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Serviço social direito e cidadania

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Serviço Social, Direito e Cidadania 
 
Aula 1: Serviço Social e a sua interface 
com Direito, Justiça e Cidadania 
 
 
 
Professora Adriana Accioly Gomes Massa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Oi, seja bem-vindo(a) à primeira aula de Serviço Social, Direito e Cidadania. 
Nosso objetivo é compreender a relação do serviço social com o direito, bem 
como a sua importância. Assim, vamos fazer uma reflexão acerca da 
compreensão inicial que se tem desses temas. Para tanto, vamos: 
 Identificar a correlação entre o serviço social atual e o direito 
 Distinguir as esferas de atuação do serviço social do operador do direito, 
no âmbito da garantia efetiva dos direitos 
 Analisar a aplicabilidade dos direitos sociais previstos constitucionalmente 
 Identificar os direitos fundamentais a partir da sua construção histórica e 
social. 
Acesse a versão online da aula e confira a fala inicial da professora Adriana. 
 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Vamos refletir sobre algumas situações cotidianas consideradas como injustiças, 
ou seja, situações em que entendemos que não há justiça, a qual, muitas vezes, 
se confunde com direito. Será que justiça e direito são sinônimos? Vamos iniciar 
trazendo uma situação que não é nova, mas que para muitos consiste em um 
processo de injustiça social: a desigualdade social decorrente da distribuição da 
riqueza, própria do sistema capitalista, e que gera o agravamento da pobreza 
com prejuízo da garantia dos direitos. 
 
 
 
 
Acerca desse tema, uma pesquisa recente foi realizada sobre a forma de 
distribuição e concentração da riqueza, no âmbito mundial, com consequências 
sociais nefastas, a qual foi apresentada na revista Carta Capital, em uma 
matéria interessante, de Antonio Luiz M. C. Costa, intitulada A desigualdade 
social chega a níveis alarmantes. Nela, o autor compara a atual situação ao 
da Inglaterra de Charles Dickens ou da França de Victor Hugo (tratada na obra 
Os miseráveis). 
Com relação à distribuição da riqueza, o autor alerta que: 
Cinco anos depois, o relatório de 2015, publicado em 13 de 
outubro, mostra que a concentração de renda mundial alcançou 
níveis tão críticos quanto o do mundo industrializado antes da 
Primeira Guerra Mundial. Apesar do relativo otimismo de 2010, 
a metade mais pobre dos 4,8 bilhões de adultos ficou ainda mais 
depauperada: agora possui menos de 1% da riqueza planetária 
estimada em 250,1 trilhões de dólares, enquanto o décimo mais 
alto controla quase 90% (87,7%, para ser exato) e o centésimo 
no topo, exatos 50%. 
Para ler a matéria inteira acesse: 
http://www.cartacapital.com.br/revista/873/no-mundo-de-os-miseraveis 
5584.html 
Com base no texto e acerca da questão da atual forma de distribuição da riqueza, 
vamos pensar nas seguintes questões: 
1. Essa forma de distribuição da riqueza é justa? 
2. Essa forma de distribuição da riqueza está em conformidade com o 
direito atual? 
3. Qual é o papel dos direitos sociais no contexto socioeconômico 
atual? 
 
 
 
Sobre esta reflexão, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir 
com a professora Adriana. 
 
 
 
Tema 1: Direito, Justiça e Justiça Social 
O direito e a sua finalidade 
Ao conceituar o direito, importante se torna a sua contextualização histórica, pois 
vamos tratar do direito moderno, ou seja, da conceituação do direito que foi 
criado juntamente com a proposta de Estado Moderno, cuja finalidade está 
atrelada a sua posição de aparato do Estado. O direito nasce da necessidade de 
organizar, ordenar o social. Assim, o direito trata das relações de vários sujeitos, 
tendo como base uma dimensão subjetiva. 
A partir dessa primeira consideração acerca do direito, se pode concluir que 
deveria ser o direito algo vivo, dinâmico, escrito juntamente com a história 
humana, em uma teia relacional complexa e dinâmica. Para Paolo Grossi: 
O ponto de referência necessário do direito é somente a 
sociedade, a sociedade como realidade complexa, 
articuladíssima, com possibilidade de que cada uma das suas 
articulações produza o direito, inclusive a fila diante da repartição 
pública. Não é um esclarecimento banal; ao contrário, ele subtrai 
o direito da sombra condicionante e mortificante do poder e o 
restitui ao seio materno da sociedade, que o direito é então 
chamado a exprimir. 
 
 
A finalidade do direito, então, consistiria em ordenar o social, organizar ou 
colocar ordem naquilo que está desordenado, no desordenado conflito 
efervescente na sociedade. Mas, para que organizar ou ordenar o que está 
desordenado? Para uma melhor convivência entre os sujeitos? Para uma 
convivência mais justa? 
Se o direito busca de alguma forma organizar ou ordenar os conflitos que fervem 
no seio da sociedade, poderia também se pensar que esse ordenamento seria 
um meio para se atingir uma finalidade maior, uma busca teleológica do direito, 
que seria fazer justiça. Mas, ordenar não se trata de um comando imperativo, de 
um direito que descamba do alto encima da cabeça do sujeito, mas se trata de 
respeitar a teia relacional e social no qual está inserido. 
Colocar em ordem, de fato, significa acertar as contas com as 
características da realidade que se ordena, já que somente 
pressupondo e considerando essas características não se lhe 
fará violência e se lhe ordenará efetivamente. Ordenar significa 
sempre respeitar a complexidade social, a qual consistirá um 
verdadeiro limita para a vontade ordenadora, impedindo que 
esta degenere em valorações meramente subjetivas e, pois, em 
arbítrio. (GROSSI, 2006, p. 13). 
Ainda, ao pensar no direito como um meio de ordenar o social, pode se pensar 
o direito como como lei e ordem ou o direito consiste nas leis, que buscam 
ordenar o desordenado social? A lei pode ser vista como algo predeterminado 
por um órgão, que tem competência para editá-la e estabelecer limites à ação 
dos sujeitos de uma sociedade, com o propósito de garantir a convivência social, 
trazendo segurança e certeza. Porém, importante ressaltar que a lei é marcada 
por tempo e espaço. 
O direito, em contrapartida, não está marcado por um tempo e espaço, já que 
seu nascimento não tem uma data especifica, ele surge com a própria sociedade, 
nasce de forma autônoma. O direito, assim, “nasce com o homem e para o 
homem” (Grossi, 2006, p 8). 
 
 
Ademais, o direito também pode ser considerado “um fato ou fenômeno social; 
não existe senão na sociedade e não pode ser concebido fora dela” (REALE, 
2002, p. 3). 
E a justiça? Como poderíamos conceituá-la, já que ela se diferencia do direito? 
Primeiramente, podemos conceituar como justiça “um conjunto de critérios ideais 
que devem presidir a boa condução e o desenvolvimento ordenado da coisa 
pública”. Mas, também, podemos dizer que a justiça “seja uma espécie de 
sentimento moral, de caráter intersubjetivo, comum a diversos grupos humanos”. 
(BARRETO, 2006). 
Em seu sentido intersubjetivo, a justiça pode ser entendida como um sentimento, 
sentimento de que algo foi feito de maneira correta, seguindo ditames morais, 
visando ao bem comum. Esse sentimento, fica bem representado quando nos 
deparamos com fatos que consideramos injustos, causando-nos revolta. Porém, 
justiça também pode ser definida como uma virtude, “de dar a cada um o que lhe 
é devido (constans et perfecta voluntas isiussuun unicuique tribuere).” 
Já para Kant, a preocupação consiste no que é justo, e o critério para definir o 
justo e o injusto não pode ser encontrada no direito positivado, nas leis, mas sim 
na razão e com base no princípio da liberdade. John Rawls já teoriza a justiça 
como equidade, esclarecendo, inclusive, que os princípios necessários para uma 
ordenação social justa são inerentes a ideia de justiça social, ou seja, “eles 
fornecem um modo de atribuir direitos e deveres nas instituições básicas da 
sociedade e definem a distribuição apropriada dos benefíciose encargos da 
cooperação social”. 
Nesse aspecto, a justiça social tem correlação com a participação de todos em 
prol do bem comum. Ao abordar o tema da distribuição da riqueza socialmente 
produzida, os conceitos de justiça social são bem apropriados. 
 
 
 
 
O indiano Amartya Sen destaca que a promoção da equidade na justiça é 
fundamental para redução das desigualdades sociais e econômicas, como 
também para as liberdades democráticas. A partir desses conceitos 
introdutórios, já é possível começar a pensar na relação entre direito, justiça e 
serviço social. 
No vídeo a seguir, a professora Adriana trata deste assunto que estamos 
estudando. Acesse a versão online da aula e confira. 
 
 
 
Tema 2: Constituição Federal de 1988 
A Constituição de 1988 é fruto de um processo histórico de lutas pela garantia 
de direitos individuais e coletivos. Assim, é importante conhecer alguns marcos 
históricos que influenciaram o direito brasileiro, especialmente a Constituição 
Federal de 1988: 
 Carta Magna da Inglaterra de 1215 
 Declaração de Virginia de 1776 
 Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 
 Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 
Este último pode ser acessado a seguir: 
http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf 
 
 
 
Vamos conhecer o processo de construção dos direitos civis e sociais no Brasil, 
por meio da história, tendo como base as Constituições brasileiras. Até 1822 
temos o Brasil Colônia, ou seja, uma relação direta de dependência com 
Portugal, com um processo de exploração do trabalho, inclusive com a utilização 
da mão de obra escrava, ausente os direitos sociais e negada a condição 
humana aos escravos. 
Apenas para lembrar, como marco histórico, em 7 de setembro de 1822, temos 
a independência do Brasil, com o fim do domínio português e autonomia política. 
A reorganização do Brasil, então independente, foi fortemente influenciada pelas 
ideias liberais, porém a partir de um liberalismo conservador, antipopular e 
antidemocrático. Passados dois anos da independência temos, então, a primeira 
Constituição, em 1824. 
Vamos ver como os direitos civis e sociais foram se constituindo no Brasil: 
 Constituição de 1824 – direitos individuais foram previstos, dentre eles 
a liberdade de expressão. Dentre os direitos sociais o da educação 
primaria gratuita. Início da Republica e fim do império em 15 de novembro 
de 1889. 
 
 Constituição de 1891 – outros direitos civis foram acrescidos, dentre eles 
a liberdade de imprensa e o direito de defesa. Além disso, a escravidão já 
havia sido proibida, em 1888. 
 
 
 Constituição de 1934 – incluído o direito de voto às mulheres e os 
direitos trabalhistas, como limitação de 9/8 horas diárias de trabalho com 
repouso semanal e férias. Esse período, liderado por Getúlio Vargas, traz 
consigo importantes mudanças na área social, buscando organizar as 
relações de capital e trabalho, mas a partir de um modelo de Estado 
autoritário e assistencialista. 
 
 
 
 Constituição de 1937 – maior intervenção do Estado, que passa a ter o 
controle centralizado dos interesses sociais e econômicos. Traz consigo 
a influência da constituição polonesa, com características fascistas e um 
modelo centralizador e autoritário. Mais um marco histórico se deu em 
1943, com a criação da Consolidação das leis trabalhistas. 
 
 Constituição de 1946 – retorna o caráter mais democrático estampado 
na Constituição de 1934, abolindo os instrumentos de cerceamento de 
defesa da Constituição de 1937. Traz como importante direito o de uso da 
propriedade privada para finalidade social, iniciando debates acerca da 
reforma agrária. Traz também o direito de greve e a liberdade de 
associação sindical. 
 
 Constituições de 1967 e 1969 – estagnação e retrocesso no que diz 
respeitos aos direitos civis e sociais. Estado de exceção, no qual os 
direitos construídos historicamente passam a ser revogados. 
Constituições autoritárias passam a dar legitimidade e legalidade às 
ações militares. Cerceamento dos direitos humanos, políticos e sociais. 
Término da ditadura militar em 1985, com processo de redemocratização 
e mais abertura para construção de direitos. 
 
 Constituição de 1988 – fruto desse processo histórico, na qual se 
consignou vários direitos sociais como direitos fundamentais. 
No vídeo a seguir, a professora Adriana trata deste assunto que estamos 
estudando. Acesse a versão online da aula e confira. 
 
 
 
 
Tema 3: Direitos Fundamentais 
Já compreendemos a importância do estudo do Direito para o Serviço Social, 
especialmente o estudo da Constituição Federal de 1988, na qual estão 
consignados os direitos fundamentais, dentre eles os direitos sociais. Vamos, 
agora, estudar as características dos direitos fundamentais previstos em nossa 
Constituição. 
Com relação aos direitos fundamentais estabelecidos na Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988, eles abarcam vários direitos também 
universais conquistados ao longo da história humana. Os direitos fundamentais 
são também conhecidos como direitos humanos, porém são direitos humanos 
positivados na Constituição Federal. A Constituição de 1988 trata dos direitos 
fundamentais em seu Título II, dos direitos e garantias fundamentais. 
Os direitos fundamentais não podem ser retirados, nem mesmo alterados da 
nossa Constituição, nem mesmo por força de Emenda Constitucional. São 
direitos conquistados, considerados fundamentais e, portanto, só em situações 
excepcionais são suprimidos, como por exemplo no Estado de Exceção. Por 
serem inalterados, são considerados cláusulas pétreas de nossa Constituição. 
Vamos ler os direitos fundamentais previstos em nossa Constituição. Acesse a 
seguir e leia os Capítulos I e II, especialmente os artigos 5º e 6º: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 
 
Esses direitos têm algumas características especificas. Vamos compreendê-las! 
a) Historicidade 
Direitos que tem sua origem em conquistas históricas de um povo. Como 
conquistados historicamente, não podem ser considerados um direito natural, 
pois nem sempre existiram. 
 
 
Nesse sentido, pode-se verificar que os direitos e garantias fundamentais 
nascem de uma necessidade social e em um determinado contexto histórico. 
b) Generatividade 
Essa característica trata do nascimento dos direitos fundamentais em um 
contexto histórico especifico. Podemos, assim, dividir os direitos fundamentais 
em cinco gerações, conforme o momento temporal e histórico em que nasceu ou 
foi originado. 
 1ª geração - Direitos individuais e direitos políticos. São todos àqueles 
direitos inerentes a pessoa humana. 
 2ª geração - Direitos sociais. Todos aqueles direitos concernentes às 
questões sociais e econômicas, visando melhorar a condição de vida e 
trabalho da população. 
 3ª geração - Direitos coletivos, difusos e, ainda, direitos de 
solidariedade e fraternidade. São àqueles direitos relacionados a 
coletividade. O Estado tem obrigação de proteger a coletividade e não o 
ser de forma isolada. Ex.: direito ambiental, qualidade de vida, paz, direito 
da criança, direito do idoso, defesa do consumidor. 
 4ª geração - Direito das minorias. São os novos direitos advindos da 
globalização e avanço tecnológico. Ex. informática, clonagem, biociência. 
Para Bonavides são baseados nas democracias, informação e pluralismo. 
 5ª geração - Direito à paz. O reconhecimento da paz no âmbito da 
normatividade jurídica retrata um dos mais notáveis avanços, pois contido 
na Resolução 39 da Organização das Nações Unidas (ONU), traz consigo 
um importante pressuposto da convivência humana. 
 
 
 
 
 
c) Relatividade 
Os direitos fundamentais não são absolutos, tendo assim a característica da 
relatividade. São relativos porque podem sofrer limitações, especialmente 
quando há a necessidade de decidircom base em dois direitos fundamentais 
incompatíveis entre si, tendo que se optar por um. 
d) Irrenunciabilidade 
Não se pode renunciar um direito fundamental. 
e) Universalidade 
A universalidade trata-se de princípio inerente à condição humana, também 
princípio constitucional quando se trata dos direitos fundamentais, pois eles são 
universais, não sendo limitados a um certo grupo. 
f) Indivisibilidade 
Indivisibilidade significa que eles não são unilaterais, nem podem ser divididos 
há complementariedade entre os direitos fundamentais, ou seja, existe entre eles 
a interdependência e inter-relação. 
g) Interdependência 
Os direitos fundamentais têm correlação entre si e apesar de terem autonomia, 
são interdependentes, ou seja, há interação entre eles, influência mútua. 
 
Essas são as características específicas dos direitos fundamentais. 
 
 
 
 
 
Com base na Constituição Federal, os direitos fundamentais são divididos em 
cinco categorias. São elas: 
• Direitos e garantias individuais e coletivos (CF art. 5º) 
• Direitos Sociais - dentre eles a assistência social (CF arts. 6ºa 11) 
• Direitos relativos a nacionalidade (CF, art. 12 e 13) 
• Direitos políticos (CF arts. 14 a 16) 
• Direitos relativos à organização e participação em partidos políticos 
(CF art. 17) 
Com relação a aplicabilidade dos direitos fundamentais, a partir da sua previsão 
constitucional já produzem efeitos jurídicos. Apesar de produzirem efeitos 
jurídicos, a garantia da efetividade desses direitos tem relação com a ação do 
poder público. Na prática, se percebe que muitas vezes esses direitos são 
desrespeitados seja pela ação ou pela omissão do Estado. 
No vídeo a seguir, a professora Adriana trata deste assunto que estamos 
estudando. Acesse a versão online da aula e confira. 
 
 
 
Tema 4: Direitos Sociais 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 prevê, em seu artigo 
6º, os direitos sociais, como parte integrante dos direitos e garantias 
fundamentais. São os direitos sociais previstos na Constituição de 1988: 
 
 
 
“Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, 
a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a 
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na 
forma desta Constituição”. 
Apesar que consignados em nossa Constituição, a efetivação dos direitos sociais 
não se dá de forma imediata. Isso porque os direitos sociais são considerados 
normas programáticas em nossa Constituição, ou seja, são de aplicação 
mediata e eficácia limitada. Nesse sentido, importante esclarecer que os 
direitos sociais, por serem considerados normas programáticas necessitam de 
uma outra lei que os regulamente, seja uma lei ordinária ou complementar, por 
isso são direitos considerados de eficácia mediata, ou seja, somente após 
regulamentada por lei é que passa a produzir os efeitos desejados pelo 
legislador. 
Vamos esclarecer um pouco melhor. 
De modo geral, todas as normas previstas na Constituição apresentam eficácia, 
porém algumas jurídica e social e, outras, apenas jurídica. A eficácia se refere 
ao efetivo cumprimento do direito pela sociedade, ou seja, o reconhecimento do 
direito no plano social. O que é, então, eficácia jurídica e eficácia social? 
• Eficácia jurídica – norma que está pronta para produzir efeitos 
quando da ocorrência de relações concretas 
• Eficácia social – é a efetividade da norma, ou seja, a aplicação 
concreta dos efeitos da norma juridicamente eficaz 
Assim, a efetividade ou eficácia social da norma está correlacionada a realização 
do Direito e, ainda, a função social da norma propriamente dita. As normas 
constitucionais podem ser divididas quanto à sua eficácia em normas de eficácia 
plena, contida e limitada. Veja mais a seguir! 
 
 
 
 Plena – aplicação direta e sem limitações. 
 Contida – aplicação direta e ilimitada, mas com algumas restrições que 
podem surgir a partir de normas consideradas infraconstitucionais, ou 
seja, uma lei que está hierarquicamente abaixo da Constituição, mas que 
pode regular um direito previsto constitucionalmente, inclusive reduzindo 
a amplitude de um direito constitucionalmente previsto. 
 Limitada – para sua aplicação é necessária uma lei complementar ou 
integrativa. 
 
Dentre as normas de eficácia limitada estão: 
a) Normas de princípio institutivo ou organizativo – são aquelas que tem 
esquemas iniciais de estruturação de instituições, órgãos ou entidades, mas que 
precisam ser melhor detalhados. 
b) Normas de princípio programático – veiculam programas a serem 
implementados pelo Estado, visando sejam realizados os fins sociais 
Dentre as normas de eficácia limitada de princípio programático estão os direitos 
sociais previstos no artigo 6º da Constituição, que serão minimamente 
detalhados na Constituição, apenas trançando os princípios que devem ser 
alcançados pelo Estado, necessitando, assim, de lei que venha regulamentar 
aquele direito e a sua aplicabilidade. Podemos citar alguns artigos da 
Constituição: art. 196 – saúde; art. 203 – assistência social; art. 205 – educação; 
art. 215 – cultura; art. 227 – proteção à criança e ao adolescente. 
Os direitos sociais, considerados direitos fundamentais em nossa Constituição 
são considerados direitos constituídos historicamente, visando sua realização 
por meio de políticas públicas que venham garantir amparo e proteção social as 
pessoas em condição de vulnerabilidade socioeconômica, ou seja, aquelas 
pessoas que não dispõe de recursos próprios para viver dignamente. 
 
 
Essa luta de direitos sociais, considerados direitos humanos de segunda 
geração, se dá justamente, com o avanço do capitalismo e quando a classe 
operária, produtora de riquezas, mas excluída dos seus benefícios, passa a se 
organizar buscando a garantia de condições condignas com a dignidade da 
pessoa humana. 
Os direitos sociais consignados na Constituição de 1988 passam a ter grande 
relevância social e histórica, porque são considerados frutos de uma construção 
histórica que remetem ao Estado a obrigação de proporcioná-los, no sentido de 
melhorar a condição de vida daqueles que necessitam, no sentido de realizar 
uma igualização de situação desiguais. 
No vídeo a seguir, a professora Adriana trata deste assunto que estamos 
estudando. Acesse a versão online da aula e confira. 
 
 
 
Tema 5: Direito e Serviço Social 
O Serviço Social, em seu processo de reconceituação, passa a ter como seu 
objeto de trabalho as mais diversas expressões da questão social, resultante do 
processo de distribuição desigual da riqueza socialmente construída. Nesse 
sentido, o direito à assistência social se torna um solo fértil ao trabalho do 
assistente social, mas não somente o direito à assistência social, mas os direitos 
humanos, direitos sociais, diretos que são revelados na teia relacional entre 
Estado e a sociedade. 
 
 
 
Os direitos podem, assim, ser considerados como expressão de uma dimensão 
de sociabilidade, envolvendo espaços de poder, luta e enfrentamento das 
desigualdades sociais. O direito à assistência social acaba por envolver uma 
série de direitos, e é parte integrante do tripé da seguridade social, juntamente 
com o direito à saúde e à previdência social. 
Importante ressaltar que a assistência social contempla, conforme ficou 
consignado no artigo 2º da Lei Orgânica de Assistência Social: 
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e 
à prevenção da incidência de riscos, especialmente: 
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência 
e à velhice; 
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; 
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; 
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a 
promoção de sua integração à vida comunitária; e 
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefíciomensal à 
pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir 
meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por 
sua família; 
II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a 
capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de 
vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; 
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos 
no conjunto das provisões socioassistenciais. 
 
 
 
 
 
Acerca do direito à assistência social, o Conselho Federal de Serviço Social 
publicou um documento denominado “Trabalhar na assistência social: em defesa 
dos direitos da seguridade social”, cujo propósito consiste na promoção do 
debate e da defesa da assistência social como política de Seguridade Social, na 
qual deve estar inseridos todos os direitos sociais previstos na Constituição 
Federal, como forma de ampliar o sistema de proteção social, visando garantir 
efetivas mudanças que impactem significativamente no processo de 
desigualdade social e suas nefastas consequências sociais. 
Nesse documento, interessante destacar o rol dos princípios e diretrizes que 
nortearam o caminhar dos assistentes sociais no Brasil, especialmente para 
consolidação da assistência social como direito social e parte integrante da 
política de seguridade social: 
• Mesmo antes da Constituição de 1988, os/as assistentes sociais já 
atuavam na extinta Legião Brasileira de Assistência (LBA), 
constituindo seu principal quadro de trabalhadores e, com atuação 
crítica, condenavam as tendências clientelistas de suas direções e 
defendiam sua transformação e extinção; 
• Em busca da qualidade dos serviços prestados aos usuários, elaborou 
e publicou duas versões de parâmetros para atuação de assistentes 
sociais na Política de Assistência Social, sendo a primeira versão 
publicada em conjunto com o Conselho Federal de Psicologia. 
Leia mais nas páginas 12 e 13 do documento: 
http://www.cfess.org.br/arquivos/Cartilha_CFESS_Finalgrafica.pdf 
 
 
 
 
 
 
Ao estudar, mesmo que brevemente – nessa aula, o processo de reconceituação 
do serviço social na busca por justiça social, se percebe a relevância do estudo 
do direito, especialmente dos direitos sociais, pois o profissional do serviço social 
trabalha no sentido da garantia da efetividade dos direitos sociais, apesar de 
contemplados em nosso ordenamento jurídico. 
No vídeo a seguir, a professora Adriana trata deste assunto que estamos 
estudando. Acesse a versão online da aula e confira. 
 
 
 
TROCANDO IDEIAS 
No fórum de discussões, comente sobre a importância do estudo do direito para 
o serviço social. 
 
NA PRÁTICA 
Quais foram as contribuições do serviço social para redução das desigualdades 
sociais no Brasil? Vamos aprofundar mais esta questão, lendo o documento a 
seguir: 
http://servicosocialalgosobre.blogspot.com.br/2011/05/desigualdade-social.html 
 
 
 
 
No vídeo a seguir, você confere um caso prático vivenciado pela professora 
Adriana. Saiba como a situação foi tratada e o encaminhamento dado à questão. 
Acesse a versão online da aula e confira. 
 
 
 
SÍNTESE 
Chegamos ao final desta aula, onde objetivamos compreender a relação do 
serviço social com o direito, bem como a sua importância. Nesse sentido, 
estudamos o seguinte: 
• Identificação da correlação entre o serviço social atual e o direito 
• Distinção das esferas de atuação do serviço social do operador do 
direito, no âmbito da garantia efetiva dos direitos 
• Análise da aplicabilidade dos direitos sociais previstos 
constitucionalmente 
• Identificação dos direitos fundamentais a partir da sua construção 
histórica e social. 
Acesse a versão online da aula e confira a fala final da professora Adriana. 
 
 
 
 
Referências 
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