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AULA 11 - RECURSO DE APELAÇÃO

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AO JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DO MUNICÍPIO X - UF
Processo nº ...
BRAD NORONHA, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, que lhe move o Ministério Público, por seu procurador abaixo assinado vem à presença de Vossa Excelência para, inconformado com a sentença condenatória proferida, interpor
RECURSO DE APELAÇÃO
o que faz tempestivamente, com fundamento no artigo 593, I do Código de Processo Penal.
Requer, assim, que após recebida, com as razões anexas, ouvida a parte contrária, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do ..., onde deverá ser processado o presente recurso e, ao final, provido.
Nestes termos,
Pede Deferimento.
Local, 27 de março de 2017.
Advogado
OAB/UF nº...
AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO XXX
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
Processo nº: 
Apelante: BRAD NORONHA
Apelado: Ministério Público
Colenda Câmara
Excelentíssimos Desembargadores
Embora considerado notável o saber jurídico do juízo a quo, impõe-se a reforma da sentença proferida em desfavor do apelante, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. 
DOS FATOS
            O RECORRENTE foi denunciado pela suposta prática do crime de roubo majorado, insculpido no artigo 157, §2º, I, do CP.
            Após o recebimento da denúncia e findada a instrução criminal, o Douto Juízo de 1º grau condenou o RECORRENTE pela prática do crime apontado na inicial acusatória, aplicando-o a pena de reclusão de oito anos e seis meses, a ser cumprida, inicialmente, no regime fechado.
No interrogatório, o acusado, ora apelante, exerceu o seu direito de ficar em silêncio, tendo o juízo a quo considerado, para a condenação e fixação da pena, os depoimentos das testemunhas e o reconhecimento feito pela vítima em sede policial. 
A decisão condenatória, contudo, merece ser reformada, senão vejamos
PRELIMINARMENTE
O “reconhecimento” do apelante como sendo o autor do delito, feito durante a fase do inquérito policial, se deu de maneira completamente inadequada, e com manifesto descumprimento aos ditames legais, uma vez que a suposta vítima olhou pelo orifício da fechadura da porta onde se encontrava acautelado o apelante.
Portanto, é patente a desobediência ao disposto no artigo 226, II, do Código de Processo Penal, que impõe condições para o procedimento de reconhecimento de pessoas e, por isso mesmo, impõe se reconheça a nulidade processual, nos termos do artigo 564, IV do CPP.
NO MÉRITO
            Evidentemente, pelo que consta dos autos, merece o apelante ser absolvido da imputação que lhe é feita na denúncia. Não há qualquer prova de ter o acusado, ora apelante, concorrido para a prática do crime de roubo, eis que não comprovada a autoria.
De pronto o que existe nos autos não serve para apontar autoria. A vítima reconheceu o apelante, em procedimento totalmente impróprio e inadequado, já que espiou por um pequeno orifício de porta em direção a sala onde se encontrava o réu. Assim procedendo, não observou a autoridade as condições impostas pela legislação penal para o reconhecimento de pessoas, expressamente dispostas no artigo 226, II do Código de Processo Penal. Assim, procedendo, incorreu, inclusive, em prova ilícita, contrariando, também, o contido no artigo 157 do CPP.
Frise-se, também, que a coleta da prova, irregular e ilícita, foi feita em sede policial, não tendo sido judicializada e, por isso mesmo, ilegítima para sustentar a condenação do que por via desta apela.
Além disso, há flagrante nulidade, conforme explicitado em preliminar, já que o acusado deveria ter sido colocado em sala própria, ao lado de outras pessoas, a fim de que pudesse ser, verdadeiramente, identificado pela vítima.
Assim, não há como se sustentar confirmação de autoria, impondo-se, não reconhecida a nulidade, a absolvição, por ausência de prova da autoria.
Alternativamente, há de se apontar para a ausência de comprovação da utilização de arma, se, por hipótese, e por mera argumentação, aceitar-se que tenha o agente sido o autor do delito. A arma não foi apreendida e, se ela existisse, deveria ter sido alcançada pois que os policiais afirmam ter sido jogada em um córrego. Embora a afirmação, não houve qualquer empenho na busca da suposta arma. Assim, apenas para argumentar, tivesse sido o agente autor de algum delito, esse não poderia ser de roubo majorado pelo emprego de arma. Não poderia, sequer, ser considerado crime de roubo, eis que não há prova nos autos do emprego de violência ou grave ameaça contra pessoa. Assim, se alguma condenação deva pesar sobre o ora apelante, essa deverá se constituir pela prática de furto, mas não de roubo.
Não há nos autos do processo qualquer prova de ter o réu, ora apelante, praticado o crime de roubo constante da denúncia. sendo assim, deve o apelante ser absolvido da imputação que lhe é feita.
            Procedendo de forma irregular, não houve observância, por parte da Autoridade Policial, às previsões legais existentes para o reconhecimento de pessoas, expressamente dispostas no artigo 226, II do Código de Processo Penal.  Dessa forma, a prova de reconhecimento, obtida em violação a normas constitucionais ou legais, é manifestamente ilícita, inadmissível, devendo ser desentranhadas do processo, conforme determina o artigo 157 do CPP.
            Faz-se mister ressaltar ainda que a prova, irregular e ilícita, foi colhida em sede policial, não foi judicializada, ou seja, não foi oportunizado à defesa o contraditório, e, por isso, se mostra imprestável para sustentar a condenação do apelante.
            Alternativamente, na remota hipótese, e por mera argumentação, de ser considerado o apelante o autor do delito em questão, deve-se apontar a ausência de comprovação do emprego de arma de fogo.
            Não houve apreensão de nenhum tipo de arma nem muito menos busca no local onde supostamente teria sido dispensada. Desse modo, não pode o apelante ser condenado pela prática de roubo majorado pelo emprego de arma. Não poderia, sequer, ser considerado crime de roubo, eis que não há prova, nos autos, do emprego de violência ou grave ameaça contra pessoa. Assim, se alguma condenação deva pesar sobre o ora Apelante, essa deverá se constituir pela prática de furto, mas não de roubo.
Bem como é o caso do julgado que segue:
Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. SUBTRAÇÃO DE COISA ALHEIA MÓVEL. CONDENAÇÃO PELA PRÁTICA DO CRIME DE ROUBO. GRAVE AMEAÇA NÃO CONFIGURADA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE FURTO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A conduta típica no crime de roubo é composta pela subtração da coisa alheia móvel, conjugada com o emprego de grave ameaça ou violência à pessoa, nos termos do artigo 157 do CP. 2. A grave ameaça é o constrangimento ou a intimidação provocada na vítima a fim de subtrair um bem móvel de sua propriedade. Trata-se de um elemento subjetivo, tendo em vista a necessidade de se analisar, no caso concreto, se o ato praticado pelo agente foi realmente capaz de incutir na vítima um temor fundado e real. Contudo, o caráter subjetivo da grave ameaça não dispensa a correlação de proporcionalidade e razoabilidade que deve existir entre a conduta praticada pelo agente e a ameaça sentida pela vítima. 3. In casu, o paciente foi denunciado e condenado pela prática do crime de roubo, por ter subtraído um aparelho celular. Narra a denúncia que a vítima “encontrava-se na carroceria do veículo Fiat/Strada, placas HAR-82, estacionado em frente ao supermercado ABC, quando foi abordada pelo denunciado que, aos gritos, determinou-lhe que passasse todos os seus pertences. Intimidada, a vítima entregou ao acusado o seu aparelho de telefone celular, que se encontrava nas suas mãos”. 4. Todavia, consoante afirmou a Corte Estadual em sede de apelação, “nas duas vezes em que a vítima foi ouvida ela relata que o apelante abordou-a gritando. Na fase policial ela assinala que o autor não a ameaçou, não usou qualquer tipo de arma ou agressão física para a prática do furto, conforme já anteriormente destacado. (...) Não se extrai do evento que a vítimatenha sido reduzida à impossibilidade de resistência, até porque assinala que, antes mesmo que entregasse qualquer objeto ao meliante, este ‘arrancou-lhe’ o celular e evadiu. Tal circunstância autoriza a desclassificação para a figura do furto”. 5. Ordem concedida a fim de anular o acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Resp 1.215.698-AgR, restabelecendo, na íntegra, o acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais que desclassificou o crime de roubo para o delito de furto.
(HC 117819, Relator(a):  Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 22/10/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-221 DIVULG 07-11-2013 PUBLIC 08-11-2013)
	Ainda ressalto doutrina a partir do delito de furto, previsto no artigo 155 do CP, com intento de utilizar os comentários para corroborar afirmação que caso não tenha sucesso na absolvição, que subsidiariamente entenda pela reclassificação, pois o que segue demonstra um cabimento deverás mais adequado que o roubo.
O art. 155 do Código Penal prevê o delito de furto, isto é, a subtração patrimonial não violenta, como a seguinte redação: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
Percebe-se, portanto, que o mencionado tipo penal é composto por vários elementos, a saber: o núcleo subtrair, o especial fim de agir caracterizado pela expressão para si ou para outrem: bem como pelo objeto da subtração, ou seja, a coisa alheia móvel.
(GRECO, Rogério. Código Penal: comentado. 4ª Edição, Niterói – RJ. Editora Impetus, 2010.
III – PEDIDOS
            Por todo o exposto requer seja recebido e provido o presente recurso de apelação, com a consequente reforma da decisão proferida pelo MM. Juízo a quo para decretar a absolvição do apelante, com fulcro no artigo 386, V do Código de Processo Penal, uma vez que não está provado tenha o acusado concorrido para prática de infração penal.
No caso de não ser decretada absolvição, seja declarada nula a decisão condenatória, eis
que não observadas as condições impostas para o reconhecimento de pessoas, existindo
omissão quanto a formalidade essencial do ato, de acordo com o previsto no artigo 226, II do CPP e artigo 564, IV do mesmo diploma legal.
Ainda, não havendo convencimento quanto à absolvição ou à nulidade, seja o acusado, ora apelante, beneficiado pelo princípio do in dúbio pro reo, a fim de vê-lo, na pior das hipóteses, condenado, no máximo, por crime de furto.
Nestes termos,
pede deferimento
Local, 27 março de 2017.
Advogado/UF nº...

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