Buscar

Beneficiamento e Sistema de Rastreabilidade do Algodão

Prévia do material em texto

BENEFICIAMENTO E RASTREABILIDADE DO ALGODÃO
Simone Aparecida Nunes¹, Fernanda Cristina Pierre²
¹Discente em Tecnologia em Agronegócio da Faculdade de Tecnologia de Botucatu, si.ra.pa.nunes@gmail.com
²Docente da Faculdade de Tecnologia de Botucatu, fernanda.pierre@fatec.sp.gov.br 
RESUMO
[O texto do resumo deve ser redigido em parágrafo único, não excedendo 200 palavras. O texto do resumo deve ser redigido em parágrafo único, não excedendo 200 palavras. O texto do resumo deve ser redigido em parágrafo único, não excedendo 200 palavras. O texto do resumo deve ser redigido em parágrafo único, não excedendo 200 palavras. O texto do resumo deve ser redigido em parágrafo único, não excedendo 200 palavras].
Palavras-chave: Algodão, Beneficiamento, Rastreabilidade.
1 INTRODUÇÃO
O algodão tornou-se a mais importante fibra cultivada do mundo, plantado em 100 países em cinco continentes, envolvendo mais de 350 milhões de pessoas em sua produção, desde as fazendas até a logística, descaroçamento, processamento e embalagem. A média de plantio, nos últimos anos, foi de ao redor de 35 milhões de hectares. Desde a década de 1950, a demanda mundial tem aumentado gradativamente. O comércio mundial do produto movimenta, anualmente, cerca de US$ 12 bilhões (ABRAPA, 2018). 
O ciclo do algodão marcou o processo de industrialização no país, tendo seu início no fim do século XVIII e começo do século XIX (MACEDO, 2019).
O algodão é um produto de extrema importância socioeconômica para o Brasil. Além de ser a maior fonte de fibras naturais, garante ao País lugar privilegiado no cenário internacional, como um dos cinco maiores produtores mundiais, ao lado de China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. O algodão gera desenvolvimento nas regiões onde está presente por ter uma cadeia produtiva complexa e de alto valor agregado. Além dos fornecedores de insumos, esse produto passa pela indústria de fiação, depois pela indústria de tecelagem, pela confecção de vestuário e finalmente pelo comércio de roupas. Acrescenta-se ainda a indústria da moda e do design, as quais possuem suas peculiaridades e alto potencial de agregação de valor. Os subprodutos do algodão, como o caroço e o óleo, possuem papel relevante na indústria química e como alimento animal integrando-se às cadeias produtivas do leite da proteína animal (SEVERINO et al., 2019).
O objetivo deste trabalho é abordar o processo de beneficiamento e o sistema de rastreabilidade do algodão.
2 DESENVOLVIMENTO DO ASSUNTO
1. O PRODUTO ALGODÃO
O algodão é uma das fibras vegetais mais antigas e mais importante que se tem registro. A origem da palavra algodão é árabe, “al-qu-Tum” (O Cotão), e se caracteriza como uma fibra natural, de origem vegetal, medindo entre 24 e 38 mm de comprimento. Sua cultura recebe o nome de cotonicultura (ALANE; PANDOLFI, 2019). 
Sua coloração varia do amarelo claro ao dourado, é rico em vitamina E, usado na indústria têxtil, produtos de higiene pessoal, materiais hospitalares, fabricação de óleo, rações e explosivos (ALENCAR, 2017).
O fruto é a principal produção do algodoeiro e a composição da sua massa corresponde a: 52% de sementes - 15% de óleo, 3% de fibras, 40% de proteínas e 42% de tegumentos (revestimento externo); 40% de fibras, principal produto econômico do algodoeiro, compostas por camadas de celulose; 8% demais estruturas botânicas (PRODUTO..., 2020).
Ainda segundo o autor, sua semente é largamente utilizada como suplementação protéica na pecuária e na produção de óleo comestível e do biodiesel. No processamento de extração do óleo são obtidos subprodutos primários como o línter, a casca e a amêndoa; os secundários, como a farinha integral, o óleo bruto, torta e farelo; os terciários, que são o óleo refinado, borra e farinha desengordurada. A fibra do algodão é matéria-prima para aplicações médicas e indústrias diversas como a moveleira, a automobilística e, principalmente, a têxtil, maior consumidora do produto, absorvendo cerca de 60% da produção mundial. São as características intrínsecas da fibra, tais como comprimento, tipo, finura e maturidade, além de resistência e alongamento que definem o seu valor comercial.
2. CULTIVO, COLHEITA E BENEFICIAMENTO
Para a semeadura do algodoeiro, a recomendação é que ocorra em dezembro, porém são comuns plantios entre janeiro e fevereiro, denominado de segunda safra. O ciclo do algodoeiro é caracterizado pela sua carga genética, influenciado pelo ambiente. Durante a cultura anual, as cultivares podem ser divididas em três grupos de maturação: precoces (120 a 130 dias), médias (140 a 160 dias) e tardias (acimas de 170 dias) (WERNER, 2018).
A modernização da lavoura do algodão com grandes plantios comerciais e a escassez de mão de obra no meio rural, contribuíram para a utilização, em larga escala, da mecanização do cultivo, sendo a colheita, através de colheitadeiras automotrizes, um dos principais segmentos necessários para viabilizar a exploração da cultura em grandes áreas. No Brasil existem duas marcas de colheitadeira de algodão do tipo picker constituídas, em sua maioria, de 5 unidades colhedoras que, em condições normais, colhem entre 15 a 17 hectares, equivalendo a uma produção de 4500 @ a 5100 @ de algodão em caroço, em uma jornada diária de trabalho (COLHEITA..., 2020).
Complementando, Ferreira et al. (2014) descreve que para a colheita do algodão existem dois tipos de máquinas: a colhedora de fusos rotativos (picker), que consiste em retirar da planta apenas o algodão em caroço, e a colhedora stripper, que é dotada de molinete e rosca sem fim retirando capulhos inteiros e os invólucros. A colhedora do tipo stripper acaba sendo de duas a três vezes mais barata que uma picker, tanto para a compra como para a manutenção.
Existem no Brasil, atualmente, cerca de 232 usinas responsáveis pelo primeiro beneficiamento (descaroçamento) do algodão, denominadas algodoeiras, localizadas em vários Estados produtores da commodity. Realizado nas algodoeiras, previamente à industrialização do algodão, o método de beneficiamento consiste na separação da fibra e das sementes por processos mecânicos, com mínima depreciação das qualidades intrínsecas da fibra, de forma a comercializar um bom tipo de pluma de algodão que atenda às exigências das indústrias de fiação, tecelagem e têxtil (BENEFICIAMENTO..., 2020).
As etapas de beneficiamento são pesagem, avaliação de umidade e variedades; desmanche do fardão; pré-limpeza do algodão; descaroçamento e limpeza da pluma; enfardamento e prensagem.
De acordo com Algodão... (2020), o processo se inicia com a pesagem do fardão que, posteriormente, passa por um equipamento que tem a função de desmanchá-lo através de eixos batedores de pinos que abrem, desempelotam e limpam parte do algodão, conduzindo-o a uma esteira que o levará à sucção de alimentação da usina.
Em algodoeiras equipadas com aferidores eletrônicos é possível determinar a umidade do algodão e proceder a secagem ou umidificação, conforme o caso, para melhorar as operações de limpeza e descaroçamento, garantindo melhor qualidade final da fibra.
Produto... (2020) descreve que a pesagem é também a primeira etapa na recepção do fardão de algodão em caroço na usina, momento em que é retirada amostra para avaliação de transgenia, seguida de levantamento do grau de impureza da matéria-prima e do seu percentual de umidade – quanto mais seco o algodão a ser beneficiado, maior a preservação das qualidades intrínsecas da fibra –, fazendo-se então o registro do fardão e o seu encaminhamento para imediato processamento ou armazenamento em pátio apropriado. O desmanche do fardão é feito por desintegração mecânica, ocorre em dois modelos: desmanche e lançamento imediato do algodão na fita transportadora; no segundo modelo o algodão passa por um batedor inclinado equipado com grelhas o que provoca a queda de impurezas menores como terra e folhas, seguindo após para a fita transportadora. Após passa por um equipamento onde são removidas até 70% das impurezas (galhos, cascas, folhas e impurezas), seguindo para asecadora e o batedor inclinado, finalizando na rosca distribuidora onde são eliminados os 30% restantes de impurezas. 
Ainda segundo o autor, o descaroçamento e a limpeza da pluma são feitos por equipamentos dotados de serras e costelas, além dos rolos de escova que, juntos, engatilham o algodão retendo e separando o caroço, de forma a permitir que a pluma resultante seja liberada para limpeza. A separação correta dos dois produtos é fundamental para evitar a contaminação da pluma com o óleo do caroço. A limpeza da pluma é finalizada quando é penteada e desagregada da fibrilha, um resíduo comum do beneficiamento que pode chegar até a 1,3% do total do algodão em caroço processado. Após a pluma é transportada pneumaticamente para uma prensa onde são formados pequenos rolos de algodão de 200 quilos. Os fardos são pesados, recebem etiqueta com código de identificação e código de barras e são retiradas duas amostras para classificação do algodão, realizadas por laboratório especializado. 
 
  
3. SISTEMA ABRAPA DE IDENTIFICAÇÃO (SAI)
Cada fardo de algodão produzido no Brasil tem um "RG": a etiqueta do Sistema Abrapa de Identificação (SAI). Com ela, pode-se rastrear com exatidão desde a fazenda onde ele foi produzido, a usina na qual foi beneficiado, e ter acesso a uma série de informações, como classificação, com os índices de análise instrumental por High Volume Instrument (HVI). É possível até mesmo saber se a fibra foi certificada pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e licenciada pela Better Cotton Initiative (BCI), que atestam a sustentabilidade da pluma (RASTREABILIDADE..., 2020).
Ratificando, Produto... (2020) descreve que o SAI, desenvolvido e implantado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em 2004, permite a identificação e procedência dos fardos de algodão, agregando competitividade na comercialização ao identificar o cotonicultor, as características do produto e sua classificação, o que também contribui no atendimento às exigências de qualidade dos principais compradores de qualquer parte do país e do mundo. O sistema auxilia o trabalho de classificação por HVI (High Volume Instrument), facilitando a identificação das amostras enviadas aos laboratórios para medição dos parâmetros de comprimento, micronaire, uniformidade e resistência.
De acordo com Pinto (2014), acompanhando as tendências em tecnologia, o Sistema SAI migrou para o mundo algodoeiras que não possuíam um controle interno, obter um histórico do que foi adquirido de etiquetas, bem como a quantidade de fardos beneficiados em cada safra, bastando para isso, que atualizassem o sistema ao final do beneficiamento da safra em andamento. Fato que trouxe grande aceitação dos usuários.
 
 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O algodão corresponde a uma parte considerável do Produto Interno Bruto (PIB) do país, empregando milhões de cidadãos brasileiros, tanto direta quanto indiretamente.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), no ano de 2016, a receita nacional com a exportação do algodão em pluma (que possui maior interesse de exportação), atingiu aproximadamente 1,215 bilhão de dólares.
Conforme a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a área total cultivada no território brasileiro, atinge aproximadamente, um milhão de hectares e em relação à produção, a safra 2016/2017 foi cerca de 1,4 milhão de toneladas de algodão em pluma e 3,7 milhões em caroço.
4 REFERÊNCIAS
ABRAPA. Relatório de Gestão 2017-2028. Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, 480p. 2018.
ALGODÃO... Disponível em: < Disponível em: <https://amipa.com.br/ben-algodoeiras>. Acesso em: 23 ago. 2020.
ALANE, G. H. F.; PANDOLFI, M. A. C. CADEIA PRODUTIVA DO ALGODÃO E SUA IMPORTÂNCIA PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO. SIMTEC - Simpósio de Tecnologia da Fatec Taquaritinga, v. 5, n. 1, p. 280-291, 22 dez. 2019. Disponível em: <https://simtec.fatectq.edu.br/index.php/simtec/article/view/382>. Acesso em: 14 ago. 2020.
ALENCAR, A., 10 Curiosidades que você precisa saber sobre o algodão, Canal Rural, ago. 2017. Disponível em: <https://www.canalrural.com.br/noticias/curiosidades-que-voce-precisa-saber-sobre-algodao-68417/>. Acesso em: 15 ago. 2020.
BENEFICIAMENTO... Disponível em: <https://amipa.com.br/ben-algodoeiras>. Acesso em: 23 ago. 2020.
FERREIRA, F.M. et al. Necessidade de máquinas adaptadas para o cultivo de algodão adensado
Revista Cultivar Máquinas, edição 145, 2014. Disponível em: <https://www.grupocultivar.com.br/artigos/colheita-de-fibra>. Acesso em: 22 ago. 2020.
MACEDO, M. Ciclo do Algodão no Brasil; Guia Estudo. Disponível em <https://www.guiaestudo.com.br/ciclo-do-algodao-no-brasil >. Acesso em: 19 ago. 2020.	
PINTO, M. C. A. Código de barras: um estudo de múltiplos casos. 2014. 48 p. Monografia (Graduação) - Universidade São Francisco, Campinas, 2014. Disponível em: http://lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2623.pdf. Acesso em: 23 ago. 2020.
PRODUTO... Disponível em: < https://amipa.com.br/sobre-o-algodao/produto>. Acesso em: 23 ago. 2020.
RASTREABILIDADE... Disponível em: <https://www.abrapa.com.br/Paginas/Not%C3%ADcias%20Abrapa.aspx?noticia=458>. Acesso em: 23 ago. 2020.
SEVERINO, L. S. et al. Algodão-Parte 01: Caracterização e desafios tecnológicos. Embrapa Algodão-Nota Técnica/Nota Científica (ALICE), 2019. Disponível em: <https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1109655/1/SerieDesafiosAgronegocioBrasileiroNT3Algodao.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2020.
WERNER, J. P. S. et al. Mapeamento da cultura do algodão por meio de árvores de decisão e séries temporais de imagens MODIS. 2018. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/332224>. Acesso em: 18 de ago. 2020

Mais conteúdos dessa disciplina