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MÓDULO 4


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Prévia do material em texto

MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
DIREITO DE SUCESSÃO 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017 
 
0800 283 8380 
 
www.faculdadeunica .com.br 
 
2 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
UNIDADE 1 – DA SUCESSÃO ........................... ........................................................ 5 
1.1 CONCEITO ........................................................................................................... 9 
1.2 PRINCÍPIOS .......................................................................................................... 9 
1.3 CLASSIFICAÇÃO .................................................................................................. 13 
UNIDADE 2 – ABERTURA DA SUCESSÃO .................. .......................................... 16 
2.1 LUGAR DE ABERTURA E COMPETÊNCIA .................................................................. 16 
2.2 LEIS APLICÁVEIS ................................................................................................. 18 
2.3 EFEITOS DA SUCESSÃO ....................................................................................... 19 
UNIDADE 3 – OS SUCESSORES ............................................................................ 21 
3.1 ESPÉCIES DE SUCESSÃO ..................................................................................... 21 
3.2 HERDEIROS........................................................................................................ 24 
3.3 LEGATÁRIOS ...................................................................................................... 24 
3.4 LEGÍTIMOS ......................................................................................................... 25 
3.5 FACULTATIVOS ................................................................................................... 25 
UNIDADE 4 – A HERANÇA ............................. ......................................................... 27 
4.1 CONCEITO ......................................................................................................... 28 
4.2 ACEITAÇÃO DA HERANÇA ..................................................................................... 29 
4.2.1 Espécies de aceitação .............................................................................. 29 
4.2.2 Características da aceitação ..................................................................... 30 
4.2.3 Sucessão a benefício de inventário........................................................... 31 
4.3 RENÚNCIA DA HERANÇA ...................................................................................... 32 
4.3.1 Conceito .................................................................................................... 32 
4.3.2 Espécies .................................................................................................... 32 
4.3.3 Efeitos e restrições à herança ................................................................... 33 
4.3.4 Irrevogabilidade da aceitação e da renúncia ............................................. 35 
UNIDADE 5 – CESSÃO DOS DIREITOS HEREDITÁRIOS ...... ............................... 38 
UNIDADE 6 – VOCAÇÃO HEREDITÁRIA ................... ............................................ 41 
6.1 OS MODOS DE SUCEDER ..................................................................................... 44 
6.2 MODOS DE PARTILHAR ........................................................................................ 45 
UNIDADE 7 – EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO ................. .......................................... 46 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51 
ANEXOS ................................................................................................................... 55 
 
 
 
3 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
INTRODUÇÃO 
 
É chegado o momento de discutirmos o Direito Sucessório, uma vez que o 
fundamento de justificar o porquê de deferir-se todo o acervo de direitos e 
obrigações que até então pertenciam ao autor da herança a uma gama de pessoas 
ou a uma única pessoa indicada por lei ou pela vontade manifestada em vida pelo 
testador é um dos problemas mais interessantes do direito sucessório, bem 
aprofundado no volume 20 da obra Comentários ao Código Civil de GISELDA 
MARIA FERNANDES NOVAES HIRONAKA (2007). 
Sucessão é termo de amplo conceito. Grosso modo, pode ser “ato pelo qual 
uma pessoa toma o lugar de outra, investindo-se, a qualquer título, no todo ou em 
parte, nos direitos que lhe competiam” (MONTEIRO, 2009, p. 1). 
Já no âmbito do direito das sucessões, o vocábulo é empregado num 
sentido mais restrito, ou seja, “designa tão somente a transferência de herança do 
legado, decorrente da morte de alguém, ao herdeiro ou legatório, seja por força de 
lei, seja em virtude de testamento” (SAN TIAGO DANTAS, 1991, p. 443 apud 
MALUF; MALUF, 2013, p. 24). 
Abertura da sucessão, seu lugar e competência, as leis aplicáveis e seus 
efeitos; os sucessores sejam eles herdeiros, legatários, legítimos ou facultativos; a 
herança em si, sua aceitação, renúncia, efeitos, restrições; a cessão dos direitos 
hereditários, a vocação e os excluídos da sucessão são alguns dos tópicos 
apresentados nesta apostila. 
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se 
fazem necessárias: 
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas 
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da 
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao 
acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira 
para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo 
da leitura e, mais, para manterem-se atualizados. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
4
 
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo 
original1, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que 
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também 
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser 
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos 
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de 
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado 
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância. 
3) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação 
reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu 
julgamento” (FERREIRA, 2005)2, algumas delas poderão constar em nota de rodapé 
ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento. 
4) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições 
ideológico-partidária,priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento 
crítico. 
5) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou 
seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para 
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Por fim: 
6) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para 
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última 
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl + 
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis 
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material 
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local. 
 
1 Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou 
similares. 
 
2 FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora 
Positivo, 2005. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
5
 
UNIDADE 1 – DA SUCESSÃO 
 
A existência da pessoa natural termina com sua morte, natural ou presumida 
(art. 6º CC3). A morte natural verifica-se com a cessação das atividades cerebrais do 
indivíduo, devendo tal fato ser atestado por profissionais da medicina, segundo as 
técnicas seguidas usualmente pela ciência. Já a morte presumida decorre da 
ausência, que vem disciplinada no Capítulo III, Título I, Livro I da Parte Geral do 
Código Civil, mas que agora se admite também nas hipóteses do art. 7º do CC, o 
que representa inovação relativa ao Código Civil anterior, uma vez que a prévia 
decretação da ausência não se faz necessária, podendo-se reconhecer a morte de 
imediato, sempre que a hipótese fálica amoldar-se à previsão legal referida. 
A sucessão pressupõe a morte, que se prova pela inscrição em registro 
público da declaração de óbito (art. 9°, I, CC) ou da sentença que declarar a 
ausência ou a morte presumida (art. 9º, IV, CC). A sucessão do ausente aperfeiçoa 
se em dois momentos distintos, segundo as regras da Parte Geral do Código Civil. 
Já a sucessão das pessoas que desaparecem, segundo as hipóteses previstas nos 
incisos do art. 7º do CC, não requer a abertura da sucessão provisória, procedendo-
se à abertura da sucessão desde a inscrição em registro público da sentença que 
tiver fixado a data e a hora provável da morte do autor da herança, como se de 
morte natural se tratasse, portanto. 
Mas não basta a morte, a sucessão pressupõe ainda, como lembra 
ORLANDO GOMES (2002, p. 09), 
 
a vocação hereditária, que pode ter sido instituída pelo de cujus quando em 
vida (fonte imediata), de forma ampla ou restrita, conforme seu testamento 
tenha abarcado a totalidade ou apenas parte de seu patrimônio. Essa 
possibilidade decorre do poder de designar herdeiros, poder que encontra, 
no mais das vezes, limitação na legislação ou nos costumes. Mas o não 
exercício do poder de designar herdeiros não acarreta a ausência do 
pressuposto da vocação hereditária, uma vez que há disposição legal 
supletiva a suprir a vontade do autor da herança, segundo critérios 
presumidos pelo legislador, que indicariam a quem o autor da herança 
gostaria de transmitir o seu patrimônio caso tivesse podido testar (fonte 
mediata). 
 
3 Sempre estaremos reportando ao Código Civil atual, ou seja, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 
2002, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm. Do contrário 
citaremos no corpo do texto o devido código. 
 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
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Algumas vezes, ainda, o poder de designar herdeiros é limitado segundo os 
critérios que o legislador julgou apropriados à situação pessoal e familiar do titular do 
patrimônio (arts. 1.788 e 1.789). 
Falamos inicialmente em fundamentos da sucessão. Quais seriam então 
esses fundamentos? 
O primeiro fundamento da sucessão foi de ordem religiosa. A sucessão se 
verificava exclusivamente pela tomada do lugar do de cujus na condução do culto 
doméstico pelo herdeiro, que, no entanto, não recebia os bens em transmissão, uma 
vez que não pertenciam ao morto, mas a toda a família, capitaneada pelo varão 
mais velho, descendente direto dos deuses domésticos. Tratava-se, portanto, do 
descendente do sexo masculino de maior autoridade, na visão dos antigos. Incumbia 
a ele a administração do acervo familiar e a condução da vida religiosa e doméstica 
(HIRONAKA, 2007). 
Quando, todavia, a propriedade passou a ser individual, o fundamento da 
sucessão deslocou-se da necessidade de conduzir a vida religiosa para uma 
verdadeira continuidade patrimonial. Busca-se a permanência do patrimônio dentro 
de um mesmo grupo como forma “de manter poderosa a família, impedindo a divisão 
de sua fortuna entre os vários filhos” (RODRIGUES, 2002, p. 5). 
É nesse período que se desenvolve o princípio medieval da primogenitura, 
iniciando-se, como FRANCISCO JOSÉ CAHALI (2000) lembra, “a discussão 
filosófica e jurídica a respeito de seu fundamento”. 
Os jusnaturalistas entendiam que a sucessão (assim como a propriedade), 
por ser mera construção positivista, poderia ser abolida, “logo que isso interessa às 
conveniências sociais” (MONTEIRO, 2009, p. 05). 
Houve quem procurasse fundamentar o direito sucessório nas pesquisas 
biológicas, que demonstrariam uma espécie de continuidade da vida humana por 
meio da transmissão de ascendentes a descendentes, não só das características 
genéticas como também das características psicológicas, para concluírem que a lei, 
ao permitir a transmissão patrimonial, homenageava tal continuidade biopsíquica, 
essa é também a posição de Carlos Maximiliano (1964), que acresce àquela a 
afeição e unidade familiar. 
 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
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Por sua vez, os socialistas, ao negarem legitimidade ao direito de 
propriedade privada, entendendo que os bens pertenceriam ao Estado e a ele 
deveriam retornar para serem utilizados em benefício de toda a comunidade, negam, 
em consequência, legitimidade à transmissão causa mortis de bens de produção e 
consumo, uma vez que, se a permitissem, estariam reforçando as desigualdades 
sociais existentes e premiando, com a aquisição derivada de propriedade, pessoas 
que não concorreram para a aquisição da riqueza pela única forma entendida como 
apta a legitimar a utilização dos bens, qual seja, o trabalho. 
A impossibilidade de suceder causa mortis, como se pode extrair do 
exposto, derivava ainda do direito de propriedade. Se a sucessão era, nos períodos 
medievais – que para a Rússia só findaram com a Revolução de 1917 –, instrumento 
apto a concentrar e manter a propriedade nas mãos das famílias abastadas, seu 
fundamento não se modificou com a propalada extinçãoda possibilidade de 
suceder. 
Ao contrário, o fundamento da sucessão parece permanecer no direito de 
propriedade, só que esse fundamento vinha revestido então de um caráter público, 
que é a titularidade dos bens por parte do Estado. Ora, se os bens pertenciam ao 
Estado, como queria a ideologia que governava esse período histórico, o retorno 
desses bens ao Estado só podia representar a sua continuidade nas mãos de seu 
legítimo senhor, tal qual ocorria na Roma antiga. Mas no caso, os bens não 
pertenciam à família nem eram administrados pelo varão sui iuris; no direito de 
inspiração socialista, os bens pertencem ao Estado e encontram-se em mãos dos 
particulares; mas encontram-se por título ilegítimo, que o Estado tolera até o 
momento da morte do possuidor, voltando para o legítimo proprietário 
posteriormente (HIRONAKA, 2007). 
WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO (2009, p. 08) lembra a lição de 
Demolombe, segundo a qual “a propriedade não existiria se não fosse perpétua e a 
perpetuidade do domínio descansa precisamente na sua transmissibilidade pos 
mortem”. 
Outra forma de justificar o direito das sucessões é alinhar o direito de família 
ao direito de propriedade. Por essa forma de encarar o problema, o fundamento da 
transmissão causa mortis estaria não apenas na continuidade patrimonial, ou seja, 
 
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na manutenção pura e simples dos bens na família como forma de acumulação de 
capital que estimularia a poupança, o trabalho e a economia, mas ainda e 
principalmente no “fator de proteção, coesão e de perpetuidade da família” 
(PEREIRA, 2006). 
Consequência natural dessa posição seria restringir ordem de vocação 
hereditária, principalmente na linha colateral, o que se tem verificado com a 
consequente diminuição do grau de parentesco para a vocação em tela, ao lado da 
inversão na ordem sucessória, há muito verificada, entre a classe dos colaterais e o 
cônjuge sobrevivente, bem como a mais recente inclusão do companheiro ou da 
companheira na ordem vocatória, apesar da discriminação criada pelo legislador 
brasileiro, como poderemos conferir mais ao final da apostila. 
Nessa ordem de valores, o legislador parece ter andado bem quando elevou 
o cônjuge e o companheiro a concorrentes na sucessão dos descendentes e 
ascendentes do de cujus, amealhando quota parte variável e dependente da 
verificação de certos pressupostos que serão devidamente. E que, fazendo com que 
o companheiro de vida (cônjuge ou convivente) concorra na sucessão do morto, 
premia aquele que esteve a seu lado até a sua morte e, em alguns momentos, faz 
isso sem indagar se o sobrevivo contribuiu ou não para a aquisição dos bens postos 
em sucessão. Mas não se esquece de privilegiar os descendentes do autor da 
herança, garantindo-lhes meios de iniciar ou dar continuidade a suas vidas. E, na 
falta dos últimos, não esquece nem deixa de privilegiar os ascendentes do de cujus, 
responsáveis, no mais das vezes, pela formação e pelo caráter do descendente 
falecido. Agindo assim, o legislador demonstrou sapiência digna de nota e parece ter 
se enquadrado entre aqueles que veem como fundamento do direito sucessório não 
apenas o direito de propriedade em sua inteireza, como também o direito de família, 
com o intuito de protegê-la, uni-la e perpetuá-la, como os antigos parecem ter 
buscado (HIRONAKA, 2007). 
É bem verdade que a falta de equalização entre as posições do cônjuge e do 
convivente supérstite, inclusive invertendo a ordem de vocação hereditária na 
hipótese de união estável, está a merecer revisão por parte do legislador, 
registrando-se que essa é uma luta a ser travada pelo Instituto Brasileiro de Direito 
de Família como forma de chamar o legislador à sua função, exigindo-lhe o 
 
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cumprimento do preceito constitucional de proceder e garantir a idêntica proteção 
dispensada pelo Estado à entidade familiar em si, seja qual for a origem e a gênese 
de suas relações, certamente fundadas no afeto vivenciado originalmente. 
Feitas essas conjecturas iniciais que menos resolvem e mais nos levam a 
pensar nos rumos do direito das sucessões, passemos a conceitos mais práticos e 
reais. 
 
1.1 Conceito 
O direito das sucessões trata de um conjunto de normas que rege a 
transmissão do patrimônio do falecido a seus sucessores em detrimento de sua 
morte. A sucessão pode se dar por ato entre vivos ou em decorrência da morte de 
uma pessoa, sendo esta última o objeto do direito sucessório (NEVES; LOYOLA, 
2011). 
São fontes do Direito sucessório: 
a) Testamento – é a sucessão testamentária; dá-se por vontade do morto. 
Pode ser: 
- a título universal - o sucessor recebe uma fração da universalidade; 
- a título singular - o sucessor recebe uma coisa individualizada. 
b) Lei – é a sucessão legítima. Verifica-se quando alguém morre sem deixar 
testamento (ab intestato), ou quando faz testamento parcial, nulo ou ineficaz. Só há 
sucessão legítima a título universal. 
c) Contrato – é a sucessão factícia ou pacta corvina. Nos termos do art. 426 
é proibida, já que não é possível haver contrato sobre herança de pessoa viva. 
Todavia, o art. 2.018 prevê uma exceção, que é a partilha em vida, realizada pelo 
ascendente, por ato entre vivos, ou de última vontade, desde que não prejudique a 
legítima dos herdeiros necessários. Os efeitos são gerados em vida, e por isso há 
doutrina que sustenta não se tratar de exceção à pacta corvina, na qual os efeitos 
são gerados post mortem (NEVES; LOYOLA, 2011). 
1.2 Princípios 
A sucessão considera-se aberta no instante real ou presumido da morte de 
alguém, fazendo nascer o direito hereditário e operando a substituição do falecido 
por seus sucessores a título universal nas relações jurídicas em que aquele figurava. 
 
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Não se confundem, todavia. A morte é antecedente lógico, é pressuposto e causa. A 
transmissão é consequente, é efeito da morte. Por força de ficção legal, coincidem 
em termos cronológicos, imaginando a lei que o próprio de cujus investiu seus 
herdeiros no domínio e na posse indireta de seu patrimônio, que este não pode 
restar acéfalo (MONTEIRO, 2009; RODRIGUES, 2002). 
Essa regra deriva do princípio medieval instituído pelo direito costumeiro 
francês, por meio da jurisprudência do burgo parisiense, que buscava proteger os 
servos do arbítrio do senhor feudal quando este determinava a devolução a si dos 
bens deixados por um servo morto, devendo seus sucessores proceder ao 
pagamento de uma determinada quantia como forma de reaver os bens 
pertencentes àquele. Esse princípio reitor determinava que os haveres do servo 
deveriam ser transferidos direta e imediatamente a seus herdeiros. Estava 
consagrada a fórmula do droit de saisine (PEREIRA, 2006). 
A expressão “aberta a sucessão”, que vem repetida em ambas as 
codificações brasileiras (art. 1.784, CC/2002 e art. 1.572, CC/1916),faz referência 
ao momento em que surgem os direitos sucessórios, sem fazer referência, 
entretanto, aos titulares desses direitos. A atribuição desses mesmos direitos aos 
sucessores traduz-se pelo vocábulo devolução ou delação, que nada mais 
representam do que o mesmo fenômeno visto pelo prisma da sucessibilidade 
(GOMES, 2002). 
Pelo princípio da saisine, a lei considera que, no momento da morte, o autor 
da herança transmite seu patrimônio, de forma íntegra, a seus herdeiros. O direito 
atual suprimiu da regra a expressão “o domínio e a posse da herança”, passando a 
prever a sua transferência pura e simples. Mas é óbvio que tal supressão não vai 
diminuir o alcance objetivo do princípio. 
Vale dizer: o objeto da transmissão continua sendo a herança, que, como já 
se disse, é o patrimônio do defunto, compreendendo todos os direitos que não se 
extinguem com a morte, incluindo bens móveis e imóveis, débitos e créditos. Isso 
porque, tanto no direito anterior como no atual, a lei considera o direito a sucessão 
aberta como um bem imóvel indivisível, que se transfere aos herdeiros em 
condomínio (art. 1.791, parágrafo único) até que a partilha seja deferida 
(HIRONAKA, 2007). 
 
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11
 
Deve-se deixar claro, no entanto, que a posse transmitida pelo droit de 
saisine não será sempre representada pela posse ampla, havendo casos em que a 
apreensão material das coisas que compõem o acervo hereditário só se realizará 
com a partilha. A posse que se transmite causa mortis é sempre a posse indireta dos 
bens. 
Em resumo, ainda que a lei determine que, uma vez aberta a sucessão, a 
herança seja deferida ao herdeiro imediatamente, operando-se assim uma 
verdadeira modificação subjetiva nas relações jurídicas, que permanecem 
inalteradas do ponto de vista objetivo, fato é que o domínio e a posse de toda a 
herança transferem-se, em condomínio, a todos os herdeiros, uma vez que os 
quinhões hereditários ainda não foram individualizados, sem que isso represente 
prejuízo a qualquer dos sucessores. Ou, como WASHINGTON DE BARROS 
MONTEIRO (2009, p.15) dizia, comentando o direito anterior, 
 
se é verdade que a herança passa ao herdeiro, desde a abertura da 
sucessão, o mesmo não se pode dizer da qualidade e quantidade dos bens 
de que se há de compor o quinhão respectivo. 
 
Em seguida, tanto a lei anterior quanto a atual fazem uso da expressão 
“desde logo” para designar o momento exato em que o de cujus é substituído por 
seus herdeiros nas relações jurídicas que compõem a herança que lhes transmite. 
Por fim, a lei diz que a herança transmite-se aos herdeiros legítimos e 
testamentários, o que equivale a dizer que ela se transmite por meio do condomínio, 
como se viu, a todos aqueles que foram contemplados com a atribuição de uma 
quota parte ideal, instituída pelo autor da herança por meio de testamento (herdeiro 
testamentário) ou àqueles que receberão a quota parte ideal determinada por lei 
(herdeiro legítimo). 
Convém lembrar que o sucessor legítimo será, nessa condição, sempre 
herdeiro e nunca legatário. Esse princípio faz com que a ressalva final do art. 1.784 
inclua na transmissão decorrente do princípio da saisine aqueles indivíduos que 
foram beneficiados por testamento com quota parte ideal e nunca por meio de um 
bem especificado ou passível de especificação, uma vez que essa forma de 
disposição testamentária constitui legado, que vem disciplinado pelo art. 1.923 atual, 
o que se refere à coisa certa. Essa norma traz como consequência a transmissão 
 
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exclusiva, no momento da morte, da propriedade, sendo que a posse só se 
transmitirá quando da partilha, momento propício para o pagamento dos legados (§ 
1º do artigo referido). A transmissão dos legados de coisa incerta ocorre de forma 
diversa: estes terão o domínio e a posse transmitidos quando da partilha. 
Em suma: o herdeiro recebe, desde o momento da morte do autor da 
herança, o domínio e a posse dos bens, em condomínio com os demais; o legatário 
receberá o domínio desde logo e a posse quando da partilha, se beneficiado com 
coisa certa, e receberá o domínio e a posse no momento da partilha, se beneficiado 
com coisa incerta. 
Nenhum ato do herdeiro se faz necessário para que a herança lhe seja 
deferida no momento exato em que se abre a sucessão. Morto o autor da herança, 
esta se transfere de pleno direito e imediatamente aos herdeiros legais ou 
instituídos, ainda que estes não tenham sequer tomado conhecimento da morte 
ocorrida e mesmo que não venham a saber dela por sobrevir-lhes morte posterior. 
O ordenamento determina que se adquiriu o direito à herança o que, ainda 
que de forma ficta e inconsciente, faz com que o bem em consideração passe a 
compor seu patrimônio jurídico. Assim sendo, tal parte patrimonial se transmite a 
seus herdeiros também no momento exato de sua morte (HIRONAKA, 2007). 
Outro ponto controvertido na doutrina refere-se à necessidade de aceitação 
da herança. ORLANDO GOMES (2002) dizia que se a herança transmitia-se ao 
herdeiro no momento mesmo da morte, não caberia a ele aceitar, mas apenas 
renunciar a ela ou cedê-la a outrem. 
A aceitação representaria “superfetação”, a menos que se a considerasse 
“necessária à aquisição como ato confirmatório”, que retroagiria “por conseguinte, à 
data de abertura da sucessão” (GOMES, 2002, p. 19). É essa a regra que vem 
expressa no art. 1.804 e que não existia no sistema anterior. Complementa-a a 
previsão de que a renúncia do herdeiro opera efeitos no sentido de que a 
transmissão tem-se por não efetuada (parágrafo único do art. supracitado). 
Por esse motivo, pode-se mesmo afirmar que tal transmissão imediata 
determinada pelo princípio da saisine é passível de resolução. Com efeito, morto o 
autor da herança, esta se transmite a todos os herdeiros, mas se um deles 
renunciar, tal transmissão resolve-se e é tida como não realizada, devolvendo-se o 
 
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direito sucessório, que até então era de titularidade do renunciante, aos demais 
herdeiros que concorriam com ele, por pertencerem à mesma classe sucessória. E 
vedada, portanto, na hipótese, a representação. Se, todavia, o renunciante fosse o 
único de sua classe, ou se todos tivessem renunciado, operar-se-ia a devolução em 
favor dos sucessíveis da classe seguinte. Mas, aqui, não se trata de representação, 
posto que os herdeiros do renunciante herdam por direito próprio, uma vez não 
existente a classe sucessória anterior. A aceitação e a renúncia também serão 
analisadas posteriormente. 
Por fim, como a transmissão se opera no momento da morte, e nesse 
momento que se devem verificar os valores do acervo hereditário, de forma a 
determinar o monte partível e o valor do imposto de transmissão causa mortis. 
 
1.3 Classificação 
De acordo como Art. 1.829, a sucessão legítima defere-se na ordem 
seguinte: 
I- Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo 
se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da 
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da 
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares. 
II - Aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge. 
III - Ao cônjuge sobrevivente. 
IV - Aos colaterais. 
 
Portanto, essas são as quatro classes de herdeiros: 1ª classe – 
descendentes; 2ª classe – ascendentes; 3ª classe – cônjuge; 4ª classe – colaterais. 
 
Os herdeiros são chamados a suceder dentro da respectiva classe. Somente 
na hipótese de a classe anterior estar vazia é que são chamados os integrantes da 
classe subsequente. Um único herdeiro de uma classe afasta todos os pertencentes 
às classes seguintes. 
Os integrantes das três primeiras classes são herdeiros necessários (art. 
1.845): descendentes, ascendentes e cônjuge – recebem a legítima – metade da 
 
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herança. Os da última classe, chamados colaterais, não fazem jus à legítima – são 
herdeiros facultativos. 
Na ausência de herdeiros, a herança é recolhida como jacente – devolve-se 
a herança ao ente público em que os bens estão localizados. 
Primeira classe : filhos, netos e bisnetos (parentes em linha reta, 
descendentes), ou seja, são os primeiros a serem chamados a suceder. Não há 
mais diferença entre filhos legítimos e adotivos. 
Segunda classe : parentes em linha reta ascendente (pais, avôs, bisavôs). 
Lembrando que o ascendente é a pessoa que dá origem a outra pessoa. Sucedem 
somente se não existir nenhum descendente. A linha ascendente subdivide-se em 
linhas maternas e paternas. 
Terceira classe : aqui estão os conjuges. Único herdeiro cujo direito 
sucessório não decorre do vínculo de parentesco. Dupla condição: havendo 
herdeiros em linha reta, tem direito a uma fração do patrimônio do de cujus 
(concorrência sucessória); não havendo herdeiros em linha reta, chamado a suceder 
– herda independente do regime de casamento. 
Quarta classe : aqui figuram os parentes mais remotos, os parentes 
colaterais até o quarto grau (irmãos, sobrinhos, tios, sobrinhos-neto, primo). São 
convocados na ausência de herdeiros necessários e na inexistência de testamento. 
 
Guarde... 
a) SUCESSÃO INTER VIVOS E CAUSA MORTIS 
• Sucessão inter vivos – deriva de um ato entre vivos. Ex.: compra e venda. 
• Sucessão causa mortis - tem como causa a morte. 
 
b) SUCESSÃO A TÍTULO SINGULAR E A TÍTULO UNIVERSAL 
• A título singular – quando se transfere um bem ou em certos bens. 
 
c) DETERMINADOS – LEGADO (legatário) 
• A título universal – quando se transfere a totalidade do patrimônio ou 
fracionado em partes ideais – HERANÇA (herdeiro). 
 
 
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d) SUCESSÃO LEGÍTIMA E SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
• Sucessão legítima – ou AB INTESTATO – é aquela decorrente da lei, 
regulada pelo Código Civil. 
• Sucessão testamentária – sucessão que se processa de acordo com a 
vontade do titular do patrimônio. 
 
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UNIDADE 2 – ABERTURA DA SUCESSÃO 
 
2.1 Lugar de abertura e competência 
A abertura da sucessão ocorre no exato momento da morte do autor da 
herança, independentemente da ciência dos sucessores deste fato. Quanto ao 
ausente, a sucessão pode ser aberta de forma provisória, prescindindo-se de sua 
morte. Nos termos do art. 26, 
 
decorrido 1 ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou 
representante ou procurados, em se passando 3 anos, poderão os 
interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente 
a sucessão. 
 
São inconfundíveis a abertura da sucessão com a chamada abertura do 
inventário: 
- a abertura da sucessão se dá no momento da morte; 
- a abertura do inventário somente ocorrerá quando os legitimados (art. 615 
e 616 do CPC4) ajuizarem a ação correspondente, sempre depois da abertura da 
sucessão. O inventário tem por finalidade arrolar, descrever, saldar as dívidas e 
partilhar o patrimônio, havendo mais de um sucessor, ou adjudicá-la, no caso de 
existir um único herdeiro. 
Atenção: 
O momento da abertura da sucessão é importante para verificar quem são 
os sucessores, quando começa a situação de universalidade da herança, a 
transmissão do domínio e da posse dos bens hereditários e qual a lei que rege a 
sucessão. 
Quanto ao lugar da abertura e competência existe uma regra: a abertura da 
sucessão se dá no último domicílio do falecido (art. 1.785), ainda que a morte se dê 
em outro local, ou que os bens estejam situados em outra localidade. 
O lugar do domicílio do falecido firma a competência territorial para o 
processamento do inventário, impondo-se um juízo universal para as demais ações 
correlatas, mesmo que a morte e os bens estejam situados em lugar diverso. 
 
4 Código de Processo Civil, Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm 
 
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Entretanto, tem que se verificar se: o morto tinha domicílio certo, ou mais de 
um domicílio ou se era incerto. 
Algumas situações: 
a) Se o domicílio era certo, a sucessão é aberta no lugar do último domicílio 
- nos termos do art. 48, caput, CPC/2015: 
 
O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o 
inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de 
última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para 
todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido 
no estrangeiro. 
 
b) Sendo vários os domicílios, será competente aquele que primeiro 
conheceu do inventário, por prevenção, excluindo-se os demais. 
c) Na falta de domicílio certo, há que se aplicar o art. 48, parágrafo único do 
CPC/2015, que excepciona a regra da competência territorial do domicílio do 
falecido, estabelecendo que será competente o foro da situação dos bens e se 
estiverem situados em locais diferentes, a competência se estabelece no lugar em 
que ocorreu o óbito. 
Atenção: 
Notem que, quanto aos bens localizados em território nacional, prevê o art. 
23, II, do CPC a competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira para 
proceder ao inventário e a partilha dos bens, com abstenção dos bens situados no 
estrangeiro. 
GISELDA MARIA FERNANDES NOVAES HIRONAKA (2007, p. 10) explica 
a contento que 
 
a sucessão é aberta no local do último domicílio do falecido, ainda que outro 
tenha sido olocal de sua morte e que os bens de seu patrimônio estejam 
situados em outras localidades. A regra deriva da necessidade de fixar o 
foro competente para o processamento do inventário e da partilha, mas tem 
raízes também no problema de se determinar a jurisdição internacional 
competente. É regra, portanto, que se relaciona ao direito processual e ao 
direito internacional privado. 
 
Reprisando: a norma legal determina a abertura da sucessão no lugar do 
último domicílio do finado (art. 1.785). Se este, todavia, não possuísse domicílio ou 
possuísse mais de um, o problema de sua determinação para fins de estabelecer o 
 
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local da abertura da sucessão desloca-se para as regras da Parte Geral atinentes ao 
domicílio da pessoa física. 
 
2.2 Leis aplicáveis 
Como sabermos qual lei aplicar em se tratando do art. 1.787, “regula a 
sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela”? 
Como já aludido no caput do artigo, relativamente à lei material, aplica-se a 
vigente à data do óbito, porque a abertura da sucessão ocorreu sob o império desta 
lei. 
Em outras palavras, a análise de quem tem legitimidade ou capacidade para 
suceder por testamento ou para ser herdeiro legítimo se depreenderá da legislação 
em vigor ao tempo da morte. Por isso, podemos observar o seguinte: 
1) falecendo na vigência do código anterior, adota-se esta lei, mesmo que a 
abertura do inventário seja requerida na vigência do atual código; 
2) se a morte ocorrer na vigência do novo código, este será o aplicável, não 
importando se o casamento ou a união estável se iniciou durante o ordenamento 
anterior (art. 2.041). 
Porém, quanto ao testamento, podemos distinguir duas situações: 
a) lei em vigor no momento da feitura do testamento – será aplicável quanto 
aos requisitos extrínsecos do testamento e quanto à capacidade do testador. Assim, 
se na data em que o testamento foi feito eram exigidas 5 testemunhas, e, após a 
morte, a lei passa a exigir 7, o testamento será válido, pois foi observada a lei em 
vigor no momento em que foi feito; 
b) lei em vigor no momento da morte – deverá ser observada quanto ao 
conteúdo das disposições testamentárias razão pela qual, se no momento da 
realização do testamento a lei permitia dispor de 80% do patrimônio, e agora, após a 
morte, a lei diz que somente é possível dispor de 50%, esta última deve prevalecer 
(NEVES; LOYOLA, 2011). 
 
Atenção: 
 
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Ainda, nos termos do art. 5º, XXXI, da CF/88 (seguindo a redação do art. 10, 
§ 1º, do Decreto-Lei nº 4.657 de 04 de setembro de 1942 – Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro5 (LlNDB), 
 
a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei 
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não 
Ihes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 
 
Para a aplicação deste dispositivo é necessário que: 
1) o cônjuge sobrevivente seja nacional; 
2) o cônjuge falecido seja estrangeiro; 
3) o morto deixe bens no Brasil; 
4) tenha domicílio no estrangeiro; 
5) não seja mais benéfica a lei do país em que era domiciliado. 
 
2.3 Efeitos da sucessão 
Efeitos da sucessão (direito de saisine ou “droit de saisine”). 
No momento da morte, os herdeiros passam a titularizar as relações 
jurídicas transmissíveis do falecido, nos termos do art. 1.784. O droit de saisine (ou 
princípio da saisine) é esta imediata transmissão da herança, ou seja, do domínio e 
da posse dos bens aos herdeiros, independentemente de inventário, porque 
inadmissível relação jurídica decapitada, sem sujeito para titularizá-la (não pode 
haver vácuo nas relações jurídicas, direitos, obrigações e deveres). 
Assim, aberta a sucessão, ocorre a chamada devolução ou delação 
sucessória, ou seja, a propriedade e a posse dos bens da herança são transmitidas 
aos herdeiros (legítimos e testamentários). 
Verifica-se que a abertura da sucessão não se confunde com a devolução 
dos bens: a palavra abertura é adotada para significar propriamente o nascimento do 
direito de herança sem nenhuma relação com a pessoa supérstite a favor da qual 
nasce; já a devolução, ao invés, indica a atribuição do mesmo direito a um ou vários 
supérstites. 
 
5 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657compilado.htm, com 
alterações e revogações diversas. 
 
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Os herdeiros têm, automaticamente, independentemente de qualquer ato 
processual, a partir do falecimento, além da propriedade, o direito à posse dos bens, 
tal como era exercida a posse do finado (arts. 1.206 e 1.207), tendo legitimidade 
para os interditos possessórios. Há que se observar o princípio da continuidade da 
cadeia dominial, tendo o registro imobiliário eficácia meramente declaratória para os 
herdeiros, por serem proprietários do bem, independentemente de registro no 
Registro Geral de Investigação (RGI). Todavia, a transmissão da herança se realiza 
com o simples falecimento do de cujus, mas enquanto o herdeiro não se pronuncia, 
não há confirmação dessa transmissão, tudo, pois, ficando a depender da posterior 
deliberação do herdeiro. Se o herdeiro declara aceitá-la, é confirmada a 
transmissão, consolidando-se em seu patrimônio a herança que ele já tinha 
adquirido; se a recusa, é reputado não ter sido herdeiro em tempo algum. 
 
Atenção: 
Direitos à propriedade e posse dos bens foram conferidos somente aos 
herdeiros (legítimos ou testamentários). 
Os legatários não têm direito de saisine, recebendo tratamento diverso. Ou 
seja, se o morto deixar legatário (recebe bem individualizado), não será ele 
beneficiado pela saisine (não adquire a posse do legado); todavia, a propriedade só 
será adquirida imediatamente se o objeto for coisa infungível (NEVES; LOYOLA, 
2011). 
 
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21
 
UNIDADE 3 – OS SUCESSORES 
 
3.1 Espécies de sucessão 
A sucessão pode ser basicamente de três espécies: 
a) legítima (ou legal) – decorre da lei que dispõe sobre quem sucederá ao 
morto, quando ele próprio não regulou em vida, por ato de última vontade ou 
testamento a transmissão de seus bens. Segundo o art. 1.786, “a sucessão dá-se 
por lei ou por disposição de última vontade”. Deve-se observar a ordem de vocação 
hereditária (art. 1.829), que enumera os herdeiros legítimos; 
b) testamentária – é aquela que o testador em vida dispôs sobre seus bens 
em testamento ou em ato de última vontade com eficácia pós-morte (art. 1.857). Os 
sucessoresbeneficiados com a sucessão testamentária são os herdeiros 
testamentários e legatários; 
c) mista – ocorre quando a sucessão se dá em virtude da lei e do ato de 
última vontade (as duas formas coexistem). Exemplo: o testador deixa dois herdeiros 
necessários (sucessão legítima) e um testamento beneficiando terceira pessoa 
(sucessão testamentária). 
Havendo herdeiros necessários, o testador só pode dispor da metade da 
herança (art. 1.789), e a legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída 
no testamento (art. 1.857, § 1º). As disposições que excederem a parte disponível 
reduzir-se-ão aos limites dela (art. 1.967). E mais, nos termos do art. 1.849, “o 
herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou algum 
legado, não perderá o direito à legítima”. 
Segundo explica GISELDA MARIA FERNANDES NOVAES HIRONAKA 
(2007), o Direito das Sucessões opera por meio da morte do titular de um direito que 
não seja personalíssimo e que, nesta medida, possa e deva ser transferido para um 
outro titular. 
Assim, sempre que um direito ou bem qualquer puder ser transferido para 
outra pessoa em razão da morte de seu antigo titular, estar-se-á diante do campo 
propício para a aplicação das regras do direito sucessório. Daí dizer-se tratar de 
sucessão mortis causa. 
Dessa forma, o sujeito ativo da sucessão é sempre o antigo titular do direito 
transmissível, chamado de autor da herança ou, abreviadamente, de cujus, ou 
 
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ainda, inventariado, sem prejuízo das terminologias coloquiais, como falecido, morto, 
finado, entre outras. O sujeito que falece, no entanto, pode ter consignado a sua 
vontade derradeira em uma cédula testamentária válida, cuja aptidão primordial é a 
de proceder ao endereçamento de seus bens e direitos a pessoas designadas por 
ele. E caso assim não tenha procedido, ter-se-á a denominada morte ab intestato, 
ou sem testamento, conforme se expõe a seguir (CAHALI, 2007). 
Relativamente ao polo passivo da transmissão hereditária, essa posição é 
ocupada, na estrutura da relação jurídica transmissiva mortis causa, ou seja, no 
momento do falecimento do autor da herança, com aplicação do que se denomina 
de princípio Droit de Saisine, pelos sucessores, que podem ser herdeiros ou 
legatários, conforme sejam agraciados com uma quota-parte ideal ou com um bem 
ou direito específico, respectivamente. Dentre os herdeiros, há os que ostentam a 
condição de herdeiros instituídos por testamento, sendo por isso chamados de 
herdeiros testamentários ou instituídos, e há os herdeiros que participam da 
sucessão ex lege, por determinação legal, sendo então chamados de herdeiros 
legítimos, podendo os últimos, ainda, ser classificados como herdeiros necessários 
ou facultativos. Assim: 
 Necessário (art. 1845) 
 Legítimo 
(ex lege) 
 
Herdeiros Facultativos – 
colaterais até o 4ºgrau 
 Testamentário (beneficiado 
por testamento, sem 
individualização de bem) 
 
Legatários Beneficiado em testamento com bem ou direito específico 
 
Herdeiros legítimos são aqueles sucessores eleitos pela legislação, por meio 
da ordem de vocação hereditária (art. 1.829), ou por regra especial (art. 1.790). O 
legislador opta por indicar quem deverá ser o sucessor da pessoa que faleceu sem 
deixar consignada a sua última vontade, fazendo-o segundo uma ordem hipotética 
de preferência do autor da herança. Estes ainda podem ser classificados como 
necessários e facultativos. 
 
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Herdeiros testamentários ou instituídos, por sua vez, são aqueles indicados 
como beneficiários da herança por disposição de última vontade, podendo, inclusive, 
tratar-se de um herdeiro legítimo, quando sua quota ideal já destinada a ele pela 
legítima é acrescida do que lhe destinar a cláusula testamentária. Com essa 
distinção, estará o testador, se assim desejar, favorecendo referido herdeiro legítimo 
mais que aos outros da mesma classe de preferência, com quem eventualmente 
esteja concorrendo (v.g., dentre os parentes colaterais do mesmo grau, o testador 
estabelece que um deles receberá, por herança, 30% do patrimônio, sem prejuízo 
do quinhão a que tem direito na concorrência com os demais herdeiros da mesma 
classe). Nessas condições, o instituído sucede como herdeiro testamentário (30%), 
e como herdeiro legítimo, na proporção do seu quinhão, fazendo, portanto, o papel 
de herdeiro legítimo e testamentário dentro de um mesmo inventário de bens 
(CAHALI, 2007). 
Por sua vez, os legatários não devem ser confundidos com os herdeiros, 
merecendo, por isso, tratamento jurídico próprio. São os sucessores instituídos por 
testamento para receber determinado bem (certo e individualizado) a título singular, 
podendo, igualmente como o herdeiro testamentário, antes exposto, coincidir com a 
pessoa do próprio herdeiro legítimo ou do herdeiro testamentário. É o que ocorre, 
por exemplo, quando há a instituição de filho como legatário de um determinado 
imóvel, de valor pequeno em relação ao patrimônio, sem prejuízo da parte que lhe 
caiba na herança, para a qual, como herdeiro legítimo, concorrerá com seus irmãos 
ou outros herdeiros, como o cônjuge. 
Não se pode olvidar que o herdeiro testamentário sucederá o patrimônio 
determinado no testamento, mas sempre que houver herdeiros legítimos 
considerados por lei como necessários, a vontade do testador só poderá atingir 
metade de seu patrimônio (art. 1.857, §1º). 
Herdeiro legítimo necessário, também denominado de legitimado ou 
reservatário, é aquele parente designado pela lei que tem direito à participação na 
herança dentro de um montante mínimo de 50% do acervo, da qual não pode ser 
privado por disposição de última vontade do inventariado, representando a sua 
existência uma limitação à liberdade de testar, pois somente poderá clausular o 
 
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24
 
testador sobre a parte disponível de seu patrimônio, o que desrespeitado poderá 
resultar na invalidade do testamento. 
Essa classe é composta pelos descendentes, pelos ascendentes e pelo 
cônjuge do de cujus (art. 1.845), sem limitação de grau quanto aos dois primeiros 
(filhos, netos, bisnetos, entre outros; e pais, avós, bisavós, entre outros). São os 
sucessores do autor da herança que não podem ser excluídos da sucessão por 
vontade do testador, salvo em casos específicos de deserdação, ou por decisão de 
indignidade, previstos em lei. Se não for esse o caso, o herdeiro necessário terá 
resguardada a sua parcela, caso o autor da herança decida fazer testamento, 
restringindo-se, dessa forma, a extensão da parte disponível para transmissão de 
apenas metade do patrimônio do de cujus. 
As pessoas que tiverem legitimidade para suceder ao patrimônio do falecido 
e que não compuserem a categoria dos herdeiros necessários são denominados 
herdeiros facultativos. Assim, o eventual companheiro do de cujus e os colateraisate 
4° grau podem ser privados da herança, bastando ao testador não os contemplar 
nas disposições de última vontade (art. 1.850). 
Por derradeiro, cumpre citar o herdeiro universal, que é aquele sucessor que 
herda exclusivamente e sozinho toda a herança, não concorrendo com qualquer 
outro herdeiro, seja legítimo ou testamentário. E assim, quando da transmissão da 
herança, esta ocorre não por partilha, vez que não há divisão, mas sim por 
adjudicação dos bens nos autos do inventário (CAHALI, 2007). 
 
3.2 Herdeiros 
Como sucessores do autor da herança, os Herdeiros recebem a totalidade 
ou fração do patrimônio do de cujus por vontade da lei ou do testador, sem 
individualização dos bens. Tanto os legítimos quanto os testamentários sempre 
recebem a título universal (veja no tópico seguinte as espécies de herdeiros). 
 
3.3 Legatários 
Legatários são os sucessores a título singular que recebem a coisa certa ou 
valores determinados (exemplo: deixo minha casa de praia para “A”). 
 
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25
 
Dá-se o nome de legado à disposição testamentária que beneficia uma 
pessoa com bens ou valores explicitados pelo testador. 
Os legatários sucedem a título singular ou particular, recebendo apenas o 
bem legado, não se sub-rogando na posição do autor da herança. 
 
3.4 Legítimos 
Os herdeiros legítimos são os sucessores por força da lei, podendo ser: 
a) necessários (reservatários ou legitimários) – são os descendentes, 
ascendentes e o cônjuge (art. 1.845). Possuem direito à metade dos bens 
deixados pelo morto, só podendo ser excluídos excepcionalmente, por 
indignidade e deserdação. Esta metade intocável é denominada de legítima 
(ou reserva dos herdeiros necessários); 
b) facultativos – são os colaterais; 
c) testamentários (ou instituído) – sucessor que recebe por testamento fração do 
patrimônio do autor da herança ou a totalidade dele, inexistindo na última 
hipótese herdeiros necessários. São aqueles que recebem por testamento o 
direito à quota-parte ou fração do patrimônio do de cujus ou ainda a totalidade 
do patrimônio na falta de herdeiros necessários (exemplo: deixo 30% dos 
meus bens para “B”). Os herdeiros (tanto legítimos quanto testamentários) 
sempre recebem a título universal. Apenas o ativo do espólio será 
responsabilizado pelo pagamento de dívidas, e eles não respondem com seu 
patrimônio pessoal (art. 1.792); 
d) cônjuge e companheiro – como visto, o art. 1.845 do código elevou o cônjuge 
ao patamar de herdeiro necessário, tendo, portanto, direito à legítima, 
dependendo do regime de bens quando concorrente com os descendentes e, 
em qualquer caso, concorrendo com os ascendentes, seja qual for o regime 
de bens adotado. 
 
3.5 Facultativos 
Os herdeiros legítimos são facultativos porque podem ser totalmente 
excluídos da sucessão por meio de testamento, contemplando o testador pessoa 
 
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26
 
diversa. De acordo com o art. 1.850, “para excluir da sucessão os herdeiros 
colaterais, basta que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar”. 
 
Atenção: 
Os Entes federativos (União, Distrito Federal e Municípios) – diversamente 
do que ocorria no sistema anterior, não mais integram a ordem de vocação 
hereditária. Todavia, continuam arrecadando os bens na falta de sucessores 
legítimos e testamentários, nos termos dos arts. 1.819 a 1.923 (herança jacente e 
vacante). Há muito se discute se tais entes possuem direito de saisine. Tem 
prevalecido o entendimento de que a sentença de vacância é constitutiva, não tendo 
eles direito de saisine, porque o domínio e a posse a eles não se transmitem 
imediatamente com o óbito. Eles dependem da sentença de vacância para serem 
constituídos no direito aos bens deixados. 
Não sendo sucessores, eles arrecadam o patrimônio obrigatoriamente, 
independentemente se o óbito ocorreu na vigência da lei revogada ou atual (NEVES; 
LOYOLA, 2011). 
 
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27
 
UNIDADE 4 – A HERANÇA 
 
Em razão do princípio da transmissão imediata (art. 1.784), aberta a 
sucessão, com a morte do titular, transfere-se o patrimônio de logo, ipso iure, para 
os seus herdeiros, independente de qualquer manifestação volitiva deles, formando 
um condomínio que somente será dissolvido com o trânsito em julgado da partilha. É 
a chamada devolução hereditária. 
Surge, então, para o herdeiro as opções: aceitar ou repudiar o que está 
sendo transmitido por lei. Assim, a aceitação ou adição da herança é o ato jurídico 
unilateral pelo qual o herdeiro (testamentário ou legítimo) revela o desejo de receber 
a herança que já lhe é transmitida automaticamente, por força de lei (FARIAS, 
2007). 
Trata-se, ademais, de ato necessário, pois, de um lado, materializa o direito 
de deliberar sobre o recebimento, ou não, do patrimônio que é transmitido ipso iure, 
e de outro, confirma tal transferência retroativamente. 
Conquanto seja possível alguma estranheza, a aceitação da herança não 
colide com o princípio de saisine, pelo qual a herança é transmitida de logo, ope 
legis, quando do óbito do titular do patrimônio. Ao revés, harmoniza-se com ele. 
Como a herança é transmitida de logo aos herdeiros, sem a necessidade da 
prática de qualquer ato, consoante a regra esculpida no art. 1.784 do Código Civil, a 
aceitação não pode significar aquisição da herança (o que já se operou pela 
incidência da regra de saisine), figurando apenas para confirmar a transmissão 
operada por lei com efeitos retro operantes, retroagindo até a data da abertura da 
sucessão, a fim de evitar um inadmissível hiato na titularidade do patrimônio. 
Em síntese: a aceitação é o ato pelo qual o titular de direito hereditário, que 
já lhe foi transmitido quando da abertura da sucessão, confirma a intenção de 
recolher a herança, consolidando os direitos hereditários (DINIZ, 2010). 
Como ninguém pode ser obrigado a receber herança ou legado contra a sua 
própria vontade, deve confirmar a transmissão que se opera por determinação legal. 
Lembre-se, aliás, que, de qualquer modo, o herdeiro não responde pelos 
encargos superiores à herança recebida (é a chamada aceitando com benefício de 
inventário), como reza o art. 1.792, não podendo ser compelido a honrar débitos que 
excedam os limites da herança. De qualquer sorte, é possível ao herdeiro, por 
 
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liberalidade, pagar as dívidas do falecido que superem a força do espólio, ato que 
configura verdadeira doação, liberalidade. 
Não por outro motivo, entende-se que, por não responder pessoalmente 
pelas dívidas que superema herança, o herdeiro é parte ilegítima para figurar no 
polo passivo de eventual ação de cobrança ajuizada por credores do falecido. Quem 
responde pelas dívidas é o espólio, até o limite do patrimônio transmitido. Não sendo 
os bens da herança suficientes para o pagamento das dívidas do morto, caracteriza-
se situação de insolvência, que deverá ser declarada judicialmente, a requerimento 
do inventariante ou de qualquer interessado, de acordo com o procedimento do art. 
1.052 do CPC/20156, inclusive com a intervenção do Ministério Público como fiscal 
da lei (FARIAS, 2007). 
Se a dívida é apurada depois de ultimada a partilha, os sucessores 
respondem pessoalmente, porém na proporção correspondente à herança recebida 
(art. 1.997). 
Além disso, aquele que herda por representação (nos casos de indignidade, 
deserdação e pré-morte) apenas responderá pelas dívidas do autor da herança, não 
assumindo as dívidas do representado. 
 
4.1 Conceito 
Herança é o patrimônio composto de ativo e passivo deixado pelo falecido 
por ocasião de seu óbito para ser recebido por seus herdeiros. Em outras palavras, 
é o patrimônio do morto formado por seus bens, direitos e obrigações. Quanto à 
natureza jurídica da herança, trata-se de uma universalidade de direito (art. 1. 791), 
regulando-se até a partilha pelas normas do condomínio. 
Não integram a herança: 
a) relações e situações jurídicas sem conteúdo patrimonial, como, por 
exemplo, os direitos da personalidade (nome, honra, imagem, entre outros), muito 
embora esses direitos não se transmitam, alguns deles podem ser defendidos em 
juízo pelos sucessores do morto (arts. 12 e 14); 
 
6 No entanto, reza o artigo 1.052 o seguinte: “Até a edição de lei específica, as execuções contra 
devedor insolvente, em curso ou que venham a ser propostas, permanecem reguladas pelo Livro II, 
Título IV, da Lei no5.869, de 11 de janeiro de 1973”. 
 
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b) posições jurídicas patrimoniais de caráter personalíssimo – é o caso, por 
exemplo, do direito de alimentos, das obrigações personalíssimas, do usufruto, do 
direito real de habitação, entre outros. (NEVES; LOYOLA, 2011). 
 
Atenção: 
Só se pode falar em herança após a morte do titular dos direitos, em 
decorrência do art. 426 (“não pode ser objeto de contrato herança de pessoa viva”). 
Assim, enquanto for vivo, seus futuros e pretensos sucessores possuem meras 
expectativas de direitos sobre o patrimônio. Ainda, quanto à herança, podemos 
enumerar as seguintes características: 
a) o direito à sucessão aberta é bem imóvel por determinação legal (art. 80), 
razão pela qual a cessão dos direitos hereditários depende de escritura pública e de 
autorização do cônjuge; 
b) antes da partilha, a herança é um todo unitário e indivisível (art. 1.791), e 
os coerdeiros são condôminos (parágrafo único), razão pela qual qualquer um deles 
pode defender em juízo toda a herança, e se quiser ceder a sua cota deverá 
respeitar o direito de preferência dos demais (art. 1.794). 
 
4.2 Aceitação da herança 
Aceitação (ou adição) da herança ou do legado é ato unilateral, 
indispensável, de manifestação de vontade do sucessor em suceder o finado, em 
receber o domínio e a posse dos bens por ele deixados. Em outras palavras, é o ato 
pelo qual se confirma a transmissão ocorrida no momento da morte. 
Quanto à natureza jurídica, trata-se de declaração unilateral de vontade, 
bastando a emissão volitiva em suceder o falecido. A doutrina também a classifica 
como um negócio jurídico unilateral, por deter o sucessor a liberdade de 
autodisciplinar sua vontade, independentemente da anuência ou participação de 
terceiros. 
 
4.2.1 Espécies de aceitação 
Quanto ao modo de manifestação de vontade, a aceitação pode ser: 
 
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a) expressa – verifica-se quando o sucessor manifesta por escrito sua 
vontade de suceder, em receber os bens do falecido. Segundo o art. 1.805, 1ª parte, 
“a aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita”; 
b) tácita – decorre do comportamento próprio de quem aceitou, ou seja, é a 
prática de atos compatíveis com sua qualidade de sucessor (exemplo: concordar 
com as primeiras declarações, pagar imposto). De acordo com a parte final do art. 
1.805, “quando tácita, há de resultar tão somente de atos próprios da qualidade de 
herdeiro”; 
c) presumida – dar-se-á quando o sucessor, no prazo de até 30 dias, não se 
manifesta aceitando ou repudiando a herança ou o legado. Ou seja, o silêncio 
presume aceitação (art. 1.807). 
Quanto ao titular do direito de se manifestar, a aceitação pode ser: 
a) Direta – o próprio titular se manifesta. 
b) Indireta – o direito se transfere a outrem, o que ocorre em dois casos: 
- quando o herdeiro morre antes de dizer se aceita ou não; 
- quando o herdeiro renuncia em favor de seus credores, podendo estes 
aceitarem a herança mediante autorização judicial. 
 
Atenção: 
Devemos ainda observar o disposto no art. 1.807, § 1º, dispondo que “não 
exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os 
meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória”, e no § 2º, 
segundo o qual “não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, 
da herança, aos demais coerdeiros” (NEVES; LOYOLA, 2011). 
 
4.2.2 Características da aceitação 
Podemos dizer que a aceitação é sempre: 
a) pura e simples – não se admite aceitação condicional ou a termo (art. 
1.808), ou seja, ninguém pode aceitar impondo condições ou somente a partir de 
determinada data ou até certa época. Nula é a manifestação de vontade; 
b) indivisível – não se admite aceitação por parte, não se podendo aceitar 
uma parte e renunciar a outra. Pode, porém, quando chamado a suceder em mais 
 
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de um quinhão de títulos diferentes, deliberar sobre qual deles renuncia sem 
prejuízo da aceitação dos demais (art. 1.808, §§ 1º e 2º). O que a lei veda é a 
aceitação parcial de um determinado quinhão. Quem aceita recebe o quinhão por 
inteiro ou tem que renunciá-lo na totalidade, sob pena de nulidade; 
c) irretratável – não pode o sucessor que aceitou a herança ou o legado 
posteriormente renunciar (art. 1.812 - “são irrevogáveis os atos de aceitação ou de 
renúncia da herança”). Todavia, aquele que aceitou pode, posteriormente, desfazer-
se de seu quinhão, através da cessão de direitos hereditários, seja em benefício do 
monte ou de terceiros, desde que o faça por escritura pública (art. 1.793), incidindo a 
tributação da transmissão por morte e também inter vivos. 
A aceitação será anulada quando, após a manifestação de vontade, apurar-
se que o aceitante não era herdeiro, ou descobrir-se a existência de testamento. Se 
o inventário já tiver sido encerrado e homologada a partilha, só por ação de petição 
de herança, o interessado poderáreivindicar o que lhe cabe (art. 1.824). 
Eficácia da aceitação – a eficácia da aceitação é ex tunc, ou seja, retroage à 
data do óbito, por causa do direito de saisine que transmite imediatamente os bens 
do falecido ao sucessor no momento da morte (NEVES; LOYOLA, 2011). 
 
4.2.3 Sucessão a benefício de inventário 
É um benefício concedido pela lei aos herdeiros que impede a confusão dos 
patrimônios do espólio com o pessoal deles restringindo o pagamento das dívidas do 
espólio aos bens componentes do acervo hereditário, excluindo de responsabilidade, 
o patrimônio do herdeiro que aceitou a herança. Os pagamentos serão sempre feitos 
dentro das forças da herança, imunizando os herdeiros. 
Assim, quando o herdeiro aceita a herança, composta de ativo e passivo, a 
herança responde nos estritos limites das suas forças, ou seja, dentro das 
possibilidades que o ativo comporta em solver as obrigações do finado. 
Quem responde pelos débitos é o espólio. Observe-se que, se a herança 
tiver um passivo maior que seu ativo, o herdeiro não ficará responsável pelo excesso 
(art. 1.792). Porém, nada obsta que o herdeiro renuncie ao benefício de inventário, o 
que deverá fazê-lo expressamente (NEVES; LOYOLA, 2011). 
 
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4.3 Renúncia da herança 
4.3.1 Conceito 
A renúncia à herança ou ao legado é uma declaração unilateral de vontade 
(não há necessidade de homologação judicial), por meio da qual o sucessível 
declara expressamente, após a morte do autor da herança, não aceitá-los, 
repudiando-os, sendo necessariamente de forma pura e simples (assim como a 
aceitação), sem qualquer condição (art. 1.808, caput). 
A renúncia tem necessariamente que ser expressa, por escrito, devendo 
constar de instrumento público ou termo judicial (art. 1.806). Não se admite, em 
regra, recusa tácita. Todavia, excepcionalmente, nos termos do art. 1.913, a recusa 
será tácita quando alguém for nomeado com encargo e se recusar a cumpri-lo. Diz 
aquele artigo: “se o testador ordenar que o herdeiro ou legatário entregue coisa de 
sua propriedade a outrem, não o cumprindo ele, entender-se-á que renunciou à 
herança ou ao legado”. 
 
4.3.2 Espécies 
A renúncia à herança pode ser: 
a) Abdicativa (própria) – é a verdadeira renúncia, ou seja, o sucessor recusa 
a herança em favor do monte, não destinando expressamente o que lhe caberia a 
nenhum dos coerdeiros. Os demais sucessores do falecido acrescerão ao seu o 
quinhão do renunciante. Em outras palavras, o destino da cota do renunciante é 
estabelecido pela lei, sem qualquer interferência de sua vontade. 
Compete ao Estado instituir o Imposto de Transmissão Causa Mortis 
(ITMCD - art. 155, I, “a” da CF). A renúncia abdicativa é ato de liberalidade, e o 
renunciante é considerado como se nunca tivesse existido, razão pela qual o 
sucessor do renunciante não paga nenhum imposto por não ter ocorrido fato gerador 
para ele (a transmissão em razão da morte). O imposto será pago por aqueles que 
sucederem. 
b) In favorem (imprópria, translativa, translatícia, ou renúncia de nome) – é 
aquela na qual a cota do renunciante tem o destino estabelecido por ele próprio 
(exemplo: renuncio à herança de meu irmão em favor de minha irmã). Nesta 
hipótese, há, na verdade, dois atos, o de aceitação e, posteriormente, uma alienação 
 
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gratuita ou onerosa. Em resumo: não se trata de renúncia, mas sim de aceitação 
seguida de cessão (ou aceitação translativa), passível de dupla tributação (NEVES; 
LOYOLA, 2011). 
 
4.3.3 Efeitos e restrições à herança 
A renúncia tem eficácia ex tunc, retroagindo ao momento da abertura da 
sucessão ou do óbito, e o renunciante é considerado como se nunca tivesse sido 
sucessor. Daí advêm inúmeras consequências (arts. 1.810 e 1.811): o quinhão do 
renunciante acresce ao dos demais coerdeiros, havendo outros do mesmo grau. 
Sendo o único, os sucessores do grau imediatamente posterior sucedem o falecido, 
por direito próprio. Não existe direito de representação em favor dos descendentes 
do renunciante, salvo se o renunciante for o único legítimo de sua classe, ou se 
todos os outros da mesma classe renunciarem, caso em que os filhos poderão vir à 
sucessão, por direito próprio, e por cabeça. 
Exemplo: o pai falece deixando dois filhos e dois netos. Um dos filhos 
renuncia. O quinhão deste acrescerá o patrimônio do outro filho, que receberá a 
totalidade da herança, e os filhos do renunciante nada recebem. Se os dois filhos do 
falecido renunciam, os netos sucedem em igualdade de condições, por direito 
próprio, partilhando por cabeça. Se todos os descendentes renunciam (filhos e 
netos), a herança será destinada aos ascendentes do inventariado. 
Quanto à sucessão testamentária, podemos dizer que caduca a disposição 
de última vontade quando o herdeiro ou o legatário renuncia à sucessão, exceto se 
previsto substituto testamentário ou se o coerdeiro ou colegatário tiver direito de 
acrescer. Na impossibilidade, o quinhão será destinado aos herdeiros legítimos do 
morto. 
Em suma: 
a) se houver substituto no testamento, a parte do renunciante vai para ele; 
b) se não houver, e as cotas não forem determinadas, a parte do 
renunciante acresce aos demais; 
c) se as cotas forem determinadas, a parte do renunciante vai para os 
herdeiros legítimos do testador. 
 
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Finalmente, o representante do incapaz só pode renunciar com autorização 
do juiz. 
Dentre as condições de restrições à renúncia, temos a lesão aos credores 
do renunciante. 
Se o renunciante prejudicar seus credores, estes terão que se habilitar no 
curso do inventário, no prazo de até trinta (30) dias ao conhecimento da renúncia e 
com autorização judicial, aceitar o quinhão hereditário em nome do renunciante (art. 
1.813). Ou seja, os credores pedem ao juiz a suspensão temporária da eficácia da 
renúncia a fim de cobrarem os valores devidos. Os credores somente receberão o 
equivalente ao seu crédito e dentro dos limites do quinhão do renunciante. Tudo isso 
só ocorrerá se os bens do renunciante forem insuficientes para saldar as dívidas. Se 
este for solvente, a renúncia será processada normalmente. 
Outro tipo de restrições à renúncia seria o consentimento do cônjuge: quanto 
à renúncia à herança, o herdeiro casado depende de autorização do cônjuge para 
renunciar, pois a renúncia é uma espécie de alienação (art. 1.647, I). 
Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce a dos 
outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da 
subsequente. 
Art. 1.811. Ninguém pode suceder representando herdeiro renunciante. Se, 
porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma 
classe renunciarem à herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e 
por cabeça. 
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar seus credores, renunciando

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