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Funções do sistema respiratório Oxigenação sanguínea Hematose (troca gasosa de O2 / CO2) Eliminação de CO2 Equilíbrio acidobásico (regulação do pH) Ex: acidose (tem muito H+): aumenta a FR – taquipneia (diminui CO2) Ex: alcalose (tem pouco H+): diminui a FR – bradpneia (aumenta CO2) Termorregulação - Taquipneia dissipa calor Proteção ambiente contra - Poeira - Gases - Agentes - Temperatura externa Formas de proteção: pelos do nariz, produção de muco, epitélio ciliado. Isso tudo é uma forma de impedir a entrada de agentes do meio externo para o interno. A maior parte das doenças tendem a promover um pH ácido, por isso é comum em cima de uma condição metabólica encontrar um paciente taquipneico na tentativa de eliminar CO2. Em contrapartida, em uma situação de alcalose temos como resposta do sistema respiratório a bradpneia. Por conta disso, um indivíduo com acidose e taquipneia (tentando eliminar mais CO2 para elevar seu pH e deixa-lo mais alcalino) é mais efetivo, ou seja, é mais fácil de resolver do que um indivíduo com alcalose e bradpneia (retendo CO2 para tentar reequilibrar o pH). Isso porque é mais fácil aumentar a frequência respiratória do que diminuí-la. Além disso, o animal não pode diminuir muito a sua FR, pois precisa de O2. Hematose, termorregulação, regulação do pH e FR estão interligados. Ex: bulldog trancado no carro ao meio dia: - Termorregulação: respiração taquipneica para tentar regular a temperatura – dissipar calor - Mudança de pH: se ele fica taquipneico acaba mexendo na concentração de O2 e CO2 - Troca gasosa diminui, pois, o volume de ar que preenche a região pulmonar é menor devido ao aumento da FR (taquipneia) Eles estão interligados para manter a homeostase, cuja maior função é manter o consumo de O2 (hematose), promover a termorregulação e equilibrar o pH. Sintomas de afecção do sistema respiratório - Tosse: relacionada às estruturas superiores (região traqueal e bronquial) - Espirro: relacionada as estruturas superiores (região nasal) - Produção de muco variável (desde coriza a secreção mucopurulenta) Cada estrutura tem uma forma diferenciada de proteção Ex: espirro: estrutura superior A Bronquite e pneumonia não causam espirro por estarem relacionadas com a parte inferior Ex: tosse: estrutura superior Pneumonia não causa tosse, pois não está relacionado com região traqueal. Para que ocorra a troca gasosa o diafragma contrai e desloca para a porção abdominal/ventral e essa movimentação (do diafragma) favorece o processo de respiração. Sistema Respiratório Para saber se está tendo problema de troca gasosa caso o paciente esteja taquipneico, devemos observar as mucosas, se elas não estiverem cianóticas (roxa, azulada) significa que está ocorrendo hematose. Anatomia do sistema respiratório Parte superior (condução) - Narinas - Cavidades nasais - Nasofaringe - Laringe - Traqueia - Brônquios principais A parte superior (de condução) também não deixa de ser importante, pois além da condução do ar, ela também faz a umidificação, aquecimento e proteção (pois é uma das principais vias de comunicação do meio externo com o meio interno, assim, diversos agentes tem como fonte de entrada para o meio interno, o sistema respiratório). Parte inferior (trocas gasosas) - Brônquios segmentares - Bronquíolos - Alvéolos A maior parte funcional do sistema respiratório está na região pulmonar (parte inferior) fazendo a termorregulação, e a troca gasosa. Curiosidade Se pegarmos um rato e um cavalo sem levar em consideração o tamanho, o rato tem uma demanda de oxigênio maior, pois seu metabolismo é mais rápido e sua FR e FC mais altas comparada a um equino. Assim, se tiver alguma coisa que dificulte a troca gasosa, será muito mais perceptível em um roedor do que no equino. O que poderia dificultar a respiração? Dificuldade de expandir o tórax (quem faz essa expansão é o diafragma) - Compressão abdominal: fica difícil para o diafragma se deslocar ventralmente para o tórax expandir EX: gestação, ascite - Efusão pleural = líquido no tórax OBS: O coração aumentado não gera dificuldade respiratória, mas interfere na troca gasosa em caso de congestão, vai ter um aumento de pressão, deslocamento da traqueia (pois ela está acima do coração) causando tosse. Objetivos do sistema respiratório Manter uma frequência de entrada e saída do ar promovendo concentração de gases (O2 e CO2) e precisa do sistema cardiovascular para fazer a perfusão/conduzir o O2 a nível tecidual, e consequentemente pegar o CO2 para passar por difusão a nível pulmonar. Sendo assim, não adianta apenas respirar se não tem um coração bom para fazer a perfusão, do mesmo modo que não adianta ter um coração fazendo uma boa perfusão se eu não tiver uma troca efetiva do O2 com CO2 a nível tecidual. Como é feita a troca de O2 para CO2? Essa troca é feita através da concentração. Quanto maior a demanda/concentração de O2 maior é a troca pelo CO2, em contrapartida, se tiver uma baixa demanda/concentração de O2 essa troca será mais lenta. FR baixa: pH fica básico retém CO2 baixa a demanda de O2 troca menor entre O2 e CO2 FR aumentada: pH ácido elimina CO2 aumenta a concentração de CO2 aumenta a troca entre O2 e CO2 Lembrar da fórmula de Fick: quanto maior a área do alvéolo para fazer a troca gasosa maior a velocidade de difusão dos gases. Ex: asmático: tem menor área para fazer troca, assim a velocidade de difusão é menor. Diferenças anatômicas entre as espécies Entre as espécies há uma diferença principalmente na porção inicial/superior quando se fala de narinas, cavidades nasais. A resistência do ar no processo de inspiração é maior nas regiões de narinas, cavidades nasais e de orofaringe quando comparada com a porção final da via respiratória. Cada espécie tem uma narina diferenciada. Narinas - Aberturas externas pareadas para a passagem de ar para cavidades nasais - O diâmetro anatômico varia de acordo com a espécie - Os pelos tem função de filtrar as partículas inaladas Cavidades nasais - São separadas uma da outra pelo septo nasal e separadas da boca pelo palato duro e palato mole. - Epitélio ciliado - Constituintes: - Conchas nasais - Recoberto por mucosa + vascularização Funções: - Proteção (filtro) - Aquecimento do ar - Umidificação do ar Quando comparamos um dolicocefálico com um braquicefálico essas funções são alteradas Braquicefálico: - Fica mais suscetível a doenças infecciosas - Tem mais dificuldade em dissipar calor - Maior estreitamento para passagem do ar - Têm os meatos, as conchas nasais hiperplásicas - Palato dificulta o volume da entrada de ar - Algumas conchas podem chegar a se estender além da cavidade nasal, obstruindo a passagem do ar para a faringe. Narina cavidade nasal com meatos orofaringe Para a passagem de ar ir diretamente para a cavidade pulmonar tem uma série de estruturas que promovem a abertura para a passagem do ar e o fechamento para a passagem do alimento. Quando isso não fecha acontece o engasgo. O palato mole tem a reversão dorsal, então quando o animal vai deglutir acontece o fechamento da via respiratória e o direcionamento dorsal do palato mole. Durante a respiração há o relaxamento do palato e a abertura da região de glote permitindo a passagem do ar para a região traqueal. As cartilagens que fazem a abertura e o fechamento da via respiratória. Labrador tem muita paralisia de laringe, ou seja, a região de epiglote abre pouco não tendo uma abertura que permite a passagem de ar para o palato. Desse modo diminui o volume inspirado tendo como sintomas taquipneia, cianose já que diminui a troca gasosa e ronco Traqueia - Principal passagem para o ar até os pulmões. - A parede da traqueia contém anéis de cartilagem para impedir o colapso da via respiratória traqueal. - Cada cartilagem traquealé incompleta (não está unida dorsalmente), possibilitando variações de diâmetro. Pulmão - Existem algumas divisões chamadas de lobos. - Cada espécie tem uma quantidade diferenciada desses lobos que não mudam a nível funcional. A artéria geralmente leva sangue venoso, mas a artéria pulmonar (tronco pulmonar) leva sangue pobre em oxigênio pois está chegando nos pulmões, e nesse caso as veias carregam sangue rico em oxigênio pois estão saindo dos pulmões. Alvéolos Existem alguns tipos celulares na região pulmonar que são fundamentais para o funcionamento do alvéolo Célula alveolar tipo 1 ou pneumócito 1 - Principais locais de troca gasosa Células alveolares tipo 2 ou pneumócito 2 - Produtoras de líquido alveolar (= surfactante) para evitar que os alvéolos colabem O colabamento do alvéolo é péssimo para as trocas gasosas pois diminui a área, consequentemente diminuindo a concentração de O2. Revestimento pulmonar O revestimento da área pulmonar é feito por camadas chamadas pleuras e estas têm capacidade elástica. Pleura visceral: em contato com o pulmão - Fundamental no processo de respiração Pleura parietal: reveste a camada torácica - Trabalha com pressão negativa A capacidade elástica da pleura tem que ser mantida para manter uma pressão negativa, gerando uma expansão para que o pulmão receba o ar. Inspiração - Contração diafragmática e da musculatura intercostal gerando uma pressão negativa. Essa pressão negativa é automaticamente transferida para a pleura que tem capacidade elástica, facilitando a entrada do ar. Expiração - Relaxamento da musculatura intercostal e diafragmática, sai a pressão negativa e a pleura vai reduzir a pressão negativa que ela tinha fazendo com que o parênquima pulmonar desloque o ar para região externa. O maior trabalho é para inspirar, pois precisa promover uma pressão negativa, contrair a musculatura, gerar uma pressão negativa na pleura para promover a entrada do ar, enquanto para promover a expiração é necessário apenas relaxar essa musculatura fazendo com que a pressão negativa vá embora, assim o ar acaba saindo de forma passiva. Situações que levam a diminuição da expansão torácica * Afeta diretamente a inspiração, desse modo aumenta a FR - Pleurite = processo infeccioso na pleura (se tiver um caso de pleurite, uma área de fibrose pulmonar ou qualquer outra alteração no espaço torácico, a capacidade elástica de expansão é perdida, consequentemente a inspiração diminui. - Fibrose pulmonar (tem pressão negativa no tórax, mas não gera essa pressão na pleura, assim ela não distende) - Alteração no espaço torácico - Decúbito prolongado (cavalos em decúbito por muito tempo não deixa o tórax expandir, por isso eles precisam de uma respiração mecânica, precisam expandir essa capacidade pulmonar. - Pneumotórax (ar na cavidade torácica. O animal perfurou o tórax e esse ar que entra no tórax interfere na pressão negativa, ou seja, a pressão fica positiva, sendo assim, não tem a capacidade elástica da pleura nem a expansão pulmonar. Nesse caso o animal tem taquipneia e respirações curtas, pois não expande o tórax, desse modo aumenta também FR.) - Efusão pleural = líquido na cavidade torácica) não interfere na elasticidade da pleura mas tem uma área menor na cavidade torácica para a expansão pulmonar, ou seja, o líquido não deixa expandir tudo que deveria pois ele está ocupando um espaço. OBS: Quando se vai fazer uma cirurgia no tórax, no coração, por exemplo, entra com um fármaco que para o movimento do diafragma, pois esse movimento dificulta a operação, assim o animal não inspira, mas como ele está entubado a respiração passa a ser mecânica. Portanto, se ao animal chegar com dispneia não adianta colocar no oxigênio pois enquanto eu não drenar o ar ou o líquido (em caso de pneumotórax e efusão pleural) não vai gerar pressão negativa e irá continuar sem capacidade de expansão. Epitélio - Epitélio ciliado - Células caliciformes produtoras de muco Isso ajuda na defesa/proteção pois as partículas se aderem a camada de muco e o epitélio ciliado vai removendo essas partículas para o meio externo. Uma parte é eliminada, mas a maior parte do muco é deglutida. Sintomatologia - Corrimento nasal - Tosse - Ruídos respiratórios (assobio quando o nariz está trancado) - Espirro - Cansaço fácil (pois tem uma demanda menor de O2) - Dispneia Padrões de dispneia Dispneia inspiratória: Associados a processos extratorácicos (parte superior – da região traqueal pra cima) - Obstrução da laringe - Colapso de traqueia Dispneia expiratório: Associados a processos intratorácicos Dispneia mista: Intratorácicas - Edema pulmonar Dispneia restritiva: Dificuldade de expansão do tórax - Pneumonia - Efusão pleural - Pneumotórax - Edema pulmonar Dispneia obstrutiva: Obstrução da passagem de ar nas vias aéreas - Bronquite crônica - Asma felina A respiração é dividida em inspiração que é um processo ativo e expiração que em contrapartida é um processo passivo. Para o processo de inspiração é preciso aumentar o volume do pulmão para promover concentração de O2 nos alvéolos e iniciar o processo de difusão e a troca gasosa em si. Para que o ar entre é preciso gerar uma pressão negativa (como a do embolo de uma seringa) a partir da contração diafragmática e da musculatura intercostal que fazem com que os pulmões se expandam. A pleura desenvolve o papel de manter a capacidade de extensão, ou seja, mantem a elasticidade após receber a Para saber se o ruído é inspiratório ou expiratório devemos acompanhar o movimento torácico. Se o tórax inflar enquanto faz o ruído é porque é inspiratório pressão negativa. Existe um liquido entre a pleura e o pulmão que os mantem fora de contato íntimo. Então, para a promoção da respiração, é necessária a pressão torácica e a pressão pleural. Em casos de problemas na respiração mecânica (condução de ar) a pressão não é alterada, mas sim o volume de ar que chegará aos pulmões. Relacão de volume Quando se altera a FR, se altera a amplitude seguindo as formulas: FR = amplitude e volume = comum no calor FR = amplitude e volume = comum no frio Em casos de aumento abrupto de FR, além de diminuição de volume e amplitude também vai diminuir a taxa de hematose devido à falta de O2 para realizar a difusão. CPT (capacidade pulmonar total): expiração + inspiração VC (volume corrente): é o que entra na inspiração e sai na expiração de maneira natural. É um ciclo, cada respiração feita. É medido em ml e é variável de acordo com o porte da espécie que altera o tamanho da caixa torácica e também do condicionamento físico do animal. Mas geralmente está em media de 10 ml/kg VRI (volume residual inspiratório): é a maior capacidade possível de inspiração. VRE (volume residual expiratório): é a maior capacidade possível de expiração. VR (volume residual): o ar que sobra preenchendo a via respiratória. VA (volume alveolar): é o que faz a troca gasosa em si, compreende 70% de todo o ar. VM (volume morto): é o que entra, mas não faz hematose, compreende os outros 30% restantes. Ex: cão de 10 kg = 100 ml/ciclo = 70ml/ciclo é VA e 30ml/ciclo = VM VC ou VA/min = VC/ciclo x FR 1) Um animal pesando 8kg apresenta: VC: VM: VA: 2) Um animal expirando e inspirando 120ml com 30mpm e 30% de VM apresenta: VC: VM: VA: VC/min: 3) Um animal com 900ml de VC/min tem 30% de VM e FR de 20mpm terá: VC: VA: VA/min: VM/min: O paciente 3 após hemorragia apresentou VC/min de 700ml e FR de 50mpm, então ele terá: VC: VA: VA/min: VM/min: No processo de troca gasosa, é importante lembrar-se da difusão simples (transporte passivo). As moléculas participantes (O2 e CO2) para passar pela membrana fazem uso do gradiente de concentração (do mais concentrado para o menos concentrado). Aumenta-sea quantidade de O2 dentro dos alvéolos durante a respiração fazendo com que ele passe para os capilares de maneira fácil já que são moléculas apolares e pequenas FATORES QUE AJUDAM NA MANUTENÇÃO DE VOLUME E HEMATOSE Promover produção de sulfactante: Produzidos pelos pneumócitos tipo 2, ele impede que o alvéolo colabe, porque ele impede que a agua presente na parede alveolar atraiam umas as outras e colabe o alvéolo (murche). Ele tem duas camadas, uma polar e uma apolar, é formado por lipídeos que é o que impede que as aguas se juntem e então, reduz a pressão alveolar. Após a troca gasosa, é necessária uma malha de capilares que fazem o transporte de O2 pela circulação sanguínea até chegar dos alvéolos para os tecidos. O O2 é carreado do sangue para os tecidos ligados à hemoglobina, ela transporta 95% do O2 e aguenta quatro moléculas de O2 cada uma. Quando os capilares se encontram com os alvéolos, ocorre a passagem de O2 ricamente presente no alvéolo para o capilar e o CO2 do sangue vai para o alvéolo e sofre expiração. O CO2 é carregado, em sua maioria, pelo corpo na forma de bicarbonato, mas ele está presente em pequenas parcelas no plasma. O CO2 pode produzir ácido-base. Em acidose a reação ocorre da direita para a esquerda. Em alcalose, acontece da esquerda para a direita. O tecido recebe O2 para converter em CO2. Ou seja, quando o tecido esta cheio de CO2, essas moléculas atravessam a membrana das células e vão para os capilares e o O2 que estava nos capilares vão para o tecido. Já no sangue, o CO2 entra no eritrócito e se junta com H2O formando ácido carbônico (H2CO3), que depois se dissolve e vira H+ e bicarbonato. O bicarbonato sai do eritrócito em troca de Cl (via bomba). O O2 que estava ligado à hemoglobina vai saindo e vai saindo e indo para os tecidos. A hemoglobina quando sozinha se liga no H+ até chegar nos pulmões, lá o O2 do alvéolo entra no capilar e se liga na hemoglobina e libera o H+, cada vez que entra O2, sai H+. Quando há muito H+, os bicarbonatos são atraídos e se juntam a essas moléculas de H+ virando ácido carbônico (H2CO3) que depois se dissolve e libera H20 e Co2 na expiração. É importante lembrar, que esse processo funciona em forma de ciclo constante então não tem começo meio e fim, a descrição é feita de maneira didática, mas o processo acontece muito rapidamente e constantemente sem inicio, meio e fim. É o bulbo no SNC que percebe a presença excessiva de CO2, lá tem quimiorreceptores que fazem essa percepção e desencadeia um estimulo para aumentar a FR e fazer sair o CO2. Quando há aumento de H+, é necessário o bicarbonato que estava livre para formar CO2 e elimina-los. Por isso que quando em acidose (muito H+ no sangue) o paciente fica taquipneico. 3ª e ultima parte sis. respiratório
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