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Teoria Geral da Prova Prof Mauricio Januzzi (1)

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Teoria Geral da Prova – Prof Mauricio Januzzi
05/02/20
Conceito de prova: São os elementos produzidos pelas partes ou pelo próprio juiz por meio de procedimento legal e regular, visando esclarecer dentro do processo a existência de fatos sob os quais recaia dúvida.
No processo penal o ônus da prova é da acusação.
Prova é, por tanto, o estabelecimento de um fato no processo. Provar é levar fatos para o processo.
Não é preciso provar o Direito, ou seja, não é necessário provar que o art. 121 é crime.
Normas penais em branco.
É um preceito incompleto, genérico ou indeterminado, que precisa da complementação de outras normas. A doutrina distingue as normas penais em branco em sentido lato e em sentido estrito. As normas penais em branco em sentido lato são aquelas cujo complemento é originário da mesma fonte formal da norma incriminadora. Nesse caso, a fonte encarregada de elaborar o complemento é a mesma fonte da norma penal em branco, há, portanto, uma homogeneidade de fontes legislativas. As normas penais em branco em sentido estrito, por sua vez, são aquelas cuja complementação é originária de outra instância legislativa, diversa da norma a ser complementada, e aqui há heterogeneidade de fontes, ante a diversidade de origem legislativa. https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/1417/Norma-penal-em-branco
O objeto de prova são os fatos que reclamam uma apreciação e que exigem uma comprovação, por isso, não de deve fazer prova do direito a ser aplicado, uma vez que o juiz conhece o direito, salvo se for um direito local, isto é, um direito estadual, municipal, um exemplo é um feriado local.
Outra exceção é o direito regulamentar, que são administrados ou complementam a lei (ANVISA resoluções sobre drogas, portaria 344). 
Meio de prova são todos os meios lícitos que são capazes de provar o fato. Tudo quanto possa servir direta ou indiretamente a comprovação da verdade que se precisa no processo.
A qualquer tempo pode-se incluir novos documentos.
Momento em que se “mostra” quais são as provas que serão usadas no processo:
Fonte de prova são as indicações feitas pelas partes para desenvolver a atividade probatória, isto é, onde será requerida a produção de provas em regra a acusação na denúncia e a defesa na resposta da acusação
De acordo com o que diz o artigo 156 CPP a prova de alegação incumbe a quem fizer,
Para se julgar utiliza-se o princípio da verdade real.
O juiz também poderá produzir provas, desde que haja dúvida razoável para a formação de sua convicção art 156 inciso II CPP.
O ônus da prova é um encargo que tem os litigantes de provar pelos meios admissíveis a verdade dos fatos.
Princípios Gerais do Processo Penal
Da Busca da Verdade Real, isto é, a prova deve ter a maior amplitude possível para permitir ao julgador formar a sua opinião.
Da Liberdade de prova, “a princípio pode-se provar qualquer fato, por qualquer meio de prova em direito admitido”. Ocorre, porém, que há uma limitação nessa liberdade que vem escrita no § único do art. 155 do CPP.
Princípios Gerais do Processo Penal
a) Estado civil somente é provado por certidão de casamento, convívio etc.
b) Falecimento apenas por certidão de óbito
c) Reincidente por certidão de objeto e pé
d) Menoridade por certidão de nascimento
04/03/20 - Continuação
e) Contraditório por audiência bilateral toda prova produzida no processo penal deverá ser dado conhecimento e tempo para a outra parte se manifestar, não existe prova escondida ou surpresa para que se use 1 prova no júri a mesma precisa ser apresentada com pelo menos 3 dias de antecedência. Toda prova admite uma contra prova, não sendo admissível a produção de uma delas sem o conhecimento da outra parte.
f) Auto responsabilidade das partes as partes se responsabilizam pela prova apresentada, elas assumem as consequências da produção de provas, inclusive de atos intencionais (documento falso, mandar a testemunha mentir, e também as consequências de não produzir a prova, ou seja, uma vez intimada deixa transcorrer o prazo sem produzir provas e assume as consequências de sua inatividade.
g) Aquisição ou comunhão de provas as provas produzidas por uma das partes servem a ambos os litigantes, e ao interesse da justiça.
h) Oralidade no processo penal a predominância da palavra falada do que da palavra escrita (documento) porque o processo penal se debruça sobre fatos.
i) Publicidade em regra as provas gozam de publicidade geral e irrestrita, as exceções constam da lei (processo em segredo de justiça)
j) Livre convencimento motivado o juiz tem liberdade para decidir, porem sua decisão deve ser fundamentada nas provas disponíveis apresentadas no processo.
Sistema de Apreciação de Provas
Existem 3 sistemas e são eles:
1) Prova Legal é aquele em que o legislador se encarregou de valorar a prova, indicando as que tem um maior valor e as que tem um menor valor, esse sistema não é adotado no Brasil.
2) Certeza moral do juiz ou intima convicção é aquele em que o juiz julga de acordo com o seu livre arbítrio sem necessidade de fundamentar a sua decisão na prova dos autos, no Brasil é adotado no tribunal do júri através dos jurados.
3) Livre convencimento ou da livre convicção em que é o juiz que irá dar o valor da prova através da motivação de sua decisão.
Procedimento probatório = na audiência 
Não estudar as classificações das provas
Prova artigos 185 a 196 CPP – Interrogatório acusado
Conceito de interrogatório – é o ato através do qual o juiz coleta daquele que é apontado como acusado, informações sobre a autoria e materialidade dos fatos dos quais está sendo acusado.
Não interroga o acusado sem a presença de seu defensor.
O interrogatório será realizado em duas partes:
1º art. 186 CPP chamado de interrogatório qualificado onde será questionado as informações pertinentes do acusado, nome, endereço.
2º art. 187 CPP chamado de interrogatório de mérito cujas perguntas que deem ser formuladas são aquelas previstas no inciso do 
§ 2 do art. 187.
No primeiro interrogatório o réu e o juiz e ao fundo do interrogatório ele indagar das partes se restou algum fato a ser esclarecido, formalizando as perguntas se entender pertinentes ou relevantes.
12/03/20
Interrogatório
Caráter misto do interrogatório => é considerado meio de prova e meio de defesa.
É considerado meio de prova, pois o réu quando se defende não deixa de apresentar elementos ao julgador que podem ser utilizados na formação, na convicção do magistrado.
É considerado meio de defesa porque é no interrogatório que o acusado se autodefende da acusação que lhe é imputada alegando um álibi e dando a sua versão sob os fatos.
Finalidade do interrogatório 
a) Compreender a personalidade do acusado, o que é importante para formar e determinar a quantidade da pena. (art. 59 CP);
b) Verificar a reação do acusado frente a perguntas;
c) Dar ao acusado a sua versão dos fatos, dando a oportunidade da autodefesa;
Características do interrogatório
a) Ato púbico – exceção nos casos previstos no art. 792 CPP § 1º
b) Ato personalíssimo – isto é só o réu pode ser interrogado, não podendo ser substituído por outra pessoa, nem pelo seu advogado.
c) Judicialidade – cabe ao juiz de direito interrogar o réu admitindo-se, todavia, que as partes solicitem esclarecimentos art. 188 CPP.
d) Necessidade da presença do advogado no ato – nenhum réu será interrogado sem a presença de um advogado (art. 185 CPP), e bem o juiz deve garantir antes do interrogatório ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor art. 185 §5º CPP.
e) Oralidade – ou seja, o depoimento do réu é feito oralmente e hoje é gravado em vídeo para registo.
f) Os corréus serão ouvidos separadamente para evitar combinações de versões art.191 CPP 
Direitos do Réu Interrogatório
Estão previstos no art. 186 CPP e parágrafo único do mesmo artigo.
1. Após o interrogatório de qualificação, o juiz informará que o réu tem o direito ao silencio, e que assim fazendo, isso não pode ser interpretado em seu desfavor, é uma garantia constitucional.
Direito ao silencia 
2. Não responderas perguntas que lhe forem feitas, novamente é uma garantia constitucional. Direito de não se autoincriminar ou se declarar culpado, é um direito que decorre do princípio de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si. É um direito natural que decorre da própria natureza humana e vem de um instinto de autopreservação.
Ler art. 189 CPP
Conteúdo do Interrogatório
A primeira parte é chamada de interrogatório de identificação ou de qualificação, é o momento onde o juiz fará perguntas para a qualificação do réu.
A segunda parte é chamada de interrogatório de mérito, serão perguntas que deverão ser feitas ao juiz obrigatoriamente ao acusado, não se limitando ao roteiro do art. 187 § 2º (exemplificativo).
Pode fazer outras perguntas que julgue necessário para o esclarecimento.
Lembrete
	 Questão de ordem => Quem está fazendo a audiência fere o ordenamento da lei, está contrataria ao que a lei determina ou a constituição. Não é necessário a outra parte dar autorização.
Aparte => É quando se refuta o argumento de quem está com a palavra, é um pedido a outra parte, que poderá ser aceito ou não.
O acusado ausente tem direito a defesa?
Sim, mesmo que ausente será defendido por advogado, quer ele seja constituído ou nomeado para assegurar a sua ampla defesa, o acusado pode se recusar a comparecer no interrogatório.
O interrogatório é o último ato de instrução criminal.
A vítima não é obrigada a falar a verdade. 
Casos especiais de interrogatório (art. 192 e 193 CPP) não vai cair na prova
01/04/20 Aula remota e conteúdo disponibilizado pelo Prof. Maurício
INTERROGATÓRIO 
ARTS. 185/200 do C.P.P.
1. CONCEITO - É ato pelo qual o Juiz coleta, daquele que é apontado como réu informações sobre a autoria e a materialidade delitiva. 
2. CARÁTER MISTO (pela doutrina dominante) 
A) meio de prova - pois mesmo quando se defende não deixa de apresentar elementos ao julgador que podem ser utilizados na formação de sua convicção. As palavras do réu podem fazer prova em relação a ele e a terceiros. 
Ex. 
1) Ele é interrogado e delata os comparsas – a palavra dele pode ser considerada prova do delito dos comparsas. 
2) Dois réus no mesmo processo. Crimes diferentes conexos. O interrogatório pode servir para provar o crime conexo. 
3) Uma pessoa é surpreendida trazendo consigo um cigarro de maconha e diz “acabei de comprar daquela pessoa”. Os dois podem ser presos em flagrante.
 
B) meio de defesa- o acusado pode, no interrogatório, defender-se da acusação, dando sua versão dos fatos, alegando um álibi, etc. 
Nele o réu pode exercer a autodefesa que abrange dois direitos: 
1) direito de audiência- direito de ser ouvido, mas se quiser pode permanecer em silêncio; 
2) direito de presença – direito que o réu tem de estar presente aos atos de instrução.
3. MOMENTO - a qualquer tempo, no curso do processo, podendo, proceder-se, caso necessário, o reinterrogatório do acusado- art. 196 do C.P.P. 
4. MOMENTOS LEGAIS USUAIS-
A) no Inquérito Policial. – Art. 6º, IV do C.P.P.
B) no auto de prisão em flagrante – art. 304 do CPP
C) logo após o recebimento da denúncia e da queixa e
D) antes da defesa prévia – arts. 394 e 395 do C.P.P.
E) no plenário do júri – art. 465 do C.P.P.
F) no tribunal – processos originais – Art. 7º da Lei 8.038/90 (STF e STJ).
G) no tribunal – no curso da apelação – art. 616 do C.P.P.
5. NECESSIDADE-
· decorre da própria lei- art. 185 do C.P.P. 
· é necessário, mas não é imprescindível.
· falta do interrogatório quando possível causa nulidade insanável – arts. 185, 564, III, “e”, 572, I todos do C.P.P. (réu presente).
6. FINALIDADE (segundo ESPÍNOLA FILHO) -
A) compreender a personalidade do acusado (art. 59 do CP);
B) verificar as reações do acusado; 
C) dar o acusado sua versão dos fatos (art. 65, “d” CP- confissão é atenuante genérica)
7. CARACTERÍSTICAS-
A) ato público- exceção - art. 792, § 1º do CPP
B) ato personalíssimo- não admite representação; 
C) Judicialidade- cabe só ao juiz interrogar o réu, admitindo-se, todavia, que as partes solicitem esclarecimentos (art. 188 do CPP);
D) necessidade da presença de advogado- art. 185 do C.P.P. Além disso, o réu tem direito a entrevista reservada com seu defensor antes do início do interrogatório (art. 185 § 2º do CPP); 
E) oralidade - serão perguntas e respostas feitas oralmente e depois reduzidas a termo. O Código Eleitoral (Lei 4737/65), art. 359, estabelecia a apresentação de contestação, ao invés de interrogatório. Todavia, a lei 10.732/2003, deu nova redação ao referido artigo, estabelecendo que o réu será citação para “depoimento pessoal”, o que não deixa de ser um interrogatório. 
F) corréus serão ouvidos separadamente - art. 191 do C.P.P..
8. DIREITOS DO RÉU NO INTERROGATÓRIO- 
8.1 - DIREITO AO SILÊNCIO - art. 186 e § único do C.P.P. - É direito constitucional - art. 5º, inciso LXIII. Princípio do nemo tenetur se detegere (ninguém é obrigado a acusar-se). A CF fala só em “preso”, mas pode ser “solto” também. O que a CF quer é avisar ao que efetua a prisão a necessidade de dizer os três direitos do preso. 
O silêncio não poderá ser interpretado em desfavor do acusado.
8.2 -DIREITO DE NÃO SE DECLARAR CULPADO- art. 189 do C.P.P. - É um direito natural, decorre da natureza humana e vem de um instinto de auto preservação. Diante de uma acusação a primeira reação da pessoa é se defender. Pacto da San José da Costa Rica (art. 8º, II, g, 2ª parte).
O réu pode mentir em favor da sua defesa. Desde que a mentira esteja circunscrita aos limites necessários à sua defesa.
9. CONTEÚDO DO INTERROGATÓRIO- art. 187 do C.P.P.-
A) interrogatório de identificação – § 1º
B) interrogatório de mérito- § 2º e incisos
O juiz não fica limitado a este roteiro, podendo ser feita qualquer pergunta que julgue necessária para o esclarecimento da verdade.
10. CASOS ESPECIAIS-
A) art. 192 do C.P.P. - surdo-mudo.
B) art. 193 do C.P.P.- réu que não saiba comunicar-se na língua nacional. É necessária a tradução do intérprete mesmo que o juiz conheça o idioma do acusado. Se o idioma for parecido com o português e todos entenderem não causa nulidade a falta de intérprete.
11. INDICIADO OU RÉU MENOR DE 21 ANOS-
Revogado o artigo 194 do C.P.P.
12. ACUSADO AUSENTE TEM DEFESA art. 261 e § único e art. 537, § único CPP. neste caso, sempre será defendido por advogado constituído ou nomeado, para asseguramento da ampla defesa. art. 261. e art. 537, § único CPP. 
13. INTERROGATÓRIO NA LEI Nº 9.099/95: O art. 81, caput, da Lei dos Juizados Especiais previu a realização do interrogatório do autor da infração penal após a oitiva da vítima e das testemunhas.
13. CONFISSÃO ARTS. 197/200 do C.P.P.
13.1 - CONCEITO: É o reconhecimento da responsabilidade pelo crime. É uma prova como outra qualquer e seu valor depende de cada caso (art. 197). Durante séculos foi considerada a regina probarum (rainha das provas) e a probatio probatíssima (a prova mais que prova, a prova que tem maior força probante). Até porque era a prova mais fácil de se obter porque a tortura era oficial. A confissão servia também para evitar a pena capital. Hoje ela é uma prova como outra qualquer e seu valor depende de cada caso (art. 197). 
13.2 –ESPÉCIES :
A)- simples: quando o autor do fato criminoso o reconhece, sem aduzir justificativas ou dirimentes. Daí concluímos que a auto defesa é disponível, porque o réu pode confessar. Já a defesa técnica é indisponível. 
B) complexa: quando o autor confessa vários fatos a ele imputados.
C) qualificada: confessa a prática do fato típico, mas alega uma excludente da antijuridicidade ou da culpabilidade. persegue a absolvição com respaldo no art. 386, V . O réu admite o fato, mas não admite o crime. 
D) judicial: quando ocorre em juízo
E) extrajudicial: quando se produz nos autos de inquérito policial ou fora da ação penal.
F) expressa: voluntariamente produzida por palavras ou escritos.
G) tácita (ficta): deduzida de um ato do autor. Ex: silêncio no interrogatório, revelia, fuga. Na nossa legislação não existe essa forma de confissão. 
13.3 REQUISITOS PARA UMA CONFISSÃO VÁLIDA:
A) intrínsecos: 
 a) verossimilhança: é a probabilidade do fato ter ocorrido como confessado.
 b) a certeza: a ciência advinda da evidência dos sentidos por parte do julgador.
 c) clareza: estar despida de obscuridades, ambiguidades, não apresentando fatos inexplicáveis;
 d) persistência: a repetição;
 e) coincidência: com os demais elementos probatórios e circunstâncias do fato;
B) Extrínsecos ou formais:
 a) pessoal: não pode ser feita por mandatário ou
 defensor;
 b) expressa: e logo reduzida a termo;
 c) perante juiz competente;
 d) livre e espontânea: sem coação
 e) ter o confidente sanidade mental
obs: pode a confissão não apresentar um ou outro requisito e merecer credibilidade.
13.4 MOMENTO DA CONFISSÃO: normalmente no interrogatório, mas pode ser feita a qualquer tempo. Quando fora do interrogatório será reduzida a termo - art. 195 do CPP.
13.5 CARACTERÍSITICAS: art. 200 do CPP
A) Retratável- retratação é retirar o que se disse - pode ser a qualquer tempo.
B) Divisível: ex. tratando-se de confissão qualificada, pode-se aceitar a confissão em relação ao fato típico e recusar a da excludente.
PERGUNTAS AO OFENDIDO
ART. 201 do CPP
1. CONCEITO DE OFENDIDO: “Pessoa natural titular do direito lesado ou posto em perigo na infração penal, ainda que se trate de crime contra a Administração Pública".[1]. É quem sofre a ação violatória da norma. 
Ofendido não é testemunha. Tanto é assim que é tratado em capítulo diverso das testemunhas. 
Não presta o compromisso de dizer a verdade. Apesar da ausência do compromisso, as declarações da vítima podem ser suficientes para uma condenação quando não elididas por outros elementos de convicção.
Não é computado como testemunha, não influindo no máximo legal.
2. DECLARAÇÕES:
· deve-se aplicar por analogia os arts. 187 e 203 CPP no que for cabível;
· não comete falso testemunho (não prestou compromisso), mas pode responder por denunciação caluniosa (art. 339 CP);
· as partes podem reperguntar;
· pode ser conduzido coercitivamente - art. 201 CPP § único;
· pode ser processado por crime de desobediência (art. 330 CP).
· aplica-se ao ofendido os arts. 217, 220 e 225 relativo às testemunhas.
3. VALOR PROBATÓRIO: há entendimentos no sentido de que, em princípio, deve ser aceita com reservas, já que o ofendido é interessado no litígio.
Em certos casos são decisivas (crimes contra o costume).
É bem aceita quando se tratar de autores desconhecidos do ofendido - roubo, sequestro. Não há por que incriminar um inocente.
Deve ser analisada frente ao conjunto probatório.
TESTEMUNHAS
ARTS. 202/225 do CPP
1.CONCEITO: "Testemunha é a pessoa que, perante o juiz, declara o que sabe acerca dos fatos sobre os quais se litiga no processo penal, ou as que são chamadas a depor, perante o juiz, sobre suas percepções sensoriais a respeito dos fatos imputados ao acusado." [2].
É uma das provas mais frequentes e seu valor é relativo. Não vigora no processo penal brasileiro a regra testis unus, testis nullus (testemunho único, testemunho nulo).
2. CARATERÍSTICAS DO DEPOIMENTO DAS TESTEMUNHAS:
2.1- JUDICIALIDADE: Vigora o sistema presidencialista da audiência (art. 212). As perguntas das partes serão requeridas ao Juiz e ele pode, inclusive, reformulá-las. 
No Brasil sistema da inquirição direta só é possível no plenário do Júri (art. 467 e 468 do CPP). A jurisprudência considera que fica a critério do Juiz aplicar um ou outro sistema. 
Nos termos do art. 212, o Juiz não pode indeferir pergunta das partes, salvo se impertinentes ou repetitivas. Não cabe recurso contra o indeferimento de perguntas. O que a parte poderá fazer é, nas alegações finais argüir a nulidade do depoimento pelo indeferimento. A nulidade é relativa, ou seja, tem de ser argüida e demonstrado o prejuízo. Pode ser aplicado o art. 416 § 2º do Código de Processo Civil. por analogia, ou seja, o Juiz consignar no termo do depoimento o teor da pergunta e os motivos do indeferimento, caso a parte assim o requeira. 
2.2- ORALIDADE: deve ser prestado de viva voz (mesmo que depois seja reduzida a termo. art. 204).
Pode haver consulta a breves apontamentos (art. 204 § único).
Há exceções quanto a surdo-mudo, algumas autoridades podem optar pela prestação de depoimento por escrito. (art. 221, § 1º). 
2.3- OBJETIVIDADE: deve restringir-se aos fatos, sem juízo de valor ou externar opinião (art. 213).
2.4- RETROSPECTIVIDADE: depõe sobre acontecimentos pretéritos, não faz prognósticos.
3. CAPACIDADE TESTEMUNHAL: Art. 202 CPP. Qualquer pessoa pode ser testemunha. Ocorre, todavia, que em relação a algumas testemunhas, não se coleta o compromisso do art. 203 do C.P.P. (conf. art. 208 C.P.P.).
08/04/20 Aula remota e conteúdo disponibilizado pelo Prof. Maurício
4. ISENÇÕES e PROIBIÇÕES: Toda testemunha, em regra, é obrigada a depor - art. 206 C.P.P. Algumas, todavia, podem isentar-se do dever e outras estão proibidas de depor. 
4.1- ISENTAS- Art. 206, 2ª parte- parentesco. A enumeração do art. 206 é taxativa e não exemplificativa. Podem, portanto, recusar-se a depor os membros da família do réu, ou seja, ascendentes, descendentes, afins em linha reta (sogro, genro, nora, padrasto, enteado, cônjuge ainda que judicialmente separado e parentes por adoção) 
Poderão depor se quiserem, ou se não houver outro elemento de prova art. 206, in fine. 
Não prestam o compromisso de dizer a verdade (art. 208, in fine).
4.2- PROIBIDAS- Art. 207 CPP- em razão da função ministério, ofício ou profissão.
· função – Conjunto de atividades inerentes a determinado cargo, emprego ou serviço. É, também, a tarefa estabelecida por lei ou juiz. Ex. tutor, curador, escrevente que acompanhou processo em segredo de justiça, inventariante.
· ministério – atividade religiosa. Ex. padre, freira, rabino, etc.
· ofício- é o desempenho de uma ocupação manual ou mecânica, que exige habilidade, constituindo ou não atividade profissional. Ex. secretária, auxiliar de escritório, arquivista do escritório de advocacia.
· profissão – atividade especializada, que demanda preparo e habilitação técnica, de onde se extrai a subsistência- Ex. advogado. - Sigilo profissional - art. 89, XVII do estatuto da OAB.
As pessoas do art. 207, se tiverem o consentimento da parte interessada, podem depor. Mesmo assim não estão obrigadas. É uma faculdade. 
Se resolverem depor, prestarão compromisso.
Corréu - não pode ser arrolado como testemunha. “Impedimento decorrente do direito daquele de se manter em silêncio. Inteligência do art. 5º, LXII da CF. Exclusão do rol de testemunhas determinada. Correição parcial deferida. É inadmissível a inquirição de corréu como testemunha de outro acusado”. (TJSP- Correição parcial 247.297/SP). 
5. DEVERES DA TESTEMUNHA:
5.1 -DEVER DE COMPARECIMENTO a juízo quando intimada (arts. 218/221 CPP). O não comparecimento poderá importar em condução coercitiva (art. 218 do CPP); pagamento das custas da diligência e cometimento de crime de desobediência ( art. 219). 
Caso a testemunha esteja impossibilitada de deslocamento, poderá ser inquirida onde estiver (Art. 220 do CPP).
O art. 221 CPP elenca autoridades que serão inquiridas em local, dia e hora que combinarem com o Juiz, Não ficam, portanto, sujeitos a multa, processo criminal, condução coercitiva e pagamento de custas. 
Aos funcionários públicos, aplicar-se-á o art. 218 CPP, podendo ser conduzido coercitivamente, mas a expedição do mandado deve ser oficiada ao chefe da repartição, com o dia e a hora, para que se possa proceder à substituição (art. 221 § 3º CPP).
A testemunha militar não é intimada a comparecer. O juiz deve oficiar seu superior requisitando o comparecimento (art. 221 § 2º).
Testemunha de fora da terra- art. 222 caput – Morando em outra Comarca a testemunha, deverá ser expedida carta precatória para sua oitiva. As partes têm de ser intimadas da expedição da precatória para que possam acompanhar a inquirição. Sum. 273 do STJ- Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessáriaa intimação da data da audiência no Juízo deprecado. Sum. 155 do STF- a não expedição da precatória gera nulidade relativa. A expedição da precatória não interfere no prosseguimento do processo. O Juiz pode proferir uma sentença mesmo sem a devolução da precatória, desde que o prazo para o cumprimento já tenha escoado. O cumprimento é exigível quando a testemunha for essencial, mas deve-se estar atento à ocorrência da prescrição. 
Presença do réu no juízo deprecado para a inquirição das testemunhas: há duas posições a esse respeito: a) a jurisprudência majoritariamente, vem reconhecendo que a presença do réu, no juízo deprecado, é dispensável, podendo ser colhido o depoimento somente com a participação da acusação e da defesa técnica. b) grande parte da doutrina insurge-se contra esse procedimento, argumentando que a ampla defesa e o contraditório ficam arranhados, inexistindo razão para dois métodos: garantir a presença do réu no juízo natural da causa e torná-la irrelevante no juízo deprecado. 
5.2-DEVER DE PRESTAR JURAMENTO- art. 203, 1ª parte do CPP. Sob palavra de honra e sob as penas da lei. Pessoas que não precisam prestar compromisso- art. 208. – Informantes: menores de 14 anos, maiores de 14 e menores de 18, prestam compromisso sob pena de ato infracional. As do art. 206, ou seja, familiares do réu. 
5.3 DEVER DE PRESTAR DEPOIMENTO VERDADEIRO- 210 e 211 do CPP. A testemunha não pode prestar informação falsa nem calar a verdade, sob pena de responder pelo crime de falso testemunho (art. 342 § 1º CP). 
A testemunha não é obrigada a responder uma pergunta que possa incriminá-la. O C.P.P. não diz nada a respeito, mas ninguém é obrigada a auto acusar-se (Pacto de San José – art. 8º II, g). Art. 406, I do CPC (“A testemunha não é obrigada a depor de fatos: I- que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge e aos seus parentes consanguíneos ou afins, em linha reta, ou na colateral em segundo grau”). STF –“Testemunha e direito ao silêncio- A condição de indiciado ou testemunha não afasta a garantia constitucional do direito ao silêncio (CF art. 5º LXIII). Com esse entendimento, o tribunal, embora salientando o dever do paciente de comparecer à CPI e depor na eventualidade de convocação, deferiu HC para assegurar ao mesmo o direito de recusar-se a responder perguntas quando impliquem a possibilidade de auto-incriminação” (HC 79.812-SP).
No caso de falso testemunho ao ser a testemunha ouvida por carta precatória, o foro competente para eventual ação penal será do Juízo deprecado (jurisprudência pacífica).
5.4- COMUNICAR AO JUIZ QUALQUER MUDANÇA DE ENDEREÇO DENTRO DE 1 ANO - art. 224 CPP (sanção - 224 in fine) Conta-se o prazo da data da oitiva na polícia ou em juízo.
Pode responder pelo crime de desobediência, mas se for encontrada não há sanção.
6. NÚMERO- Depende do rito:
6.1 RITO ORDINÁRIO - art. 398 do CPP- 08 para cada fato (acusação) ou para cada réu (defesa).
6.2 -RITO DO JÚRI NO PLENÁRIO - arts. 417, § 2º do CPP e 421 do CPP- 05 testemunhas.
6.3-RITO SUMÁRIO - art. 539 do CPP- 05 testemunhas.
6.4- RITO SUMARÍSSIMO- 531 e 532 C.P.P e art. 34 da L. 9099/95 (analogia)- 3 testemunhas
São as testemunhas numerárias.
Não se computa o ofendido, o informante e a que nada souber sobre a causa (art. 209, § 2º).
O juiz pode ouvir outras que não as indicadas pelas partes - art. 209 "caput" - princípio da verdade real, que serão ouvidas além das indicadas pelas partes.
7. DEPOIMENTO ANTECIPADO - art. 225 CPP- Se a testemunha tiver de ausentar-se ou, por enfermidade, ou por velhice e inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já tenha falecido.
8. CONTRADITA art. 214 do CPP- É a impugnação ou objeção apresentada pela parte, geralmente em relação à testemunha arrolada pelo adversário. Normalmente se alega uma das circunstâncias dos arts. 207 e 208 do CPP. Só não serão ouvidas as proibidas de depor. 
Arguição de defeito- Contestação à imparcialidade ou confiabilidade da testemunha. Ao juiz cabe consignar a contradita e a resposta da testemunha, compromissando-a e inquirindo-a em seguida. O valor do seu testemunho será, então, verificado quando da sentença.
9. CLASSIFICAÇÃO DAS TESTEMUNHAS:
A)- direta: depõe sobre fatos a que assistiu (de viso);
B)-indireta: depõe sobre fatos que sabe por ouvir dizer (de ouvir dizer )
C)- própria: depõe sobre fatos objeto do processo, cuja existência conhece por ciência própria ou por ouvir dizer;
D)- imprópria ou instrumentária: depõe sobre ato do inquérito ou do processo a que esteve presente;
E)- informante - aquela que não presta compromisso
F)- referida - terceira pessoa indicada no depoimento de outras testemunhas – (art. 209, § 1º)
G)- numerária - a indicada pelas partes, conforme o número máximo permitido.
H)- extranumerária - ouvida por iniciativa do juiz (art. 209 C.P.P.)
Aula 15/04/20 - online
PERÍCIAS Art. 158/184 do CPP 
1. CONCEITO: Perícia é o "exame procedido por pessoa que tenha determinados conhecimentos técnicos, científicos, artísticos ou práticos acerca de fatos circunstâncias ou condições pessoais inerentes ao fato punível, a fim de comprová-los". 
Existem perícias que não podem ser determinadas pela autoridade policial, mas só pelo Juiz:
a) a de insanidade mental do acusado (art. 149 e seg. do CPP)
b) dependência de tóxicos (art. 19, 23 § 1º, 29 e 31 Lei 6368/76 e art. 20 que reconhece a aplicação subsidiária do CPP- portanto, aplicáveis os arts. 149 a 153 do CPP)
c) exame de produtos contra a propriedade imaterial de ação penal privada (art. 527 e 528 do CPP). 
2. QUEM PODE REALIZAR PERÍCIAS: 
PERITO- Apreciador técnico, ou científico, ou artístico etc., auxiliar do juiz. É o sujeito da prova pericial. 
· Peritos oficiais - regra - art. 159 caput. 
· Peritos não oficiais- exceção - art. 159, § 1º. - pessoa idônea, portadora de diploma de curso superior, de preferência com habilitação técnica compatível com a natureza do exame pericial. O perito nomeado não pode recusar a nomeação, salvo motivo justificável (CPP art. 277), pois, sendo auxiliar da justiça, assume ônus processual. Pode ser conduzido coercitivamente (art. 178). 
Estão impedidos de ser peritos, nos termos do art. 279 do C.P.P., os que estiverem sujeitos à pena de interdição temporária de direito (art. 47 CP- hipóteses de indignidade e inidoneidade); os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia (incompatibilidade); e os analfabetos e menores de 21 anos. Aos peritos também se aplicam, no que for cabível, as causas de suspeição dos juízes (art. 281 CPP). 
3. NÚMERO DE PERITOS: 
ART. 159 e § 1º- Dois- sejam eles oficiais ou não oficiais. 
A assinatura por um só perito constitui nulidade relativa, sujeita, portanto, à alegação e comprovação de prejuízo. (STF- HC 75. 75.793-8, DJU 08/05/1998, p. 3).
4. QUEM PODE NOMEAR O PERITO 
ART. 277: Pode ser nomeado pelo Delegado de Polícia, caso a perícia deva ser realizada no curso da investigação, ou pelo próprio Juiz, se a perícia ocorrer durante a ação penal.
As partes não podem indicar peritos – art. 276. não há assistente técnico.
5. QUEM PODE PROVOCAR A REALIZAÇÃO DA PERÍCIA:
Autoridade policial - tem, em certos casos, o dever jurídico de determinar a realização da perícia - art. 6º, VII do CPP
Autoridade judiciária - pode determinar que se proceda
Partes - cabe indeferimento - art. 184 c.c. 14 CPP.
6. LAUDO PERICIAL
É o instrumento da perícia- É o ato escrito que formaliza a perícia. Laudo é feito pelos peritos- pronto e assinado. É diferente do auto que é ditado pelos peritos ao escrivão que o lavra. A diferença é apenas de forma, não de conteúdo e o valor probante é o mesmo.
7. SISTEMA DA VINCULAÇÃO DO JUIZ À PERÍCIA:
7.1 -VINCULATÓRIO: o juiz não pode deixar de aceitar o laudo; 
7.2-LIBERATÓRIO: o juiz pode ou não aceitar o laudo - é o adotado pelo nosso Código art. 182. Judex est peritus peritorum (o juiz é o perito dos peritos).
EXAME DE CORPO DE DELITO
· Corpo de delito: conjunto de vestígios materiais deixados pelo crime.São os sinais exteriores da conduta delitiva, ou seja, a aparição física do delito. 
· Exame de corpo de delito: é o exame realizado pelos peritos para comprovação de que houve o resultado de que depende a existência do crime. No dizer de Vicente Graco Filho: “O exame de corpo de delito é a constatação pericial dos vestígios resultantes da conduta núcleo do tipo penal”.
Nos crimes que deixam vestígios (delicta factis permanentis- delitos de fato permanente) como por exemplo, lesão corporal (ferimento, hematoma), homicídio (cadáver), falsificação (é o próprio documento), tóxico (substância apreendida), é indispensável exame de corpo de delito nos termos do art. 158 do CPP. É da essência destes crimes deixarem vestígios. Se o vestígio é encontrado ou não para perícia é outro problema.
Há delitos que não deixam vestígios, ou eventualmente deixam vestígios (delicta factis transeunti- delitos de fato transeunte, passageiro/efêmero/volátil): exemplo: calúnia, injúria, difamação, roubo (ex. a) o agente bateu na vítima, deixou lesões corporais e levou a bolsa- deixou vestígios; b) o agente apontou o revólver e concretizou a grave ameaça, subtraindo, então, os pertences da vítima- não deixou vestígios). 
A utilidade dessa distinção é que a regra do 158 só se aplica aos delitos de fato permanente, aqueles que sempre deixam vestígio. Nos de fato transeunte a materialidade pode ser feita por qualquer meio de prova. Ex. roubo que deixou lesões corporais. Estas podem ser provadas por qualquer meio (testemunhas, confissão etc.). 
A ausência do exame de corpo de delito nas infrações penais que sempre deixam vestígios, nos termos do disposto no art. 564, III, “ b” CPP, gera nulidade da sentença condenatória, ou seja, se não estiver nos autos o exame de corpo de delito, o juiz não pode condenar o réu; se condenar, a sentença será nula 
1. MODALIDADES
1.1-DIRETO - quando os peritos procedem diretamente ao exame de corpo de delito.
1.2 INDIRETO – advém de um raciocínio dedutivo quando desaparecem os vestígios. Pode ser feito por qualquer elemento probatório não vedado em lei. 
Fala-se em exame indireto, quando os peritos atestam a existência de vestígios com base em documentos e outros dados que não o vestígio propriamente dito (fichas médicas do hospital que a atendeu).
Art. 167- A prova da materialidade pode ser feita por testemunha quando na verdade não há propriamente um "exame" de corpo de delito e sim prova não pericial do corpo de delito. Chama-se prova testemunhal supletiva. 
Art. 158, parte final. - a confissão não supre o exame de corpo de delito.
Nos termos do art. 161 do CPP, o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia, hora e deve ser realizado o quanto antes, enquanto os vestígios estiverem aptos a provas conclusivas. 
2.1 REGRAS PARA ALGUNS EXAMES:
A) Autopsia (necropsia - exame cadavérico). 
· A palavra autópsia está empregada erroneamente, porque significa exame em si mesmo. O correto é necropsia. Do grego necros- cadáver 
· ART. 162: Visa a estabelecer a causa mortis. É feita 6 horas depois da morte para se ter certeza desta. 
· Exceções: 
· caput- antes de 6 horas se os peritos julgarem pelos sinais de morte que possa ser feita.
· § único (exame externo): - nos casos de morte violenta, (não decorrente de infração morte acidental), se as lesões externas precisarem a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para nada. 
B) Exumação 
· art. 163 - desenterramento do cadáver para que se possa realizar o exame cadavérico.
· art. 166 - dúvidas sobre a identidade do cadáver exumado.
· aplica-se também o disposto no art. 164 e 165 (fotografias, desenhos, esquemas)
C) Exame complementar de lesões corporais 
· art. 168- Tem a finalidade de melhor classificar a lesão corporal porque:
· 1º exame foi incompleto, havendo dúvidas quanto aos ferimentos ou suas causas (art. 181 do CPP).
· porque os peritos à época não podiam classificá-la.
· O § 2º do 168 diz respeito à classificação de lesão corporal grave, por incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias. art. 129, § 1º, “I” C.P. Neste caso, se não houver laudo, considera-se a lesão como leve.
· Pode a ausência ou deficiência do exame complementar ser suprida por prova testemunhal (Art. 168 § 3º CPP). 
D)- exame do local da infração - art. 169 e 171 CPP 
· Exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade deve manter a integridade do local.
E)- perícias de laboratório - art. 170 CPP
F)- perícias de incêndio - art. 173 CPP
G)- exames dos instrumentos da infração - art. 175 CPP
H)- avaliação do produto do crime - art. 172 CPP
I)- exames de escritos - art. 174 CPP
Provas que estão previstas a partir do art 226 CPP
Reconhecimento de pessoas e coisas. 
Como devem estabelecer e fazer o reconhecimento de pessoas e coisas que foram apreendidas ou instrumentos utilizados pelo crime.
Inciso I ao IV
Inciso III deve ser lido em conjunto com 217 do CPP
Prox. aula falará sobre a prova documental e da busca e da apreensão 240 a 250
Conteúdo enviado pelo Prof. Dr. Maurício Januzzi 06/05/2020
Capítulo V
 
PRISÃO
 
1- CONCEITO: É privação da liberdade de locomoção, isto é, do direito de ir e vir, por motivo ilícito ou por ordem legal[1]. 
A liberdade de ir e vir foi arrolada como um dos direitos fundamentais (art. 5º, XV da C.F.) É um direito físico, cuja garantia se dá por meio da ação de habeas corpus (art. 5º LXVIII da C.F.).
O art. 5º, LXI da Constituição Federal traz a norma fundamental sobre a prisão. Ali está prevista a regra geral e as três exceções.
Regra: Só se pode prender uma pessoa com base em ordem judicial escrita e fundamentada proveniente de Juiz competente. Ou seja, é necessário para que se concretize a privação da liberdade do respectivo mandado de prisão.
Exceções: Prisão em flagrante; transgressão militar ou crime propriamente militar. Nestes dois últimos casos é o oficial superior quem dá a ordem de prisão.
 
2- ESPÉCIES DE PRISÃO: O direito brasileiro prevê várias espécies de prisão, quais sejam:
 
2.1- PRISÃO PENA OU PRISÃO PENAL - decorrente de sentença penal condenatória e, portanto, só é aplicável após o trânsito em julgado desta. É a pena privativa de liberdade. Tem a finalidade repressiva e reeducativa.
São três as formas de prisão penal:
* Reclusão- É a mais severa. Cominada aos crimes mais graves. Deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto (art. 33 do C.P.).
* Detenção- É mais branda. Cominada aos crimes menos graves. Deve ser cumprida em regime semi-aberto ou aberto (art. 33 do C.P.).
* Prisão simples- Aplicável às contravenções penais e a ser cumprida sem rigor carcerário, em estabelecimento especial, no regime semi-aberto ou aberto (art. 6º da L.C.P.).
 
2.1- PRISÃO CIVIL – Pode ser decretada para o devedor de alimentos, depositário infiel (art. 320 do C.P.P. e art. 5º § LXVII CF).
2.2- PRISÕES MILITARES OU DISCIPLINARES - nos caso de transgressões ou crimes militares (art. 5º, LXI e art. 142,§ 2º da C.F.).
Também tem caráter disciplinar a prisão prevista no art. 656, parágrafo único do CPP, ou seja, aquela determinada pelo magistrado em face do descumprimento da determinação de apresentação do preso em sede de habeas corpus.[2]
2.3- PRISÃO ADMINISTRATIVA: tem por objetivo compelir alguém a fazer alguma coisa ou para acautelar um interesse administrativo. As hipóteses estão previstas no art. 319 do CPP:
I – contra remissos ou omissos em entrar para cofres públicos com os dinheiros a seu cargo, a fim de compeli-los a que o façam;
II – contra estrangeiro deserto de navio de guerra ou mercante, surto em porto nacional;
III – nos demais casos previstos em lei, por exemplo, contra estrangeiro ou brasileiro naturalizado nos procedimentos relativos à deportação ou extradição (Lei nº 6.815/80).
Com o advento da Constituição Federal de 1988 (art. 5º, inciso LXI), somente a autoridade judiciária competente pode ordená-la.
 
2.4- PRISÃO PROVISÓRIA OU PRISÃO PROCESSUAL OU PRISÃO AD CUSTODIAM (como cautela) - É aquela que antecedeo trânsito em julgado da condenação penal.
 
3- PRISÃO PROVISÓRIA
 
3.1- CONCEITO : É a prisão decretada no curso da investigação ou da ação penal para durar enquanto perdurarem os motivos que a ensejaram.
 
3.2- ESPÉCIES DE PRISÃO PROVISÓRIA :São cinco as espécies de prisão provisória:
· Prisão em flagrante- art. 5º. LXI da C.F. e arts. 301 a 310 do C.P.P.
· Prisão preventiva- art. 311 a 316 do C.P.P.
· Prisão temporária- Lei 7.960/89.
· Prisão por pronúncia- art. 408 § 1º do C.P.P.
· Prisão por condenação recorrível- arts. 393, I e 594 do C.P.P.
 
3.3- PRESSUPOSTOS PARA PRISÃO PROVISÓRIA
 
a-) Fumus boni juris- equivale à fundada suspeita, ou seja, um começo de prova que demonstre a solidez do pedido.
 
b-) Periculum libertatis- não é o perigo na demora do processo e sim se a liberdade do acusado pode ser perigosa, se representa uma ameaça ao processo ou à sociedade.
 
4- PRISÃO EM FLAGRANTE
 
4-1- CONCEITO: Flagrante: do latim "flagrans", "flagrantis" (do verbo "flagrare", queimar), que significa ardente, que está em chamas, que arde.
 
4.2- FINALIDADE - auto defesa social; fazer cessar a prática criminosa e a perturbação da ordem e captação imediata da prova.
 
4.3- SUJEITO ATIVO DO FLAGRANTE: É a pessoa que efetua o flagrante- art. 301 do CPP:
 
4.3.1- flagrante facultativo – pode ser realizado por qualquer do povo;
 
4.3.2- flagrante compulsório – deve ser realizado pela autoridade policial e seus agentes. Deve fazê-lo 24 horas por dia quando possível. “A situação de trabalho do policial civil o remete ao porte permanente de arma, já que considerado por lei constantemente atrelado aos seus deveres funcionais”. (TJSP, HC 342.778-3, Jaú, 6ª C. rel Barbosa Moreira, 19.04.2001, JUBI 60/01). Quando qualquer pessoa do povo prende alguém em flagrante, está agindo sob a excludente de ilicitude denominada exercício regular de direito (art. 23, III do CP). Quando a prisão for realizada por policial, trata-se de estrito cumprimento de dever legal (art. 23, III, CP).
 
4.4- SUJEITO PASSIVO DO FLAGRANTE: Via de regra, qualquer pessoa pode ser presa em flagrante. Mas há exceções:
a) Menores de 18 anos (inimputáveis) – art. 106 e 107 do ECA.
b) Quem socorre a vítima de delito de trânsito- art. 301 da Lei 9503/97 (CTB);
c) Diplomatas estrangeiros- art. 1º, I do CPP e tratados e convenções internacionais;
d) Presidente da República- art. 86 § 3º da C.F.
e) Membros do Congresso Nacional- art. 53 § 2º da C.F.
f) Deputados Estaduais- art. 27 § 1º e 53 § 2º da C.F.
g) Magistrados e membros do Ministério Público- art. 33, II da LOMN e art. 2º, VIII LOMP.
Estes três últimos poderão ser autuados em flagrante no caso de crimes inafiançáveis. No caso dos parlamentares federais e estaduais, o auto de prisão em flagrante deve ser imediatamente encaminhado à respectiva Casa Legislativa. Em se tratando de magistrados e membros do M.P., após a lavratura dos autos, devem ser apresentados, respectivamente, ao Presidente do tribunal ou ao Procurador Geral de Justiça ou da República.
O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável ( art. 7º, § 3º do EOAB).
 
4.5 – MODALIDADES:
4.5.1- Flagrante próprio - art. 302, I e II- Neste caso o agente é surpreendido cometendo a ação típica ou tendo acabado de cometê-la.
 
4.5.2- Flagrante impróprio ou quase flagrante - art. 302, III do CPP- É uma extensão do estado de flagrância para situações nas quais o agente é preso ao fim de perseguição ininterrupta iniciada logo após o cometimento da infração penal. Não importa quanto tempo demore a perseguição, desde que contínua e iniciada tão logo tenha o fato ocorrido.
 
4.5.3- Flagrante presumido ou ficto - art. 302, IV do CPP – Nesta hipótese o agente é encontrado tendo em seu poder instrumentos, armas, objetos ou papéis que levem à presunção de ser ele o autor do fato. É necessário que tal situação configure-se logo depois do fato. 
 
4.5.6 - Modalidades peculiares de flagrante
 
a) flagrante esperado – A polícia é avisada de antemão e fica à espreita (“campana”). A iniciativa é toda do agente e a vontade de realização preexiste. É válido.
 
b) flagrante preparado ou provocado – Neste caso, há preparação ou provocação de situação que induza alguém à prática de um crime. Se há atuação na vontade do agente, impossível o crime e assim também a concretização de prisão em flagrante. O induzimento é essencial para impossibilitar ou tornar inválida a prisão. - Súmula 145 do STF (Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação).
 
c) flagrante forjado – é uma acusação falsa contra alguém. Pode resultar na responsabilização por denunciação caluniosa, abuso de autoridade etc.
 
d) flagrante diferido ou retardado - A Lei do Crime Organizado (9034/95), no art. 2º, II, prevê a possibilidade de retardar a concretização do flagrante caso a polícia entenda pertinente para robustecer as provas caracterizadoras de organização criminosa. Também assim o art. 33 da Lei 10.409/02 (Nova Lei de Tóxicos) que no inciso II estabelece possibilidade não atuação policial sobre os portadores de produtos, substâncias ou drogas ilícitas que entrem no território brasileiro, dele saiam ou nele transitem, com a finalidade de, em colaboração ou não com outros países, identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
 
4.7- SITUAÇÕES ESPECIAIS:
 
4.7.1- Flagrante em crimes de ação privada- é possível a concretização da prisão, mas o preso só será autuado em flagrante desde que haja requerimento do ofendido ou do seu representante legal (art. 5º § 5º do CPP);
 
4.7.2- Flagrante em crime de ação condicionada à representação: mesma situação da ação privada (art. 5º § 4º do CPP);
 
4.7.3-Flagrante na Lei 9099/95- o agente que receber voz de flagrante será imediatamente conduzido ao Distrito Policial, onde será lavrado termo circunstanciado. Não será imposta prisão em flagrante nem será exigida fiança do agente que assumir o compromisso de apresentar-se oportunamente ao JECRIM – art. 69, parágrafo único da Lei 9099/95.
 
4.8- FORMALIDADES DA PRISÃO EM FLAGRANTE:
 
4.8.1 - Lavratura do auto de prisão em flagrante - art. 304 e parágrafos do C.P.P.- Auto de prisão em flagrante é o documento, que materializa a prisão realizada. Nele serão ouvidos o condutor da prisão, eventuais testemunhas e o preso em flagrante. A este, serão esclarecidos seus direitos constitucionalmente assegurados, quais sejam: permanecer calado, assistência da família e de advogado (art. 5º LXIII C.F.). Não há prazo previsto na lei para sua elaboração, todavia, como a nota de culpa deve ser entregue ao preso no prazo de 24 horas (art. 306 do C.P.P.), entende-se que também dentro deste período máximo deverá ser lavrado o flagrante.
 
4.8.2 - Entrega da nota de culpa – . art. 306 do C.P.P. e art. 5º LXIV da C.F. É o ato escrito que dá conhecimento formal ao indiciado dos motivos de sua prisão, indicando o nome do condutor e das testemunhas.
 
4.8.3 - Comunicação da prisão- art. 5º, LXII e LXV da C.F. – Lavrado o auto de prisão em flagrante, deve a autoridade policial realizar a comunicação imediata da custódia ao Juízo competente. Este, contando ilegalidade na autuação poderá relaxá-la. 
 
5- PRISÃO PREVENTIVA "STRITU SENSU" - ART. 311/316 CPP
 
5.1-CONCEITO: forma de prisão processual (natureza cautelar).
 
5.2-PRESSUPOSTOS - art. 312 CPP-A decretação da prisão preventiva somente se dará quando presentes:
 
a-) prova da existência do crime (materialidade);
b-) indícios suficientes de autoria;
 
5.3-CIRCUNSTÂNCIAS (condições de admissibilidade) -art. 312
 
a) garantia da ordem pública;
b) garantia da ordem econômica;
c) conveniência da instrução criminal;
d) assegurar a aplicação da lei penal.
 
5.4-HIPÓTESES LEGAIS: art. 313 CPP -crimes dolosos:
 I. punidos com reclusão;
 II. punidos com detenção, quando vadio o indiciado ou réu.
 III.se o indiciado ou réutiver sido condenado por outro crime doloso nos últimos anos.
 IV.se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir as execuções das medidas protetivas de urgência Este inciso foi acrescentado pelo art. 42 da Lei da 11.340 de 07 de agosto de 2006. A nova lei, no art. 20, estabelece que nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. Assim, mesmo que da agressão resulte lesões corporais de natureza leve, crime apenado com detenção (art. 129, caput do código penal), presentes os pressupostos e alguma das circunstâncias acima mencionadas, poderá ser decretada a custódia preventiva.
 
 
5.5-MOMENTO PARA DECRETAÇÃO – art. 311 C.P.P.- em qualquer fase.
 
a) do inquérito policial;
b) da instrução criminal.
 
5.6-REQUERIMENTO- art. 311 CPP- A prisão preventiva pode ser decretada mediante:
 
a-) Requerimento do Representante do Ministério Público;
b-) Representação da Autoridade Policial;
c-) Requerimento do querelante.
 
5.7-DECRETAÇÃO - art. 311 CPP: Somente o Juiz pode decretar, de ofício ou a requerimento das pessoas supra mencionadas. A decisão deverá ser obrigatoriamente fundamentada - art. 315 do CPP e art. 5º, inciso LXI da C.F.
 
5.8-PROIBIÇÃO - art. 314 CPP: Verificando o juiz que o agente praticou o fato acobertado por uma das excludentes de antijuridicidade previstas na legislação penal (artigo 23 do CP), é expressamente vedada a decretação da sua prisão preventiva.
 
5.9-REVOGAÇÃO - art. 316 CPP: Devido ao caráter rebus sic stantibus da prisão preventiva, tem-se que a mesma é passível de revogação conforme o estado da causa. Assim, conforme dispõe o artigo 316 do CPP, o juiz pode revogar a prisão preventiva, se, no curso do processo, verificar a inexistência de motivos para a subsistência de tal prisão.
 
5.10- APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA – art. 317 CPP: Segundo o artigo 317 do CPP, a apresentação espontânea do acusado à autoridade não impedirá a decretação da prisão preventiva nos casos em que a lei autoriza [3].
 
 
6- PRISÃO PROVISÓRIA RESULTANTE DE PRONÚNCIA- (artigos 282 e 408, § 1º do CPP) :Essa hipótese de prisão provisória constitui um dos efeitos da decisão de pronúncia proferida no procedimento do júri, ou seja, o procedimento de julgamento dos crimes dolosos contra a vida e crimes conexos a eles.
Nesse sentido, sendo certo que são pressupostos da pronúncia os indícios suficientes de autoria e a prova da materialidade (artigo 408 do CPP), tem-se que a prisão decorrente de pronúncia é classificada como espécie de prisão provisória por não decorrer de sentença final condenatória, haja vista que a decisão de pronúncia não firma um juízo de certeza quanto à acusação.
 
 
7- PRISÃO PROVISÓRIA DECORRENTE DE SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA NÃO TRANSITADA EM JULGADO: Diz-se prisão provisória, pois nesse caso ainda não houve o trânsito em julgado definitivo da sentença penal condenatória, sendo que, conforme analisado anteriormente, a prisão definitiva somente se dará com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Assim, a prisão provisória decorrente de sentença penal condenatória não transitada em julgado tem previsão na legislação processual em diversos dispositivos, sendo eles:
· Art. 393, I do CPP- um dos efeitos da sentença penal condenatória recorrível;
· Art. 594, 1ª parte do C.P.P- obrigatoriedade de recolhimento à prisão para que possa apelar;
· Art. 595 do CPP- Deserção da apelação em caso de fuga do apelante.
 
8- PRISÃO TEMPORÁRIA
 
8.1-CONCEITO -prisão cautelar de natureza processual destinada a possibilitar as investigações a respeito de crimes graves durante o inquérito policial.
Foi instituída pela lei 7960 de 21 de dezembro de 1989.
Não há estado de flagrância, nem elementos para a prisão preventiva.
 
8.2- QUEM PODE DECRETAR- só pode ser decretada pela autoridade judiciária.
 
8.3- HIPÓTESES DE CABIMENTO -as hipóteses de cabimento estão previstas no art. 1º da lei. são elas:
a-) imprescindibilidade da medida para as investigações do inquérito policial.
b-) indiciado não tem residência fixa ou não fornece dados necessários ao esclarecimento de sua identidade;
c-) fundadas razões da autoria ou participação do indiciado em qualquer um dos crimes previstos no artigo.
A prisão temporária só pode ser decretada naqueles crimes apontados pela lei. Nestes crimes, desde que imprescindível para o sucesso da investigação, a custódia poderá ser decretada. Ou seja, não basta que as hipóteses mencionadas existam isoladamente.
 
8.4- PRAZO - o prazo é de cinco dias, prorrogáveis por igual período. No caso dos crimes hediondos ou equiparados (lei 8.072/90- art. 2º, § 3º) o prazo é de trinta dias prorrogáveis por mais trinta em caso de comprovada necessidade.
 
8.5- PROCEDIMENTO
a-) requerimento do M.P. ou Representação da autoridade policial. Não pode ser decretada de ofício.
b-) no caso de representação da autoridade policial, o juiz, antes de decidir, ouve o Ministério Público.
c-) decisão fundamentada expedida no prazo de 24 horas.
d-) mandado de prisão expedido em duas vias, uma das quais deve ser entregue ao indiciado, servindo como nota de culpa;
e-) efetuada a prisão, a autoridade policial deve advertir o preso do direito constitucional de permanecer calado;
f-) ao decretar a prisão, o juiz poderá (faculdade) determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações da autoridade policial ou submetê-lo a exame de corpo de delito;
g-) prorrogação em caso de necessidade e fundamentada;
h-) decorrido o prazo legal, o preso deve ser colocado imediatamente em liberdade, a não ser que tenha sido decretada a preventiva, pois o atraso configura abuso de autoridade (lei 4898/65, art. 4º, i);
i-) o preso temporário deve permanecer separado dos demais detentos.
 
 
Questões (BLOCO IV)
1-(OAB/MT 03/2003) “A” foi preso em flagrante pelo crime de homicídio contra sua esposa “B” , pois a polícia, alertada por vizinhos que escutavam gritos de socorro, invadiu o local do crime deparando-se com “A”, quando este guardava no bolso a arma do crime. Neste caso trata-se de:
a) flagrante próprio;
b) flagrante Impróprio;
c) quase-flagrante;
d) flagrante presumido.
 
2- (OAB/MT 03/2002) Antônio foi preso transportando 05 (cinco) quilos de cocaína para fins de tráfico. Levado até a presença da autoridade policial, esta tem:
a) não tem prazo para lavrar o flagrante, devendo, no entanto, comunicar imediatamente a autoridade judiciária e entregar nota de culpa ao preso dentro de 24 (vinte e quatro) horas depois de sua prisão.
b) 24 (vinte e quatro) horas para lavrar o flagrante e comunicar o Promotor de Justiça do ato praticado.
c) 30 (trinta) dias de prazo para comunicar o fato ao juiz competente.
d) 30 (trinta) dias para terminar as investigações.
 
3- (OAB/MT 03/2004) No tocante à prisão preventiva, é correto afirmar que:
a) a apresentação espontânea do acusado à autoridade não impedirá sua decretação;
b) ela só poderá ser decretada de ofício;
c) ela terá o prazo máximo de 100 dias;
d) ela só poderá ser decretada no curso do processo.
 
4- (OAB/MT 03/2004) José Carlos foi detido por policiais civis, por fundada suspeita de estar traficando entorpecentes em frente a uma escola de 2º grau. Seu efetivo indiciamento, entretanto, depende ainda de algumas diligências. Assim, o Delegado de Polícia, para ultimar as investigações, poderá:
a) representar ao Juiz, requerendo a prisão temporária pelo prazo de 5 (cinco) dias, prorrogáveis por mais 5 (cinco);
b) decretar, de ofício, a prisão temporária de José Carlos, pelo prazo de 30 (trinta) dias.
c) requerer ao Ministério Público a prisão temporária do averiguado por 30 (trinta) dias, prorrogáveis por mais 30 (trinta);
d) representar ao juiz, requerendo a prisão temporária por 30 (trinta) dias, prorrogáveis por mais 30 (trinta).
 
 
5- (OAB/DF - 2003) Azarado, preso em flagrante – prisão legal– foi denunciado como incurso nas sanções do art. 12 da Lei 6368 – tráfico de entorpecentes. Contratado para defendê-lo, para que aguarde o julgamento em liberdade, você deverá requerer:
a) habeas corpus;
b) liberdade provisória;
c) relaxamento da prisão em flagrante;
d) nenhuma das alternativas.
 
6- (OAB/DF - 2003) Segundo as normas constitucionais e legais que regem a espécie, é correto afirmar-se que:
a) a liberdade é a regra, enquanto a custódia preventiva constitui exceção;
b) a liberdade provisória não é cabível quando o crime é cometido com violência à pessoa;
c) a prisão preventiva tem caráter obrigatória quando é crime é punido com reclusão;
d) a liberdade provisória não pode ser concedida ao agente desempregado.
 
7- (OAB/DF - 2002) O lapso de 24 horas tem significativo papel no Código de Processo Penal; quando trata de prisão processual do acusado:
a) é limite temporal para a autoridade proceder à prisão em flagrante do infrator; após cometer infração penal, é de boa técnica que o infrator se resguarde oculto para fugir ao flagrante;
b) é limite temporal estabelecido para a autoridade, pena de abuso e arbítrio, informar ao acusado preso em flagrante, por escrito, o motivo de sua prisão, nome de condutor e de testemunhas;
c) é limite temporal estabelecido para a soltura do acusado preso, contado a partir da prisão, nos casos em que a lei lhe permita livrar-se solto;
d) é limite estabelecido para a oitiva, ela autoridade policial, de acusado em liberdade (meramente detido para averiguação), sem prisão preventiva ou temporária decretadas e sem flagrante lavrado.
 
8-(OAB/DF - 2003) A prisão administrativa, segundo o Direito pátrio será:
a-) Absolutamente ilegal em qualquer situação;
b-) Será legal desde que a autoridade exerça função de Ministro de Estado;
c-) Ilegal, ressalvada, apenas, aquela decretada por autoridade militar, em caso de transgressão ou crime militar;
d-) Absolutamente legal em qualquer circunstância.
 
9- (OAB/DF - 2003) O auto de prisão em flagrante:
a-)É ato judicial; o que está nele contido presume-se legal e verídico com natureza juris et de jure.
b-)É ato do processo; a veracidade e legalidade dele decorrentes fundam-se na apreciação normal do juiz, como o faria qualquer homem ao apreciar qualquer fato; daí dizer-se presunção hominis.
c-)É ato administrativo e como tal goza de presunção de veracidade e legalidade, posto que juris tantum.
d-) É ato policial; há de se prová-lo verídico e legal para surtir efeitos.
 
10-(OAB/DF - 2004) Acerca das prisões provisórias, assinale a premissa correta:
a) A prisão temporária pode ser decretada pelo juiz, de ofício ou em face de requerimento do Ministério Público, em qualquer fase do processo penal.
b) A prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, mas sempre por ordem judicial, tendo entre suas finalidades a garantia da ordem econômica.
c) A prisão em flagrante delito só poderá ser efetuada pela autoridade policial.
d) A prisão em flagrante somente é válida se efetuada no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas após a ocorrência do crime.
 
11- (122º Exame de Ordem – SP ) A prisão decorrente de pronúncia
a-) só é obrigatória em se tratando de crime hediondo.
b-) não é obrigatória, podendo o juiz deixar de decretá-la, em qualquer crime, se o acusado for primário e de bons antecedentes.
c-) é obrigatória em todos os crimes inafiançáveis.
d-) só é obrigatória caso o acusado se encontre preso em flagrante ou em virtude de prisão preventiva.
 
12- (120º Exame de Ordem – SP ) Quatro rapazes são detidos na ocasião em que andavam pela Praça da Sé. Questionam aos policiais acerca do motivo para tal prisão, respondendo eles no sentido de que é prisão para averiguação. Assim, algemados, são levados para o Distrito mais próximo, permanecendo lá por um dia.
Qual o entendimento correto sobre esta questão?
a-) À exceção do flagrante delito, a prisão não poderá efetuar-se senão em virtude de pronúncia ou nos casos determinados em lei e mediante ordem escrita da autoridade competente.
b-) A prisão está correta, podendo ser efetuada em qualquer hora do dia.
c-) A prisão para averiguação é permitida pelo Código de Processo Penal, podendo perdurar por 48 horas, independentemente de mandado da autoridade competente.
d-) Somente em flagrante delito poderá a polícia efetuar a prisão para averiguação durante o dia.
 
13- (119º Exame de Ordem – SP ) Antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a restrição à liberdade é admitida na(s) seguinte(s) hipótese(s):
a) flagrante delito ou nos casos determinados em lei, mediante ordem escrita da autoridade judiciária competente.
b-) apenas nos casos de flagrante delito ou prisão preventiva, esta última mediante ordem escrita da autoridade judiciária competente.
c-) unicamente nos casos de flagrante delito ou prisão preventiva, esta última mediante ordem escrita da autoridade policial que presidir as investigações.
d-) exclusivamente nos casos de prisão preventiva e prisão decorrente de decisão de pronúncia, ambas por ordem escrita da autoridade judiciária competente.
 
14- (OAB/PR– DEZEMBRO 2003) Assinale a alternativa correta:
a-) Prisão temporária é medida cautelar pessoal decretada durante a ação penal para fins de investigação.
b-)Prisão temporária é medida cautelar pessoal para fins investigatórios que comporta decretação somente durante o inquérito policial.
c-) Prisão temporária é medida cautelar típica decretada pelo juiz das execuções penais.
d-)É a autoridade policial quem decreta a prisão temporária.
 
15- (OAB/MG – AGOSTO/02) A prisão temporária (lei 7.960/89) poderá ser decretada:
a-) Pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público e mediante representação da autoridade policial.
b-)Pelo promotor ou juiz, de ofício.
c-)Pelo delegado de polícia, de ofício, no curso do inquérito policial.
d-)Pelo juiz, a requerimento do Ministério Público e mediante representação da autoridade policial.
 
16-(OAB/GOIÁS- 2002) É correto afirmar:
a) Que a ausência de fundamentação não invalida o decreto de prisão preventiva, em se tratando de crime hediondo.
b) Que a menção expressa ao texto de lei prescinde a fundamentação no decreto de prisão preventiva.
c) Que a decretação de prisão preventiva é dispensável a existência de laudo de exame de corpo delito nos crimes que deixam vestígios.
d) Que a prisão preventiva não é obrigatória nos crimes hediondos.
 
17- (OAB/PI 2003) Assinale a opção correta:
a) a apresentação espontânea do acusado à autoridade não impede a sua autuação em flagrante.
b) a apresentação espontânea do acusado à autoridade impede a decretação da prisão preventiva nos caos em que a lei autoriza a constrição.
c) o condutor, na prisão em flagrante, sendo policial, não pode ser ouvido na lavratura do auto de prisão em flagrante.
d) não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível sua consumação.
 
18- (OAB/PI 2002) Acerca da prisão em flagrante, assinale a opção correta:
a) são três as suas modalidades: flagrante próprio, flagrante impróprio e flagrante presumido, sendo legais todas elas;
b) não se admite a prisão em flagrante nos crimes sujeitos a ação penal privada;
c) nos crimes permanentes, enquanto não cessada a permanência, não pode o agente ser preso em flagrante delito;
d) É ilegal a prisão decorrente de flagrante esperado.
19- (OAB/2004 - todos os estados do Nordeste) O juiz poderá decretar a prisão preventiva para a custódia cautelar:
a-) diante da gravidade abstrata do delito e motivos genéricos de ofensa à ordem pública.
b) pela exposição dos elementos reais e justificadores de que o réu solto irá perturbar a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal.
c) somente nos casos em que não houver prova de residência fixa e ocupação lícita.
d) nos casos em que não houver prova suficiente para embasar decreto condenatório.
 
20- (EXAME DE ORDEM /SC MARÇO 2000) Assinale a alternativa correta:
a-) A prisão preventiva é medida cautelar que permite a segregaçãodo acusado, por determinação do juiz, em qualquer fase da instrução criminal, sendo incabível no inquérito policial.
b-) A prisão preventiva não poderá ser decretada por conveniência da instrução criminal, bem como para garantia da ordem pública.
c- ) Verificando o magistrado que não subsistem motivos para segregação do acusado, deverá libertá-lo, ficando, deste modo, impossibilitado de decretar novamente a prisão preventiva.
d- ) Contra o indiciado que praticar o fato típico em uma situação de excludente de ilicitude, não caberá a prisão preventiva com o fundamento da garantia da ordem pública.
 
21- (78º EXAME DA OAB/MS) Assinale a alternativa incorreta:
a-) a ação penal, na hipótese de injúria real, é pública incondicionada, desde que ocorra lesão corporal.
b-)a prisão em flagrante não depende de mandado.
c-)a decisão que denega a prisão preventiva não necessita de fundamentação.
d-) a busca domiciliar exige mandado judicial quando realizada pela autoridade policial.
 
22- (78º EXAME DA OAB/MS)Assinale a alternativa incorreta:
a-)considera-se em flagrante delito o agente que é perseguido logo após o ilícito, em situação que faça presumir ser ele o autor da infração.
b-) é pressuposto para o decreto de prisão preventiva a prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria.
c-)o juiz após relaxar o flagrante irregular não poderá decretar imediatamente a prisão preventiva.
d-) a prisão preventiva não poderá ser decretada nas contravenções penais.
 
23 - (OAB/PR – DEZ/03) Assinale a INCORRETA:
a)O acusado pode, no seu interrogatório judicial, negar-se a fornecer seus dados pessoais em razão do direito ao silêncio garantido constitucionalmente.
b)Não é necessária a presença de advogado durante a realização do interrogatório judicial.
c)O interrogatório não é somente meio de defesa, sendo também considerado meio de prova.
d)O réu pode requerer ao juiz a realização de novo interrogatório.
 
24- (OAB/PR – DEZ/03) Assinale a alternativa correta:
a)Prisão temporária é medida cautelar pessoal decretada durante a ação penal para fins de investigação.
b)Prisão temporária é medida cautelar pessoal para fins investigatórios que comporta decretação somente durante o inquérito policial.
c)Prisão temporária é medida cautelar típica decretada pelo juiz das execuções penais.
d)É a autoridade policial quem decreta a prisão temporária.
 
25- (OAB/SC 2003) A nota de culpa será assinada pela autoridade policial competente, constando o motivo da prisão, o nome do condutor e o das testemunhas, no prazo de:
a-) vinte e quatro horas após o ilícito penal.
b- ) vinte e quatro horas depois da prisão.
c- ) vinte e quatro horas após a lavratura do auto de prisão em flagrante.
d- ) imediatamente após a lavratura do auto de prisão em flagrante.

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