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Hermenêutica Aspectos Históricos-MÓDULO 1

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Hermenêutica – Aspectos Históricos¹
De origem grega, a Hermenêutica (hermeneuein) é tida como filosofia da interpretação, sendo associada ao deus grego Hermes, que traduzia tudo o que a mente humana não compreendesse, sendo chamado de deus-intérprete. 
Hermes traduzia as mensagens do mundo dos deuses para o mundo humano. Sua figura era tão marcante que foi atribuído a ele a descoberta da linguagem e da escrita, e sua função de mensageiro sugere, na origem da palavra hermenêutica, o processo de trazer para a compreensão algo que estivesse incompreensível. 
O deus grego Hermes era respeitado pelos demais como sendo aquele que descobriu o meio de compreensão humana no sentido de alcançar o significado das coisas e para transmiti-lo aos demais seres. Assim, Hermes seria um deus intérprete, considerado a entidade sobrenatural dotada de capacidade de traduzir, decifrar o incompreensível, ou seja, vinculava-se a sua figura a função de transmutação, de transformação de tudo aquilo que a compreensão humana não alcançava em algo que esta conseguisse compreender.
O termo hermenêutica possui alguns significados diferentes de acordo com o tempo, passando de “compreender o significado do mundo” até chegar “ a teoria científica da arte de interpretar”. 
Podemos considerar que a expressão latina ars interpretandi (a arte da interpretação), foi substituída na teologia protestante, pelo termo hermenêutica. Na Antiguidade grega, a hermenêutica relacionava-se com à gramática, à retórica e à dialética e sobretudo com o método alegórico, para permitir a conciliação da tradição (os mitos) com a consciência filosoficamente esclarecida. Estava voltada para a transmissão de uma mensagem, entendida muito mais como uma técnica, com a função de anunciar, esclarecer, traduzir algo que não estava claro. 
A exemplo de Platão, a hermenêutica estava em segundo plano, tendo em vista que as palavras estavam abaixo daó plano das ideias, sendo que apenas por intermédio destas é que se podia entender e conhecer a realidade. 
Já Aristóteles desenvolveu pensamento diferente e, em sua obra Peri hermeneias (da interpretação), fez relação entre os conceitos e a realidade, pois entendia que o processo do conhecimento se faz por meio de abstrações mentais daquilo que é adquirido por meio da experiência sensível. No entanto, em Aristóteles, a hermenêutica é apenas uma derivação da lógica, preocupada com a relação entre a linguagem e o pensamento.
Mais tarde, a arte da interpretação foi assumida por teólogos judeus, cristãos e islâmicos, além de ser aplicada a interpretação do Corpus iuris canonici na tradição da jurisprudência. Isso mostra que a hermenêutica, enquanto arte da interpretação, se tornava presente cada vez que a tradição entrava em crise, sobretudo na época da Reforma Protestante. Tanto que, inicialmente relacionada aos oráculos, a hermenêutica mantém sua estrita ligação com a interpretação de textos religiosos ao se relacionar com a Bíblia, sendo aplicada desde a época dos patriarcas do judaísmo, passando pela teologia medieval e a Reforma, até a teologia moderna. 
Se a palavra hermenêutica provém do âmbito teológico, também o problema objetivo da hermenêutica começou com as questões da interpretação da Escritura, havendo, inclusive, várias escolas e correntes da exegese bíblica no antigo judaísmo.
É certo que a hermenêutica é um tema essencial para a teria do conhecimento. Tudo que é apreendido e representando pelo sujeito cognoscente depende de práticas interpretativas. Como o mundo vem à consciência pela palavra, e a linguagem é já a primeira interpretação, a hermenêutica torna-se inseparável da própria vida humana.²
Por sua vez, os romanos passaram do conceito de hermenêutica para a interpretatio, principalmente devido ao trabalho dos prudentes, que não se contentavam em entender o texto da lei, mas buscavam compreender o seu significado nos efeitos práticos produzidos na vida das pessoas, formando a jurisprudência (juris prudente). 
No campo jurídico ela é usada para a interpretação fidedigna da ideia do autor para que seja adequada a norma ao fato ocorrido e assim proporcione uma responsável aplicação do Direito. Tendo em vista que a Hermenêutica Jurídica em lato sensu divide-se em interpretação, integração e aplicação do Direito. Dessa forma é imensurável a importância da Hermenêutica para todos os campos de atuação ressaltando o campo jurídico, para que possamos entender melhor o Direito e sua aplicação.
A forma de pensar tipicamente romana retorna ao centro dos estudos jurídicos a partir do resgate do Corpus Iuris Civilis interpretando-o de maneira analítica. Davam explicações sobre cada parágrafo dos textos clássicos, mas sem preocupar-se em relacioná-los com outras partes da obra. 
Com o surgimento dos Comentadores, estudiosos que passaram a interpretar o Direito Romano de forma mais livre, passou-se a buscar soluções para casos concretos alicerçados no conjunto da obra, e não apenas em partes específicas do texto romano. 
Faziam uma interpretação com base filosófica, associando o Direito à Ética e buscando integrá-lo a um valor fundamental, a Justiça. 
Mais tarde surgiu um o movimento de nome humanista que, baseado na racionalidade, que se iniciou com os Comentadores, foi reforçado não só pelo humanismo, mas também pelo iluminismo, com foco de estudo na razão. Essa concepção acabou por dar origem à hermenêutica contemporânea, de base essencialmente filosófica, cujo expoente primeiro foi o teólogo protestante Friedrich Schleiermacher, seguido por outros importantes filósofos, como Wilhelm Dilthey, Martin Heidegger e, principalmente, Hans-Georg Gadamer cuja obra Verdade e Método é referência no entendimento da hermenêutica como filosofia, que serão abordados no próximo módulo de estudo.
 
1. Texto adaptado da publicação História da Hermenêutica Jurídica de Maciel, José F. R. Carta Forense. 2008
2. Soares, M. Freire. Hermenêutica Jurídica. Coleção Saberes do Direito. São Paulo. Saraiva, 2013.
Exercício 1:
Qual o conceito de Hermenêutica?
A)
Hermenêutica relaciona-se à questão da lógica.
B)
Hermenêutica é a ciência que estuda a finalidade social da norma.
C)
Podemos dizer que a hermenêutica jurídica relaciona-se com a ciência da interpretação da linguagem jurídica, a qual tem por objetivos sistematizar princípios e regras.
D)
Hermenêutica é a ciência que estuda a anomia, ou seja, ausência de norma.
E)
n.d.a.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) 
Exercício 2:
Podemos dizer que a hermenêutica, enquanto ciência da interpretação se ocupa de:
A)
conferir a aplicabilidade da norma jurídica às relações sociais.
B)
estender o sentido da norma às relações novas.
C)
dar o alcance do preceito normativo para que corresponda às necessidades sociais.
D)
garantir intersubjetividade, uma vez que o intérprete e o legislador dão sentido a um significado objetivamente válido.
E)
todas estão corretas.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
E) 
Exercício 3:
Podemos dizer que na obra "da interpretação" (tradução) faz-se uma relação entre os conceitos e a realidade, uma vez que o processo do conhecimento se faz por meio de abstrações mentais daquilo que é adquirido por meio da experiência sensível. Estamos falando da obra:
A)
Hermeneuein do deus grego Hermes.
B)
Ars Interpretandi de Platão.
C)
Peri Hermeneias de Aristóteles.
D)
Corpus Iuris Civilis de Justiniano.
E)
Juris prudente do Direito Romano.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
D) 
B) 
A) 
D) 
E) 
C)

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