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Relatos de caso - FDII

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Caso clínico 1
Leptospirose canina - Relato de caso
Resumo
A leptospirose é uma zoonose de distribuição mundial infectocontagiosa
causada por uma bactéria do gênero Leptospira. Estas espiroquetas apresentam
grande motilidade em meio aquoso e podem infectar seu hospedeiro através de
pequenas lesões na pele, através de água ou alimento ou fômites contaminados.
Apesar do mito popular considerar a leptospirose “a doença do rato”, animais
domésticos e silvestres também podem adoecer e contaminar humanos, tendo
assim grande repercussão na saúde pública.
Introdução
As bactérias do gênero Leptospira são espiroquetas, morfológica e
fisiologicamente semelhantes, diferenciadas sorologicamente em 8 espécies, a
saber: Leptospira borgpetersenii, L. inadai, L. interrogans (stricto sensu), L.
kirschneri, L. meyeri, L. noguchii, L. santarosai, L. pomona e L. weilii. Os animais
domésticos mais acometidos são cães, bovinos, suínos e equinos. Os quadros
clínicos mais comuns na leptospirose canina são de natureza septicêmica, hepática
e renal. Em humanos, a leptospirose, em geral, apresenta-se como uma doença
febril aguda (McVey, 2017).
Bactérias do gênero Leptospira são destruídas por dessecação,
congelamento, calor (50°C/10 min), sabão, sais biliares, detergentes, ambiente
ácido e putrefação, entretanto persistem em ambiente úmido, de temperatura
temperada e pH neutro a ligeiramente alcalino (McVey, 2017).
A exposição à bactéria ocorre por meio de contato de membrana mucosa ou
pele com água, fômites ou alimentos contaminados com urina. Outras fontes
incluem leite de vaca com infecção aguda e secreção genital de bovinos e suínos,
machos ou fêmeas (McVey, 2017).
As espiroquetas penetram na corrente sanguínea após a inoculação do
microrganismo na membrana mucosa, ou no trato reprodutivo, e colonizam o fígado
e os rins, onde causam lesões degenerativas. Pode haver envolvimento de outros
órgãos, como músculos, olhos e meninges, com instalação de meningite não
supurativa. Leptospira lesiona o endotélio vascular, resultando em hemorragias.
Alterações secundárias incluem icterícia, causada por lesão hepática e hemólise, e
nefrite aguda, subaguda ou subcrônica, em decorrência de lesão de túbulos renais.
O infiltrado inflamatório contém predominantemente linfócitos e plasmócitos. Nos
animais sobreviventes, as leptospiras desaparecem da circulação após a produção
de anticorpos séricos; todavia, persiste nos rins durante várias semanas,
contribuindo com a disseminação das espiroquetas no ambiente.
A maioria das infecções causadas por Leptospira apresenta um curso
subclínico, provavelmente decorrente de infecção do animal por uma sorovariante
adaptado ao hospedeiro. As infecções clínicas, que manifestam sintomas evidentes,
se devem principalmente às infecções causadas por sorovariante não adaptada ao
hospedeiro (McVey, 2017).
Relato de caso
Em 16 de fevereiro de 2022 foi atendido no Hospital Veterinário da FMU um
cão da raça Golden Retriever, macho, de 2 anos de idade, pesando 35 Kg. A queixa
principal do proprietário era que o animal estava apático, com dificuldade em se
locomover e não se alimentava direito há dois dias. Isso foi observado logo após o
contato com uma cadela Golden Retriever que ficou sob sua tutela, por alguns dias,
até que os seus proprietários pudessem limpar e organizar a sua residência após
alagamento decorrente das fortes chuvas que assolaram São Paulo em janeiro de
2022.
O paciente apresentava êmese e andar cambaleante, fezes escurecidas e
amolecidas. Ao exame clínico, notou-se leve desidratação através de perfusão
capilar deficiente, pulso irregular, melema, epistaxe, hemorragias petequiais e
equimóticas disseminadas, hematúria, relutância ao movimento, marcha rígida,
hiperestesia paraspinal, linfonodos submandibulares, pré-escapulares e poplíteo
aumentados, mucosas ictéricas, dificuldade respiratória e temperatura de 38ºC
(figura 1 e 2). O sangue e a urina foram coletados para exames bioquímicos (figura
3).
Figura 1: mucosa ictérica do animal
Figura 2: Hemorragia petequiais presentes no corpo do paciente
O animal foi submetido à fluidoterapia utilizando solução glicofisiológica
500mL, 0,5 mL de ranitidina, 0,6 mL de bromoprida via subcutânea, 1 mL de
doxiciclina via intravenosa e 0,2 mL de atropina, 0,26 mL de imizol via subcutânea,
sondagem uretral e feito um hemograma. Foi avaliado o resultado do hemograma
com os achados: 10% de hematócrito, plaquetas 140.000/uL, leucócitos 37.100/uL,
segmentados 26.341/uL, metarrubrícitos 04/100 leucócitos, observações: amostra
hemo diluída, plasma ictérico (++), discreta anisocitose e policromasia (Figura 3) e
positivo para teste de salina para anemia hemolítica autoimune. Foi realizado
soroterapia com solução glicofisiológica de 500mL, 3 ampolas de vitamina C no
soro, o,6mL de plasil, 0,3mL de cimetidina via subcutânea e 1ml de doxiciclina via
intravenosa.
Figura 3: Coleta de sangue para hemograma e perfil bioquímico
Apesar do protocolo instituído, o animal faleceu no dia seguinte. A necropsia
evidenciou os pulmões edematosos; rins pálidos e aumentados de volume; fígado
aumentado de volume e friável com necrose, hemorragia multifocais (figura 4).
Exames clínicos evidenciaram hematócrito e sólidos plasmáticos totais elevados em
virtude da desidratação, leucopenia, trombocitopenia, elevação dos produtos de
degradação da fibrina, ureia e creatinina elevadas e alterações eletrolíticas. Alanina
aminotransferase, aspartato aminotransferase, lactato desidrogenase e fosfatase
alcalina estavam elevados.
Figura 4: Hemorragias petequiais evidenciadas na necropsia
A microscopia da urina em campo escuro foi inconclusiva, entretanto o Teste
do Anticorpo Fluorescente na Urina, Leptospira sp.
Foi informado ao proprietário sobre o potencial zoonótico da urina
contaminada de seu cão e a necessidade de cuidados com o ambiente para evitar
contágios de forma direta ou indireta, através de higienização rigorosa a base de
hipoclorito de sódio ou desinfetantes à base de iodo, dos locais que teve contato
com a sua urina ou secreções oro nasais, como vasilhames e potes que o animal se
alimentava. Também foi recomendada a atenção a todos e a todas as moradoras da
casa e animais ou ainda pessoas que tiveram contato com o animal, o controle de
roedores, a monitorização e remoção dos cães ou outros animais com sinais
clínicos até que sejam tratados.
O cão foi vacinado contra leptospirose há cerca de 1 ano para sorovariantes
L. canicola e L. icterohaemorrhagiae, entretanto as vacinas conferem imunidade
contra sorovariantes homólogas por um prazo de 6 a 8 meses e a espécie acometeu
o animal foi identificada, através de exame. de PCR de amostras de sangue como L.
pomona. O grau de doença renal e hepática depende da sorovariante e da
imunidade do hospedeiro.
Discussão
A leptospirose é uma doença frequente em nosso meio, de veiculação
hídrica, cuja incidência é mais alta nos meses com maiores índices pluviométricos.
Os sinais clínicos iniciais da leptospirose em cães são variáveis incluindo a
associação de anorexia, le targia, depressão, febre e variado grau de envolvi mento
hepático, pulmonar e renal. Alguns cães po dem exibir sinais leves da doença,
enquanto outros desenvolvem doença grave ou morte e isso é relacionado à
sorovariante adaptada ao hospedeiro e sua imunidade. O diagnóstico clínico da
leptospirose é baseado no histórico epidemiológico, no quadro clínico de caráter
sistêmico.
A leptospirúria, fase de colonização da espiroqueta no epitélio do tubular
renal, ocorre 72 horas após a infecção e sua eliminação pela urina continua por
semanas ou meses após a infecção nos animais domésti cos e por toda vida nos
roedores.
A confirmação do diagnóstico ocorre através de exames laboratoriais. As
dosagens de ureia, creatinina, alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina
(FA) e bilirrubina constituem-se nos principais exames de monitoramento da
evolução do quadro clínico e prognóstico da leptospirose.
Conclusão
A leptospirose canina, quando diagnosticadana forma inicial e combatida de
forma adequada aumentam as chances de sobrevivência do animal. A idade do cão
é um im portante fator de risco para a leptospirose canina, o quadro agudo da
doença, denominado leptospiremia. A inflamação inicial causa injúria renal e
hepática e sua recuperação dependerá da produção elevada de anticorpos
es pecíficos frente à sorovariante infectante. Por tratar-se de uma zoonose, é
imprescindível a orientação e cuidados com os proprietários e todos que tem
contato com o animal e seus fômites para que medidas sanitárias de proteção sejam
adotadas.
Referências bibliográficas
https://www.zoetis.com.br/prevencaocaesc%C3%B3pica-atua-no-diagn%C3%B3stic
o-da-leptospirose-canina.aspx#. (14 de março de 2022). Fonte:
https://www.zoetis.com.br/prevencaocaesegatos/posts/c%C3%A3es/como-a-soroagl
utina%C3%A7%C3%A3o-microsc%C3%B3pica-atua-no-diagn%C3%B3stico-da-lept
ospirose-canina.aspx#
Raquel Albuquerque Silva¹*, M. C. (setembro 5, 2021). Leptospirose canina: Relato
de caso. Pubvet, 1-6.
Roberta Torres Chideroli1+, A. P. ( 2016). Leptospirose canina associada à
insuficiência renal aguda. Rev. Bras. Med. Vet., 38(Supl.1), junho 79, :79-84.
Scott Mavey, M. K. (2017). Microbiologia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan.
https://www.zoetis.com.br/prevencaocaesegatos/posts/c%C3%A3es/como-a-soroaglutina%C3%A7%C3%A3o-microsc%C3%B3pica-atua-no-diagn%C3%B3stico-da-leptospirose-canina.aspx
https://www.zoetis.com.br/prevencaocaesegatos/posts/c%C3%A3es/como-a-soroaglutina%C3%A7%C3%A3o-microsc%C3%B3pica-atua-no-diagn%C3%B3stico-da-leptospirose-canina.aspx
https://www.zoetis.com.br/prevencaocaesegatos/posts/c%C3%A3es/como-a-soroaglutina%C3%A7%C3%A3o-microsc%C3%B3pica-atua-no-diagn%C3%B3stico-da-leptospirose-canina.aspx
Caso clínico 2
Peritonite Infecciosa Felina- Relato de Caso
Resumo
A Peritonite Infecciosa Felina (PIF), é uma doença infecto contagiosa
causada por um coronavírus que atinge felídeos domésticos e selvagens, sendo
grave e apresentando alta taxa de mortalidade, principalmente em animais mais
jovens.
O trabalho em questão, tem como objetivo relatar um caso clínico de um
felino de 8 meses de idade, sem raça definida, portador de PIF, bem como relatar
medidas terapêuticas adotadas e técnicas para confirmação do agente etiológico.
O diagnóstico foi realizado através da avaliação do histórico, exames clínicos,
resultados laboratoriais e confirmado através da necropsia e Histopatologia.
Palavras-chave: coronavírus. peritonite infecciosa felina. diagnóstico. felino
Introdução
A PIF tem como agente etiológico um coronavírus felino, do gênero
Coronavírus, família Coronaviridae, sendo um vírus envelopado, com RNA de fita
simples.
A forma de transmissão é fecal- oral, podendo também acontecer de forma
transplacentária, e animais com acesso a rua ou que vivem em locais com grande
número de animais estão mais suscetíveis a apresentarem a doença.
Podemos encontrar duas manifestações da PIF: Efusiva (úmida) e a Não
Efusiva (seca). A PIF efusiva (úmida) apresenta efusão pleural e peritoneal, e a não
efusiva (seca), que embora não apresente acúmulo de líquido, mas notam-se lesões
granulomatosas em todos os órgãos paquinquimetodos, sistema nervoso central e
uveítes.
Relato de caso
Um gato sem raça definida, castrado, com aproximadamente 8 meses de
idade deu entrada ao Hospital Veterinário FMU. A tutora informou que o animal
perdeu peso, estava prostrado, apresentava falta de apetite e anúria por
aproximadamente 4 dias.
Após informações adquiridas durante a anamnese, soube-se que se tratava
de um animal retirado da rua por uma ong, e viveu num abrigo com diversos outros
gatos até ser adotado com 7 meses de idade. Após exame clínico, foi constatado
que o animal estava com mucosas hipocoradas, efusão abdominal com grande
sensibilidade durante a palpação. Com a aferição da temperatura revelou febre de
39,7 graus, e após teste de turgor cutâneo confirmou-se que o animal estava
desidratado. O animal apresentava ainda dispneia. Devido ao estado crítico que o
animal se encontrava, foi recomendado que o animal ficasse internado para darmos
sequência aos exames e o tratamento fosse iniciado de forma urgente.
Pelo fato do animal estar com anúria, foi inserido uma sonda uretral, porém o
abdome do gato continuava extremamente distendido, e o mesmo foi submetido a
um procedimento de abdominocentese (após tricotomia e antissepsia da porção
ventral do abdome) no qual foi drenado uma grande quantidade de líquido exsudato,
com cor amarelada e purulenta. Uma amostra do líquido puncionado foi enviada
para análise (sem inserção de anticoagulante), constatando a presença de grande
quantidade de neutrófilos, a ainda quantidade de macrófagos e linfócitos. Foi
pingado uma gota do líquido numa solução de ácido acético (teste chamado de
teste de Rivalta) e o resultado foi considerado positivo para PIF, pois formou um
halo e uma gota bem definida.
Figura 1: Felino com mucosas hipocoradas
Figura 2: Felino sendo submetido à abdominocentese.
Foram realizados outros exames laboratoriais, e foi constatado uma grave
azotemia, com ureia no valor de 448 (42,8-64m2 mg/l) e creatinina 5,9 m/l (0,8-1-8
mg/l). No hemograma foi observado anemia, hipoproteinemia e no leucograma foi
notada leucocitose.
Foi iniciado um tratamento à base de fluidoterapia e medicações tais como
aplicação via subcutanea de erofloxacina (5mg/kg) a cada 24 horas, Predinisolona
(2mg/kg) por via intramuscular a cada 12 horas,Interferon a-2B humano
recombinante por via oral a cada 24 horas, e sulfato ferroso (10 mg/animal) a cada
24 horas.
Infelizmente, após 48 horas da data da internação do paciente, o animal não
apresentou melhora e veio a óbito.
Discussão
Os achados na necropsia condizem com dados mencionados na literatura
para PIF (TILLEY,SMITH JR,2015). Foi constatado que as mucosas estavam pálidas
e um pouco amareladas. O pulmão estava repleto de infiltrado inflamatório, com
espuma moderada na traqueia, brônquios e bronquíolos. Na cavidade pericárdica e
na cavidade abdominal encontramos líquido viscoso, amarelo e com fibrina. Os rins
estavam com diversos pontos amarelos.
Com base nos exames histopatológicos, foi identificado pneumonia bronco
intersticial supurativa. Também se confirmou pericardite e miocardite fibrinóide. O
fígado apresentava colangite moderada. Também foi identificado pielonefrite e
nefrite intersticial moderada.
Figura 3: Pulmão com coloração vermelho-clara e superfície úmida e brilhante
(grande quantidade de infiltrado inflamatório).
Figura 4: Cavidade pericárdica com líquido viscoso, amarelo e com fibrina.
Figura 5: cavidade abdominal do felino contendo líquido amarelado, viscoso e
contendo fibrina.
Conclusão
Devido à dificuldade de um diagnóstico ante mortem da PIF, e por ser
considerada a doença mais letal em gatos jovens, é muito importante que criadores
e tutores sejam alertados para realização de profilaxia.
Referências bibliográficas
Coelho, H.E. Peritonite Infecciosa Felina- relato de caso PUBVET
Raposo, J.B; Fernandes,C.G;Sallis,E.S.V;Grecco,F.B Peritonite Infecciosa Felina-
Relato de casos
MOTa,A.L.D.R . Relacao entre apresentancao clínica, carga viral e a titulacao de
anticorpos na peritonite infecciosa felina. Lisboa:UTL,2010
Caso clínico 3
Piometra (hiperplasia endometrial cística) em cadela – Relato de caso
Resumo
Na rotina médico-veterinária de cães há uma grande ocorrência de
enfermidades que acometem o trato reprodutivo desses animais, na maior parte dos
casos acometendo as fêmeas. Dentre uma lista de patologias reprodutivas, cita-se
com grande relevância a piometra (hiperplasia endometrial cística). O objetivo deste
artigo é relatar o caso de uma cadela que deu entrada ao Hospital Veterinário da
FMU com essa enfermidade, onde o tratamento realizado foi uma
ovariosalpingohisterectomia (OSH) e a paciente recuperou-se bem. Conclui-se que
as emergências reprodutivas requerem um diagnóstico e tratamento o mais precoce
possível para evitar maiores danos à saúde no animal.Introdução
Piometra ou hiperplasia endometrial cística, é uma doença infecciosa que
pode ser aguda ou crônica e é manifestada através do acúmulo de secreção
purulenta intra-uterina e está associada com vários sinais clínicos. O diestro
predispõe a piometra e é neste período que a hiperplasia uterina associada a
diminuição das defesas celulares locais deixa o útero em condições propícias para a
multiplicação de microrganismos que tem origem da própria flora vaginal.
Ela pode ser classificada como de cérvix aberta ou fechada. A de cérvix
fechada requer emergência médica de rápida intervenção para impedir uma sepse e
um possível óbito. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é relatar um hipotético
caso de piometra fechada atendido no Hospital Veterinário da FMU.
Relato de caso
Um canino, SRD, fêmea, com 5 anos, não castrada, foi atendido no Hospital
Veterinário da FMU, no dia 23 de março de 2022. Na anamnese, o tutor relatou que
o animal apresentou cio há mais ou menos 20 dias, porém nos últimos dias ele
encontra-se prostrado, e não estava se alimentando corretamente por mais ou
menos três dias e apresentou vômito duas vezes nas últimas 48 horas.
Ao exame clínico o animal apresentou temperatura retal de 39,3ºC, mucosas
normocoradas, intenso inchaço abdominal e algia na palpação do abdômen.
Foram realizados exames complementares uma ultrassonografia abdominal que
revelou que o animal apresentava uma infecção uterina, suspeitando ser uma
piometra. Também foi realizada uma coleta de sangue para a realização de um
hemograma. O resultado do exame foi:
Hemograma: anemia, leucocitose com neutrofilia, monocitose e eosinopenia
absolutas.
Figura 1: Resultado do hemograma
Com os resultados dos exames clínicos foi confirmada a suspeita de
piometra. Com esse diagnóstico, o animal foi internado iniciando imediatamente o
tratamento com fluidoterapia, Ringer lactato + vitamina B12; Tramal 0,45ml/kg, SC,
BID; Cefalexina 1,6ml/kg, IV, BID; Ranitidina 0,9ml/kg, SC, BID; Dipirona 0,5ml/kg,
IV, BID.E na manhã seguinte foi submetida a cirurgia de
ovariosalpingohisterectomia.
Após a cirurgia, que ocorreu conforme o esperado, o animal permaneceu
internado e recebeu fármacos para controle da dor, inflamações e possíveis
infecções. A analgesia foi realizada com (tramadol 3 mg/kg, por via oral, sendo
administrado a cada 8 horas; meloxicam 0,1 mg/kg, via oral, a cada 24 horas) e
antibioticoterapia (cefalexina 30mg/kg, via oral, a cada 12 horas; rifocina tópica na
ferida) pós cirúrgica.
O animal respondeu muito bem ao tratamento e se recuperou muito bem,
recebendo alta 2 dias depois do procedimento cirúrgico.
Discussão
O paciente possuía 5 anos de idade e de acordo com o tutor não recebia
drogas contraceptivas. Porém, o animal foi portador de uma condição reprodutiva
emergencial que necessitou de um tratamento de urgência. Justifica-se nesse caso,
a ocorrência de piometra, em virtude a ascensão de bactérias quando havia a
abertura cervical durante proestro e estro. Já que não fazia uso de contraceptivos
injetáveis, que são citados como uma causa bem como para esta enfermidade
(Souza et al., 2014).
A bactéria comumente observada em casos de piometra é a gram negativa
Escherichia coli, pois esta tem maior afinidade pelo endométrio e miométrio. Essa
alteração acomete normalmente fêmeas de meia idade a idosas, principalmente a
partir dos seis anos, porém animais jovens podem desenvolver a doença,
principalmente no caso das fêmeas que receberam injeções contraceptivas de
estrógeno (Gonçalves, 2012).
Conclusão
As afecções reprodutivas são comuns na rotina veterinária, e a piometra
canina consiste em uma das principais patologias reprodutivas em cães, como foi o
caso da cadela atendida no Hospital Veterinário da FMU. Para que haja a
recuperação eficiente do paciente é necessário que se tenha um diagnóstico
adequado e o tratamento mais precoce possível, evitando-se maiores danos à
saúde do animal.
Referências bibliográficas
Gonçalves, R. P. M. 2012. Coagulograma em cadelas com piometra e síndrome da
resposta inflamatória sistêmica (SRIS). Veterinária. Universidade Federal do Paraná,
Curitiba.
Souza, J. P. M., Moraes, L. A., Pereira, J. M. M., Silva, S. P., Casseb, L. M. N. &
Casseb, A. d. R. 2014. Uso de contraceptivos de origem hormonal e quadro
hematológico na incidência da piometra canina. Veterinária e Zootecnia, 21,
275-278.

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