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A Síndrome da AdolescênciaNormal Aula cap. 2 Adolescência normal de Arminda Aberastury e Mauricio Knobel. VANESSA NOLASCO FERREIRA A Puberdade PÚBERE- que adquire pelos, que amadurece; PUBENS, “coberto de pelo”. A puberdade é um período de rápido desenvolvimento físico e maturação sexual que marca o término da infância e o início da adolescência. A Puberdade é caracterizada por mudanças hormonais que provocam tanto alterações físicas como psíquicas e comportamentais. A puberdade é caracterizada pelas mudanças biológicas (de caráter somático e genético universal) que se manifestam na adolescência, e representam, para o ser humano, o início da capacidade reprodutiva (desenvolvimento das características sexuais primárias e secundárias). O desenvolvimento puberal também é influenciado por fatores intrínsecos ao próprio indivíduo e por questões socioculturais e econômicas. A Adolescência Etimologicamente, a palavra adolescência vem do verbo latino adolescere, que significa crescer ou desenvolver-se até à maturidade. A adolescência caracteriza o desenvolvimento psicossocial que ocorre na transição da puberdade para a idade adulta. A adolescência é um período crítico do desenvolvimento do eu e da personalidade do indivíduo. As representações da adolescência são influenciadas por fatores sócio-histórico e culturais. Normalidade e Patologia na Adolescência Circunstância evolutiva (bagagem biológica individualizante) x Fatores socioculturais; Adolescência: um fenômeno específico do desenvolvimento humano (características humanas universais) e também uma expressão das circunstâncias histórico-sociais; As queixas familiares e sociais dos comportamentos considerados desviantes e "anormais" da adolescência; A conduta patológica na adolescência (patologia normal do adolescente) muitas vezes é uma evolução normal da busca pelo equilíbrio e estabilização da personalidade em um continuum de desenvolvimento. Adolescência e a afirmação de si A “identidade” não é um fenômeno próprio apenas do “adulto”, mas a cada momento do desenvolvimento o indivíduo tem uma identidade própria, que é fruto das identificações e experiências vitais (interação mundo interno - mundo externo) ocorridas até então. Reformulação do autoconceito, abandono e luto pela autoimagem infantil, identificação e projeção da vida adulta. A personalidade adolescente como personalidade «marginal» e crítica (entidade semipatológica) . Ana Freud: «seria anormal a presença de um equilíbrio estável durante o processo adolescente». Mas o que seria a normalidade? "A normalidade se estabelece sobre as pautas de adaptação ao meio, e que não significa submetimento ao mesmo, mas a capacidade de utilizar os dispositivos existentes para o alcance das satisfações básicas do indivíduo numa interação permanente que procura modificar o desagradável ou o inútil através do alcance de substituições para o indivíduo e para a comunidade". Adolescência: luto pela infância e identificação pela vida adulta. A conduta juvenil como algo aparentemente seminormal ou semipatológico, sendo que dentro da perspectiva da psicologia evolutiva e da psicopatologia, é realmente coerente, lógica e normal. Três “perdas” ou lutos fundamentais da adolescência 1) a perda do corpo infantil 2) a perda dos pais da infância 3) a perda da identidade e papel sócio-familiar infantil A SÍNDROME NORMAL DAADOLESCENCIA Principais sintomas: 1) busca de si mesmo e da identidade 2) tendência grupal; 3) necessidade de intelectualizar e fantasiar; 4) crises religiosas, 5) deslocalização temporal; 6) evolução sexual manifesta; 7) atitude social reivindicatória; 8) contradições sucessivas em todas manifestações da conduta; 9) separação progressiva dos pais; 10) constantes flutuações do humor e do estado de ânimo. 1. A busca de si mesmo e daidentidade •Desenvolvimento do senso de self (autoconceito). •Desenvolvimento da noção de ego (eu): Para Erikson o problema-chave da identidade consiste na capacidade do ego de manter esta semelhança e continuidade frente a um destino mutável. A identidade é a criação de um sentimento interno da semelhança e continuidade, uma unidade da personalidade sentida pelo indivíduo e reconhecida por outro. •Processos de identificação e uniformização: Identidade negativa real Grupos sociais Identidades transitórias, ocasionais e circunstanciais •A estranheza e a despersonalização. 1. A busca de si mesmo e daidentidade •Luto pelo corpo infantil: corpo e esquema corporal •Desenvolvimento do corpo: Ativação dos hormônios gonadotróficos da hipófise anterior produz o estimulo fisiológico necessário para a modificação sexual; a produção de óvulos e espermatozoides maduros e também o aumento da secreção de hormônios adreno- corticais como resultado da estimulação do hormônio adrenocorticotrófico. desenvolvimento das características sexuais primárias e secundárias •O esquema corporal é uma resultante intrapsíquica da realidade do sujeito, sendo a representação mental que o sujeito tem de seu próprio corpo. •A perda da “bissexualidade” (psicológica). 1. A busca de si mesmo e daidentidade • O Luto pelos pais infantis e pelo papel de criança: Luta pela independência As figuras parentais internalizadas adequadamente enriqueceram o ego, reforçam seus mecanismos defensivos úteis e estruturaram o superego. • “A busca incessante de saber qual a identidade adulta que se vai constituir é angustiante, e as forças necessárias para superar esses microlutos e os lutos ainda maiores da vida diária obtêm-se das primeiras figuras introjetadas, que formam a base do ego e do superego desse mundo interno do ser.” (Aberastury e Knobel, 1989, p. 35). 2. A tendência grupal •O recurso ao grupo e à busca de uniformidade como comportamento defensivo, que pode proporcionar segurança, estima pessoal, reforço da identidade para um período de características esquizo-paranóides. • Identidade do grupo (identificações) diferente da identidade da família. •Transferência da dependência da família para o grupo. •No grupo, o indivíduo adolescente encontra um reforço muito necessário para os aspectos mutáveis do ego que se produzem neste período da vida. •Busca por um líder. •O fenômeno grupal facilita a conduta psicopática normal no adolescente: Acting-Out motor e afetivo de condutas de desafeto, de crueldade com o objeto, de indiferença, de falta de responsabilidade. 3. Necessidade de intelectualizar e fantasiar •O diversos lutos são vivenciados pelo adolescente como fracasso e impotência, o que o leva a recorrer ao fantasiar e ao intelectualizar como mecanismos defensivos para compensar as perdas que ocorrem dentro de si mesmo e que não pode evitar. •A intelectualização e a fantasia funcionam como uma fuga (refúgio) para o interior, uma espécie de reajuste emocional, que leva à preocupação por princípios éticos, filosóficos, sociais e políticos, e estimula a reflexão acerca de grandes reformas que podem acontecer no mundo exterior. ("as ideias de salvar a humanidade“) • Surge então a produção artísticas, criativa e intelectual do adolescente. 4. As crises religiosas •Atitudes extremas , como manifestações fervorosas de ateísmo ou de misticismo. •O mesmo adolescente pode passar por períodos de místicismo e de ateísmo. •É um fase importante para a construção de uma ideologia, assim como de valores éticos ou morais, para a construção de novas e verdadeiras ideologias de vida. •As oscilações são “tentativas de soluções da angústia que vive o ego na sua busca de identificações positivas e do confronto com o fenômeno da morte definitiva de uma parte do seu ego corporal. Além disso, começa a enfrentar a separação definitiva dos pais e a aceitação da possível morte deles” (1989, p. 40). 5. A deslocação temporal •Desorientação temporal, em que o adolescente converte o tempo em presente e ativo, numa tentativa de manejá-lo. •O tempo é vivido como em processo primário (prazer imediato) sendoas urgências enormes e as postergações irracionais. • É durante a adolescência que a dimensão temporal vai deixando de ser apenas o tempo vivencial ou experimental e passa a adquirir lentamente características discriminativas, conceituais e lógicas. •Dificuldade em diferenciar externo e interno, como também passado, presente e futuro. •Os momentos de solidão costumam ser necessários para que se possa manejar o passado, o futuro e o presente. • "A verdadeira capacidade de estar só é um sinal de maturidade que somente se consegue depois destas experiências de solidão, às vezes angustiantes, da adolescência“. •“Poder conceituar o tempo, vivenciá-lo como nexo de união, é o essencial, subjacente à integração da identidade” (1989, p. 44). 6. A evolução sexual desde o auto- erotismo até a heterosexualidade •Oscilar permanente entre a atividade de caráter masturbatório, a atividade lúdica e os começos do exercício genital; •Há mais um contato genital de caráter exploratório e preparatório do que a verdadeira genitalidade procriativa; •Experiência do amor apaixonado (platônico , fugaz); são poucos os casos de uma verdadeira e consciente atividade genital responsável e com amor. • Os desejos são vivenciados intensamente e às vezes com culpa. • Retorno do triângulo e do complexo edípico. • Curiosidade sexual, exibicionismo e o voyeurismo. • A genitalidade determina modificações do ego, que se vê em graves conflitos com o id, obrigando-o a recorrer a novos e mais específicos mecanismos de defesa (Anna Freud ). " É normal que, na adolescência, apareçam períodos de predomínio de aspectos femininos no rapaz e masculinos na moça. É preciso ter sempre presente o conceito de bissexualidade e aceitar que a posição heterossexual adulta exige um processo de flutuações e aprendizagem em ambos os papéis.” (p. 48). 7. Atitude social reivindicatória •Atitudes combativas, delinquência juvenil, ritos de iniciação e atitudes reivindicatórias e de reforma social. •Ambivalência dual: conflito pais – filhos. •A adolescência é recebida predominantemente de maneira hostil pelo mundo dos adultos. •É toda a sociedade que intervém muito ativamente na situação conflitiva do adolescente. A sociedade impõe restrições ao adolescente. desenvolver atitudes•Descarrega contra a sociedade e contra os seus pais seu ódio e inveja podendo vir a destrutivas em relação aos mesmos. • O jovem, normal e adequado a seu processo evolutivo, deve contestar e reivindicar um mundo, uma sociedade, uma humanidade melhor, mais justa e mais cheia de amor. • A sociedade técnica e burocratizada dificulta o processo de identificação do adolescente. •"Na medida em que o adolescente não encontre o caminho adequado para a sua expressão vital e para a aceitação de uma possibilidade de realização, não poderá jamais ser um adulto satisfeito“ (p. 54). 8. Contradições sucessivas em todasas manifestação da conduta •A conduta do adolescente está dominada pela ação. •Personalidade não rígida, e sim permeável, esponjosa e instável. •Isto faz com que não possa ter uma linha de conduta determinada, o que já indicaria uma alteração da personalidade do adolescente. No adolescente, um indício de normalidade se observa na fragilidade da sua organização defensiva. •Fixar-se numa só conduta, não corresponde a um comportamento normal, nem ajuda a aprender a experiência. • As contradições, com a variada utilização de defesas, facilitam a elaboração dos lutos. 9. Separação progressiva dos pais •O aparecimento da capacidade executora da genitalidade impõe a separação dos pais e reativa os aspectos genitais que tinham começado com a fase genital prévia. • Para atingir a maturidade é necessário ter individualidade e independência reais. • Fenômeno da ambivalência dual: muitos pais em nossa cultura se angustiam frente ao crescimento dos filhos e chegam até negá-lo. •O conflito de gerações é uma realidade necessária para o desenvolvimento sadio, tanto dos filhos adolescentes como o de seus pais. •A presença internalizada de boas imagens parentais, papéis bem definidos permitirá uma boa separação dos pais, facilitará a passagem para a maturidade e o exercício da genitalidade em um plano adulto. 10. Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo •Fenômenos de ansiedade, depressão e luto que acompanham o processo identificatório da adolescência. aborrece e deixa•Uma conquista, por mínima que seja entusiasma e alegra. Uma frustração triste. Isto acontece milhares de vezes ao dia. •No processo de flutuações dolorosas permanentes, a realidade nem sempre satisfaz as aspirações do indivíduo, o que leva ao "retorno a si mesmo autista“, sentimento de solidão, frustração, aborrecimento e desalento. • As mudanças de humor são típicas da adolescência e é preciso entendê-las sobre a base dos mecanismos de projeção e de luto pela perda de objetos. • Podem aparecer como micro-crises maníaco-depressivas. Referência:
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