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Aula 10 - Crédito tributário e lançamento

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Crédito Tributário e Lançamento
Professor Doutor Eduardo Tognetti
eduardo.tognetti@fmu.br
Definir o conceito de crédito tributário.
Compreender o conceito de lançamento e sua estrutura enquanto ato administrativo.
Analisar as espécies de lançamento e seus respectivos objetos.
I. Objetivos
1) Conceito e natureza do Crédito Tributário
2) Interpretação da norma tributária
3) Integração da norma tributária
4) Aplicação da norma tributária
4.1) Vigência
4.2) Eficácia
4.3) Aplicação
II. Roteiro
1) Conceito e Natureza do Crédito Tributário
Dar
Sujeito Ativo
Sujeito Passivo
Prestação
Fazer
Não Fazer
Debitum
Obligatio
Principal
Acessória
1.1) Noções de lançamento
Fato Gerador: acontecimento do mundo real, correspondente à hipótese de incidência – dá origem à “débito tributário”.
Lançamento: ato pelo qual a Fazenda identifica a ocorrência do fato gerador, calcula o montante e identifica o contribuinte – dá origem ao “crédito tributário” e torna a obrigação líquida, certa e exigível.
1.2) Conceito de lançamento
Lançamento é o “ato ou série de atos necessários à constatação e avaliação dos vários elementos constitutivos do débito tributário (pressuposto material e pessoal, base imponível), com a consequente aplicação da alíquota e a concreta determinação quantitativa do débito do contribuinte”.
GIANNINI, A. D. Istituzioni di diritto tributario. Milano: Giuffre, 1972. p. 177-178.
1.3) Tratamento legal
 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
1.4) Ato vinculado ou discricionário?
Ato Administrativo
Vinculado: estritamente ligado às normas previstas em lei
Discricionário: Depende na análise da conveniência e da oportunidade.
1.4) Ato vinculado ou discricionário?
 “A Fazenda Pública arrecada tributos em obediência a um imperativo legal, não porque possua interesse subjetivo a defender. Ao aplicar a lei impositiva, a administração fazendária somente tem o interesse objetivo de exercer a sua função constitucional, não possuindo motivo ou conveniência além do que está objetivamente prescrito nas regras jurídicas pertinentes.”
SEIXAS FILHO, Aurélio Pitanga. Princípios fundamentais do direito administrativo tributário: 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996. p. 11.
1.4) Ato vinculado ou discricionário?
 Art. 142. (...)
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.
O Lançamento é um ato vinculado e não discricionário.
1.4) Lançamento e norma inconstitucional
“O Poder Executivo, assim como os demais Poderes do Estado, está obrigado a pautar sua conduta pela estrita legalidade, observando, primeiramente, como primado do Estado de Direito Democrático, as normas constitucionais. Dessa forma, não há como exigir-se do chefe do Poder Executivo o cumprimento de uma lei ou ato normativo que entenda flagrantemente inconstitucional, podendo e devendo, licitamente, negar-se ...
1.4) Lançamento e norma inconstitucional
cumprimento, sem prejuízo do exame posterior pelo Judiciário. (...) Portanto, poderá o Chefe do Poder Executivo determinar aos seus órgãos subordinados que deixem de aplicar administrativamente as leis ou atos normativos que considerar inconstitucionais.”
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 23ª. ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 702-703.
1.5) Princípios do lançamento
Princípios da Administração Pública: CF 37
Princípio da Irreversibilidade: CTN 145
Princípio da Inalterabilidade: CTN 146
1.5) Princípios do lançamento
1.5.1) Princípio da irreversibilidade
Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de:
I - impugnação do sujeito passivo;
II - recurso de ofício;
III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.
1.5) Princípios do lançamento
1.5.1) Princípio da irreversibilidade
Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução.
Aplicável especialmente em casos de consulta.
2) Modalidades de lançamento
De ofício ou direto
Por declaração
Por homologação
2) Modalidades de lançamento
Atividade exclusiva do Fisco em descobrir o fato gerador e realizar o lançamento, sem qualquer participação do sujeito passivo. 
De ofício ou direto
2) Modalidades de lançamento
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:
I - quando a lei assim o determine;
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária;
De ofício ou direto
2) Modalidades de lançamento
Art. 149. (...)
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
De ofício ou direto
2) Modalidades de lançamento
Art. 149. (...)
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;
De ofício ou direto
2) Modalidades de lançamento
Art. 149. (...)
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;
De ofício ou direto
2) Modalidades de lançamento
Art. 149. (...)
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;
De ofício ou direto
2) Modalidades de lançamento
Art. 149. (...)
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.
De ofício ou direto
2) Modalidades de lançamento
Art. 149. (...)
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.
De ofício ou direto
2) Modalidades de lançamento
Colaboração inicial do contribuinte ou responsável tributário, prestando as devidas informações para a instauração do procedimento pela Fazenda Pública. 
Por declaração
2) Modalidades de lançamento
 Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.
Por declaração
2) Modalidades de lançamento
 Art. 147. (...)
§ 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento.
Por declaração
2) Modalidadesde lançamento
 Art. 147. (...)
§ 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.
Por declaração
2) Modalidades de lançamento
O Fisco limita-se a homologar, expressa ou tacitamente, os atos do contribuinte de prestação de informações e pagamento simultâneos. 
Por homologação
2) Modalidades de lançamento
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
Por homologação
2) Modalidades de lançamento
Art. 150. (...)
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito.
Por homologação
2) Modalidades de lançamento
Art. 150. (...) 
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.
Por homologação
2) Modalidades de lançamento
Art. 150. (...) 
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
Por homologação
3) Notificação do lançamento
“a notificação ao sujeito passivo é condição para que o lançamento tenha eficácia. Trata-se de providência que aperfeiçoa o lançamento, demarcando, pois, a constituição do crédito que, assim, passa a ser exigível do contribuinte – que é instado a pagar e, se não o fizer nem apresentar impugnação, poderá sujeitar-se à execução compulsória através de Execução Fiscal – e oponível a ele – que não mais terá direito a certidão negativa de débitos em sentido estrito.”
PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário. 7ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015. p. 222.
Q1) (OAB/2009) Supondo que seja lavrado o auto de infração e constituído o crédito tributário em decorrência da autuação, pelo fisco, de contribuinte que deixou de emitir nota fiscal e recolher o ICMS, assinale a opção correta.
a) A modalidade de lançamento adequada a essa situação é a mista, dada a necessidade de informação constante dos documentos da referida empresa.
b) Nessa situação, em que se constata conduta ilícita do não-recolhimento pelo contribuinte, deve ser realizado o lançamento de ofício.
V) Questões
c) O fisco deve realizar o lançamento por homologação, pois, em se tratando de ICMS, cabe ao contribuinte apurar o valor de tributo devido.
d) O lançamento efetuado pelo fisco não poderia ter sido feito por meio de auto de infração.
V) Questões
Q2) (PGE-TO/2018) O Código Tributário Nacional, em seu art. 145, estabelece, de modo indireto, a definitividade do lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo. O referido dispositivo estabelece, expressamente, que o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I − impugnação do sujeito passivo; II − recurso de ofício; III − iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.
De acordo com o artigo 149 do CTN, a revisão do lançamento só pode ser iniciada 
 
V) Questões
a) quando o processo administrativo tributário tiver corrido à revelia das autoridades fazendárias. 
b) enquanto não transcorrido o prazo decadencial. 
c) enquanto não transcorrido o prazo prescricional. 
d) quando se comprove que a autoridade fiscal, ou terceiro em benefício daquela, agiu com dolo, fraude ou simulação. 
e) quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade de auto aplicação de penalidade pecuniária − lançamento de penalidade por homologação. 
V) Questões
a) quando o processo administrativo tributário tiver corrido à revelia das autoridades fazendárias. 
b) enquanto não transcorrido o prazo decadencial. 
c) enquanto não transcorrido o prazo prescricional. 
d) quando se comprove que a autoridade fiscal, ou terceiro em benefício daquela, agiu com dolo, fraude ou simulação. 
e) quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade de auto aplicação de penalidade pecuniária − lançamento de penalidade por homologação. 
V) Questões
COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Parte IV (disponível na Minha Biblioteca on line).
ABRAHAM, Marcus. Curso de direito tributário brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2018. Capítulo 14 (disponível na Minha Biblioteca on line).
VI) Leitura indicada
BIANCO, João Francisco (Org.). Regulamento de Imposto de Renda. São Paulo: RT, 2017.
HARADA, Kiyoshi. ICMS: doutrina e prática. São Paulo : Atlas, 2017.
LOPES FILHO, Juraci Mourão. Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto Territorial Rural (ITR). São Paulo: Atlas, 2015.
VII) Leitura suplementar
Q1) B 
Q2) 
Q3) 
Gabarito

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