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DIREITO PENAL II

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DIREITO PENAL II – Fabio Guaragni 
Funcionalismo: modelo dogmático que constrói todo a teoria do delito, de modo que cumpra a função do direito penal.
A dogmática está a serviço da política criminal.
Fato central do p. penal: se houve o crime e quem foi o autor. Caso o evento tenha acontecido e o réu é o autor, as quaestio iuris começam e as quaestio facto acabam e ai, se discute se o que o autor fez é ou não crime, e ai, se contextualiza pelo conceito de crime. 
Nullum crimen sine actione (não há crime sem ação humana). O juiz analisa se há conduta criminosa e se há, se ela é típica ou não. 
1) Conceitos de condutas. 
2) Tipicidade de conduta.
3) Para ser crime a conduta precisa se encaixar num tipo penal. (Ilicitude e culpabilidade) 
4) Punibilidade= consequência jurídica do crime (injusto culpável). Se há injusto culpável, há a possibilidade de punibilidade. 
Prescrição ex/tingue punibilidade. 
Aula de hoje: 18/08 AUSÊNCIA DE CONDUTA HUMANA
1. Coação física irresistível / forças físicas irresistíveis da natureza.
2. Atos Reflexos
3. Estados de inconsciência 
Art. 163 do Código Penal – Dano
Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
· O coagido quando funciona como mera massa mecânica, não pratica conduta humana (fazer com finalidade)
- CONDUTA (conceito): fazer guiado por um fim.
→ Vontade: pode ser livre e não livre.
Vontade ≠ liberdade de vontade
→ o fato de uma vontade não ser livre, não desfaz a vontade.
· Coação física (coagido ou coator não tem vontade) não pratica conduta humana, exclui-se a conduta ≠ coação moral (coagido ou coator tem vontade, mas não livre) pratica conduta humana e esta, pode ser absolvida por falta de culpabilidade (exigibilidade de conduta conforme o direito). 
→ O motivo pelo qual o agente quis fazer algo, não desfaz o fato de que quis. Mesmo que esteja sob coação.
Culpabilidade: exige conduta jurídica (conforme o direito).
Exclusão de culpabilidade por inexigibilidade de comportamento diverso: coação irresistível e obediência hierárquica (art.22)
  Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.   
→ Coação irresistível é a coação moral, que pressiona a vontade impondo determinado comportamento, eliminando ou reduzindo o poder de escolha. 
Coação física: instância decisória é o coator, autor imediato
Coação moral: coator é autor mediato. Interposição à pessoa através da conduta humana, pois este, domina a vontade do coagido. 
 Vis Absoluta x Vis Compulsiva
Vis Absoluta: Há ausência de ação (coação física). Seria um caso de estado de necessidade coativo e exclui a própria ação por ausência de vontade. Nesse caso, o executor é considerado apenas uma massa mecânica que realizou a vontade do coator (autor mediato). 
Vis Compulsiva: É a coação moral. Há ação mesmo que seja a partir de uma vontade não livre pois, apesar de não possuir liberdade para escolher sua vontade, o executor ainda sim fez uma escolha e, portanto, não desfaz a vontade nem a ação. 
→ Violência física como veículo para as duas espécies de coação.
→ Irresistibilidade: quando a conduta causada pela vontade pode ser reprimida, não há como impedir ou evitar. (Externa / Interna)
ATOS REFLEXOS
Respostas neuromotoras à um estímulo externo sem intermediação do córtex cerebral. Excluem a conduta humana por falta de atuação cerebral, logo, não tem pena. 
- Automatismos e movimentos mecânicos repetitivos: são condutas humanas.
- Ações em curto circuito: são reações instintivas e são condutas humanas rápidas guiadas pelo cérebro límbico. Podem reduzir pena ou até excluir a conduta.
Violenta emoção: reduz a pena se a vítima fez uma provocação injusta (culposa ou dolosa) (art. 121, parágrafo 1º, só reduz pena para provocação dolosa).
ESTADOS DE INCONSCIÊNCIA 
Estado letárgico, sem contato com o universo circundante que pressupõe estado de vigília.
Se está no estado letárgico, não possui conduta humana pois não há como fazer algo com um fim sem consciência. 
- Sonambulismo, atos praticados durante sono ou sonho, delírios febris, convulsões, não há existência de conduta humana, portanto, não configura crime. 
- Doença mental (algumas produzem estados de inconsciência). 
Casos de imprevisibilidade (drogas, remédios fortes) ou irresistibilidade (força maior). Embriaguez ou toxicidade culposa (por descuido) ou por vontade, configura crime pois não necessariamente está em estado de inconsciência. 
- Se dá o que se chama de consciência residual. Afetações parciais de consciência não afastam a conduta humana (alteração por toxicidade, embriaguez e hipnose).
Actio libera in causa (ALIC) é possível punir a alguém que esteja sob estado de inconsciência? Sim 
Essa teoria é dispensável em crimes culposos (Zaffaroni). O descuido não precisa ser ao mesmo tempo, pode ser dar antes do ato praticado. 
ELEMENTO SUBJETIVO (corresponde à AÇÃO LIVRE) Dolo/ Culpa 
Morte da criança (resultado no plano objetivo) homicídio doloso (mãe que se fez instrumento de si mesma) 
Homicídio culposo (mãe que quis aquecer a criança com seu corpo).
Ato preparatório não há crime. Ato executório há crime. 
Assim amplia o campo de punição se isolar os momentos do crime, tem-se um ato preparatório + dois resultados sem conduta no segundo momento (ambos impuníveis). A mãe não tem como ser punida por homicídio. 
 
TIPO (25/08/2020)
A lei, ao definir crimes, limita-se, frequentemente, a dar uma descrição objetiva do comportamento proibido, cujo exemplo mais característico é o do homicídio, “matar alguém”. No entanto, em muitos delitos, o legislador utiliza-se de outros recursos, doutrinariamente denominados elementos normativos ou subjetivos do tipo, que levam implícito um juízo de valor. 
A teoria do tipo criou a tipicidade como característica essencial da dogmática do delito, fundamentando no conceito causal de ação, concebida por Von Liszt. Entretanto, faz-se necessário distinguir os estágios ou degraus valorativos que permitem a atribuição de responsabilidade penal, quais sejam, a tipicidade, a antijuricidade e a culpabilidade, facilitando o estudo, a compreensão e a análise do fenômeno delitivo na sua totalidade. 
Tipo é o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal. É uma construção que surge da imaginação do legislador, que descreve legalmente as ações que considera, em tese, delitivas. 
Tipo é um modelo abstrato que descreve um comportamento proibido. 
CADA TIPO DESEMPENHA UMA FINÇAO PARTICULAR, E A FALTA DE CORRESPONDÊNCIA ENTRE UMA CONDUTA E UM TIPO NÃO PODE SER SUPRIDA POR ANALOGIA OU INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. 
O tipo compreende a descrição dos elementos que identificam a conduta proibida da norma. Entretanto, não alcança a descrição dos elementos do tipo permissivo, que caracterizam as causas de justificação. 
É a descrição do comportamento proibido. Conjunto de elementos necessários para que a conduta seja contrária a norma e viole ela.
Art. 121 em diante (parte especial) até art. 359 
1º tipo penal: homicídio
Art.121. Matar alguém (matar é o comportamento proibido que viola a norma). 
- Construção do Tipo:
1) Criação de um bem jurídico;
2) Construção de uma norma para proteger o bem;
3) Inversão do comando da norma para obtenção do tipo legal.
Ex: se o bem jurídico é a vida, a construção é “não matarás”, se inverte o comando, sendo “matar” o tipo penal pois viola a proibição.
 Normas proibitivas geram tipos ativos pois está gerando comando de abstenção (não pode matar, logo, matar é uma ação ativa pois se está violando a vida). Se infringe a ação fazendo o que mandaram não fazer. 
Normas mandamentais (ordinatórias, preceptivas) geram comandos de ação (preservar a vida, prestar socorro) e se infringe a ação omitindo-a (deixar de prestar socorro) não fazendo o que mandaram fazer. 
Portanto, a primeira coisa que se faz é verificar o tipo legal da conduta. 
1. TO + TS = Conduta Típica
2. Ofensa à norma atrás do tipo – Antinormatividade
3. Ofensaao bem jurídico. 
Tipo Objetivo e Tipo Subjetivo 
 Tipo x Tipicidade
Nome do fenômeno (concreto) de encaixe da conduta no tipo – subsunção – adequação típica (em tese).
- FORMAS DE ADEQUAÇÃO OU SUBSUNÇÃOTIPICA 
- Adequação típica direta (subordinação imediata) se subordina ao tipo 
- Adequação típica indireta (mediata) 
Exemplo: conduta humana do Daniel Cravinhos → ligada diretamente ao art. 121 (matar alguém) (subordinação imediata)
- Conduta do japonês de emprestar o bastão para Daniel Cravinhos → ligada indiretamente ao art. 29 norma de extensão típica do art. 121 (subordinação mediata). O japonês foi participe, pois foi um “coautor” do crime, não matou, mas forneceu meios para o crime ao emprestar o bastão para o Daniel. 
Coautoria é a adequação indireta, é diferente da participação. 
Conduta Humana → art. 121 combinado com art. 14, II CP (norma de extensão) 
14, II (TENTATIVA~ CONATUS) tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
OMISSÃO IMPRÓPRIA ≠ OMISSÃO PRÓPRIA (adequação direta) 
ELEMENTOS DO TIPO
Dados reunidos numa conduta faz com que aja conduta e a falta de um desses dados faz com que a conduta seja atípica. 
Elementos do tipo: - descritivo empenho dos sentidos 
- normativo (dependem de um juízo de valor, não bastando os sentidos para aquilatar se presentes)
- jurídico (o juízo de valor está pautado na lei)
- cultural (costumes, pautas sociais de comportamento)
Atipicidade absoluta: não há nenhum elemento da conduta e, portanto, se torna irrelevante para o Direito Penal pois não se encaixa em nenhum tipo. (Não subsumida a CH um tipo, torna-se indiferente para o direito penal).
Atipicidade Relativa: é quando falta um elemento de um tipo penal (quando, não subsumida a CH a um tipo, adequa-se a outro) 
Ex: falta 1 elemento para encaixar em roubo, porém, completa todos os elementos para se encaixar em furto. 
Se tiver relevância para o Direito Penal, é atipicidade relativa, se não tiver é atipicidade absoluta. 
Art. 68   Cálculo da pena
    A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Na atipicidade relativa, se desclassifica um tipo e se encaixa em outro.
· Núcleo do Tipo → verbo
· Elementos negativos do tipo → ideia de negação (indevidamente, sem justa causa, contra a vontade de..., constranger) -/- teoria dos elementos negativos do tipo 
ELEMENTAR: É um dado essencial para caracterizar o tipo. Se identifica na redação.
O dado essencial é a circunstância. 
Circunstância tem caráter acidental (accidentally delete) e presente ou ausente é o mesmo
 ≠ elementar
- Ambos importam para a fixação da pena.
Art. 30 
Ex: Se a mãe mata o filho no período de puerpério e o marido ajuda dando um travesseiro, tornando-se participe, a mãe pelo art. 123 responde por infanticídio e o pai responde pelo art.30 por infanticídio (nesse caso, o infanticídio é uma circunstância. 
· Elementares mistas: descritivas + juízo de valor
Quanto a estrutura do tipo
a) Básico: forma seca de tipificação – caput do artigo 
- Derivados (básico + circunstância qualificadora e privilegiadoras) → mínimo e máximo são alterados (ex: homicídio qualificado) normalmente são os parágrafos. 
Sui Generis – tipos que eram para ser derivados, mas foram colocados num dispositivo a parte → impactos práticos, transformando o que seriam circunstâncias em elementares 
Por ex: o impacto no art. 30, CP.
b) 1. Simples (1 verbo)
2. Mistos ou múltiplos → mais de um verbo
2.1 Alternativos → art. 33 Lei de Drogas → Basta a prática de um dos vários verbos para o crime se aperfeiçoar → cometidos dois ou mais verbos, continua ocorrendo um só crime, desde que os verbos recaiam sobre o mesmo objeto material, em similitude de contexto.
Ex: art. 180: Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte
Receptação qualificada – parágrafo 1º denúncia por expor à venda → objeto material (1 crime só pois é um dos vários verbos). 
(Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime)
Art. 33 da Lei de Drogas. Não precisa necessariamente vender, pois pode-se entregar gratuitamente a droga. A conduta se trata da prática de um dos verbos. O tráfico não se configura com a venda, não se aperfeiçoa com só a venda, mas com qualquer outra conduta que está prevista na lei de drogas (fabricar, adquirir, exportar, inclusive oferecer). 
2.2 Cumulativos: prevê mais de um verbos e o sujeito tem que praticar todos os verbos para o crime se aperfeiçoar.
Art.171 do CP: Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento (estelionato).
Ex: prometer viagens que não vai entregar e o sujeito pagou a viagem (obteve vantagem e manteve a vítima induzida em erro) → mais de um verbo e ambos devem ser realizados para configurar o crime, aperfeiçoar. 
2.3 Acumulados (delitos mistos por acumulação): o legislador reúne na mesma estrutura figuras diferentes.
Ex: art. 242: Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil. (São três crimes diferentes). 
Quanto ao esgotamento da matéria de proibição
- Fechados e Abertos
- Abertos: culposo (art. 121, 3º, CP) não especificam em regra, formas de quebra de cuidado. 
- Elementos de valoração global do injusto (151 “indevidamente”) – caráter devido ou indevido fica aberto a interpretação do operador do Direito Penal – Welzel apontou as como exemplificativas do tipo aberto. 
5. FUNÇÕES DOS TIPOS 
Funcionalismo: criação de um sistema de análise a partir do Direito Penal e atribuir uma função para cada dogmática. Ex: a culpabilidade possui funções; Teoria do tipo possui funções. 
1. Função Protetiva: proteger o bem jurídico 
Minima non curat praetor (o magistrado não deve se preocupar com coisas insignificâncias, pois não há lesão de bem jurídico).
Princípio da Adequação social e da Insignificância afastam a tipicidade de condutas socialmente adequadas ou ínfimas no toque ao bem jurídico porque, do contrário, o tipo incidiria sem cumprir sua função → Princípio da Lesividade → desvalor do resultado
2. De Garantia: Princípio da Reserva Legal 
O tipo é a lei anterior a lei que define o que é crime.
A função de garantia é a garantia do indivíduo contra o poder punitivo estatal → tipo realiza o princípio da reserva legal → Nullum crimen, nula poena sine tipus praevio, stricto, scripto, certo.
3. De Prevenção: Tipos veiculam a ameaça penal e pretendem produzir um efeito comunicativo preventivo geral → remete-se a teoria da coação psicológica de Feuerbach, princípios do séc. XIX 
4. Descritiva: é descrever tudo que interessa para o Direito Penal em tese→ tipos penais demarcam as fronteiras até onde o Direito Penal vai. 
ANÁLISE DO DELITO EM VON LISZT 
- Se analisava o delito em dois lados: objetivo e subjetivo.
Objetivo: lado da antijuridicidade (Nexo causal Conduta Humana = Conduta Excludente) 
Subjetivo: lado da culpabilidade (Nexo psíquico – mente e resultado)
- Separou o ilícito penal do ilícito civil pela sanção. 
- Conduta Humana: antijurídica, culpável e punível (conceito de crime). 
- A punibilidade aparece como modo de separar o ilícito penal do civil. 
ERNEST VON BELING (1906) Tatbenstand – estado de coisas, hipótese de ocorrências, de episódios de fato, que interessa ao direito penal. 
Antes de Beling, correspondia ao corpo de delito, enquanto conjunto de elementos sensíveis do crime → designava uma espéciede fato em concreto que de fato interessava ao direito penal, verificando depois de sua ocorrência (ex post factum) 
- EX ANTE FACTUM: Tatbestand – selecionar as espécies que interessam ao direito penal antes do fato, através das análises de condutas humanas previamente estabelecidas pela lei.
- Ressignificação do termo implica em perceber que o Direito Penal possui um mecanismo selecionador de tudo que lhe interessa e, trata-se da descrição em tese de cada comportamento criminoso feita no preceito primário dos tipos, devido ao Princípio da Reserva Legal. 
Repercussão → surge a ideia de tipo de delito → Países de língua Ibérica falam de tipo fattispecie para os italianos → Beling como precursor da Teoria do Tipo no seu emprego metodológico.
CH = C/E 
1. Tipicidade
2. Antijuridicidade
3. Culpabilidade 
- Não é necessária a punibilidade pois pela tipicidade já se pode distinguir, visto que, Civil não possui tipicidade, somente o Penal. 
Ilícito Civil não é típico 
- Seleciona o ilícito penal pela descrição, e portanto, foi assim que surgiu a Função Descritiva. 
→ Antes do Beling se usava a tipicidade, mas somente no final da análise, e assim se descobria que não interessava ao Direito Penal, mas sim, ao Direito Civil. Depois do Beling com a revolução metodológica, se faz a análise antes para ver se interessa ao Direito Penal ou não. 
Causalismo= mundo do ser no Direito Penal e no sistema de análise do crime. Beling é causalista. Método empírico para determinar o ser. 
O tipo tem uma função descritiva. Beling acha que o tipo tipifica a conduta a partir da descrição, sem expressar juízo de valor, pois esta orientado pelo mundo do ser. 
 Dizer que um crime é antijurídico é estabelecer um juízo de valor. 
O tipo Belinguiano é avalorado porque se limita a descrever as condutas (teoria do tipo avalorado); Não há qualquer relação com a antijuridicidade. 
Essa etapa pela doutrina é denominada de fase da independência entre tipicidade e antijuridicidade. ETAPA CAUSALISTA 
Tipo só descreve e antijuridicidade só se desvalora (valor negativo) ou se valora (Valor positivo). 
Desvalorar ≠ Avalorar. Avalorar não estabelece valor algum ao tipo. Desvalorar é atribuir valor negativo. 
Mayer, 1915, aparece a noção de que tipificar não é só descrever, mas chamar de proibido ou antijurídico o comportamento → isto se dá tanto em tipos penais que contem juízos de valor nas elementares (“indevidamente”, “sem justa causa”) como também em tipos que contenham só elementares descritivas porque o Estado não tipificaria um comportamento positivo. 
Tipificar é chamar a conduta de proibida = antijurídica? 
5. Indiciária → afirmar a tipicidade implica em afirmar com caráter meramente indiciário a antijuridicidade. 
- ETAPA NEOKANTIANA- etapa ou fase da dependência entre tipicidade e antijuridicidade.
Toda antijuridicidade é típica. O crime passa a ser uma conduta humana tipicamente antijurídica. 
Teoria da Ratio Cognoscendi → Teoria de Max Ernst Mayer
 ↓
“Maneira de conhecer”. Os tipos são a maneira de conhecer a ilicitude e a antijuridicidade penal. Portanto, os tipos se relacionam com a antijuridicidade penal porque é a maneira de conhecê-la, porém, um não tem nada a ver com o outro pois são conceitos a parte que se relacionam (onde há tipicidade, há antijuridicidade). 
* Relações entre antijuridicidade e tipicidade
Ratio Essendi (Mezger) Teoria da maneira de ser → conceito bipartido de crime, com reunião de tipicidade e antijuridicidade no mesmo escalão → modos de fazer funcionar esta reunião: 1. Teoria dos elementos negativos do tipo (todas as excludentes de antijuridicidade devem ser compreendidas como parte do tipo) – Merkel 
Ex: matar alguém (salvo em legitima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal). 
2. Teoria do tipo total de injusto (ou tipo global de injusto): não se junta as excludentes dos tipos um por um, se verifica primeiro se se encaixa no tipo e depois se verifica se há excludente e, se há excludente, essa etapa retroage e afasta a tipicidade 
Paradoxo do proibido-permitido, pois 1º se afirma a tipicidade (caráter proibido) e em 2º se afirma a antijuridicidade ou a excludente (permitida). O tipo é separado da antijuridicidade só para efeitos de análise, mas excluída a ilicitude, isto retroage e afasta a própria tipicidade pois, não existiria tipos de injusto. 
- Finalismo: mantém o modelo de Ratio Cognoscendi (WELZEL)
O modelo da ratio essendi torna equivalentes situações como matar um inseto ou matar alguém em legitima defesa: nas duas situações, teríamos hipóteses de atipicidade. Conquanto nos dois casos o direito penal não deva punir, precisa produzir respostas que indiquem as distinções das duas situações. 
Como o funcionalismo vê a relação entre tipicidade e antijuridicidade. 
- Roxin: Crime é conduta humana injusta e responsável.
1. Injusto
2. Responsável
2.1 Culpabilidade
2.2 Necessidade preventiva de pena. 
Roxin junta a tipicidade com a antijuridicidade (lembra a Ratio Essendi) dentro do injusto e, uma vez reunidos no injusto, as análises se dão de maneiras separadas.
1. Funções distintas: tipo funciona para afirmar que um bem jurídico foi lesionado. Antijuridicidade funciona para afirmar que a conduta humana lesiva de um bem jurídico não é positivamente compensada pela proteção de outro.
2. Tipo é regido por um princípio exclusivo do Direito Penal: reserva legal, cuja violação nada dirá, em regra para demais ramos. 
Crimes materiais: dependem de um resultado (art. 13 CP, caput).
→ Teoria Causalista trabalha com fatos reais, como o que de fato é, com o que acontece, e não com o fato e como ele poderia ser. Teoria do séc. XIX sempre parte do fato como ele foi, e não como ele poderia ter sido.
Imputar: no campo objetivo é determinar algo como obra seu/sua, no caso, se imputa o resultado. 
Defeito da teoria da equivalência: promove um retrocesso ao infinito. Regressus ad infinitum. Produz um público de pessoas com causa muito extensa, e se corrige limitando o público e sofrem a imputação típica: subjetiva por dolo ou culpa, limitará ao público enorme produzido no campo da imputação objetiva. 
Através do Tipo subjetivo verifica-se quem deu causa com dolo e restringe-se a esses agentes a imputação. 
Depois de analisar o tipo e a causa, analisa-se a antijuridicidade e a culpabilidade. 
Teoria da equivalência das causas: todos os fatores causais possuem o mesmo valor, se equivalem. 
A independência entre os fatores causais é relativa: soma esforços entre si; é cronológica pois ocorre em momentos distintos; não há independência absoluta, pois só se produz quando não há entre eles qualquer soma de esforços. 
Teoria da Causalidade adequada
- Art. 13, parágrafo 1º 
- O código Penal adota uma teoria de exceção para um grupo de casos, em que opera uma causa relativamente independente superveniente a conduta do agente que se quer saber ser ou não o causador.
→ Causa é o fator adequado do ponto de vista de uma razoabilidade estatística para produzir resultado. 
- Método para descobrir se alguém deu causa: são 3 passos
1. Colocarmo-nos no lugar do agente
2. Colocarmo-nos ex ante factum, em perspectiva segundo qual o fato ainda não ocorreu
3. Verificar a razoabilidade estatística de produzir o resultado com aquela conduta. 
Superveniente é a causa ocorrida depois da conduta que se procura saber quem causou. 
- Nexo causal - 
É possível manter a teoria da equivalência das causas e ao mesmo tempo já sair com um público menor no tipo objetivo?
 Pois ela tende ao infinito e a amplitude atingida pelo tipo Objetivo acaba sendo limitada pelo Tipo Subjetivo, de maneira que, TS limita TO.
Elementos de dolo ou culpa= TS
TEORIAS DE IMPUTAÇÃO OBJETIVA
É através das teorias de imputação objetiva que se soluciona a questão se pode-se manter a teoria da equivalência das causas e ao mesmo tempo sair com um público menor no tipo objetivo.
Dar causa =/= Sofrer imputação do resultado causado 
Só pode imputar o resultado a alguém que causou esse resultado. 
A partir da teoria da imputaçãoobjetiva, nem todo aquele que da causa sofre a imputação. Para sofre-la além de causar, é preciso suportar critérios valorativos de imputação.
Mundo do Ser: verifica-se se o sujeito causou (nexo causal) pela teoria da equivalência.
Mundo do Dever Ser: critérios valorativos
Teoria da imputação objetiva não serve para descobrir quem deu causa e, portanto, não entra no lugar da teoria da equivalência, além do que, esta é utilizada antes daquela.
Resultado naturalístico (crimes materiais) → saber se alguém causou (pressuposto analítico) → saber se quem deu causa deve ou não sofrer a imputação do resultado → resultado jurídico é imputado (lesão ao bem jurídico por dano ou perigo de dano) → não trata da imputação do resultado naturalístico → Modelo de Roxin (Cria critérios de imputação para saber se o agente apresenta riscos ao bem jurídico).
Essas teorias são atualmente utilizadas em todos os crimes para que se impute o resultado jurídico ao agente. Eventualmente, dependendo do modelo teórico a teoria da imputação pode ser imputação de quebra de um papel social e não de lesão de um bem jurídico. → Modelo de Jakobs (firmação dos papeis sociais através das normas, deixando claro cada papel de cada um, deixando o mundo mais previsível, assim, quando alguém sai dos limites do seu papel, analisa-se se aplica a imputação).
Existem teorias de imputação objetiva porque no mundo do dever ser as funções que o Direito Penal tem para cumprir variam de autor para autor, por exemplo Jakobs vs Roxin, e isso leva a distintos critérios de imputação objetiva.
- ESTADO DA TEORIA DO DELITO – 
Para haver crime precisa haver conduta humana típica, antijurídica e com agente culpável. 
Para haver tipicidade: tipicidade legal + Antinormatividade+ ofensa à um bem jurídico 
Tipicidade legal: TO + TS 
Tipicidade Objetiva: verbo, encaixe da conduta praticada pelo agente na descrição típica e se o crime for material precisa de nexo causal e precisa de resultado naturalístico e, além disso, precisa suportar os critérios de imputação objetiva (que para Roxin são 3)
1. Criação de risco proibido ou incremento de risco proibido
2. Realização do risco no resultado
3. Verificação do âmbito de alcance do tipo
1. Só sofre a imputação da ofensa ao bem jurídico se ele criou risco proibido para o bem jurídico. 
Não imputação do resultado (pode até criar causa, mas não é imputado):
- Dentro do patamar de risco;
- reduz o patamar de risco;
- troca o patamar de risco proveniente da natureza por outro de mesmo valor.
2. Realização do risco no resultado: crimes de dano (não vale para crime de perigo)
- O risco que o sujeito criou tem que se realizar no resultado.

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