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METODOLOGIA CIENTIFICA IPEMIG

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METODOLOGIA CIENTÍFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELO HORIZONTE/MG 
 
 2 
 
 
 
Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com.br 
(31) 3270 4500 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 03 
1-O QUE É METODOLOGIA DE PESQUISA?..................................................05 
1 O QUE É CIÊNCIA?.........................................................................................05 
2 NÍVEIS DE CONHECIMENTO ....................................................................... 10 
2.1 Empírico ...................................................................................................... 10 
2.2 Teológico ..................................................................................................... 11 
2.3 Filosófico ..................................................................................................... 12 
2.4 Científico ..................................................................................................... 13 
3 A HISTÓRIA DA CIÊNCIA ATRAVÉS DOS TEMPOS .................................. 14 
3.1 Antiguidade ................................................................................................. 15 
3.2 Idade Média e Renascimento ..................................................................... 16 
3.3 A Revolução Científica ................................................................................ 17 
3.4 A Revolução Industrial ................................................................................ 19 
3.5 O século XX ................................................................................................ 20 
4 A CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA ................................................................ 21 
5 FERRAMENTAS DE TRABALHO DO PROFISSIONAL DO NÍVEL 
SUPERIOR........................................................................................................ 23 
5.1 Conceitos, leis, teorias e doutrinas ............................................................. 24 
6.O QUE É PESQUISA?....................................................................................29 
6.1 Tipos de pesquisa.........................................................................................29 
7 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA ..................................................... 31 
7.1Métodos.........................................................................................................31 
7.2Técnicas ...................................................................................................... 35 
7.3Formas de pensamento ............................................................................... 37 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................42 
 
 
 
 
 
 3 
 
 
 
Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com.br 
(31) 3270 4500 
INTRODUÇÃO 
Sejam bem-vindos aos cursos de Especialização oferecidos pelo Instituto 
Pedagógico de Minas Gerais – IPEMIG. 
Esforçamo-nos para oferecer um material condizente com a graduação 
daqueles que se candidataram a esta especialização, procuramos referências 
atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. 
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, 
afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos 
educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou 
aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e 
provado pelos pesquisadores. 
Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos 
colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada 
está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar 
nosso trabalho. 
Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são 
livres para estudar da melhor forma que puderem se organizar, lembrando que: 
aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é 
demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos 
nossos/ seus alunos. 
Deste modo, o curso em questão tem como objetivo geral oferecer subsídios 
teórico-metodológicos para que os ingressantes na especialização possam atuar de 
maneira comprometida e adequada, reforçar os conhecimentos daqueles que já atuam 
na área, pois sabemos que o mercado atual exige renovação da bagagem profissional, 
valorização das novas tendências na sua área de trabalho. 
O curso é dividido em dois módulos. No primeiro módulo, teremos três 
apostilas/conteúdos considerados básicos que são a Metodologia Científica, a 
Didática do Ensino Superior e as Orientações para o Trabalho de Conclusão de Curso 
– TCC. O módulo dois será composto de cinco apostilas com conteúdos específicos à 
pós-graduação escolhida. 
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Nesta primeira apostila nosso assunto é a Metodologia Científica, o que inclui 
as suas origens, os níveis de conhecimentos existentes, um pouco da história das 
ciências através dos tempos, as ferramentas de trabalho do profissional do nível 
superior, os métodos, técnicas e formas de pensamento através dos tempos. 
Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos 
serem os mais importantes para a disciplina. 
São inúmeros os autores que discutem os temas tratados na Metodologia 
Científica, optamos por seguir a linha de pensamento de três autores mais 
especificamente que são Lakatos e Marconi (2004), Cervo, Bervian e Silva (2007) e 
Mattar (2008), Fazenda, et al (2010),Minayo, et al (2002), mas salientamos que 
existem inúmeros outros autores que nos oferecem uma bibliografia rica nesse 
conteúdo. 
Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de redação 
científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. 
Logo após as referências, em todas as demais apostilas do curso, encontra- se 
uma avaliação contendo 10 questões fechadas, de múltipla escolha e o respectivo 
gabarito. Vocês terão dois meses a contar do recebimento da apostila para responder 
as questões, as quais salientamos, encontram-se todas no decorrer da apostila e 
enviar suas respostas para o endereço eletrônico abaixo ou via Correios (ECT). 
Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da 
apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar 
dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1- O QUE É METOLOGIA DE PESQUISA? 
Para Minayo et al (2002:16) entende-se que “metodologia o caminho do 
pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade.” Trata-se de uma 
disciplina acadêmica com o objetivo de nortear as técnicas e métodos científicos para 
abordar o objeto de pesquisa através da pesquisa. 
Para isso, torna-se necessário criar variadas fases para o processo de 
investigação. Entretanto, as fases que refiro são simplesmente as técnicas e métodos 
que favorecem no processo de investigação. 
Ao problematizar o objeto a ser estudado, faz-se necessário a coleta de dados 
e informações pertinentes ao assunto, isto é, a formação do marco teórico de 
referência, o levantamento de hipóteses, análise de dados e, finalmente, comprovação 
das hipóteses. 
 O principal objetivodo nosso trabalho a produção da ciência em seus dois 
níveis: o da produção do conhecimento científico – nível da interioridade, da 
subjetividade do produtor do conhecimento – e o da produção da ciência propriamente 
dita – nível de exterioridade, da objetividade, ou seja, ciência com instituição e prática 
social do saber. 
 
1.0 O QUE É CIÊNCIA? 
 
Etimologicamente a palavra ciência vem do latim scientia, que quer dizer por 
definição ampla, conhecimento ou reconhecimento. Podemos inferir também que ela 
origina do verbo scire = saber. Num sentido mais restrito a palavra ciência nos leva a 
um modo de adquirir conhecimento baseado no método científico, ou seja, é o esforço 
que o ser humano faz para descobrir e aumentar o seu conhecimento de como 
funciona a realidade. 
Segundo Bello (2004) a evolução humana corresponde ao desenvolvimento 
de sua inteligência. Sendo assim são definidos três níveis de desenvolvimento da 
inteligência dos seres humanos desde o surgimento dos primeiros hominídeos: o 
medo, o misticismo e a ciência. 
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a) O medo: os seres humanos pré-históricos não conseguiam entender os 
fenômenos da natureza. Por este motivo, suas reações eram sempre de medo: 
tinham medo das tempestades e do desconhecido. Como não conseguiam 
compreender o que se passava diante deles, não lhes restava alternativa senão 
o medo e o espanto daquilo que presenciavam. 
b) O misticismo: num segundo momento, a inteligência humana evoluiu 
do medo para a tentativa de explicação dos fenômenos através do pensamento 
mágico, das crenças e das superstições. Era, sem dúvida, uma evolução já que 
tentavam explicar o que viam. Assim, as tempestades podiam ser fruto de uma 
ira divina, a boa colheita da benevolência dos mitos, as desgraças ou as 
fortunas do casamento do humano com o mágico. 
c) A ciência: como as explicações mágicas não bastavam para 
compreender os fenômenos os seres humanos finalmente evoluíram para a 
busca de respostas através de caminhos que pudessem ser comprovados. 
Desta forma, nasceu a ciência metódica, que procura sempre uma aproximação 
com a lógica. 
O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de pensar. Esta 
característica permite que nós, os seres humanos, sejamos capazes de refletir sobre 
o significado de nossas próprias experiências. Assim sendo, somos capazes de novas 
descobertas e de transmiti-las aos nossos descendentes. 
O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado à 
sua característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido a 
outro, que, por sua vez, aproveita-se deste saber para somar outro. Assim evolui a 
ciência. 
Uma boa definição está no Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Ferreira 
(2004) define ciência como um conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou 
produzidos, historicamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade que 
permitem sua transmissão, e estruturados com métodos, teorias e linguagens 
próprias, que visam compreender e orientar a natureza e as atividades humanas. 
Popularmente é entendida como sabedoria ou habilidade intuitiva. 
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Lakatos e Marconi (2004) no clássico livro “Metodologia Científica” levantam 
várias definições para Ciência, mas no entendimento dessas autoras, todas 
incompletas. Abaixo estão algumas delas: 
“Acumulação de conhecimentos sistemáticos”. 
“Atividade que se propõe a demonstrar a verdade dos fatos experimentais e 
suas aplicações práticas”. 
“Conhecimento certo do real pelas suas causas”. 
“Conjunto de enunciados lógica e dedutivamente justificados por outros 
enunciados”. 
Para as autoras acima, a melhor definição é de Ander-Egg (1978) apresentada 
na obra Introducción a las técnicas de investigación social: “A ciência é um conjunto 
de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, 
sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma 
natureza”. 
Fazendo uma decomposição ou análise da definição de Ander-Egg 
encontramos que: 
a) conhecimento racional – é aquele que exige um método e está 
constituído por uma série de elementos básicos, tais como sistema conceitual, 
hipóteses, definições. 
b) certo ou provável – já que não se pode atribuir à ciência a certeza 
indiscutível de todo o saber que a compõe. Ao lado dos conhecimentos certos, 
é grande a quantidade dos prováveis. Antes de tudo, toda lei indutiva, é 
meramente provável, por mais elevada que seja sua probabilidade. 
c) obtidos metodicamente – pois não se adquire ao acaso ou na vida 
cotidiana, mas mediante regras lógicas e procedimentos técnicos. 
d) sistematizadores – isto é, não se trata de conhecimentos dispersos e 
desconexos, mas de um saber ordenado logicamente, constituindo um sistema 
de ideias (teoria). 
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e) verificáveis – pelo fato de que as afirmações, que não podem ser 
comprovadas ou que não passam pelo exame da experiência, não fazem parte 
do âmbito da ciência, que necessita, para incorporá-las, de afirmações 
comprovadas pela observação. 
f) relativos a objetos de uma mesma natureza – ou seja, objetos 
pertencentes a determinada realidade, que guardam entre si certos caracteres 
de homogeneidade (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
Cervo, Bervian e Silva (2007) ressaltam que a ciência, em sua condição atual, 
é o resultado de descobertas ocasionais, nas primeiras etapas, e de pesquisas cada 
vez mais metódicas, nas etapas posteriores. “É uma das poucas realidades que 
podem ser legadas às gerações seguintes. Os homens de cada período histórico 
assimilam os resultados científicos das gerações anteriores, desenvolvendo e 
ampliando aspectos novos”. 
Mas, por que estamos alongando tanto em um conceito? Fácil! A disciplina 
Metodologia Científica que uma grande maioria dos estudantes tem “medo” ao se 
aproximar dela, nos levam ao conhecimento científico e precisamos deixá-los 
tranquilos, uma vez que ela não é o “bicho de sete cabeças” que muitos pensam. 
Desde o ingresso em um curso superior, a metodologia científica deveria ser 
apresentada ao aluno, em toda sua grandiosidade e simplicidade. Ela deveria guiar o 
aluno, uma vez que significa o estudo dos caminhos do saber, mas o que temos 
observado é que ela é apresentada em sua grandiosidade, esquecendo, contudo, sua 
praticidade e simplicidade. 
O conteúdo da disciplina Metodologia Científica pode ser classificado como 
conceitual e procedimental, uma vez que não basta memorizar as ações ou as normas 
da Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) sem uma construção de 
sentidos, pois é preciso compreender sua lógica de funcionalidade, bem como, realizar 
as etapas - que comporta o saber fazer – para isso as condições de aprendizagem 
são: 
• A reflexão sobre a ação que o sujeito está fazendo; 
• A exercitação constante, pois é preciso fazer uso deste conhecimento com 
frequência e, 
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• A descontextualização – saber aplicar em outras situações que se 
apresentam como necessidade (ZABALA, 2001). 
No entendimento de Neves (2005), um dos grandes méritos desta disciplina, 
é a reflexão sobre a inconstância do conhecimento, pois permite a compreensão da 
necessidade do ser humano produzir perguntas e respostas relacionadas às dúvidas 
e questionamentos postos, objetivando a interpretação e a explicaçãoda realidade, 
das coisas e dos fenômenos. 
Neste sentido, o fato de podermos hoje validar um conhecimento e amanhã o 
refutarmos, constitui-se num aspecto fantástico que se traduz na própria inconclusão 
do ser, na ideia do provisório. Isso nos remete ao campo da produção das explicações 
e das verdades. É comum os alunos e alunas terem um conceito de verdade absoluto, 
uma única referência. No processo de leituras e debates a desconstrução destas 
ideias, é algo que se torna inevitável. 
A metodologia instrumentaliza o futuro profissional auxiliando-o na 
investigação, levando-o a comunicar-se de forma correta, inteligível, demonstrando 
um pensamento estruturado, plausível e convincente. Ela mostra por onde começar, 
qual o primeiro passo a ser dado, o que é mais urgente. 
No capítulo 6 falaremos detalhadamente do método científico, deixamos por 
hora o seguinte entendimento: embora a utilização de métodos científicos não seja da 
alçada exclusiva da ciência, não há ciência sem o emprego de métodos científicos 
(LAKATOS E MARCONI, 2004). 
 
2.0 NÍVEIS DE CONHECIMENTO 
 
Em todos ou quase todos os livros dedicados aos temas: Metodologia 
Científica, Métodos e Técnicas de Pesquisa, Redação de Monografias, Teses e 
Dissertações, encontraremos um tópico destinado aos diversos tipos ou níveis de 
conhecimento, dependendo dos autores, mas que tem uma finalidade comum: objetiva 
mostrar que existem vários tipos de conhecimentos, mas que aos olhos da ciência, 
possuem grandes e marcantes diferenças. 
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Relembrando, quando falamos em conhecimentos, estamos falando em 
saberes que podem ser sistematizados ou não, verificáveis ou não, certo ou provável, 
falível ou infalível, exato ou inexato. 
O conhecimento está diretamente ligado ao homem, à sua realidade. Como o 
conhecimento pretende idealizar o bem-estar do ser humano, logo ele advém das 
relações do homem com o meio. O indivíduo procura entender o meio partindo dos 
pressupostos de interação do homem com os objetivos. É uma forma de explicar os 
fenômenos das relações, seja, entre sujeito/objeto, homem/razão, homem/desejo ou 
homem/realidade. 
A forma de explicar e entender o conhecimento passa por várias vertentes 
como: conhecimento empírico (vulgar ou senso comum), conhecimento filosófico, 
conhecimento teológico e conhecimento científico. 
Para Lakatos e Marconi (2004) no caso do conhecimento empírico, este não se 
distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto 
conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do 
conhecer, por isso podemos dizer que a ciência não é o único caminho de acesso ao 
conhecimento e à verdade. Mais uma vez veremos a importância do método para 
conferir veracidade a um fato e torná-lo mais real. 
 
2.1 O conhecimento empírico 
Segundo Bello (2004) o conhecimento empírico é obtido ao acaso, após 
inúmeras tentativas, ou seja, é o conhecimento adquirido através de ações não 
planejadas. 
É aquele adquirido pela própria pessoa na sua relação com o meio ambiente 
ou com o meio social, obtido por meio da interação contínua na forma de ensaios e 
tentativas que resultam em erros e em acertos (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Do ponto de vista da utilização de métodos e técnicas científicas, esse tipo de 
conhecimento, mesmo quando consolidado como convicção, como cultura ou como 
tradição, é ametódico e assistemático. A característica de assistemático baseia-se 
na organização particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em 
uma sistematização das ideias, na procura de uma formulação geral que explique os 
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fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão de pessoa a pessoa, 
desse modo de conhecer. 
É valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção operada com 
base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade 
de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro lado, o objeto 
conhecido e este é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito 
impregnam o objeto conhecido. 
É reflexivo, mas estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode 
ser reduzido a uma formulação geral. 
É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito ao 
que se pode perceber no dia-a-dia. 
É falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu 
dizer a respeito do objeto, ou seja, não permite formular hipóteses sobre a existência 
de fenômenos situados além das percepções objetivas (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
 
2.2 O conhecimento teológico 
O conhecimento teológico ou religioso apoia-se em doutrinas que contém 
proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural 
(inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e 
indiscutíveis (exatas). É um conhecimento sistemático do mundo (origem, 
significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências n’ão 
são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento 
revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as 
verdades tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em revelações da 
divindidade (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
Para Bello (2004) é o conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. 
Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e 
das crenças de cada indivíduo. 
Ou seja, é um conhecimento ao qual as pessoas chegaram não com o auxílio 
de sua inteligência, mas mediante a aceitação dos dados da revelação divina. Valese 
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de modo especial do argumento de autoridade. São os conhecimentos adquiridos nos 
livros sagrados e aceitos racionalmente pelas pessoas, depois de terem passado pela 
crítica histórica mais exigente (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
Dentre os exemplos do conhecimento teológico temos: o acreditar em 
reencarnação, acreditar que foi curado de uma doença por milagre, acreditar em 
espíritos. 
 
2.3 O conhecimento filosófico 
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em 
hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: as hipóteses filosóficas 
baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não 
da experimentação, e por este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já 
que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da 
ciência, não podem ser confirmadas nem refutadas (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo 
sobre fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos 
gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência (BELLO, 2004). 
É racional em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente 
correlacionados. 
Outra característica do conhecimento filosófico é ser sistemático, pois suas 
hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, 
numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. É também infalível e exato, já que, 
quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do 
instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas 
hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação)(LAKATOS; MARCONI, 2004). 
O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar e analisar 
o que se constitui o objeto de pesquisa, atingindo segmentos da realidade, ao passo 
que a filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se 
pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, 
procura responder às grandes indagações do espírito humano e até busca as leis mais 
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universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência (LAKATOS; 
MARCONI, 2004). 
 
2.4 O conhecimento científico 
O conhecimento científico vai além do empírico, assim como o filosófico, é racional, 
pretendendo ser sistemático e revelar aspectos da realidade. 
É real porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda forma de 
existência que se manifesta de algum modo. É contingente, pois suas proposições 
ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida por meio de experimentação 
e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático 
porque trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias 
(teorias) e não conhecimentos dispersos e desconexos. 
Apresenta a característica de verificabilidade: as afirmações ou hipóteses que 
não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. 
É um conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e 
por esse motivo, é aproximadamente exato, ou seja, novas proposições e o 
desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente. 
O ciclo do conhecimento científico (inclusive o das ciências empíricas) inclui a 
observação, a produção de teorias para explicar essa observação, o teste dessas 
teorias e seu aperfeiçoamento. Há nas ciências, um movimento circular, que parte da 
observação da realidade para a abstração teórica, retorna à realidade, direciona- se 
novamente à abstração, num fluxo constante entre a experiência e a teoria. Como diz 
Neville (2001) “a investigação nunca começa no início. Não existe problema puro, mas 
sim algo problemático surgindo de inúmeras convicções relativamente estabelecidas; 
a investigação encontra-se sempre no meio, corrigindo assunções e inferências 
prévias, harmonizando hábitos de pensamento ao engajar a realidade com as 
hipóteses testadas”. 
Lakatos e Marconi (2004) inferem que apesar da separação metodológica entre 
os tipos de conhecimentos popular, filosófico, religioso e científico, no processo de 
apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas 
áreas: 
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• Ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões 
sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na 
experiência cotidiana; 
• Pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, com base na 
investigação experimental, as relações existentes entre determinados 
órgãos e suas funções; 
• Pode-se questioná-los quanto a sua origem e destino; assim como quanto 
a sua liberdade; finalmente, 
• Pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, a sua imagem e 
semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados. 
Por sua vez, essas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: 
um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de 
determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de 
sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum. 
 
3.0 A HISTÓRIA DA CIÊNCIA ATRAVÉS DOS TEMPOS 
 
Acreditamos que todo conhecimento passa por uma evolução histórica, sendo 
este um caminho interessante que nos situa no tempo, no espaço e nos mostra o 
quanto podemos construir, modificar, aprender, enfim evoluir através dos tempos. 
Podemos traçar a história da ciência de várias maneiras: apresentando os 
principais nomes que fizeram o seu progresso, destacando os trabalhos e livros mais 
importantes, estudando o progresso das teorias científicas, apontando as principais 
invenções técnicas, acompanhando o desenvolvimento dos instrumentos utilizados 
nas ciências, listando as descobertas científicas importantes, abordando a história dos 
métodos científicos, centrando o estudo nas mudanças dos paradigmas científicos, 
chamando a atenção para a continuidade ou descontinuidade no desenvolvimento das 
ciências, ressaltando o contexto social, econômico ou outro das descobertas da 
ciência, enfim, várias são as maneiras de vislumbrarmos os progressos da ciência. 
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Faremos uma síntese dos acontecimentos ao longo da evolução humana, mas 
lembramos que aconteceu muito mais do que apresentamos aqui. Caso tenham 
necessidade de aprofundar nessa história, uma dica é a leitura do livro “Metodologia 
Científica na Era da Informática” de João Mattar que traz um capítulo dedicado à 
evolução da ciência ao longo dos tempos. 
3.1 Na Antiguidade 
Para nós, “sujeitos moderno”, a ciência caminha a passos muito lentos, 
principalmente se pensarmos que cerca de 02 bilhões de anos atrás, o Australopitecus 
fabricou a primeira ferramenta de pedra e que foi necessário mais um bilhão de anos 
para que esta fosse aperfeiçoada, transformada em arma de caça e para que o fogo 
fosse descoberto. 
Somente 10 mil anos atrás o homem abandonou sua condição de nômade e 
passou a fazer uso da pecuária e agricultura que marcam o início da nossa civilização 
e da ciência, isto porque cada estágio do cultivo de plantas e domesticação de animais 
requer invenções, daí surgem as inovações técnicas e acabam dando fundamento a 
princípios científicos (BRONOWSKI, 1992 apud MATTAR, 2008). 
Na Medicina encontramos na Babilônia as primeiras cirurgias, os egípcios 
usando grande variedade de remédios, incluindo o ópio. Os indianos antigos 
realizavam cirurgias no nariz, na China, o uso da acupuntura. Somente a partir de 
Hipócrates (460-370 a.C.), considerado pai da medicina, o qual passa a criticar as 
causas apontadas para as doenças e mortes, dentre elas as superstições e os 
aspectos agrados, é que a medicina começa a ser vista sob o prisma científico. Por 
volta de 180 d.C. Galeno resume e sistematiza o pensamento médico da Antiguidade. 
A Botânica, nessa época, também passa a ter um pensamento mais 
sistematizado. 
No final do século VII e início do século VI, o modo de explicar o mundo, que 
passa do mitológico para o racional, é considerado por muitos autores como um dos 
mais bonitos e importantes espetáculos da humanidade. Mitos e religião começam a 
ser abandonados dando lugar à Filosofia (MATTAR, 2008). 
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O pensamento racional surgiu com a escrita, diminuindo a importância da 
memória e audição começando a prevalecer a experiência e razão. Aumenta também 
a importância da observação da realidade sobre a história dos deuses. 
Lógica e geometria alcançam desenvolvimento exemplar na Grécia Antiga. 
Por volta de 300 a.C. começam a ser organizados respectivamente, o Museu 
e a Biblioteca de Alexandria com toda estrutura para o desenvolvimento da ciência e 
onde Ptolomeu elaborou sua teoria geocêntrica que mais tarde na Idade Média irá 
marcar o Tratado sobre a Óptica. 
Apesar de toda evolução, nada na Antiguidade se parecia com a ciência 
moderna. Todos os temas ainda estavam no campo da Filosofia. Por exemplo, não 
havia muita distinção entreum filósofo natural e um matemático. 
3.2 Na Idade Média e Renascimento 
Em termos de história, geralmente a Idade Média nos é apresentada como o 
período das trevas e do atraso, porém, atualmente é debatida por historiadores que a 
idade média não concerne no período das trevas. 
Cabe salientar que, “[...] os árabes foram os líderes em ciências tais como a 
matemática, química, astronomia e medicina. Até hoje empregamos os algarismos 
arábicos [...]. Em alguns campos, a cultura árabe era mesmo superior à cristã” 
(Gaarder, 2004, p. 191). 
E segundo Xavier et al (2017), apontam que: 
 (...) Ao contrário, conforme ficou amplamente debatido e 
demonstrado, as formas sistemáticas de escolas e universidades atuais têm 
suas raízes exatamente na Idade Média. Ao contrário de “mil anos de 
escuridão”, é na Idade Medieval que temos os mais sólidos espaços 
educacionais e argamassas culturais de que somos herdeiros. São também 
provenientes desse período as várias invenções tecnológicas utilizáveis tanto 
no campo como na cidade. Acrescente-se também que são legados da Idade 
Média as várias formas de convívio e funcionamento das instituições atuais, 
especialmente as educacionais. 
 
Mas precisamos atentar que esse pensamento volta- se para o campo das 
ciências em seu sentido mais restrito, entretanto, as artes e a cultura que antes eram 
desconsideradas apresentam grandes progressos. 
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Há introdução do sistema hindu-arábico e aperfeiçoamento do nosso sistema 
decimal. A invasão da Europa pelos árabes é essencial para o desenvolvimento da 
álgebra e matemática aplicada. 
A alquimia, uma atividade misteriosa praticada na Idade Média, a qual tinha 
como objetivo maior transformar quaisquer metais em ouro, também procurava 
explicar seus esforços através da ciência. Astrologia e astronomia assim como 
alquimia, magia, espiritualismo e química tinham fronteiras muito tênues. 
Por volta do século XIV, desenvolve-se em Oxford e depois em Paris, uma linha 
de pensamento denominada teoria impetus, que desafia as teorias aristotélicas sobre 
o movimento ainda dominante na Europa. As definições e os teoremas elaborados por 
esse grupo de lógicos e matemáticos serão importantes para a Cinética, desenvolvida 
posteriormente por Galileu, representando, assim, o primeiro estágio na história da 
revolução científica (MATTAR, 2008). 
A invenção da imprensa no final do Renascimento foi importante para o 
desenvolvimento da ciência, pois a partir dela, o conhecimento pode ser reproduzido 
com mais facilidade e outro inventos como gravuras colocaram novos instrumentos a 
disposição dos cientistas permitindo copiar e multiplicar desenhos e diagramas. 
No entendimento de Mattar (2008) o maior mérito da Idade Média foi organizar 
o conteúdo da Filosofia grega e islâmica, assim como do cristianismo e uma das 
principais conquistas foi a instituição de escolas e universidades como “lar” para a 
organização de tais conteúdos. 
 
3.3 A Revolução Científica 
O desenvolvimento dos instrumentos de viagem como o astrolábio (dispositivo 
de observação astronômica que media grosseiramente a elevação do Sol ou de uma 
estrela permitindo determinar latitude, as horas do nascer e pôr-do-sol) funcionando 
como relógio de bolso e régua de cálculo foi um dos inventos que marcou esse novo 
período, sendo batizado de Revolução Científica. 
A medicina também tomou novos rumos: em 1543, Andreas Vesalius publica 
De fabrica humani corporis, que corrige erros médicos dos gregos e revolucionou a 
disciplina, constituindo os fundamentos da anatomia moderna. Em 1615, William 
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Harvey, estabelece a mecânica do funcionamento do coração e da circulação do 
sangue (MATTAR, 2008). 
Não há dúvidas que a Revolução Científica é caracterizada pelos avanços 
marcados na Astronomia. Nomes como Copérnico, Kepler, Galileu e Newton 
marcaram época na História das Ciências, como veremos brevemente no quadro 
abaixo: 
 
Nicolau Copérnico (1473-1543) – contesta teoria de Ptolomeu de que a Terra era o 
centro do universo, com os planetas e o Sol girando ao seu redor e propõe a teoria 
heliocêntrica, que inclui a ideia do movimento da Terra. 
Johannes Kepler (1571-1628) – conjuga as descobertas de Copérnico e Brahe, abre 
caminho para a aceitação definitiva da teoria heliocêntrica e suas três leis planetárias 
transformam a descrição geral do Sol e dos planetas em uma formulação matemática 
precisa. 
Galileu Galilei (1564-1642) – teoriza o método experimental, dividindo-o em: 
observação, análise, indução, verificação, generalização e confirmação. 
René Descartes (1596-1650) – de um lado defende a razão como princípio absoluto 
do conhecimento e de outro, usa a matemática e a geometria como modelos de 
raciocínio. 
Francis Bacon (1561-1626) – desenvolve o que é considerada a primeira teoria 
moderna do método científico, indicando como etapas essenciais para o progresso da 
ciência: a observação e a experimentação dos fenômenos, a formulação de hipóteses, 
a repetição dos experimentos, o teste das hipóteses e a formulação de generalizações 
e leis. 
 
Evidentemente que muitos outros nomes fizeram história dentro da ciência, 
foram grandes as evoluções na botânica, na medicina, na química, enfim, em todos 
os campos, mas nosso intuito ao falar destas invenções é exclusivamente mostrar que 
existe uma evolução no pensamento e a importância do método para provar e refutar 
os fenômenos. 
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3.4 A Revolução Industrial 
A Revolução Industrial, a partir do século XIX, foi marcada pela criação e pelo 
uso da energia, assim, ciência e produção passaram a se influenciar mutuamente, ou 
seja, a necessidade de meios mais eficientes de produção fez com que a ciência se 
desenvolvesse. “Os problemas técnicos da indústria começam a gerar constantes 
desafios às ciências, ao mesmo tempo em que a indústria torna-se dependente dos 
progressos científicos” (MATTAR, 2008). 
É inventado o primeiro termômetro de mercúrio; provou-se que os raios são 
eletricidade; a indústria têxtil é desenvolvida a partir do aperfeiçoamento da primeira 
máquina a vapor; a química avança mostrando que o ar não é uma substância 
elementar, mas composto de vários gases, dentre eles o oxigênio é isolado pela 
primeira vez; é instaurada a lei da conservação das massas (na natureza nada se 
perde, nada se cria, tudo se transforma); a matemática também alcança progressos 
principalmente no campo das equações diferenciais; a medicina entra na era da 
prevenção com a introdução da técnica de vacinação. 
O século XIX apresenta, sem dúvida, uma série de invenções importantes, é 
também o século da invenção das ciências biológicas: 
1821 – inventado o motor elétrico. 
1824 – funda-se a dinâmica do calor ou termodinâmica. 1843 – surge o primeiro 
telégrafo elétrico. 
1859 – Darwin formula a sua teoria da evolução das espécies. 1860 – inventado 
o motor a gasolina. 
1866 – surge a dinamite. 
1876 – é inventado o telefone. 
1887 – é descoberto o elétron. 
Mais uma vez o que desejamos é mostrar que a utilização de métodos próprios 
levam as ciências a avançarem, principalmente a partir de pesquisas e descobertas 
em ramos específicos do conhecimento. 
 
 
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3.5 O século XX 
A racionalidade e a consciência representamapenas uma camada da psique 
humana, que é também determinada por processos inconscientes e irracionais sobre 
os quais o ser humano não tem controle; não é possível prever os fenômenos 
nucleares, já que seus movimentos são irregulares e desordenados; tempo e espaço 
não são absolutos, mas relativos; o universo está em constante expansão; os átomos 
são estruturas praticamente vazias, e não maciças: a matéria é descontinua 
(MATTAR, 2008, p. 18). 
Por mais paradoxal que possa parecer, o intenso desenvolvimento da ciência, 
no século XX, acabou abalando a crença do ser humano num universo regido por leis 
e passível de ser conhecido em seus mínimos detalhes. Ao contrário, o progresso 
científico do século passado levou o ser humano a perceber que só pode compreender 
o mundo em que vive pelas leis da probabilidade, por meio de aproximações que, em 
geral, são passíveis de erro. A ciência passou a conviver com a ideia de que o acaso 
desempenha papel primordial no universo, assim como no próprio ser humano. 
“A ciência não é epistemológica e tampouco ontologicamente neutra” 
(MATTAR, 2008, p. 18) e vemos nas pesquisas em Física uma contribuição nesse 
sentido quando propõe que o átomo já não é mais considerado um maciço e nem 
indivisível. 
Na segunda metade do século XX, as ciências físicas alcançam também um 
alto grau de abstração quando começa a desenvolver uma teoria de que o universo 
não é estático, mas em constante movimento e expansão. Os avanços na genética, 
principalmente através do Projeto Genoma Humano, um dos mais audaciosos do final 
do século XX promete revolucionar a medicina, as ciências biológicas, a indústria 
relacionada à biotecnologia (agricultura, produção de energia, controle de lixo, 
despoluição ambiental). 
Enfim, o papel das ciências, do conhecimento científico é insumo indispensável 
para o desenvolvimento econômico e social do planeta. 
4 A CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA 
Devido à complexidade do universo e da diversidade dos fenômenos que 
acontecem nele, foi preciso haver uma divisão da ciência em vários ramos para que o 
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homem estudasse e entendesse esses fenômenos. Essa divisão ou classificação 
obedece várias características: ou pelo conteúdo, pela diferença dos enunciados ou 
pela metodologia empregada. 
A primeira classificação foi proposta por Augusto Comte que obedeceu uma 
ordem crescente de complexidade: Matemática, Astronomia, Física, Química, 
Biologia, Sociologia e Moral. Outros autores aliaram a complexidade crescente com o 
conteúdo. 
Em relação ao conteúdo, a classificação primeira foi feita por Rudolf Carnap, 
que dividiu as ciências em formais (contendo apenas enunciados analíticos, isto é, 
cuja verdade depende unicamente do significado de seus termos ou de sua estrutura 
lógica) e factuais (além dos enunciados analíticos, contém, sobretudo os sintéticos, 
aqueles cuja verdade depende não só do significado de seus termos, mas, igualmente, 
dos fatos a que se referem). 
Bunge (1976, p. 41 apud Lakatos e Marconi, 2004, p. 27) apresenta a seguinte 
classificação: 
• Formal (lógica e matemática); 
• Factual: - natural (física, química, biologia e psicologia individual); 
- cultural (psicologia social, sociologia, economia, ciência política, 
história material e história das ideias). 
Na classificação de Wundt (1952 apud Lakatos e Marconi, 2004, p. 27) temos: 
• Formais (matemática) 
• Reais – ciências da natureza 
- ciências do espírito 
Mesmo não havendo muito consenso entre as classificações, a diferença 
fundamental é ser formal ou factual, ou seja, a ciência formal estuda as ideias e a 
ciência factual estuda os fatos. 
Nas primeiras (ciências formais) encontramos a lógica e a matemática, que 
não tendo relação com algo encontrado na realidade, não podem valer-se dos 
contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas. Por outro lado, a física e 
a sociologia, sendo ciências factuais, referem-se a fatos que supostamente ocorrem 
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no mundo e, em consequência, recorrem à observação e à experimentação para 
comprovar (ou refutar) suas fórmulas (hipóteses) (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
A lógica e a matemática tratam de entes ideais, tanto abstratos quanto 
interpretados, existentes apenas na mente humana e, mesmo nela, em âmbito 
conceitual e não fisiológico. Em outras palavras, constroem seus próprios objetos de 
estudo, mesmo que, muitas vezes, o faça, por abstração de objetos reais (naturais ou 
sociais). 
Segundo Lakatos e Marconi (2004) citando Trujillo (1974) e Bunge (1976) a 
divisão em ciências formais e factuais leva alguns aspectos em consideração, 
conforme o quadro comparativo a seguir. 
 
ASPECTOS CIÊNCIAS FORMAIS CIÊNCIAS FACTUAIS 
O objeto ou tema das 
respectivas disciplinas 
Preocupa com enunciados Tratam de coisas e 
processos 
 
A diferença 
de espécie 
entre enunciados 
 
Relacionam símbolos 
 
Tratam de entes 
extracientíficos – 
fenômenos e 
processos 
 
O método pelo qual se 
comprovam os 
enunciados 
 
Contentam com a lógica para 
demonstrar seus teoremas 
 
Necessitam observar e/ou 
experimentar 
 
O grau de suficiência 
em relação ao 
conteúdo e método de 
prova 
 
São suficientes em relação a 
seus conteúdos e métodos 
de prova 
 
Dependem do fato 
experimental para sua 
convalidação 
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O papel da 
coerência para se 
alcançar a verdade 
 
Os axiomas podem ser 
escolhidos à vontade, mas 
os teoremas (as conclusões) 
têm que ser verdadeiros, ou 
seja, não é possível violar as 
leis do sistema de lógica que 
se determinou utilizar 
 
Usam-se símbolos 
interpretativos. A coerência 
com um sistema de ideias 
previamente admitido é 
necessária, mas não 
suficiente para obter a 
verdade. O enunciado 
precisa passar pelo sistema 
de provas 
O resultado alcançado Demonstram ou provam 
Verificam (comprovam ou 
refutam) hipóteses que 
geralmente são 
provisórias. 
 
 
5.0 FERRAMENTAS DE TRABALHO DO PROFISSIONAL DO NÍVEL SUPERIOR 
 
Para Cervo, Bervian e Silva (2007) não se pode deixar de tratar dos conceitos, 
leis, teorias e doutrinas quando estamos falando em Metodologia Científica, mesmo 
porque o profissional do nível superior, principalmente das áreas de ciências humanas 
e sociais, utiliza em seu trabalho, ferramentas teóricas e não ferramentas manuais 
ou técnicas como é característico dos níveis de formação de ensino médio e técnico. 
“Ferramentas teóricas são um conjunto de ideias, códigos, símbolos e valores 
que indicam uma série de operações realizáveis, física e/ou mentalmente, a partir da 
manipulação de conceitos abstratos” (FERRARI, 1974, p. 98). 
 
 
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5.2 Conceitos, leis, teorias e doutrinas 
Conceitos ou constructo pode ser entendido como ideia, sentença, opinião 
(FERREIRA, 2004). 
Para Lakatos (1983, p. 99) “conceito expressa uma abstração, formada 
mediante a generalização de observações particulares”. Para os que privilegiam a 
teoria em detrimento da prática, conceito seria uma técnica utilizada para obter ou 
medir alguma coisa para além do próprio fenômeno que descreve. Inversamente, para 
aqueles que privilegiam os fatos em detrimento da teoria, conceito significa umasérie 
de operações realizáveis física e/ou mentalmente, empreendidas com a finalidade de 
justificar ou reproduzir os referentes do fenômeno que está definindo. 
Conceitos são construções lógicas, estabelecidas de acordo com um sistema 
de referência e formando parte dele. São considerados, por um lado, como 
instrumentos de trabalho do cientista e, por outro, como termos técnicos do 
vocabulário da ciência (FERRARI, 1974, p. 98). 
De todo modo, cada ciência ou área de conhecimento em particular possui um 
vocabulário técnico específico que precisa ser de domínio comum de seus praticantes. 
Poucas ciências, entretanto, conseguem ou podem construir vocábulo e conceitos 
originais, sendo necessário que elas invadam o campo semântico de outras ciências, 
ocorrendo a migração de conceitos ou a apropriação de conceitos de uma ciência para 
outras. 
Conceito é a pedra angular para a construção das teorias, assim como a família 
é a pedra angular para a construção da sociedade e a célula, a pedra angular para a 
existência dos corpos vivos (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Nos processos de observação, descrição, análise, comparação e síntese das 
propriedades gerais e específicas dos objetos, fatos e fenômenos, a ciência encontra 
certas regularidades que, se uniformes, constantes e regulares, possibilitam a 
classificação e a generalização para objetos, fatos e fenômenos semelhantes por 
admitir-se que “se um fato ou fenômeno se enquadra em uma lei, ele se comportará 
conforme o estabelecido na lei” (KNELLER, 1980, p. 94). 
São duas as principais funções da lei: 
1. Resumir grande quantidade de fatos e de fenômenos; 
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2. Possibilitar a previsão de novos fatos e fenômenos. 
Desse modo, temos leis gerais para explicar o comportamento dos líquidos, dos 
gases, da matéria, dos grandes números, do movimento etc., bem como presumimos 
leis gerais para explicar a natalidade, a mortalidade, o movimento de populações ou o 
desenvolvimento pessoal e social. 
Quando a lei é abordada pela Metodologia Científica, trata-se de lei científica, 
sem qualquer conotação legislativa ou jurídica, conforme estamos acostumados a 
pensar. As leis científicas são, nas palavras de Montesquieu “as relações constantes 
e necessárias que derivam da natureza das coisas”. As leis exprimem quer relações 
de existência ou de coexistência (a água é um corpo incolor, inodoro, tendo tal 
densidade, suscetível de assumir o estado líquido, sólido e gasoso etc.), quer relações 
de causalidade ou de sucessão (a água ferve a cem graus centígrados, o calor dilata 
os metais, etc.), quer, enfim, relações de finalidade (o fígado tem por função regular a 
quantidade de açúcar no sangue) (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Nas ciências experimentais, as leis possuem maior rigor e exatidão do que nas 
ciências humanas e sociais, pois, enquanto estas estão condicionadas, mais ou 
menos, à liberdade humana, aquelas seguem o curso fatal do determinismo da 
natureza. Desse fato, entretanto, não se pode concluir que as ciências humanas e 
sociais se constituam em simples opiniões mais ou menos viáveis. As ciências 
humanas e sociais realizam todas as condições para se constituírem em ciência: 
• Os fenômenos que estudam são reais e distintos dos tratados nas 
ciências experimentais; 
• As causas e as leis descobertas nessa área exprimem relações 
necessárias entre os fatos e entre os atos; 
• Suas conclusões têm um caráter incontestável de certeza, embora de 
ordem diferente da certeza das ciências experimentais. 
As ciências humanas e sociais ocupam, sem dúvida, lugar distinto na hierarquia 
das ciências quanto aos quesitos de precisão, certeza e rigor de seus resultados. 
Muitos dos fatos considerados nas ciências humanas e sociais não são atingidos 
diretamente, como os fenômenos psíquicos que apenas se manifestam no 
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comportamento. Isso acarreta dificuldades tanto para a experimentação quanto para 
a generalização (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Os fatos humanos e sociais implicam maior complexidade do que os 
quantitativos ou físicos. A abordagem e a análise qualitativa comportam algo da 
subjetividade do próprio ser humano, que tende a abordar e analisar os fatos 
orientados por matrizes filosóficas e ideológicas exteriores a eles. Enfim, pode-se dizer 
que as incertezas e as angústias humanas em relação a sua origem, finalidade e 
destino são componentes importantes na determinação do grau de certeza e de 
precisão na pesquisa, uma vez que o rigor metodológico aplicado na condução da 
própria pesquisa é sempre relativo. Essa é a base da origem da diversidade de 
opiniões, por vezes desconcertantes, sobre várias questões das ciências humanas e 
sociais (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Os fenômenos físicos, por serem regidos por leis determinísticas, podem ser 
previstos e alguns até provocados para serem mais bem observados; enquanto isso, 
a liberdade, que interfere mais ou menos nos atos humanos, impede que sua previsão 
seja absolutamente exata, tornando apenas aproximativos os cálculos quando 
aplicados às ciências humanas e sociais. 
Finalmente, as ciências da natureza tratam de fatos e objetos materiais que 
podem ser pesados e medidos, ao menos indiretamente. Assim, essa possibilidade de 
quantificação das propriedades físicas atribui aos resultados da pesquisa um pouco 
de rigor matemático. Aos fatos humanos e sociais, por serem essencialmente 
qualitativos, não são aplicáveis os processos de quantificação (pesar e medir). Embora 
sejam generalizadas as relações descobertas em amostras particulares, deve-se 
sempre ter em mente que os homens, em tese, mesmo sendo iguais, agem, pensam 
e se organizam socialmente de formas diferenciadas (CERVO; BERVIAN; SILVA, 
2007). 
Por esses motivos, os resultados, como também as leis das ciências humanas 
e sociais, são mais flexíveis e menos rigorosos, apesar de expressarem suficiente 
estabilidade e constância para se constituírem em verdadeiras ciências. 
O emprego usual do termo teoria opõe-se ao termo prática. Nesse sentido, a 
teoria refere-se ao conhecimento (saber, conhecer) em oposição à prática como ação 
(agir, fazer). Aqui, entretanto, o termo teoria é empregado para significar um resultado 
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a que tendem as ciências. Estas não se contentam apenas com a formulação das leis. 
Ao contrário, determinadas as leis, procuram interpretá-las ou explicá-las (CERVO; 
BERVIAN; SILVA, 2007). 
Assim, surgem as chamadas teorias científicas, que reúnem determinado 
número de leis particulares sob a forma de uma lei superior e mais universal. 
A teoria distingue-se da hipótese, uma vez que a hipótese é verificável 
experimentalmente, e a teoria não. Todas as proposições da teoria se integram no 
mundo do discurso (conhecimento), enquanto a hipótese comprova sua validade, 
submetendo-se ao teste da experiência. A teoria é interpretativa, enquanto a hipótese 
resulta em explicação por meio de leis naturais. A teoria formula necessariamente 
hipóteses, ao passo que estas subsistem independentemente dos enunciados 
teóricos. 
É importante que o estudante saiba que a teoria cumpre as seguintes funções: 
• Coordenar e unificar os saberes científicos; 
• Ser instrumento precioso do pesquisador, sugerindo-lhe analogias até 
então ignoradas e possibilitando-lhe, assim, novas descobertas. 
Com o decorrer do tempo e a evolução da ciência, as opiniões dos próprios 
cientistas semodificaram. Até meados do século XIX, os cientistas, de modo geral, 
admitiam que as teorias não só explicavam os fatos, mas também eram uma 
apreensão da própria natureza ontológica (última) da realidade. A partir de meados do 
século XIX, os cientistas restringiram o valor explicativo da teoria (CERVO; BERVIAN; 
SILVA, 2007). 
Ainda que seja um sistema lógico e coerente, capaz de orientar tanto o 
pensamento como a ação, principalmente na investigação científica, a teoria não é e 
não pode ser entendida como a verdade. Ela reflete, sim, o estado da arte no 
conhecimento sobre determinado fato ou fenômeno em um espaço e um tempo 
também determinados e pode e deve ser modificada pelos avanços posteriores do 
conhecimento e da própria ciência. Assim sendo, o estudante deve conhecer a teoria 
e saber operacionalizar os conceitos nela implícitos, mas deve saber também que a 
teoria, mesmo se chamada de científica, tem seus limites (CERVO; BERVIAN; SILVA, 
2007). 
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Se a teoria tiver a pretensão de explicar e solucionar todo e qualquer 
problema, ela se torna irrefutável; logo, passa a ser uma ideologia, e não mais 
uma teoria. 
A teoria é e precisa ser parcial, pois não pode abrigar hipóteses ou proposições 
antagônicas ou contraditórias nem estar contra as evidências observáveis e 
conhecidas. O que é possível e salutar é a tentativa de unificação de teorias ou, pelo 
menos, a busca pela conciliação de aspectos de teorias divergentes, que podem 
significar importante indicativo para a investigação científica. Não admitimos 
tranquilamente sermos descendentes dos macacos. Um ponto de intersecção possível 
entre as duas teorias é a admissão de que Deus tenha criado o espírito do ser humano 
e a natureza seja a responsável pela evolução de sua parte física (o corpo), suficiente 
para estimular o surgimento de inúmeras correntes, teóricas e experimentais, que 
visam a buscar meios para conciliar o espírito e a matéria, a mente e o corpo, a vida 
física e a vida espiritual etc. (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
A ciência visa a explicar os fenômenos. Para isso observa, analisa, levanta 
hipóteses e as verifica, em confronto com os fatos, pela experimentação, e induz a lei, 
colocando-a em um contexto mais amplo, por meio de teorias. São operações que se 
desenvolvem em um ambiente de objetividade, de indiferença e de neutralidade. 
A doutrina, porém, propõe diretrizes para a ação. Em uma doutrina, há ideias 
morais, posições filosóficas e políticas e atitudes psicológicas. Há, também, 
subjacentes, interesses individuais, interesses de classes ou de nações. A doutrina é, 
assim, um encadeamento de correntes, de pensamentos que não se limitam a 
constatar e a explicar os fenômenos, mas os apreciam em função de determinadas 
concepções éticas e, à luz desses juízos, preconizam certas medidas e proíbem outras 
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
A doutrina situa-se na linha divisória dos problemas do espírito e dos fatos 
(teoria = ciência versus ação) e, estando largamente assentada nesses dois domínios, 
permite proceder à síntese. 
É importante ficar claro que a postura científica é imparcial, não torce os 
fatos e respeita escrupulosamente a verdade. O cientista deve cultivar a 
honestidade, evitar o plágio, não colher como seu o que os outros plantaram, não ser 
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acomodado e enfrentar os obstáculos e perigos que uma pesquisa possa oferecer 
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
A postura científica não reconhece fronteiras, não admite nenhuma intromissão 
de autoridades estranhas ou limitações em seu campo de investigação e defende o 
livre exame dos problemas. 
6.0 O QUE É UMA PESQUISA? 
 Para MARCONI;LAKATOS,(2003,p.155) trata-se de um “procedimento sistemático, 
controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em 
qualquer campo de conhecimento” 
 Dessa forma, a pesquisa se define em encontrar as relações entre os fenômenos , 
fatos, coisas. 
 Mas para uma pesquisa científica faz-se necessário um procedimento sistemático, a 
fim de seguir um planejamento específico do pesquisador. 
6.1 TIPOS DE PESQUISA: 
Inicialmente, definimos a pesquisa qualitativa, segundo Minayo (2002:21), “a 
pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares, ela se preocupa, nas 
ciências sociais, com o nível da realidade que não pode ser quantificado.” 
Todavia, esse tipo de pesquisa se preocupa em descrever crenças, aspirações, 
valores e atitudes correspondendo a um determinado espaço de relações. 
Delimitando nosso assunto, apontamos três tipos de pesquisa: pesquisa 
descritiva, experimental e pesquisa bibliográfica: 
PESQUISA DESCRITIVA – Aborda fenômenos e os fatos, as suas relações e 
interações entre eles. O pesquisador somente observa os dados sem adulterar os 
resultados. A pesquisa descritiva busca caracterizar as múltiplas situações e relações 
que ocorrem na sociedade, econômica, política e no comportamento humano, tanto 
do indivíduo isolado ou nos grupos e comunidades. 
PESQUISA EXPERIMENTAL – Utiliza o trabalho com as variáveis envolvidas 
no objeto pesquisado. Nessa pesquisa, empregam-se aparelhos e instrumentos 
disponíveis pela técnica, para identificar as relações que existem entre as variáveis do 
objeto de estudo. 
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PESQUISA BIBLIOGRÁFICA – Desenvolve um estudo a partir do problema, 
assim delimita-se a partir de um referencial teórico, inserido em publicações e material 
documental. O objetivo dessa pesquisa é recolher, desenvolver, desvendar e analisar 
as principais fontes teóricas sobre um determinado assunto, ou seja, determinado 
objeto de estudo.Através das pesquisas descritivas: 
PESQUISA DOCUMENTAL – Realiza sua pesquisa através de documentos, 
procurando descrever e comparação dos costumes, usos e tendências. 
 PESQUISA DE OPINIÃO- Trata-se uma pesquisa de cunho “subjetivo”. 
Procura desvendar as razões inconscientes que levam a determinar a inclinação por 
alguma atitude ou produto. 
ESTUDOS EXPLORATÓRIOS - Identificado por alguns de pesquisa de cunho 
não científica. Não desenvolvem hipóteses, mas desenvolvem objetivos em busca 
formações mais aprofundadas sobre determinado assunto. Esses estudos são 
sugeridos para a construção de conhecimentos sobre o problema em estudo. 
ESTUDOS DESCRITIVOS – Objetivam-se em estudar e descrever as 
características na realidade objeto da pesquisa. 
ESTUDO DE CASO - Realiza uma pesquisa sobre algum indivíduo, grupo ou 
sociedade objetivando estudar variados aspectos da vida. 
 
Já a pesquisa quantitava visa, segundo Minayo et al (2002:22): 
(...) o método quantitativo enquanto suficiente parfa explicarmos a realidade 
social está a questão da objetividade. Para os positivistas, a análise social seria 
objetiva se fosse realizada por instrumentos padronizados, pretensamente 
 neutros. A linguagem das variáveis ofereceria 
 a possibilidade de expressar generalizações com precisão e objetividade. 
 
Em suma, a pesquisa quantitativa requer o uso de coletas de dados, uso de 
medidas e estatísticas, questionário fechado com técnicas descritivas em termos de 
codificação numérica. 
 
7.0 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA 
 
Chegamos ao ponto que realmente nos interessa nessa apostila de 
Metodologia Científica e que nos levará ao objetivo proposto que é desmistificar que 
a pesquisa e seu processo são reservados a poucos iluminados, mostrar que cada31 
 
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sujeito pesquisa o tempo todo, mas compreender a importância do uso do método e 
suas normas para que a pesquisa tenha resultado confiável e se torne um novo 
conhecimento universal. 
Não refutamos a existência dos conhecimentos teológicos, filosóficos ou 
empíricos, mas para a academia, para a ciência, o que vale e acreditamos ter deixado 
bem claro até o momento, é o conhecimento baseado na observação dos fatos, no 
teste das hipóteses, na verificação e comprovação e na possibilidade de sua 
contestação. 
Como dizem Lakatos e Marconi (2004) todas as ciências caracterizam-se pela 
utilização de métodos científicos; em contrapartida, nem todos os ramos de estudo 
que empregam esses métodos são ciências. Dessas afirmações podemos concluir 
que a utilização de métodos científicos não é da alçada da ciência, mas não há ciência 
sem o emprego de métodos científicos. 
7.1Métodos 
Método em sentido geral quer dizer “Ordem que se deve impor aos diferentes 
processos necessários para atingir um certo fim ou um resultado desejado”. Nas 
ciências, entende-se como o conjunto de processos empregados na investigação e na 
demonstração da verdade (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
Lakatos e Marconi (2004) oferecem vários conceitos de método, dentre eles: 
“Caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse 
caminho tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado”. 
“Forma de proceder ao longo de um caminho”. 
“Procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se 
alguma coisa, seja material ou conceitual”. 
Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007) o método não é inventado; ele depende 
do objeto da pesquisa. Os cientistas cujas investigações foram coroadas de êxito 
tiveram o cuidado de anotar os passos percorridos e os meios que os levaram aos 
resultados. Mesmo que no começo tenha sido usado de maneira empírica, 
gradativamente eles foram se transformando em métodos verdadeiramente 
científicos. 
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O método científico quer descobrir a realidade dos fatos, e estes, ao serem 
descobertos, devem por sua vez, guiar o uso do método. Entretanto, ele é apenas um 
meio de acesso, pois é preciso inteligência e reflexão juntas para se descobrir o que 
os fatos e os fenômenos realmente são. 
O método científico segue o caminho da dúvida sistemática, metódica, que não 
se confunde com a dúvida universal dos céticos, cuja solução e impossível. O 
pesquisador que não tiver a evidência como arrimo precisa sempre questionar e 
interrogar a realidade. Mesmo no campo das ciências sociais, deve ser aplicado de 
modo positivo, e não de modo normativo, isto é, a pesquisa positiva deve preocupar- 
se com o que é, e não com o que se pensa que deve ser (CERVO; BERVIAN; SILVA, 
2007). 
O método científico aproveita a observação, a descrição, a comparação, a 
análise e a síntese, além dos processos mentais da dedução e da indução, comuns a 
todo tipo de investigação, quer experimental, quer racional. 
Quando falamos em método científico nos reportamos aos métodos indutivo, 
dedutivo e hipotético-dedutivo. Todos possuem alguma variante ou ramificação e 
evidentemente são criticados. 
Numa acepção bem simples, a diferença fundamental entre o método dedutivo 
e o método indutivo é que o primeiro aspira a demonstrar, mediante a lógica pura, a 
conclusão na sua totalidade a partir de umas premissas, de maneira que se garante a 
veracidade das conclusões, se não se invalida a lógica aplicada. Trata-se do modelo 
axiomático proposto por Aristóteles como método científico ideal (MOLINA, 2007). 
Pelo contrário, o método indutivo cria leis a partir da observação dos fatos, 
mediante a generalização do comportamento observado; na realidade, o que realiza é 
uma espécie de generalização, sem que através da lógica possa conseguir uma 
demonstração das citadas leis ou conjunto de conclusões (MOLINA, 2007). 
As referidas conclusões poderiam ser falsas e, ao mesmo tempo, a aplicação 
parcial efetuada da lógica poderia manter a sua validade; por isso, o método indutivo 
necessita de uma condição adicional, a sua aplicação considera-se válida enquanto 
não se encontrar nenhum caso que não cumpra o modelo proposto. 
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O método hipotético-dedutivo ou de verificação de hipóteses não coloca, em 
princípio, nenhum problema, visto que a sua validade depende dos resultados da 
própria verificação (MOLINA, 2007). 
Temos ainda o Método Dialético que foi proposto por Hegel, o qual postula que 
as contradições se transcendem dando origem a novas contradições que passam a 
requerer solução. Nesse sentido, os fatos não podem ser considerados fora de um 
contexto social, político, econômico, etc. 
Outros métodos específicos das Ciências Sociais seriam o Método Histórico, o 
Comparativo, o Monográfico, o Estatístico, o Tipológico, o Funcionalista e o 
Estruturalista. 
Para maior clareza com relação a estes métodos citados acima, sugere-se a 
leitura do livro Metodologia Científica de Lakatos e Marconi, utilizado como referência 
nesta apostila, o qual traz de forma clara os detalhes e variantes de cada um deles. 
Como diz Lakatos e Marconi (2004) do mesmo modo que o conhecimento se 
desenvolveu, o método, sistematização das atividades, também sofreu 
transformações. Para Galileu, por exemplo, o primeiro teórico do método experimental, 
as ciências não tinham como foco principal a preocupação com a qualidade, mas com 
as relações quantitativas. Seu método é descrito como indução experimental, 
chegando-se a uma lei geral por intermédio da observação de certo número de casos 
particulares. 
Para Francis Bacon são essenciais a observação e a experimentação dos 
fenômenos, pois somente esta última pode confirmar a verdade: uma autêntica 
demonstração sobre o que é verdadeiro ou falso, somente é proporcionada pela 
experimentação. 
O tipo de experimentação proposto por Bacon é denominado coincidências 
constantes. Ele postula que: aparecendo a causa, dá-se o fenômeno; retirando-se a 
causa, o efeito não ocorre; variando-se a causa, o efeito altera-se. 
René Descartes afasta-se dos processos indutivos e utiliza o método dedutivo. 
Para ele chega-se à certeza, por intermédio da razão, princípio absoluto do 
conhecimento humano.O quadro comparativo abaixo nos mostra de forma sucinta o 
método segundo alguns cientistas famosos. 
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GALILEU BACON DESCARTES MÉTODO ATUAL 
Observa 
Analisa 
Induz 
Verifica 
Generaliz 
a 
Confirma. 
Experimenta 
Formula 
hipóteses 
Repete o 
experimento 
Testa a 
hipótese 
Formula 
generalizações 
e leis. 
Evidencia 
Analisa 
Sintetiza 
Enumera. 
Descobre o problema 
Colocação precisa do problema 
Procura conhecimentos ou 
instrumentos relevantes 
ao problema 
Tenta solucionar o problema 
com auxílio dos meios 
identificados 
Inventa novas ideias – produz 
novos dados empíricos 
Obtém uma solução 
Investiga as consequências 
da solução obtida Prova a 
solução 
Corrige as hipóteses, teorias, 
 procedimentos ou dados 
De forma resumida devemos entender que método é o dispositivo ordenado, o 
procedimento sistemático em plano geral. 
O método racional também é científico, embora os assuntos a que se aplica 
não sejam realidades, fatos ou fenômenos suscetíveisde comprovação experimental. 
As disciplinas que o empregam (principalmente as diversas áreas da filosofia) nem por 
isso deixam de ser verdadeiras ciências. 
Todo método depende do objetivo da investigação. A filosofia, por exemplo, não 
tem por objeto o estudo de coisas fantasiosas, irreais ou inexistentes. A filosofia 
questiona a própria realidade. Por isso, o ponto de partida do método racional é a 
observação dessa realidade ou a aceitação de certas proposições evidentes, 
princípios ou axiomas, para em seguida prosseguir por dedução ou por indução, em 
virtude das exigências unicamente lógicas e racionais. Mediante o método racional, 
que também se desdobra em diversas técnicas científicas (como a observação, a 
análise, a comparação e a síntese) e técnicas de pensamento (como a indução e a 
dedução, a hipótese e a teoria), procura-se interpretar a realidade quanto a sua 
origem, natureza profunda, destino e significado no contexto geral. 
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Pelo método racional, procura-se uma compreensão e uma visão mais ampla 
sobre o homem, sobre a vida, sobre o mundo, sobre o ser. Essa cosmovisão, a qual 
leva a investigação racional, nada pode ser testada ou comprovada 
experimentalmente em laboratórios. E é exatamente a possibilidade comprovar ou não 
as hipóteses que distingue o método experimental (científico em sentido restrito) do 
racional (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
6.1 Técnicas 
O método concretiza-se como o conjunto das diversas etapas ou passos que 
devem ser seguidos para a realização da pesquisa e que configuram as técnicas. Os 
objetos de investigação determinam o tipo de método a ser empregado, a saber, o 
experimental ou o racional. Um e outro empregam técnicas específicas como também 
técnicas comuns a ambos. Pode-se dizer que a maioria das técnicas que compõe o 
método científico e racional é comum, embora devam ser adaptadas ao objetivo da 
investigação. Por isso, as técnicas ou processos que serão explicitadas a seguir dizem 
respeito ao método experimental e, indiretamente, com as adaptações que se impõem, 
ao método racional (LAKATOS; MARCONI, 2004). 
Podem ser chamados de técnicas aqueles procedimentos científicos utilizados 
por uma ciência determinada no quadro das pesquisas próprias dessa ciência. Assim, 
há técnicas associadas ao uso de certos testes em laboratório, ao levantamento de 
opiniões de massa, à coleta de dados estatísticos; há técnicas para conduzir uma 
entrevista, para determinar a idade por medições de carbono, para decifrar inscrições 
desconhecidas etc. (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). 
As técnicas em uma ciência são os meios corretos de executar as operações 
de interesse de tal ciência. O treinamento científico reside, em grande parte, no 
domínio dessas técnicas. Ocorre, entretanto, que certas técnicas são utilizadas por 
inúmeras ciências ou, ainda, por todas elas. O conjunto dessas técnicas gerais 
constitui o método. Portanto, métodos são técnicas suficientemente gerais para se 
tornarem procedimentos comuns a uma área das ciências ou a todas as 
ciências. 
Existe, pois, um método fundamentalmente idêntico para todas as ciências, que 
compreende um certo número de procedimentos, aplicações científicas ou operações 
levadas a efeito em qualquer tipo de pesquisa. São eles: a observação, a descrição, 
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a comparação, a análise e a síntese. Esses procedimentos servem aos seguintes 
propósitos: 
• Formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses; 
• Efetuar observações e medidas; 
• Registrar tão cuidadosamente quanto possível os dados observados 
com o intuito de responder às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese 
levantada; 
• Elaborar explicações ou rever conclusões, ideias ou opiniões que 
estejam em desacordo com as observações ou com as respostas resultantes; 
generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos que 
envolvem condições similares; a generalização é tarefa do processo chamado 
indução, 
• Prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de 
esperar que surjam certas relações. 
Mesmo assim, o método pode e deve ser adaptado às diversas ciências, à 
medida que a investigação de seu objeto impõe ao pesquisador lançar mão de 
técnicas especializadas. 
Parece faltar algo aqui não é mesmo? Como, por exemplo, os diversos tipos 
de pesquisa de acordo com os objetivos (exploratória, descritiva, explicativa), ou os 
delineamentos da pesquisa (bibliográfica, documental, experimental) ou ainda falar 
dos meios de coletar os dados, mas optamos por explanar sobre as técnicas mais 
amiúde, na apostila destinada a Orientações de Trabalho de Conclusão de Curso, 
acreditando que seria mais pertinente, sendo uma colaboração para com o estudante 
nessa etapa do trabalho. 
6.2 Formas de pensamento 
O pensamento alimenta-se da realidade externa e é produto direto da 
experiência. O ato de pensar caracteriza-se por ser dispersivo, natural e espontâneo. 
A reflexão, porém, requer esforço e concentração voluntária. É dirigida e planificada. 
A conclusão do raciocínio constitui o último elo de uma cadeia, o período final de um 
ciclo de operações que se condicionam necessariamente (CERVO; BERVIAN; SILVA, 
2007). 
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Segundo Mattar (2008) vários são os movimentos que procuram discutir em 
sentido amplo, os métodos em ciências, alguns deles acreditamos ser importantes 
discorrer, pois mostram as formas de pensamento que reinaram ao longo da história 
da humanidade. 
O empirismo, a primeira dessas formas de pensamento, pode ser entendido 
como uma postura filosófica, assim como o racionalismo e o idealismo. 
O empirismo inglês afirma, de uma forma geral, que a única fonte de nossas 
ideias é a experiência sensível, valorizando assim os sentidos. O empirismo acabou 
funcionando, na história do pensamento, como um movimento que funda todas as 
correntes anti-idealistas, que defendem que o pensamento humano deva ser 
compreendido pela experiência efetiva, e não pela abstração do real. 
Se é claro que o empirismo não determinou o desenvolvimento das ciências 
naturais ou empíricas contemporâneas, ajudou sem dúvida a construir uma atmosfera 
intelectual que se coaduna perfeitamente com os métodos dessas ciências (MATTAR, 
2008). 
Nesse sentido, os empiristas ingleses destacam a importância da sensação e 
da experiência, e discutem temas importantes como o uso das hipóteses, a estrutura 
do raciocínio indutivo, a importância da probabilidade, etc. 
Ao positivismo associa-se o ideal de neutralidade nas ciências. Seu principal 
nome é o de Auguste Comte (1798-1857). Para ele, a ciência seria o conhecimento 
por excelência. Os conceitos e as expressões possuem significado se, e apenas se 
ou seja, se forem operacionalizados (MATTAR, 2008). 
A extensão do positivismo é o neopositivismo (positivismo lógico ou empirismo 
lógico), que também destaca a importância da operacionalização. O neo positivismo 
caracteriza-se pela combinação de ideias empiristas com a lógica moderna. O 
movimento surgiu na Áustria, com o “Círculo de Viena” (fundado pelo filósofo Moritz 
Schlich em 1924, durou até 1936), na Alemanha e na Polônia. Muitos de seus 
principais filósofos emigraram para os Estados Unidos ou a Inglaterra, fugindo do 
nazismo. Alguns de seus nomes mais importantes são Rudolf Carnap (1891-1970), 
Herbert Feigl (1902-1988), Otto Neurath (1882-1945) e Friedrich Waisman (1896-
1959)

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