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ESTUDO DA LEI 4.898/65 – ABUSO DE AUTORIDADE www.facebook.com/albertino.melo @albertinoazmelo Professor Albertino Melo O CONCEITO DE AUTORIDADE Quem exerce cargo, emprego ou função pública, de NATUREZA CIVIL, OU MILITAR, ainda que transitoriamente e sem remuneração. ATENÇÃO!! O particular SOZINHO jamais pode responder por abuso de autoridade A NÃO SER QUE pratique o fato em concurso com funcionário público e souber dessa condição elementar de funcionário público do outro. Nesse sentido o artigo 327 do Código Penal relata: Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. §1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada PARA A EXECUÇÃO DE ATIVIDADE TÍPICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. E aí você me faz uma pergunta: professor, o que de fato é considerado abuso de autoridade? Posso entender como a mesma coisa de abuso de poder? O abuso de autoridade é o abuso de poder analisado SOB AS NORMAS PENAIS. Mais ainda: o abuso de autoridade abrange o abuso de poder. A Lei 4.898/65 estabelece sanções para os agentes públicos que praticam atos com abuso de poder. O agente público deve pautar seus atos no princípio da legalidade. Ele não pode agir fora dos limites das suas atribuições legais. São ao todo 19 (dezenove) condutas descritas nos arts 3º e 4º da referida Lei. É o que vai cair !!! São direitos fundamentais. Em sua grande maioria, configuram-se em desrespeito a direitos fundamentais garantidos por nossa Constituição Federal e, por isso, são de fáceis, e um tanto quanto óbvias, memorização e compreensão. Listaremos a partir de agora cada uma dessas condutas e, para algumas delas, teceremos alguns comentários. A Lei 4.898/65 estabelece como abuso de autoridade qualquer atentado: A Lei 4.898/65 estabelece como abuso de autoridade qualquer atentado: À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO; A Lei 4.898/65 estabelece como abuso de autoridade qualquer atentado: À INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO; AO SIGILO DA CORRESPONDÊNCIA; As correspondências abertas perdem a qualidade de sigilosas. Não se concebe que seja acobertado pelo sigilo algo já violado. Assim, se uma autoridade, durante uma fiscalização, intencionalmente abre correspondências de algum fiscalizado, comete o delito em analise. IMPORTANTE A fim de que se possa falar em sigilo, a correspondência deve esta LACRADA!! À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA; AO LIVRE EXERCÍCIO DO CULTO RELIGIOSO; A nossa Constituição trata como direito fundamental a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, assegurando a TODOS o livre exercício dos cultos religiosos e a garantia, na forma da lei, da proteção aos locais de culto e a suas liturgias. E mais: mesmo que alguém invoque sua liberdade de consciência e de crença para eximir-se de obrigação legal a todos imposta, ainda assim não será privado de seus direitos. A não ser é claro, que se recuse a cumprir prestação alternativa fixada em lei. Dessa forma, qualquer autoridade que atente contra essas liberdades, certamente come o crime de abuso de autoridade. À LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO; AO DIREITO DE REUNIÃO; A nossa Carta Magna garante o direito de nos reunirmos desde que pacificamente e sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. Nos dá também a plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. AOS DIREITOS E GARANTIAS LEGAIS ASSEGURADOS AO EXERCÍCIO DO VOTO; A cidadania é um dos pilares da República Federativa do Brasil, tendo no voto, uma das cláusulas pétreas da Constituição Federal, o seu maior instrumento. Qualquer autoridade que atente ao exercício do voto comete também crime de abuso de autoridade. À INCOLUMIDADE FÍSICA DO INDIVÍDUO; AOS DIREITOS E GARANTIAS LEGAIS ASSEGURADOS AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL. Estar incólume significa estar isento de perigo, intacto, são e salvo. Qualquer tentativa, por parte de autoridade, de prática de tortura ou de qualquer outro tipo de tratamento desumano ou degradante, incorrerá na conduta de crime de abuso de autoridade. ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; atenção submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; atenção deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; atenção levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei; cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal; prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. IMPORTANTE O elemento subjetivo dos crimes de abuso de autoridade é o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de exceder os limites do poder que possui em face da autoridade do cargo. Além do dolo de praticar a conduta, ainda se exige o elemento subjetivo do injusto que é a vontade deliberada de agir com abuso (agir sabendo que está abusando). Se o sujeito atua querendo cumprir a sua função justamente, embora ele se exceda, não haverá o crime de abuso por faltar o elemento subjetivo. A intenção do agente é fator determinante. Assim, conclui-se que não há casos expressos em lei em que se admita a punição quando praticado o crime de abuso de autoridade de forma culposa. Isso significa, em termos mais minudenciados, que não se comete esse crime por negligência, imprudência ou imperícia. É necessário que se aja com dolo. O SUJEITO PASSIVO Sujeito Imediato ou Principal: é a pessoa física ou jurídica que sofre a conduta abusiva; Sujeito Mediato ou Secundário: o Estado. Qualquer pessoa física capaz e incapaz, estrangeiro e nacional podem ser vítimas do abuso de autoridade, ou seja, sujeitos imediatos. Se for criança o crime será do ECA, em virtude do Princípio da Especialidade. Se for idoso tem que verificar se o crime não caracteriza alguma das hipóteses do Estatuto do Idoso. E não só eles!! Autoridades públicas ou funcionários públicos também podem ser vitimas de abuso de autoridade, assim como pessoa jurídica de direito privado e, inclusive, de direito público, podem ser vítimas de abuso de autoridade. Quando o abuso de autoridade disser respeito, exclusivamente, a militares (sujeitos ativo e passivo) o crime será julgado pela Justiça Militar competente. Código de Processo Militar: Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considere aviltante: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos Logo, você deve entender assim: Crime for praticado por militar contra militar: a justiça competente será a Justiça Militar. Se o militar for estadual e o crime for cometido contra civil, será competente a Justiça Estadual. Se o militar for federal e o crime for cometido contra civil, o STJ se manifestou pela competênciada Justiça Federal. IMPORTANTE O crime de abuso de autoridade praticado por funcionário público federal no exercício de suas atribuições funcionais é de competência da Justiça Federal, ainda que se trate de militar membro das Forças Armadas, pois: “compete à Justiça Federal processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço” (Súmula 172/STJ). DIREITO DE REPRESENTAÇÃO Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição: a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção; b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada. Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as houver. A representação será feita em 02 VIAS e conterá: a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias; a qualificação do acusado e; o rol de testemunhas, NO MÁXIMO DE TRÊS, se as houver. IMPORTANTÍSSIMO Não confunda o direito de representação com a representação do ofendido nos crimes de ação penal pública condicionada, pois os crimes de abuso de autoridade são de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. Curiosão, você me faz agora mais algumas perguntas: professor, já sei quais são os crimes, quem os comete e quais são as vitimas. E agora? Cometido o crime, como será responsabilizada a autoridade infratora? Quais serão suas penas? Como primeira resposta, eis a importantíssima informação: quem comete crime de abuso de autoridade estará sujeito a sanções: - administrativas, - civis e - penais. O PROCESSO NA ESFERA ADMINISTRATIVA Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal. § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e consistirá em: RESADEDE - ADVERTÊNCIA; - REPREENSÃO; - SUSPENSÃO DO CARGO, FUNÇÃO OU POSTO por prazo de 05 a 180 dias, com (atenção!!!) perda de vencimentos e vantagens; - DESTITUIÇÃO de função; - DEMISSÃO; - DEMISSÃO, a bem do serviço público. § 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil. IMPORTANTE O processo administrativo NÃO PODERÁ SER SOBRESTADO (interrompido ou parado) para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil. Pois bem, aplicada a sanção, esta será anotada na ficha funcional da autoridade civil ou militar. Simultaneamente com a representação dirigida à autoridade administrativa ou independentemente dela, poderá ser promovida pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal (ou ambas) da autoridade culpada. O PROCESSO NA ESFERA CIVIL IMPORTANTE À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de Processo Civil. § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros. Quem decidi é o juiz. O PROCESSO NA ESFERA PENAL As penas previstas na Lei 4.898/65 determina que a sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: - multa de cem a cinco mil cruzeiros (de novo hein!!); - detenção por 10 dias a 06 meses; - perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até 03 anos. IMPORTANTE!!! As penas previstas poderão ser aplicadas AUTÔNOMA OU CUMULATIVAMENTE. Quando o abuso for cometido por AGENTE DE AUTORIDADE POLICIAL, CIVIL OU MILITAR, de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de 01 a 05 ANOS. E COMO SE DÁ A AÇÃO PENAL? Vamos a ela: O oferecimento da REPRESENTAÇÃO pela vítima Apresentada a representação da vítima, o Ministério Público, no prazo de 48 horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de instrução e julgamento. A denúncia do Ministério Público será apresentada em 02 vias. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver deixado vestígios tanto o ofendido quanto o acusado poderá: promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio de 02 testemunhas qualificadas (poderá conter a indicação de mais de duas testemunhas); requerer ao Juiz, até 72 horas antes da audiência de instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as verificações necessárias. O oferecimento da DENÚNCIA pelo MP: O órgão do Ministério Público poderá apresentar a denúncia à autoridade judiciária competente como também, ao invés disso, requerer o ARQUIVAMENTO da representação. Se assim fizer, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa da representação ao Procurador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender. ATENÇÃO!! Caso o órgão do Ministério Público não ofereça a denúncia no prazo de 48 horas, fixado na Lei 4.8989/65, SERÁ ADMITIDA AÇÃO PRIVADA. Recebidos os autos, o Juiz, terá o prazo de 48 horas para proferir o despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia. No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente dentro de 05 dias. ATENÇÃO!! As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apresentadas em juízo, independentemente de intimação. A AUDIÊNCIA de instrução e julgamento Estabelece a Lei 4.898/95 que à hora marcada, o Juiz mandará que o Porteiro dos Auditórios ou o Oficial De Justiça declare aberta a audiência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o representante do Ministério Público ou o advogado que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu. IMPORTANTE A audiência somente deixará de realizar-se se ausente o JUIZ. Se até MEIA HORA depois da hora marcada o Juiz não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de audiência. Por fim, encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a sentença. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Ministério Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão. Estando presente o Juiz, este abrirá a audiência e fará a qualificação e o interrogatório do réu, se estiver presente. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de 15 minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério do juiz. 01. [FGV – INSPETOR – POLICIA CIVIL/RJ – 2008] São crimes de tortura constranger alguém com emprego de violência ou ameaça, causando-lhe sofrimento físico para provocar ação ou omissão de natureza criminosa e constranger alguém sem emprego de violência nem ameaça, para que faça algo que a lei não obriga. 02. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Pratica crime de tortura a autoridade policial que constrange alguém, mediante emprego de grave ameaça e causando-lhe sofrimento mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. 03. [CESPE– AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Considerando que X, imputável, motivado por discriminação quanto à orientação sexual de Y, homossexual, imponha a este intenso sofrimento físico e moral, mediante a prática de graves ameaças e danos à sua integridade física resultantes de choques elétricos, queimaduras de cigarros, execução simulada e outros constrangimentos, essa conduta de X enquadrar-se-á na figura típica do crime de tortura discriminatória. 04. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Se um policial civil, para obter a confissão de suposto autor de crime de roubo, impuser a este intenso sofrimento, mediante a promessa de mal injusto e grave dirigido à sua esposa e filhos e, mesmo diante das graves ameaças, a vítima do constrangimento não confessar a prática do delito, negando a sua autoria, não se consumará o delito de tortura, mas crime comum do Código Penal, pois a confissão do fato delituoso não foi obtida. 05. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2009] A prática do crime de tortura torna-se atípica se ocorrer em razão de discriminação religiosa, pois, sendo laico o Estado, este não pode se imiscuir em assuntos religiosos dos cidadãos. 06. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2011] Considere a seguinte situação hipotética. Rui, que é policial militar, mediante violência e grave ameaça, infligiu intenso sofrimento físico e mental a um civil, utilizando para isso as instalações do quartel de sua corporação. A intenção do policial era obter a confissão da vítima em relação a um suposto caso extraconjugal havido com sua esposa. Nessa situação hipotética, a conduta de Rui, independentemente de sua condição de militar e de o fato ter ocorrido em área militar, caracteriza o crime de tortura na forma tipificada em lei específica. 07. [FGV – INSPETOR – POLICIA CIVIL/RJ – 2008] É crime de tortura submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou ameaça, a intenso sofrimento mental, como forma de aplicar castigo pessoal. 08. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2006] Considere a seguinte situação hipotética. Uma equipe de policiais civis de determinada delegacia, após a prisão de um indivíduo, submeteu-o a intenso sofrimento físico e mental para que ele confessasse a prática de um crime. O delegado de polícia, chefe da equipe policial, ciente do que acontecia, permaneceu em sua sala sem que tivesse adotado qualquer providência para fazer cessar as agressões. Nessa situação, os policiais praticaram a figura típica da tortura, ao passo que, em relação ao delegado de polícia, a conduta, por não configurar o mesmo crime, tem outro enquadramento penal. 09. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Aquele que se omite em face de conduta tipificada como crime de tortura, tendo o dever de evitá-la ou apurá-la, é punido com as mesmas penas do autor do crime de tortura. 10. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Considere a seguinte situação hipotética. No momento de seu interrogatório policial, João, acusado por tráfico de entorpecentes, foi submetido pelos policiais responsáveis pelo procedimento a choques elétricos e asfixia parcial, visando à obtenção de informações sobre oendereço utilizado pelo suposto traficante como depósito da droga. João, após as agressões, comunicou o fato à autoridade policial de plantão, a qual, apesar de não ter participado da prática delituosa, não adotou nenhuma providência no sentido de apurar a notícia de tortura. Nessa situação, a autoridade policial responderá por sua omissão, conforme previsão expressa na Lei de Tortura. 11. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] O artigo que tipifica o crime de maus-tratos previsto no Código Penal foi tacitamente revogado pela Lei da Tortura, visto que o excesso nos meios de correção ou disciplina passou a caracterizar a prática de tortura, porquanto também é causa de intenso sofrimento físico ou mental. 12. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC – 2007] Sendo crime próprio, o crime de tortura é caracterizado por seu sujeito ativo, que deve ser funcionário público. 13. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Não se aplica a lei de tortura se do fato definido como crime de tortura resultar a morte da vítima. 14. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Considere a seguinte situação hipotética. Carlos, após a prática de atos eficientes para causar intenso sofrimento físico e mental em José, visando à obtenção de informações sigilosas, matou-o para que sua conduta não fosse descoberta. Nesse caso, Carlos responderá pelo crime de tortura simples em concurso material, com o delito de homicídio. 15. [CEV/UECE – AGENTE PENITENCIÁRO – SEJUS/CE – 2011] Se o crime de tortura for cometido por agente público ou mediante o uso de arma de fogo ou em concurso de mais de duas pessoas haverá aumento de pena de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) previsto na Lei nº 9.455/97. 16. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] A condenação por crime de tortura acarreta a perda do cargo, função ou emprego público, mas não a interdição para seu exercício. 17. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] O crime de tortura é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, não sendo próprio de agente público, circunstância esta que, acaso demonstrada, determinará a incidência de aumento da pena. 18. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A perda do cargo público é efeito automático e obrigatório da condenação de agente público pela prática do crime de tortura, sendo, inclusive, prescindível a fundamentação. 19. [CESPE – AGENTE/PAPILOSCOPISTA – POLICIA FEDERAL – 2012] O policial condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependências do distrito policial, um acusado de tráfico de drogas a confessara prática do crime perderá automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário, nessa situação, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo. 20. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2004] Um agente penitenciário submeteu a intenso sofrimento físico um preso que estava sob sua autoridade, com o objetivo de castigá-lo por ter incitado os outros detentos a se mobilizarem para reclamar da qualidade da comida servida na penitenciária. Nessa situação, o referido agente cometeu crime inafiançável. 21. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] O condenado por crime previsto na lei de tortura inicia o cumprimento da pena em regime semiaberto ou fechado, vedado o cumprimento da pena no regime inicial aberto. 22. [FGV – POLICIAL LEGISLATIVO – SENADO FEDERAL – 2011] Não é punível a participação de particular nos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral. 23. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Nos termos da lei que incrimina o abuso de autoridade, o sujeito ativo do crime é aquele que exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. À vista disso, afastase a possibilidade de concurso de pessoas em tais delitos, quando o coautor ou partícipe for um particular. 24. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2011] Considere que um agente policial, acompanhado de um amigo estranho aos quadros da administração pública, mas com pleno conhecimento da condição funcional do primeiro, efetuem a prisão ilegal de um cidadão. Nesse caso, ambos responderão pelo crime de abuso de autoridade, independentemente da condição de particular do coautor. 25. [FUNRIO – AGENTE PENITENCIÁRIO –DEPEN - 2009] A lei nº 4.898 de 9 de dezembro de 1965, regula o Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade. Assim, o direito de representação e o processo de responsabilidade administrativacivil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei. Dessa forma, constitui abuso de autoridade qualquer atentado à violabilidade do domicílio, aos direitos e garantias sociais assegurados ao exercício do voto indireto e aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional, mediante autorização legal. 26. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Considere que uma autoridade policial, no decorrer das investigações de um crime de furto e sem o competente mandado judicial, ordenou aos seus agentes que arrombassem a porta de uma residência e vistoriassem o local, onde provavelmente estariam os objetos furtados. No interior da residência foiencontrada a maior parte dos bens subtraídos. Nessa situação, a autoridade policial e seus agentes agiram dentro da legalidade, pois a conduta policial oportunizou a recuperação dos objetos. 27. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Caso, no decorrer do cumprimento de mandado de busca e apreensão determinado nos autos de ação penal em curso, o policial responsável pela diligência apreenda uma correspondência destinada ao acusado e já aberta por ele, apresentando-a como prova no correspondente processo, essa conduta do policial encontrar-se-á resguardada legalmente, pois o sigilo da correspondência, depois de sua chegada ao destino e aberta pelo destinatário, não é absoluto, sujeitando-se ao regime de qualquer outro documento. 28. [FUNRIO – POLICIA RODOVIARIA FEDERAL – 2009] A lei n.º 4.898/65 regula o Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade. O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal. Dessa forma, constituem também abuso de autoridade ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento autorizado em lei; e comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PA– 2006] Julgue os itens subsequentes, relativos à Lei n.º 4.898/1965, que regula o direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa, civil e penal nos casos de abuso de autoridade. 29. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado à incolumidade física do indivíduo. 30. Constitui abuso de autoridade deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa. 31. Poderá ser promovida pela vítima do abuso de autoridade a responsabilidade civil ou penal, ou ambas, da autoridade culpada. 32. A ação penal pelo crime de abuso de autoridade é pública condicionada à representação. 33. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2006] Considere a seguinte situação hipotética. Justino, policial militar em serviço, realizou a prisão de um indivíduo, mantendo-o encarcerado por 2 dias, sem atender às formalidades legais pertinentes, ou seja, não havia ordem judicial de prisão nem situação flagrancial que justificassem a medida contra a pessoa detida. Nessa situação, Justino incorreu em crime de abuso de autoridade, sendo a Justiça Militar competente para processá-lo e julgá-lo. 34. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] A ação penal por crime de abuso de autoridade é pública condicionada à representação do cidadão, titular do direito fundamental lesado. 35. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] A prática de um crime definido como abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa, civil e penal, aplicadas, cumulativamente, pelo juiz que presidiu o processo de natureza criminal. 36. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Considerando que determinada autoridade policial execute a prisão em flagrante de um autor de furto, lavrando, logo após, o respectivo auto de prisão, a partir de então, essa autoridade policial deverá, entre outras providências, comunicar a prisão ao juiz competente, dentro de 24 horas, sob pena de incorrer em abuso de autoridade. 37. [UERR – AGENTE PENINTENCIÁRIO – SEJUS/RR - 2011] A inabilitação temporária para o exercício de função pública cominada aos delitos de abuso de autoridade, previstos na Lei 4.898/65, quando aplicada de forma isolada e autônoma, tem natureza de pena acessória. 38. [PC/SP - DELEGADO DE POLICIA - PC/SP – 2003] A Lei n.º 4898/65 (Abuso de Autoridade) explicita que a citação do réu deverá ser feita por mandado sucinto, que não necessitará ser acompanhado da segunda via da representação ou da denúncia. 39. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/BA – 2005] Nos crimes de abuso de autoridade, previstos na Lei n.º 4.898/1965, a prescrição da pretensão punitiva do Estado ocorre, in abstrato, em dois anos, sendo que a pena de perda do cargo e inabilitação para o exercício de função pública é de natureza principal, assim como as penas de multa e detenção. [UEG – AGENTE DE POLÍCIA – PC/GO – 2008 – Adapt.] Sobre os crimes descritos na Lei de Abuso de Autoridade (Lei n. 4898/65), julgue os itens a seguir: 40. A aplicação da sanção penal ante o reconhecimento da prática de abuso de autoridade impede a aplicação das demais sanções civis e administrativas ao agente público, uma vez que há a comunicação das instâncias. 41. O sujeito ativo no crime de abuso de autoridade é a pessoa que exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração, tratando-se, assim, de crime próprio. 42. O indivíduo não funcionário público não pode ser responsabilizado pelo crime de abuso de autoridade, mesmo que cometa o crime em concurso com um funcionário público, pois trata-se de um crime de mão própria. 43. É expressamente vedada a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ao funcionário público condenado por abuso de autoridade. 44. [UEG – DELEGADO DE POLÍCIA – PC/GO – 2003] A autoridade responsável por uma delegacia de polícia que deixar de comunicar imediatamente ao juiz competente a prisão ou a detenção de um conhecido meliante, comete apenas infração administrativa, sujeita a sanção de advertência, repreensão e suspensão do cargo, entre outras sanções, de acordo com a gravidade do que for apurado.
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