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BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10º edição (revista atualizada 9º tiragem). São Paulo: Malheiros, 2000. p.39-48
FICHAMENTO
CAPÍTULO 3 A SOCIEDADE E O ESTADO
1. Conceito de Sociedade
Para que possamos ter conhecimento, ou seja, uma noção sobre o conceito o que é sociedade, a uma reflexão crítica que nos compele de imediato a fazer menção dos autores que se insurgem contra aquilo que em geral se denomina Sociedade.
“Que são os autores Sanchez Agesta e Maurras que pertencem a essa categoria”.
Segundo Sanchez Agesta assevera com ênfase que não há Sociedade, “termo abstrato e impreciso, mas Sociedades, uma pluralidade de grupos da mais diversa espécie e coesão” (p. 39).
“Enquanto, Maurras Sociedade de sociedades e não Sociedades de indivíduos”. (p.39) 
“Em verdade, porém o vocábulo Sociedade tem sido empregado, conforme assinala um sociólogo americano, como a palavra mais genérica que existe para referir “todo o complexo de relações do homem com seus semelhantes” (p.39)”.
“Conforme o sociólogo americano {...},”1 Sendo o mecanicismo e o organicismo as duas formulações históricas mais importantes sobre os fundamentos da Sociedade, todo conceito que se der de Sociedade traduzirá na essência o influxo de uma ou de outra concepção”.(p.39)
“Enquanto Toennies diz que a Sociedade é o grupo derivado de um acordo de vontades, de membros que buscam, mediante o vínculo associativo, um interesse comum impossível de obter-se pelos esforços isolados dos indivíduos, esse conceito é irrepreensivelmente mecanicista”. (p.39).
“No entanto, quando Del Vecchio entende por Sociedade o conjunto de relações mediante as quais vários indivíduos vivem e atuam solidariamente em ordem a formar uma entidade nova e superior, oferece-nos ele um conceito de Sociedade basicamente organicista”. (p.39).
2. A interpretação organicista da Sociedade
Duas teorias principais disputam a explicação correta dos fundamentos da Sociedade:
· “A teoria orgânica e a teoria mecânica”.
Os organicistas procedem do tronco milenar da filosofia grega.
Descendem, ou seja, tem um conceito diferenciado de Aristóteles e Platão.
Na concepção da doutrina aristotélica “assinala-se, com efeito, o caráter social do homem”. A natureza fez do homem o “ser político”, que não pode viver fora da Sociedade. “(p.40)”.
Grotius, que não foi organicista, acompanhou o pensamento de Aristóteles e falou de um appetitus societatis, como vocação inata do homem para a vida social.
Em seu entendimento, situou Del Vecchio muito bem o problema. “Dizer que o homem é social ou precisa da Sociedade para viver não significa que já se haja caracterizado uma posição organicista ou mecanicista”. (p.40)
Aliás, de organicismo “Del Vecchio nos dá o seguinte conceito: “Reunião de várias partes, que preenchem funções distintas e que, por sua ação combinada, concorrem para manter a vida do todo”“. (p.40)
O autor assegura que, toda assimilação coletiva, o sujeito da ordem social, a unidade que não criou nem há de criar nenhuma realidade mais, que lhe seja superior, o ponto primário e básico que vale por si mesmo e do qual todos os ordenamentos sociais emanam como derivações secundárias, como variações que podem reconduzir-se sempre ao ponto de partida: a ele, ao indivíduo, aqui estamos fora de toda a dúvida em presença de uma posição mecanicista.
Del Vecchio cita essas diferenças, “Os primeiros, por se abraçarem ao valor Sociedade, são organicistas; os segundos, por não reconhecerem na Sociedade mais que mera soma de partes, que não gera nenhuma realidade suscetível de subsistir fora ou acima dos indivíduos, são mecanicistas”. (p.41)
Na teoria da Sociedade e do Estado, os organicistas se veem arrastados quase sempre, por consequência lógica, às posições direitistas e antidemocráticas, ao autoritarismo, às justificações reacionárias do poder, à autocracia, até mesmo quando se dissimulam em concepções de democracia orgânica (concepção que é sempre a dos governos e ideólogos predispostos já à ditadura).
O autor faz uma critica ao dizer que, nem sequer um doutrinário da democracia como Rousseau, com a concepção organicista e genial da volonté générale, princípio novo tão aplaudido por Hegel, pôde forrar-se a essa increpação uma vez que o poder popular assim concebido sob a divisa da “vontade geral” acabaria gerando o chamado despotismo das multidões.
Rousseau chega à “consequência deles, que, todavia se aparta fundamentalmente quando abre as páginas do Contrato Social com a proposição de que os homens nascem livres e iguais, em antagonismo com quase toda a doutrina organicista, que afirma precisamente o contrario”. (p.41)
Entende este que o homem jamais nasceu na liberdade e, invocando o fato biológico do nascimento, mostra que desde o berço o princípio de autoridade o toma nos braços, rodeando-o, amparando-o, governando-o.
Enquanto, os organicistas fazem a apologia da autoridade. Estimam o social porque vêem na Sociedade o fato permanente, a realidade que sobrevive, a organização superior, o ordenamento que, desfalcado dos indivíduos na sucessão dos tempos, no lento desdobrar das gerações, sempre persiste, nunca desaparece, atravessando o tempo e as idades. Os indivíduos passam, a Sociedade fica. 
“Tomando, porém a Sociedade como organismo, ficam deslembrados de que só arbitrariamente podem as analogias porventura existentes conduzir a essa equiparação, a legitimar tal identidade que pôs em inteiro descrédito o organicismo já desvairado”.(p.42).
Alguns autores reconhecem duas modalidades de organicismo: o materialista e o idealista.
Na concepção organicista de Augusto Comte, juntamente com o organicismo biológico de Spencer, Bluntschli e Schaeffle, chegando os dois últimos, porém, no paralelo entre “organismo e sociedade, aos mais absurdos exageros, às comparações mais excêntricas, a verdadeiros desatinos lógicos, que cobriram de ridículo a doutrina organicista”. (p.42)
O organicismo ético e idealista cultivou-o a escola histórica, sobretudo desde a concepção de Savigny, acerca do “espírito popular” (o 43 Volksgeist) tomado por fonte histórica, costumeira, tradicional, geradora de regras e valores sociais e jurídicos. 
3. A réplica mecanicista ao organismo social
Os mecanicistas acometem impiedosamente a teoria organicista, mostrando que não há a propalada identificação entre o organismo biológico e a Sociedade. Nesta ocorrem fenômenos que não acham equivalente naquele: as migrações, a mobilidade social, o suicídio.
Del Vecchio adverte que no organismo, não vivem por si mesmas, sendo inconcebível, como imaginá-las fora do ser que integram.
“Ora, essa mobilidade o conduz ora à ascensão, ora ao descenso de categoria social, econômica ou profissional”. (p.43)
No entendimento do publicista da Baviera, na Alemanha, Von Seydel, que combateu energicamente a doutrina organicista, costumava dizer que “assim como a soma de 100 homens não dá 101, da mesma forma a adição de 100 vontades não pode produzir a 101ª vontade”, no caso, a vontade social ou a vontade política, como realidade nova, com vida fora e acima das vontades individuais.
“Das teses contratualistas, da postulação que estas fazem infere se que a base da Sociedade é o assentimento e não o princípio de autoridade”. (p.44)
A democracia liberal e a democracia social partem desse postulado único e essencial de organização social, de fundamento a toda a vida política: a razão, como guia da convivência humana, com apoio na vontade livre e criadora dos indivíduos.
Partindo do pressuposto o contratualismo social é o problema da melhor forma de organização da Sociedade, da melhor maneira de governar os homens e de achar na razão valores que legitimem, com mais força e invulnerabilidade, o princípio da autoridade, partiram todos os contratualistas do clássico e célebre confronto do estado de natureza com o estado de sociedade.
Entretanto existem poucos filósofos do direito natural que se serviram do estado de natureza para emprestar-lhe cunho de historicidade, como se ele realmente acontecera, como se fora fase atravessada pela sociedadehumana em algum período imemorial.
4. Sociedade e comunidade
Tomando a Sociedade como dado sociológico, eminentes 45 estudiosos da Ciência Social têm, por outro lado, posto mais ênfase na distinção conceitual entre Sociedade e Comunidade. Haja vista, por exemplo, o caso de Toennies. 
No meado de 1799, Schleiermacher distinguira, pela primeira vez, a Sociedade da Comunidade e Wundt falara depois numa “vontade impulsiva” frente a uma “vontade intencional”, como se já antecipassem ambos algumas bases da clássica elaboração conceitual de Toennies.
Toennies busca informações sobre sociedade e comunidade, mostrando como essas duas formas básicas de convivência humana, são diametralmente opostas.
“A Sociedade supõe, segundo aquele sociólogo, a ação conjunta e racional dos indivíduos no seio da ordem jurídica e econômica; nela, “os homens, a despeito de todos os laços, permanecem separados”“. (p.45)
Enquanto que: 
“Comunidade implica a existência de formas de vida e organização social, onde impera essencialmente uma solidariedade feita de vínculos psíquicos entre os componentes do grupo”. (p.45)
A Comunidade é dotada de caráter irracional, primitivo, munida e fortalecida de solidariedade inconsciente, feita de afetos, simpatias, emoções, confiança, laços de dependência direta e mútua do “individual” e do “social”.
Toennies afirma que, sendo a Comunidade um “todo valorado”, cada indivíduo tomado insuladamente é algo falso e artificial.
A Comunidade surgiu primeiro, a Sociedade apareceu depois. A Comunidade é matéria e substância, a Sociedade é forma e ordem. Na Sociedade, há solidariedade mecânica, na Comunidade, orgânica. 
“A Comunidade é um organismo, a Sociedade, uma organização (Berdeaeff) ou segundo Poch, citado por Agesta, na Comunidade (a Família, por exemplo) a gente é, na Sociedade (uma sociedade mercantil, por exemplo) a gente está”. Diz Agesta que “simbólica ou alegoricamente a Comunidade é um organismo, a Sociedade um contrato”. (p.46)
“Agasta continua dizendo que, a Sociedade, que é um estádio mais adiantado da vida social, esta não eliminou aquela. No interior da Sociedade, que se acha provida de um querer autônomo, que busca fins racionais, previamente estatuídos e ordenados, convivem as formas comunitárias, com seus vínculos tributários de dependência e complementação, com suas formas espontâneas de vida intensiva, com seus laços de estreitamento e comunicação entre os homens, no plano do inconsciente e do irracional”. (p. 46)
Ao lado do conceito de Comunidade surge modernamente o de Massa. A forma mais significativa que Vierkandt encontrou foi nas manifestações fenomenológicas que se prendem à composição estrutural da sociedade contemporânea.
5. A Sociedade e o Estado
Na linguagem dos filósofos e estadistas os conceitos de Sociedade e Estado, têm sido empregados ora indistintamente, ora em contraste, aparecendo então a Sociedade como círculo mais amplo e o Estado como círculo mais restrito. A Sociedade vem primeiro; o Estado, depois.
“A Sociedade, algo interposto entre o indivíduo e o Estado, é a realidade intermediária, mais larga e externa, superior ao Estado, porém inferior ainda ao indivíduo, enquanto medida de valor”. (p.47)
Jellinek assegura que de todos os filósofos, consoante foi Rousseau o que distinguiu com mais acuidade a Sociedade do Estado.
“Por Sociedade, entendeu ele o conjunto daqueles grupos fragmentários, daquelas “sociedades parciais”, onde, do conflito de interesses reinantes só se pode recolher a vontade de todos (volonté de tous), ao passo que o Estado vale como algo que se exprime numa vontade geral (volonté générale), a única autêntica, captada diretamente da relação indivíduo-Estado, sem nenhuma interposição ou desvirtuamento por parte dos interesses representados nos grupos sociais interpostos”. (p.47)
Para o filósofo Rousseau o qual faz a menção de Hengel, afirma que a Sociedade é colocada, pois na filosofia hegeliana como antítese, como parte do movimento dialético do espírito objetivo (espírito subjetivo — tese, espírito objetivo — antítese, e espírito absoluto — síntese, segundo a dialética geral do espírito), cuja tese é a Família e cuja síntese o Estado.
“O conceito de Sociedade tomou sucessivamente três colorações no curso de sua caminhada histórica. Foi primeiro jurídico (privatista e publicístico) com Rousseau, conforme vimos; depois econômico, com Ferguson, Smith, Saint-Simon e Marx, e enfim, sociológico, desde Comte, Spencer e Toennies”. (p.47)
 Enquanto que Saint-Simon entende que no socialismo utópico nomeadamente a Sociedade se define pelo seu teor econômico, pela existência de classes.
Marx e Engels acreditam que o Estado não esta fora da Sociedade, mas dentro, posto que se distinga da mesma.
“A Sociedade, segundo Bobbio, tanto pode aparecer em oposição ao Estado como debaixo de sua égide”. Daqui, portanto esse conceito de Sociedade: “Conjunto de relações humanas intersubjetivas, anteriores, exteriores e contrárias ao Estado ou sujeitas a este”. (p.48)
Enfim, na linha de pensamento dos filósofos mencionado neste fichamento, percebe-se, que cada um trás um conceito de sociedade, o que também trás para o nosso aprendizado um conhecimento bastante amplo, pois sociedade está entrelaçada entre a teoria da ciência, política, economia, filosofia, sociologia, jurídica, pois são áreas que sempre é preciso ser estudada lida e relida no nosso cotidiano.
IESB
CENTRO UNIVERSITÁRIO
CIÊNCIA POLÍTICA E FUNDAMENTO DO ESTADO CONTTEMPORÂNEO
 
 PROFESSOR RAFAEL DUARTE
 ALUNA; VERA LÚCIA PEREIRA DA SILVA
 CURSO DIREITO 
 TURMA 1º SEMESTRE
DATA: 09/03/20

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