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Aula 02 Livro Didático Digital Márcia Valéria Marconi Gestão de Recursos Humanos Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor MÁRCIA VALÉRIA MARCONI Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Autor MÁRCIA VALÉRIA MARCONI Olá. Meu nome é Márcia Valéria Marconi. Sou formada em Ciências Contábeis, com uma experiência técnico-profissional nas áreas de contabilidade, controladoria, custos, recursos humanos e educação, sendo mais de 20 anos. Passei por empresas como a Esso Brasileira de Petróleo Ltda., Sadia S.A., Econet Editora Ltda, Grupo Uninter, Universidade Positivo e FAEC. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Aplicando indicadores para Avaliação Estratégica de Pessoas: ................................................................................................... 12 Estratégias formais de pessoas ........................................................................12 Indicadores para Avaliação de desempenho…………………………..................13 A conexão entre a estratégia, o desempenho e a gestão de indicadores .........................................................................................................................16 Como identificar o Capital Intelectual da Empresa ............ 18 Partes e áreas do capital intelectual da empresa.................................18 Elementos e formas do capital intelectual da empresa ........... 20 Formas de Oratórias para Apresentações Gerenciais ........ 22 Falar em público ..........................................................................................................22 Linguagem Fática .........................................................................................................24 Melhor forma de administrar o tempo ......................................................25 Escassez do Tempo ....................................................................................... 26 Fontes de estresse ........................................................................................ 30 Fatores que desencadeiam estresse no trabalho ...............32 Condições Clínicas relacionadas ao estresse .........................34 Planejamento de Reuniões .............................................................40 Planos de melhorias para elaboração de ações ............................. 40 Acompanhamento do planos de melhorias com as áreas ............43 Bibliografia .............................................................................................46 Gestão de Recursos Humanos 9 UNIDADE 02 Gestão de Recursos Humanos10 Você sabe qual é a principal responsabilidade da gestão de recursos humanos? Nessa disciplina você aprenderá sobre as dúvidas mais frequentes sobre gestão estratégica. Além disso, será capaz de realizar indicadores e se comunicar melhor nas organizações . Com isso, também, saberá realizar reuniões de forma mais correta. Desse modo, ao final da disciplina você estará preparado para tomar decisões sobre as práticas voltadas para a Qualidade de Vida no Trabalho são oriundas do real querer, que tem a ver com se adaptar com o tempo e organização na empresa. Por essa razão, abordar esse tema significa também compreender seu comportamento, seu conceito, papel, indicadores formadores e ações sistêmicas e que traga resultados equilibrados e positivos para você e a organização. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Gestão de Recursos Humanos 11 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: • Refletir junto com os alunos sobre o papel da avaliação de desempenho na gestão estratégica de pessoas da organização. • Apontar para a importância do capital intelectual das organizações como fonte de recursos. • Apresentar a comunicação como ferramenta de gestão e a necessidade de reuniões bem elaboradas. • Preparar o profissional para administrar o tempo e gerir de forma a ter um equilíbrio para não prejudicar a si e aos demais da empresa. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Gestão de Recursos Humanos12 Aplicando indicadores para Avaliação Estratégica de Pessoas A gestão de pessoas envolve técnicas que devemos interagir e especialmente mudanças que devemos acompanhar diariamente. Sabemos a dificuldade que é medir o desempenho das pessoas através de avaliações, pois é superficial e genérica. Mas existem indicadores de desempenho utilizado nas empresas que valem a pena ser utilizados para tentar avaliar a estratégia das pessoas e dos resultados das atividades das mesmas para o melhor desenvolvimento da empresa. Assim, este capítulo vem mostrar os principais indicadores de desempenho estratégico de pessoas. Estratégias formais de pessoas Sobre a ótica da estratégia formal (Quinn, 1978), como "incrementalismo lógico" que não gera confusão, mas é uma técnica efetiva, proativa e com propósitos determinados para melhorar tanto os aspectos analíticos quanto comportamentais da formulação da estratégia, como a maioria das empresas que tem deficiências quanto à implementação de estratégica de gestão de desempenho das pessoas. Assim, podemos afirmar que devem ser melhoradas constantemente, analisando o ambiente para que seja definida a melhor estratégia. Observe a imagem a seguir relativa estratégias de gestão de pessoas e o início da conexão entre elas. Gestão de Recursos Humanos 13 Figura 1 – Gestão Estratégica de Pessoas Fonte: Freepik Mintzberg e Quinn (1991) destacam que o processo de formação de estratégias nas organizações raramente se parece com os modelos analítico-racionais apresentados na literatura. E ressaltam que a formação de estratégias nas organizações resulta da convergência de abordagens racionais e intuitivas e envolvem aspectos políticos, informacionais e comportamentais. Podemos citar o exemplo de duas empresas, uma que aplica a gestão estratégica de pessoas e outra que não. A que aplica tem foco nos indicadores de desempenho e avalia a estratégia e seu resultado enquanto a outra ainda não consegue medir a acaba se direcionando ao comportamento sem ter resultados efetivos, constatados ecomprovados. Indicadores para Avaliação de Desempenho DEFINIÇÃO: O que é BSC? Em inglês Balanced Scorecard significa Avaliação de Desempenho, que tem como objetivo criar indicadores de performance (KPI´s – Key Performance Indicators). Gestão de Recursos Humanos14 Kaplan e Norton (1998, p.120) asseveram que o BSC nasceu como um novo sistema de medição de desempenho com base em indicadores financeiros e não financeiros e acabou se tornando um novo sistema gerencial. É um sistema de avaliação de desempenho empresarial, e seu principal diferencial é reconhecer que os indicadores financeiros, por si mesmos, não são suficientes para isso, uma vez que só mostram os resultados dos investimentos e das atividades, não contemplando os impulsionadores de rentabilidade a longo prazo. Esse novo sistema focalizado na estratégia administra três remédios para restaurar a saúde do sistema gerencial (Kaplan e Norton apud Lunkes, 2001, p. 28): • Conexão entre estratégia e orçamento: as metas distendidas e as iniciativas estratégicas do balanced scorecard conectam a retórica da estratégia ao rigor dos orçamentos; • Fechamento do loop estratégico: os sistemas de feedback estratégico interligados ao BSC fornecem um novo referencial para a elaboração de relatórios e um novo tipo de reunido gerencial — focalizada na estratégia; • Experimentação, aprendizado e adaptação: o balanced scorecard explicita a hipótese da estratégia. As equipes executivas podem ser mais analíticas ao examinarem e experimentarem as hipóteses estratégicas com base nas informações que o sistema de feedback do balanced scorecard oferece. NOTA: As organizações focalizadas na estratégia utilizam um processo de “loopduplo”, que integra a gestão dos orçamentos e das operações com a gestão da estratégia. O sistema de relatórios, baseado no Balanced Scorecard, permite o monitoramento do progresso em relação à estratégia e a adoção das ações corretivas necessárias. O Scorecard atua como o elemento central da coesão do Processo de Aprendizado estratégico, conectando o processo de controle das operações. Gestão de Recursos Humanos 15 Com o sistema gerencial focalizado na estratégia, as equipes gerenciais. • Monitoram o desempenho em função da estratégia. • Trabalham como equipe na interpretação dos dados. • Desenvolvem novos insights estratégicos. • Definem novas trajetórias estratégicas. • Atualizam os indicadores dos Scorecards. • Alteram os orçamentos. (Fonte: The Strategy-Focused Organization, Robert S. Kaplan and David P. Norton, Harvard Business School Press) Figura 2: Loop duplo - converter a estratégia em processo contínuo Fonte: Kaplan e Norton, 2001, p. 289. Gestão de Recursos Humanos16 ACESSE: Avaliação de pessoas: desafios e oportunidades. Entenda como fazer uma eficiente análise dos profissionais da sua empresa neste artigo de Raissa Lumack, VP de Recursos Humanos da Coca-Cola Brasil. (Sebrae Nacional - 05/02/2018) https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/ avaliacao-de-pessoas-desafios-e-oportunidades,40f875d 380a9e410VgnVCM1000003b74010aRCRD A conexão entre a estratégia, o desempenho e a gestão de indicadores: No que se refere às mudanças nos modelos de gestão e no papel estratégico das pessoas na organização, é necessário integrar cada vez mais a estratégia organizacional à gestão de pessoas, de forma a incentivar e monitorar o desempenho das pessoas e da organização. Cabe apontar que a gestão por competências visa aumentar o desempenho organizacional por meio do desempenho individual de seus colaboradores. Nesse sentido, o desenvolvimento e a retenção de competências são de extrema importância para as organizações que veem o talento de seus profissionais como peça fundamental no diferencial de negócio em relação à concorrência. Com relação à mensuração do desempenho da empresa, tradicionalmente, ela está voltada aos indicadores financeiros. Contudo, esse cenário está mudando. Um importante aliado dessa nova proposta é o Balanced Scorecard (BSC), um método desenvolvido na década de 1990 por Kaplan e Norton que permite avaliar o desempenho organizacional por meio da decomposição da estratégia em objetivos e indicadores e do alinhamento do desempenho das pessoas com o da organização (FERNANDES, 2013). O banco Santander utiliza o BSC considerando os assuntos mais relevantes em relação à sustentabilidade. Para conhecer mais detalhes sobre o BSC do Santander, acesse o site institucional do banco e confira. https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/avaliacao-de-pessoas-desafios-e-oportunidades,40f875d380a9e410VgnVCM1000003b74010aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/avaliacao-de-pessoas-desafios-e-oportunidades,40f875d380a9e410VgnVCM1000003b74010aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/avaliacao-de-pessoas-desafios-e-oportunidades,40f875d380a9e410VgnVCM1000003b74010aRCRD Gestão de Recursos Humanos 17 Para se utilizar o BSC, é possível traduzir a missão e a estratégia organizacional em objetivos, que são organizados por indicadores ligados a dimensões (financeiro, clientes, processos internos e aprendizagem/ crescimento) que orientam todos os envolvidos sobre os caminhos para atingir o sucesso. A ideia é que todas as pessoas canalizem energia e competências para alcançar os objetivos estratégicos. Cada colaborador tem a possibilidade de acompanhar e observar nitidamente seu desempenho, em caráter individual, verificando como ele está conectado ao desempenho organizacional. Em outras palavras, cada um sabe como está (ou não) contribuindo para o desempenho global. Figura 3 – Desempenho global. Fonte: Freepik Precisamos atentar, ainda, para o fato de que as atividades devem estar alinhadas à estratégia organizacional, de maneira que a organização e seus colaboradores tenham o melhor desempenho possível. Esse desempenho pode ser mensurado utilizando meios como o BSC, que nos permite monitorar e conhecer cada um dos detalhes da empresa, entre eles as competências que estão sendo mobilizadas e agregam valor. Em resumo, as competências indicam o nível de presteza de uma empresa para executar suas estratégias. Gestão de Recursos Humanos18 Como identificar o capital intelectual da empresa Com a evolução da área de Recursos Humanos, percebemos que a tendência atual das organizações é focar os seus esforços nos talentos humanos, transformando-os em capital intelectual. Assim, as empresas estão cada vez mais cientes de que o conhecimento proporcionado pela sua força de trabalho é a riqueza mais importante e, por isso, precisam desenvolver alternativas para conquistar, reter e motivar os seus colaboradores e fazê-los crescer. Partes e áreas do Capital intelectual VOCÊ SABIA? Para Stewart (1998, p.13) capital intelectual “é a soma do conhecimento de todos em uma empresa, o que lhe proporciona vantagem competitiva (...) constitui a matéria intelectual – conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência – que pode ser utilizada para gerar riqueza.”. Desta maneira uma organização pode definir o capital intelectual, conforme o quadro que segue. Figura 4: Capital Intelectual Fonte: Autora Gestão de Recursos Humanos 19 SAIBA MAIS: Uma comparação feita em Capital Intelectual, Edvinsson e Malone (1998: p.28), é a perfeita explanação sobre o tema: “[...] as partes visíveis da árvore, tronco, galhos e folhas, representam a empresa conforme é conhecida pelo mercado e expressa pelo processo contábil. Os frutos produzidos por essa árvore representam os lucros e os produtos da empresa. As raízes, massa que está debaixo da superfície, representam o valor oculto, nem sempre relatado pela contabilidade. Para que a árvore floresça e produza bons frutos, ela precisa ser alimentada por raízes fortes e sadias [...].”. Através do estudo realizado por Leif Edvinsson (conhecido como pai do CapitalIntelectual aplicado a contabilidade) junto à empresa Skandia, que atua na área de seguros e finanças, sendo a maior na Suécia. Foi a primeira empresa apresentar um parecer que determina a existência do Capital Intelectual, sendo muito importante para definição da mesma. Edvinsson divide o Capital Intelectual em três partes, como segue: Capital Referente Humano Mentes dos colaboradores Estrutural Fixados na organização Cliente Relação da empresa junto aos seus clientes, como parte do estrutural. Ao efetuar este trabalho, a empresa informou cinco áreas em que focalizavam e que acreditavam ser proveniente seu Capital Intelectual: • Foco Financeiro • Foco no Cliente Gestão de Recursos Humanos20 • Foco no Processo • Foco na Renovação e Desenvolvimento • Foco Humano A partir destes itens, ele teve instrumentos necessários para conseguir avaliar o potencial de crescimento ou não do Capital Intelectual na empresa. Papel importante neste estudo é administração dos possuidores deste intelecto. O foco da Skandia era manter consumidor, revisar e inovar processos e desenvolver seus colaboradores. Elementos e formas do Capital Intelectual da empresa Segundo Lev (2001), o Capital Intelectual é gerado pelos investimentos em três elementos: inovação, desenho organizacional diferenciado e recursos humanos. De acordo com Roos, Roos, Edvinsson e Dragonetti (1997), o conceito de Capital Intelectual é exposto de duas formas, identificadas por positiva e negativa. Da forma positiva, o Capital Intelectual consiste no somatório do conhecimento dos seus membros e da materialização desse conhecimento em marcas, produtos e processos. A forma negativa conceitua o Capital Intelectual como 'alguma coisa' que cria valor, mas é intangível e representa a diferença entre o valor total da companhia e o seu valor financeiro. Figura 5: Forma positiva e negativa de Capital Intelectual Fonte: Autora Gestão de Recursos Humanos 21 Da forma positiva, o Capital Intelectual consiste no somatório do conhecimento dos seus membros e da materialização desse conhecimento em marcas, produtos e processos. A forma negativa conceitua o Capital Intelectual como 'alguma coisa' que cria valor, mas é intangível e representa a diferença entre o valor total da companhia e o seu valor financeiro. Gestão de Recursos Humanos22 Formas de oratória para apresentações gerenciais Comunicação provém do latim communis, que significa “tornar comum”. A comunicação pode ser definida como a transmissão de informações e compreensão mediante o uso de símbolos comuns (verbais e não verbais). Sendo assim, a comunicação não significa apenas enviar uma informação ou mensagem, mas torná-la comum entre as pessoas envolvidas. Para que haja comunicação, é preciso que o destinatário da informação a receba e a compreenda. Comunicar significa tornar comum a uma ou mais pessoas determinada informação ou mensagem (CHIAVENATTO, 2005). Falar em público Reinaldo Polito (2006) é especialista explica que qualquer atividade, será sempre ligada ao ‘risco’ de falar em público. A habilidade de comunicação, técnicas e apresentações é uma competência de grande importância para profissionais em todas as suas atividades. Em pequenas reuniões, com pequenos grupos de pessoas, ou em grandes eventos, diante de numerosas plateias, falar em público tornou-se tarefa normal e necessária, independentemente da posição hierárquica do profissional na empresa. Apesar das pessoas estarem frequentemente conectadas as apresentações em público, poucas estão bem prontas para realizar esta tarefa com eficácia. Os profissionais, mesmo com dificuldade de apresentar em público, em poucas horas de capacitação criteriosa, podem aprender a se expressar com eficiência em variadas circunstâncias, diante de qualquer tipo de público. No quadro a seguir, elas estão descritas e caracterizadas. Gestão de Recursos Humanos 23 Figura 6: Apresentações Gerenciais Fonte: Freepik Para Polito (2006) existem dois erros que são comuns e precisam ser evitados na gesticulação. O primeiro é a falta de gestos, porque no processo de comunicação da mensagem, os movimentos do corpo são necessários. Já o exagero de gestos também é uma falha muito grande. Sendo assim, podemos afirmar que o resultado da sua apresentação é mais positivo se você for comedido na gesticulação do que se você exagerado no gesto. O desafio de gestão de pessoas: O que é possível fazer para melhorar a comunicação e a qualidade das apresentações no trabalho com base nos elementos e recursos que dispomos na empresa? E como podemos colocar isso em prática? Em primeiro lugar, é importante conhecer o estado atual da organização e criar a visão do estado desejado. Assim será possível traçar em seguida uma estratégia que promoverá a mudança. Mas você pode estar se perguntando: “Como fazer isso?”. A palavra-chave é: Atitude! Ela leva a uma melhor gestão da comunicação que, quando transformados em informações, permitem que os gestores identifiquem os fatores concretos e tracem estratégias Gestão de Recursos Humanos24 de melhorias que tendem a se refletir as necessidades de reuniões da empresa, a qualidade das mesmas e o perfil do colaborador, em sua produtividade e em vantagem competitiva para a organização. Linguagem fática De acordo com Bechara (2000) a linguagem fática, ou função fática da linguagem está “centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a eficiência do canal. É o tipo de linguagem das falas telefônicas, saudações e similares. Numa situação de sala de aula ou palestra é interessante que o instrutor faça uso da linguagem fática como recurso para verificar se o canal de comunicação está funcionando ou se ele está sendo compreendido pelas pessoas que o ouvem”. A seguir alguns exemplos da função fática: (NICOLA, 2004) Ex: “entenderam?”. É também a função empregada, quando no decorrer de uma conversa, emitimos sons: Ex: “heim!“hum hum!”. E além de ser utilizada para testar o canal, a função fática ocorre também quando o emissor quer iniciar uma comunicação: Ex: - olá! Como vai? – perguntou o homem de olhos empapuçados Ou quando visa prolongar o contato com seu receptor: Ex: - ela não desanima nunca... Você concorda? Não acha? Ou quando deseja interromper o ato de comunicação: Ex: - qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar. E em alguns casos, percebe- se que a única preocupação do emissor é manter o contato com o destinatário ou testando o canal com frases do tipo: “veja bem” ou “olha...” ou “compreende?”. Essa preocupação com o contato caracteriza-se função fática. Gestão de Recursos Humanos 25 Figura 7: Linguagem fática Fonte: Freepik Referente à indicação do especialista Polito (2006), o mesmo recomenda que para realizar uma apresentação ao grupo de trabalho, deve refletir se a comunicação está sendo os mesmos, como se estivesse conversando com amigos, familiares ou vizinhos. Caso a resposta seja negativa, provavelmente a maneira de falar está sendo artificial. Quando conseguir falar de forma natural da mesma forma como se comunica com as pessoas mais próximas, seu desenvolvimento como comunicador terá resolvido uma importante etapa. Melhor forma de administrar o tempo Segundo Chaves (2008) gerir o tempo é saber usá-lo para fazer atividades consideradas importantes e prioritárias, tanto na vida pessoal, quanto na profissional. Assim, a afirmação de “não ter tempo suficiente” pode ser decorrência do uso demasiado do tempo em tarefas consideradas dispensáveis ou não prioritárias para serem executas no tempo disponível na vida de uma pessoa. O tempo, no cotidiano do homem, tem grande relevância no qual deve ser aproveitado em conjunto do que tem prioridade, valor e importância. Gestão de Recursos Humanos26 Escassez do tempo Para Lima (2003), oadvento da informatização provocado, em grande parte, pela modernização dos modos comunicação, causou um grande impacto nas pessoas, pois tornou a vida do homem muito dinâmica e estressante, gerando a sensação de “falta de tempo” e a insatisfação pessoal, por não conseguir se dedicar plenamente em uma atividade em específico. Por consequência, causando redução da produtividade, qualidade de vida e desempenho pessoal e profissional. Figura 8 – Administração do tempo Fonte: Freepik Segundo pesquisa da International Stress 3 Management Association Brasil (2010), mais de 60% dos brasileiros sofrem com a falta de tempo, sendo um sentimento recorrente na vida de vários profissionais no mercado de trabalho. Isso demonstra que o trabalho não pode ser comprometido pelo excesso do mesmo, já que, pode prejudicar a qualidade de vida humana. Cooper e seus colaboradores desenvolveram um modelo teórico que agrega a contribuição dos diferentes pesquisadores na área do estresse no trabalho, daí este tópico se intitular “Estudos de Cooper e Gestão de Recursos Humanos 27 colaboradores”. De acordo com esse modelo, os eventos que envolvem acontecimentos domésticos, da vida pessoal e do trabalho pertencem à categoria de fatores ambientais, ao passo que características de personalidade, indicadores demográficos e atitudes são considerados fatores individuais. Mas por que determinadas situações causam estresse a algumas pessoas e parecem não ter efeito sobre outras? Para entendermos esse ponto, vale conhecer o que os autores denominam de vulnerabilidade individual, uma vez que, segundo o modelo, é a vulnerabilidade individual que atua como moderador do estresse. O modo como um indivíduo se sente estressado depende diretamente da forma como avalia o evento, ou seja, o que está ocorrendo. Uma pessoa sozinha numa casa pode ignorar os rangidos da madeira e não experimentar qualquer estresse; outra pode desconfiar da presença de um intruso e ficar alarmada. Uma pessoa pode encarar um novo emprego como um desafio muito bem-vindo, ao passo que outra pode considerar os mesmos desafios, oriundos do mesmo tipo de trabalho, muito ameaçadores, com riscos de fracasso (MYERS, 1999). Quais são os fatores que compõem essa vulnerabilidade individual? Segundo os pesquisadores, um indivíduo se torna mais vulnerável ou menos vulnerável ao estresse em virtude de seu tipo de personalidade, locus de controle, eventos da vida e suporte social (família, amigos etc.) que recebe em face de desafios que enfrenta tanto na esfera pessoal quanto profissional. a. Personalidade: A personalidade de um indivíduo define a forma como ele reage e interage com pessoas e situações. Uma pessoa pode ficar muito irritada por ser surpreendida por uma chuva de verão na volta do trabalho, ao passo que outra pode sentir um grande prazer em se refrescar. Você já percebeu que existem pessoas que estão sempre correndo, que parecem ter uma pressa incurável e que fazem diversas coisas ao mesmo tempo, ao passo que outras permanecem inabaláveis e passam a sensação de que dará tempo para realizar todas as tarefas tranquilamente? Provavelmente a primeira pessoa tenha uma personalidade do Tipo A, e a segunda, personalidade do Tipo B. Gestão de Recursos Humanos28 Friedman e Rosenman (1974) são pesquisadores que propuseram uma categorização de Personalidade do Tipo A e Personalidade do Tipo B, conforme apresenta a figura 9. Figura 9 – Personalidades – Tipo A e Tipo B Fonte: Freepik A pessoa com Personalidade Tipo A está sempre em movimento, andando e comendo rapidamente; impacienta-se com a velocidade e o ritmo com que as coisas acontecem; pensa ou faz duas coisas ao mesmo tempo; não suporta momentos de ócio; é obcecado por números e mede seu sucesso por meio de quanto consegue obter. A pessoa com Personalidade Tipo B parece ser imune ao sentimento de urgência e à impaciência que isso causa; é reservado, não demonstra suas realizações e conquistas a não ser quando necessário; faz as coisas por prazer, sem se preocupar em provar sua superioridade a qualquer custo; relaxa sem se sentir culpado. De acordo com Friedman e Rosenman (1974), pessoas com personalidade Tipo A operam sob o nível de estresse moderado a alto, se colocam prazos para tudo, tendem a serem trabalhadores mais velozes, que enfatizam a quantidade, o que muitas vezes pode ocorrer em detrimento da qualidade. Quando em posições nos altos níveis hierárquicos da organização, são propensos a trabalhar por muito mais Pessoas do tipo A mostram-se sempre apressadas Pessoas do tipo B passam a sensação de tranquilidade Gestão de Recursos Humanos 29 horas e diversas vezes incorrem em decisões equivocadas por terem sido tomadas de forma rápida demais. Assim, sob essa perspectiva, as pessoas com personalidade Tipo B, em virtude da habilidade de delegarem funções, talvez com menor ambição de conquistas de bens materiais e status, tendem a ser mais tranquilas e, portanto, menos imunes aos estressores organizacionais. a. Locus de controle: Locus, em latim, significa “local”; e o termo controle é comando, quem está na direção. Trata-se se um filtro de referência determinado pela medida que o indivíduo sente que pode interferir em seus resultados. Pessoas com locus externo de controle tendem a se sentir sempre vítimas da situação, já aquelas com locus interno de controle tendem a perceber que entre um estímulo (evento) e um resultado (comportamento) existe uma escolha. b. Crenças limitantes: As crenças são como lentes que o indivíduo utiliza para enxergar a si mesmo, o outro e o mundo; interferem poderosamente na interpretação que a pessoa faz dos fatos e influenciam o comportamento dela. Uma crença é um sentimento de certeza. Aqui não estamos nos referindo às crenças religiosas, mas ao que o indivíduo acredita ser verdade sobre ele, sobre o outro e sobre o mundo. A estrutura de crenças de uma pessoa gira em torno de sua identidade (o que ela é), de sua capacidade (o que consegue) e de seu merecimento (o que acredita merecer). As crenças podem ser limitantes ou impulsionadoras. As impulsionadoras fortalecem o indivíduo, são geradoras de movimento, levam-no à conquista de seus objetivos. Já as crenças limitantes acerca de identidade, capacidade e merecimento são fontes potenciais de estresse. Por exemplo: uma pessoa, diante de um novo desafio, pode acreditar que experimentará um franco crescimento, ao passo que outra, perante o mesmo desafio, acredita estar fadada ao fracasso. O quadro a seguir ilustra esquematicamente esses aspectos. Gestão de Recursos Humanos30 Figura 10: Tipos de crenças Fonte: LOTZ; GRAMMS, 2014, p. 135. c. Valores/comprometimento: Valor é tudo aquilo que é importante para a pessoa. Os valores conduzem ao comprometimento, e quanto maior o comprometimento, maior tende a ser a fonte potencial de estresse. Fontes de estresse O estresse pode levar a pessoa a sentir cansaço, irritabilidade, perda de apetite, criar crenças enfraquecedoras a respeito de si mesma e de seu potencial; além disso, pode também funcionar como gatilho para o aparecimento e desenvolvimento de quadros clínicos que em hipótese alguma devem ser ignorados; ao contrário, é muito importante que tanto o indivíduo – observando a si mesmo e as alterações em seus padrões de pensamento, estados de ânimo e atitudes – quanto o grupo – por meio de detecção de alterações do comportamento – e a organização – mediante políticas e práticas mantenedoras da saúde física e psicológica – estejam alertas às síndromes associadas ao estresse, para que sejam detectadas e tratadas, zelando assim pela saúde do trabalhador. Outro colaborador nos estudos de Cooper foi Marshall (1976). As pesquisas que ambos realizaram sobre estresse no trabalho apontaram para cinco fontes de estresse: Gestão de Recursos Humanos 31 Figura11: Fontes de estresse Fonte: Autora Fatores intrínsecos ao trabalho: corresponde a mínimas condições de trabalho, sobrecarga de informação, pressão para cumprimento de prazos, mudanças tecnológicas. O ambiente físico – a exemplo da qualidade do ar, a iluminação, a decoração, o barulho e o espaço pessoal – influencia o humor e o estado mental dos colaboradores. • Papel do colaborador na organização: diz respeito à ambiguidade e ao conflito de papéis. Na ambiguidade de papéis, o colaborador não tem clareza sobre o que se espera dele e os objetivos do trabalho que realiza as expectativas dos pares e as responsabilidades que envolvem sua função. • Desenvolvimento de carreira: refere-se à insegurança no emprego, ausência ou excessos de promoções e obsolescência em face das novas tecnologias e habilidades para o trabalho; incongruência Gestão de Recursos Humanos32 de status, seja por inadequação com relação ao nível hierárquico de seu cargo, seja por frustrações referentes ao desenvolvimento de carreira. • Relacionamentos no trabalho: estão associados aos relacionamentos com pares e gestores. Lidar com os chefes, pares e subordinados afeta significativamente a forma como o indivíduo se sente ao término da jornada de trabalho. • Estrutura e clima organizacional: consistem em aspectos que podem ameaçar a individualidade, a liberdade e a autonomia do colaborador, por exemplo, quando ele não se sente parte daquela organização, não é envolvido na tomada de decisões e tampouco é adequadamente comunicado por seus pares e gestores. Esse modelo é significativo, na medida em que identifica a influência das fontes de pressão, o impacto da pressão, considera os aspectos individuais e o resultado na satisfação com o trabalho, na saúde ou doença física e psíquica do trabalhador. Podemos concluir, portanto, que os fatores estressores podem ter origem tanto no meio externo (condições ambientais e relacionadas à organização e ao trabalho) quanto no interno (nossos pensamentos, crenças, valores e emoções). Fatores que desencadeiam estresse no trabalho Karasek desenvolveu um modelo intitulado Demand-Control – Exigência-Controle em português – o qual aborda o desencontro entre as características pessoais e as condições de trabalho e os efeitos de descompasso para o indivíduo. Para Baker e Karasek (2000, p. 420), o “stress do trabalho é visto como respostas físicas e emocionais prejudiciais que ocorrem quando as exigências do trabalho não estão em equilíbrio com as capacidades, recursos e necessidades do trabalhador”. Sob a ótica desse modelo, o controle abrange os aspectos relacionados ao uso de habilidades do trabalhador, as tarefas variadas, a oportunidade de aprendizados e até a autoridade decisória; está associado ao nível no qual a pessoa pode tomar decisões relativas Gestão de Recursos Humanos 33 ao próprio trabalho. As demandas psicológicas são as exigências que ela enfrenta para realizar as tarefas, a pressão de tempo, o nível de concentração requerido, a dependência de que outros trabalhadores realizem seu trabalho para que possa desenvolver o dela. Esse modelo prevê que quando os trabalhadores se deparam com altas exigências ou pressões psicológicas, aliadas ao baixo controle de seu trabalho, ficam mais propensos a desenvolver distúrbios de ordem física e mental, provenientes do estresse. O quadro que segue ilustra isso. Figura 12: Fatores desencadeadores do estresse no trabalho Fonte: Elaborado com base em BAKER; KARASEK, 2000. Segundo Baker e Karasek (2000), os fatores desencadeadores do estresse apresentados no quadro podem promover graves consequências de curto e longo prazo nas dimensões fisiológica, psicológica e comportamental, as quais se manifestam desde o aumento da pressão arterial ao desenvolvimento de doenças cardíacas, ansiedade, insatisfação e depressão, Síndrome de Burnout e outros transtornos mentais. Isso sem mencionar o absenteísmo e a redução da produtividade e até mesmo no o abuso de álcool e drogas. Gestão de Recursos Humanos34 SAIBA MAIS: “Condição ligada ao estresse laboral” que “pode levar ao cansaço mental extremo”, com prejuízos à saúde; “esgotamento emocional caracterizado por sensação de exaustão emocional, frustração, desinteresse pelas atividades cotidianas, perda de produtividade e apatia.”. Fonte: ALBERT EINSTEN, [S.d.]. Assim, segundo o Modelo Demand-Control de Karasek, o estresse no trabalho é uma combinação entre o trabalho que impõe condições estressantes, mas que, ao mesmo tempo, não oferece recursos necessários para que o trabalhador o desempenhe a contento. Condições clínicas relacionadas ao estresse Você já deve ter ouvido a afirmação “Isso não é nada! É só psicológico!”, em referência à pessoa que se queixa de uma ou outra dor sem diagnóstico visível. No entanto, é importante destacar que na abordagem psicossomática nada é “só” psicológico! Dessa forma, mal- estar e qualquer outra queixa de natureza clínica devem ser investigados, pois são alertas de que algo, seja no nível biológico, seja no psicológico, pede atenção, é um alarme que não pode ser desconsiderado. O quadro a seguir apresenta síndromes associadas ao estresse. Gestão de Recursos Humanos 35 Figura 13: Síndromes associadas ao estresse e suas características Fonte: LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2002, p. 88. O autoconhecimento, a conscientização e os devidos cuidados médicos são imperativos na detecção e no tratamento dos quadros clínicos associados ao estresse. Muito embora já tenhamos citado diversas patologias relacionadas ao estresse, vamos destacar a depressão e a Síndrome de Burnout. a) Depressão Momentos de tristeza são muito comuns na vida das pessoas. Aliás, não conseguiremos realizar nossa jornada existencial sem que tenhamos nos deparado com a morte de algum ente querido, o rompimento de um laço afetivo, a perda de emprego ou a tristeza pela decepção de ter confiado em alguém que não honrou o compromisso conosco. Tudo isso é muito normal e não pode ser confundido com depressão. O termo depressão provém do latim depressus, cujo significado é aterrado, abatido. A depressão é um distúrbio emocional caracterizado como uma doença, e como tal desencadeia um conjunto de alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, sobretudo os neurotransmissores, a exemplo da serotonina, noradrenalina e dopamina, substâncias responsáveis por transmitir impulsos nervosos entre as células. Como resultado, tem-se um indivíduo em estado de abatimento, apatia e infelicidade que pode ser tanto transitório quanto permanente. O estresse pode acelerar o processo de aparecimento da depressão em pessoas que possuam a predisposição genética para a doença. Gestão de Recursos Humanos36 SAIBA MAIS: A depressão é uma síndrome ou um conjunto de sintomas que afetam principalmente a área afetiva/emocional de uma pessoa. Tristeza patológica, estado de fraqueza, irritabilidade e alterações de humor podem causar diminuição no rendimento profissional ou limitar a vida social. Fonte: CONCEITO.DE, [S.d.]. A pessoa que se encontra em estado depressivo tem o desempenho profissional seriamente comprometido, pois não consegue desempenhar suas funções em virtude da dificuldade de concentração, do cansaço excessivo e da ausência de forças para tocar o seu dia; em casos mais severos, não consegue até deixar a sua casa rumo ao trabalho. França e Rodrigues (2002, p. 104-105) elencam o conjunto de sintomas presentes em indivíduos acometidos pela depressão, conforme ilustrado no quadro a seguir. Figura 14: Sintomas da depressão Fonte: LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2002, p. 104-105 Gestão de Recursos Humanos 37 Cumpre observar que a depressão, por ser uma doença, requer tratamento médico, com o uso de medicamentos. A psicoterapia deve acompanhar o processo do paciente e é fundamental no auxílioda reestruturação psicológica da pessoa, oportunizando maior conhecimento acerca de si mesmo e o fortalecimento de suas estruturas internas que permitirão minimizar os impactos promovidos pelo estresse. b) Síndrome de Burnout Burnout é uma palavra da língua inglesa, to burn out, que significa combustão completa, queimar por completo. O termo ilustra a sensação de exaustão completa da pessoa acometida pela síndrome. A Síndrome de Burnout (ou síndrome do esgotamento profissional) acomete pessoas que estão sempre na função de cuidar de outras, a exemplo de médicos, professores, enfermeiros, trabalhadores da segurança pública etc. Ela corresponde a uma resposta emocional a cenários de estresse crônico em virtude de relações intensas – em situações de trabalho – com outras pessoas ou profissionais que apresentam grandes expectativas em relação ao seu desenvolvimento profissional e dedicação à profissão, mas que, em função de diversos obstáculos, não alcançam o esperado (FREUDENBERGER; RICHELSON, 1980, apud LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2002, p. 50). O Burnout surge nas áreas em que os indivíduos acreditam ser mais promissores para suas realizações, nos profissionais que procuram a competência, uma posição de destaque na comunidade, reconhecimento e boa situação financeira. Os profissionais acometidos pela síndrome são aqueles altamente comprometidos, que se dedicam talvez de forma um tanto exagerada às atividades profissionais e apresentam também forte desejo de demonstrar alto grau de desempenho em suas funções. Tendem a aferir a autoestima segundo a capacidade de resultados, geralmente percebidos por eles como sucesso profissional. Entre os sintomas estão mal-estar, sentimento de exaustão ou fadiga, esgotamento e perda de energia, seja física, seja mental, seja emocional, sentimentos de infelicidade, de desamparo, perda do entusiasmo com a profissão e percepção de que se dispõe de poucos recursos internos para lidar com outras pessoas (PINES, 1981). Gestão de Recursos Humanos38 A Síndrome de Burnout é caracterizada por três aspectos básicos: a exaustão emocional, a despersonalização e a redução da realização pessoal e profissional. O quadro a seguir detalha cada um deles. Figura 15 - Aspectos da Síndrome de Burnout Fonte: Elaborado com base em LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2002, p. 50-52; e MALASCH, 1982. IMPORTANTE: É muito importante frisar que os sintomas de estresse estão presentes em todos os momentos da vida. Por essa razão, é fundamental que aprendamos a lidar com eles, em vez de negá-los. Iniciativas que levem ao bem-estar físico, como atividades físicas, alimentação balanceada e adequada, participação em grupos que promovam afetividade, amparo e relações sociais saudáveis podem ser altamente benéficas na manutenção da qualidade de vida. Mesmo com todos esses desafios estressores, você acredita que a qualidade de vida no trabalho seja possível? Acreditamos que sim! Para que isso ocorra, dois atores se destacam: a organização, ao promover políticas de recursos humanos voltadas à qualidade de vida e à tolerância zero Gestão de Recursos Humanos 39 para a violência no trabalho; e também o indivíduo, que, por meio de suas escolhas, pode manter saudáveis seu corpo e sua mente. A organização, quando focada em programas de qualidade de vida no trabalho, pode: • sensibilizar para os cuidados com a saúde: fumo, álcool, visitas regulares ao médico; • oferecer programas de ginástica laboral; • atentar-se para as condições físicas e psicológicas do trabalho; • oferecer programas de treinamento de habilidades comportamentais para lideranças; • oferecer remuneração justa e adequada; • compartilhar informações com vistas a diminuir as incertezas dos colaboradores; • adotar rigoroso processo seletivo que aloca a pessoa certa para o lugar certo, segundo as competências e perfil dela; • definir com clareza o escopo de cada cargo, evitando assim a ambiguidade de papéis; • oferecer feedbacks para o aprendizado; • adotar critérios claros para avaliação de desempenho e recrutamento interno; • aderir à cultura do reconhecimento por resultados alcançados de forma saudável; • oferecer programas sobre educação financeira, orçamento pessoal e familiar e planejamento familiar; • estabelecer política de tolerância zero ao assédio, seja moral, seja sexual, seja intelectual, a qualquer tipo de bullying ou à discriminação por sexo, raça, religião, gênero, afetividade e etc.; Contudo, vale lembrar que mesmo que o indivíduo não encontre no ambiente de trabalho as ações e programas acima relacionados, está em suas mãos adotar estratégias que promovam a sua saúde física, emocional e mental. Compete a cada um a escolha por hábitos alimentares, práticas de atividades físicas, cultivo de emoções positivas como o perdão, a gratidão, o otimismo, o cultivo de autoimagem positiva, a perspectiva apreciativa dos eventos e acontecimentos, tendo em vista a aprendizagem, a construção de relações sociais afetivas e apoiadoras etc. Gestão de Recursos Humanos40 Planejamento de Reuniões Uma vez levantadas as ideias geradas nas reuniões e as possibilidades, é hora de elaborar formalmente o plano de melhorias, que pode ser registrado no plano de ação. Você deve estar se perguntando: O que é um plano de ação? Trata-se de um modelo que destaca especificamente quais as atividades serão desenvolvidas, por que, de que forma, quando, com que custo e a quem compete realizá-las. Essa ferramenta – muito simples de gestão – oportuniza o acompanhamento das atividades, pois contempla o planejamento, a organização, a direção e o controle delas, bem como das responsabilidades, dos prazos e dos investimentos. Que tal conhecer o 5W3H, como ferramenta de elaboração do plano de ação, para organizar e detalhar as ações a serem realizadas no plano de melhorias? O autoconhecimento, a conscientização e os devidos cuidados médicos são imperativos na detecção e no tratamento dos quadros clínicos associados ao estresse. Muito embora já tenhamos citado diversas patologias relacionadas ao estresse, vamos destacar a depressão e a Síndrome de Burnout. Planos de melhorias para elaboração de ações A elaboração e a aplicação de reuniões para plano de melhorias Como se dá o processo de elaboração do plano de melhorias? Ele consiste em: a. Levantar e priorizar as os fatores críticos Sabemos que uma pesquisa de clima apontará diversas oportunidades de melhorias, e talvez a empresa não possa interferir sobre todas. Por isso, há que se identificar aquela ou aquelas que, se modificadas, produzirão satisfação ou neutralizarão pontos de insatisfação do trabalhador. b. Discutir, elaborar e apresentar à diretoria o plano de melhorias Essa etapa envolve a discussão acerca dos pontos que sofrerão Gestão de Recursos Humanos 41 interferências e o que pode ser feito. Nela se dão brainstormings, elaboração do plano de ação e apresentação dele à diretoria, que, por sua vez, avaliará as ideias propostas e entrará em acordo com o que e quando será feito. Mas, afinal, o que é um brainstorming? Brain, da língua inglesa, significa cérebro, e storming significa tempestade; assim brainstorming é uma tempestade de ideias, uma ferramenta para a geração de ideias. Realizar um brainstorming produtivo é simples, basta seguir as seguintes etapas, identificadas no quadro a seguir. Figura 16 - Etapas que compõem o brainstorming e métodos de aplicação e de condução Fonte: LOTZ; GRAMMS, 2014, p. 196. Gestão de Recursos Humanos42 O 5W3H consiste em responder a oito perguntas: O quê? (What?); Por quê? (Why?); Como? (How?); Quem? (Who?); Onde? (Where?); Quando? (When?); Quanto custa? (How much?); e Como mensurar? (How to measure?). O 5W3H é uma planilha que oferece a visualização rápida e simples de todas as ações de melhorias a serem feitas, do inícioao fim da empreitada. É importante que o vocabulário adotado seja simples, e a escrita, objetiva, em linguagem positiva, ou seja, aquela que cria a imagem mental daquilo que se deseja realizar, e não daquilo que se deseja evitar. Será que existem instruções para o preenchimento da planilha? Sim! Confira o quadro a seguir. Figura 17 - Partes integrantes da planilha 5W3H Fonte: Autora A planilha 5W3H é composta por colunas e linhas. As colunas expressam as perguntas e o status de cada ação; nas linhas são descritas as ações e seus desdobramentos em termos de propósitos, estratégias, responsabilidades, prazo e investimentos. Podem-se utilizar tantas linhas quantas forem necessárias, conforme a quantidade de ações de melhorias definida. Uma vez apresentado o plano de melhorias à diretoria e aprovado por ela, é hora de executá-lo, de aplicar as ações estabelecidas. Essa etapa é assinalada pelo comprometimento dos envolvidos com o plano e também com os prazos estabelecidos. Gestão de Recursos Humanos 43 O acompanhamento do plano de melhorias com as áreas Acompanhar significa “caminhar junto com”. A medida, por parte do RH e dos gestores da organização, oportuniza monitorar o quanto se está aproximando ou desviando da rota estabelecida no plano de melhorias. A etapa é muito importante, pois no calor da execução podem surgir obstáculos que um bom acompanhamento contribuirá para que seja transposto rumo ao objetivo desejado. Outro ponto que merece destaque é a formalização desse acompanhamento no plano de ação, por meio da definição do status, indicando se a ação está em andamento, se foi concluída, se não foi iniciada ou se está atrasada. Esse olhar permite uma percepção clara do que já foi feito e do que ainda está por fazer. Comunicar as medidas do plano de melhoria é tornar comum, é fazer sentido. Pode ocorrer que a organização promova uma série de melhorias das quais o colaborador nem se aperceba. Por isso, é fundamental que ela crie campanhas de comunicação que deem a conhecer aos funcionários aquilo que foi (ou está sendo) implementado. Tais campanhas de comunicação remetem à comemoração. Ao celebrar os resultados obtidos, se estabelece um reforço positivo o qual, por sua vez, faz aumentarem a satisfação, o moral e a confiança dos colaboradores sobre a conquista alcançada. A importância de oferecer retorno aos colaboradores com informações que permitem fortalecer a relação de confiança entre eles e a organização, da seguinte forma: • Quando a empresa divulga os índices e os itens promotores de insatisfação, funcionários percebem que ela não está “varrendo a sujeira para debaixo do tapete”, mas assumindo aquele ponto como um dado concreto. A aceitação da realidade é o primeiro passo para a mudança. • Quando a empresa divulga os índices e itens promotores de satisfação, dá oportunidade para que os funcionários olhem na direção de pontos positivos de se trabalhar ali, o que fortalece emoções positivas. • Quando empresa divulga as ações realizadas em virtude dos resultados da pesquisa de clima, fortalece a relação de confiança entre Gestão de Recursos Humanos44 ela e os funcionários, passa a mensagem de que estes são ouvidos e gera a valorização do humano no ambiente de trabalho. Estratégias para comunicar as ações de melhorias aos colaboradores. Como a organização pode comunicar as ações de melhorias aos colaboradores? O RH, para tal propósito, pode se valer de reuniões para apresentar o “antes” e o “depois”, mensagens na intranet, nos banheiros, nos refeitórios, nos murais, nos jornais e em outros espaços e mídias. O importante, porém, é salientar que nesse momento deve entrar em cena a criatividade do setor na criação de peças que surpreendam e façam sentido a cada público-alvo da organização. Síntese da Unidade: Nesta unidade compreendemos que: • Vimos que existem processos de avaliação estratégica de pessoas em contrapartida da parte comportamental nas empresas como: capital intelectual, apresentações gerenciais, administração do tempo e planejamento de reuniões. • Conhecemos os indicadores de desempenho: estratégico, como loop estratégico do feedback. • Aprendemos que devemos desenvolver a qualidade de vida no trabalho para evitar o estresse. Por isso, o administrador precisa conhecer como planejar a estratégia e analisar os riscos e custo-benefício do negócio. Para poder estar alinhado ao mercado e ser um diferencial frente aos concorrentes analisar seu planejamento estratégico para verificar se está tendo um grande retorno do investimento. Caro estudante, você chegou ao fim desta aula, parabéns! Nela, você aprendeu sobre análise sobre avaliação de desempenho de cargos. Gestão de Recursos Humanos 45 REFLITA: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a modelo de gestão estratégica de pessoas e suas particularidades. Para complementar seu aprendizado, não deixe de realizar as atividades que acompanham esta aula. Até a próxima! Gestão de Recursos Humanos46 BIBLIOGRAFIA BAKER, D. B.; KARASEK, R. A. Stress. In: LEVY, B. S.; WEGMAN, D. H. (Ed.). Occupational health: recognizing and prevening work related disease and injury. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2000. p. 419-436. COOPER, C. L.; MARSHALL, J. Occupational sources of stress: a review of the literature relating to coronary heart disease and mental ill-health. 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