cabelo, ganho de peso, trombocitopenia (idosos, principalmente), teratogênico (contraindicado na gestação). E) Etossuximida → atua em canais de Ca ² do tipo T⁺ Novos fármacos antiepilépticos F) Gabapentina → Atua no bloqueio de canais de Ca ², sendo efetivo em convulsões parciais⁺ com ou sem generalização quando associada a outros anticonvulsivantes. Também utilizada na dor neuropática. EA: sonolência, tontura, ataxia, cefaleia e tremor. Pregabalina → Utilizada na dor neuropática. 3- Diminuição da atividadesináptica excitatória Atuação em sinapses glutamatérgicas (inibição da liberação do glutamato – agonista excitatório – ou bloqueio de receptores glutamatérgicos). Além disso, possuem como efeito secundário, mas menos expressivo o bloqueio de canais de Na .⁺ A) Lamotrigina → Inibe liberação do glutamato. Uso: Eficaz contra uma maior variedade de convulsões do que a fenitoína e carbamazepina e além disso, é utilizada atualmente no transtorno bipolar como escolha a utilização do lítio porque não necessita de monitorização terapêutica. EA: tontura, diplopia (visão dupla), sonolência e rash cutâneo. B) Topiramato → Bloqueiam receptores de glutamato, especialmente o Cainato. Uso: equivalente ao valproato e carbamazepina nas crises parcial e generalizada primária recém diagnosticadas; muito utilizado no tratamento da enxaqueca.. EA: sonolência, fadiga, retardo cognitivo, parestesias (sensações cutâneas subjetivas). C) Levetiracetam → MA: se ligam à proteína da vesícula sináptica (SVZA) e supõe-se que inibe a liberação de neurotransmissores, especialmente o glutamato. Usos: monoterapia nas convulsões parciais ou como terapia adjuvante das convulsões parciais ou como terapia adjuvante das convulsões parciais, mioclonia e crises tônico-clônicas. EA: sonolência, astenia, tontura e ataxia. → Antipsicóticos Psicose → estado no qual o indivíduo perde o contato com a realidade. Pode ser dos tipos: * Alucinações: alterações das percepções (visual, auditiva, táteis, olfativa, etc). * Ilusões: percepção distorcida de objetos. * Delírios: alterações do pensamento. * Transtornos do pensamento formal: alterações do pensamento. Esquizofrenia → Pode ser cíclica assim como o transtorno bipolar, ou seja, pacientes apresentam ciclos entre sintomas positivos ou negativos, contudo alguns pacientes podem ter predominância em algum dos sintomas. O primeiro episódio costuma ocorrer em adultos ou jovens e numericamente 25% dos indivíduos apresentam um episódio agudo, 50% estado permanente e 25% estados recorrentes ao longa da vida. Fatores de risco: estresse, privação de sono, uso de psicostimulantes (predisposição de psicose pode ser causada por várias substâncias: canábis, cocaína, anfetamina etc). * Sintomas positivos → delírios (alterações pensamento), ilusões (percepção distorcida), despersonalização (sensação de que o seu corpo está sofrendo modificações), distorção ou exagero na linguagem, pensamento fragmentado com perda das associações lógicas, expressando-se de forma incoerente, vaga e repetitiva, alucinações (visuais, olfativas, auditivas, táteis etc) * Sintomas negativos → Embotamento afetivo, Incapacidade de sentir emoção, falta de motivação, isolamento social, dificuldade na abstração dos pensamentos, deficiência intelectual e de memória, anedonia: incapacidade de sentir prazer, alogia: restrição da fluência e pobreza de discurso. Teorias da Esquizofrenia Abordagens: 1- Da disfunção no neurodesenvolvimento → Exposição fetal ao vírus influenza durante o segundo trimestre; complicações obstétricas; baixo peso ao nascimento. 2- Neuroanatômica → diminuição do tamanho ventricular cerebral, do tamanho dos neurônios, do córtex pré-frontal e hipocampo. 3- Genética → alteração no gene NT-3 (essencial para crescimento de células embrionárias). 4- Neuroquímica →Teve início a partir da descoberta dos MA de diferentes antipsicóticos. Tem como teorias: A) Teoria dopaminérgica → Maioria dos fármacos antipsicóticos com eficácia possuem alta afinidade por receptores D2. Ex: anfetamina → agonista dopaminérgico indireto (aumento da liberação de DA) que exacerba sintomas de esquizofrenia e cujo uso crônico induz efeitos semelhantes aos sintomas positivos da esquizofrenia – psicose anfetamínica. B) Teoria serotoninérgica → O LSD e mescalina (agonistas parciais de receptores 5HT2A) são alucinógenos. Além disso, antipsicóticos atípicos estão relacionados ao bloqueio de 5HT2A e de D2. C) Teoria glutamatérgica → A fenciclidina (pó de anjo) é um antagonista do receptor NMDA (glutamatérgico) induzindo psicose semelhante à esquizofrenia. Agonistas DA (anfetamina) e serotoninérgicos (LSD) e antagonistas glutamatérgicos (fenciclidina) são psicotomiméticos piorando sintomatologia de esquizofrenia. Fármacos antipsicóticos A partir das teorias supracitadas verifica-se que o MA de fármacos antipsicóticos são efeitos de: antagonismo dopaminérgico e serotoninérgico e o agonismo glutamatérgico. Antipsicótico típico Antipsicóticos atípicos Ação Principalmente sintomas positivos (mais comuns nos pacientes) Melhora os sintomas positivos e negativos EA Muitos efeitos extrapiramidais (intolerância e interrupção do uso) Poucos efeitos extrapiramidais Disponibilidade Mais baratos (comuns no SUS) Mais caros (>efeito farmacológico e <EA) 1- Antipsicóticos típicos Indicados para o tratamento da esquizofrenia, controlam sintomas (principalmente positivos) com uso crônico e não possuem capacidade de causar dependência. Apesar de EA extrapiramidais, são muito seguros (IT=200). Exs: haloperidol e clorpromazina. EA extrapiramidais: → desordem nos movimentos: tremor, movimentos faciais involuntários, alterações posturais, membros flexionados, rigidez muscular, membros flexionados e dificuldade de manter-se em pé. Ocorrem devido ao bloqueio dos receptores D2 em regiões específicas do SNC (receptores metabotrópicos acoplado a Gi que modulam atividade de Ach), logo a ausência da inibição da DA provocada pelo antipsicótico (agonista de D2) promove aumento da atividade colinérgica. * Parkinsonismo farmacológico → Bradicinesia, rigidez, tremor variável, marcha arrastando os pés e face inexpressiva. Tempo: 5-30 dias. Idosos em maior risco. Mecanismo: antagonista da dopamina. Tratamento: redução da dose; mudança do medicamento; agentes antiparkisonianos. * Distonia aguda → espasmos dos músculos da língua, da face, do pescoço e do dorso. Mecanismo: antagonismo de DA agudo. Tratamento: agentes antiparkisonianos são diagnósticos e curativos * Acatisia → inquietação subjetiva e objetiva: ansiedade ou agitação. Aparece entre 5 a 60 dias. Tratamento: reduzir a dose ou substituir o fármaco: clonazepam, propranolol mais eficazes do que agentes antiparkisonianos * Síndrome neuroléptica maligna → rigidez extrema, febre, instabilidade da PA, mioglobinemia, pode ser fatal. Tempo: Semanas ou meses e podem persistir até alguns dias após interrupção tratamento. Tratamento: interrupção imediata; cuidado de suporte; dantroleno ou bromocriptina. * Discinesia tardia → Movimentos involuntários da língua e da face (interferência na fala, deglutição e mastigação) que é muito problemático (15-20% irreversível). Paciente apresenta perda de peso (dificuldade de alimentação). Tempo: > frequência em idosos após 1 ano de uso. Tratamento: redução de dose ou mudar para antipsicótico atípico. Outros efeitos: não relacionados ao MA de ação do antipsicótico 1- Bloqueio de receptores: * Muscarínicos → boca seca, taquicardia, constipação, retenção urinária, fotofobia. * α1 → hipotensão postural. * H1 → sedação. 2- ↑ liberação prolactina → ginecomastia, galactorreia (inclusive em homens) e irregularidades no ciclo menstrual (atraso) 3- Disfunção sexual → 25-60% pacientes → redução da libido em homens e mulheres, além de disfunção erétil. 2- Antipsicóticos atípicos Possuem menos efeitos extrapiramidais (menos graves) e possuem diferente MA, sendo portanto primeira escolha no tratamento da esquizofrenia. Causam poucos efeitos extrapiramidais e têm ação sobre sintomas positivos e negativos. Reduzem número de hospitalizações em uso crônico (hospitalização também causada por EA do fármaco) e causam pouca ou nenhuma disfunção sexual. Exs: clozapina, sulpirida, setindole, ziprasidona, risperidona, olanzapina e quetiapina. MA: Antagonismo de receptores:serotoninérgicos 5-HT 2A , dopaminérgicos D1 e D2, muscarínicos, α1,2 adrenérgicos e histaminérgicos, contudo somente efeito em receptores D1 e D2 e 5- HT2A são responsáveis pelo efeito farmacológico, enquanto os demais estão relacionados aos efeitos colaterais. De forma geral, atuam em alta gama de receptores (depende do medicamento), mas mecanismo principal é atuação em D1 e D2 e 5-HT2A. EA: * Efeitos extrapiramidais reduzidos * Efeitos anticolinérgicos → boca seca, retenção urinária, constipação, visão turva * Agranulocitose → redução de eosinófilos, basófilos e neutrófilos – incomum * “Diabetes” → causa hiperglicemia, aumento do apetite, desidratação * Ganho de peso → bloqueio de receptores 5 HT2 – recomenda-se exercícios * Predispõe indivíduo a outras doenças ou as agrava quando já possuem fatores de risco: dislipidemia, hipertensão, diabetes.
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