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Prevenção Quaternária

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PREVENÇÃO QUATERNÁRIA: PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DO CURSO DE
MEDICINA
Conference Paper · November 2019
DOI: 10.29327/110527
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Leonardo Pestillo de Oliveira
Centro Universitário de Maringá
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XI EPCC 
Anais Eletrônico 
29 e 30 de outubro de 2019 
PREVENÇÃO QUATERNÁRIA: PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DO 
CURSO DE MEDICINA 
 
Lívia Karling Moreschi1; Mariane Hernandes Scandalo2; Leonardo Pestillo de 
Oliveira3; Marcelo Picinin Bernuci4; Mirian Ueda Yamaguchi5 
 
1Acadêmica do Curso de Medicina, Centro Universitário de Maringá – UNICESUMAR, Maringá, Paraná. Bolsista 
PIBIC/UniCesumar. liviakm23@gmail.com 
2Acadêmica do Curso de Medicina, Centro Universitário de Maringá – UNICESUMAR, Maringá, Paraná. 
3Doutor, Programa de Mestrado em Promoção da Saúde- UNICESUMAR, Maringá, Paraná. Pesquisador do Instituto Cesumar 
de Ciência, Tecnologia e Inovação – ICETI. 
4Doutor, Pesquisador do Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação – ICETI. 
5Orientadora, Doutora, Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde, UNICESUMAR. Pesquisadora do Instituto 
Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação – ICETI. mirianueda@gmail.com 
 
RESUMO 
O conceito de prevenção quaternária (P4) foi proposto por Jamoulle (1990) e reconhecido pelo 
WONCA (2003) como “o conjunto de ações para identificar pacientes em risco de medicalização, 
protegê-los de intervenções médicas excessivas ou desnecessárias, e propor procedimentos e 
cuidados eticamente aceitáveis”. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a percepção dos acadêmicos 
do curso de Medicina quanto à P4. A primeira etapa consistiu da pesquisa em bases científicas. A 
partir do referencial teórico construiu-se um formulário composto por questões para obtenção dos 
seguintes dados: sexo, idade e série em que o aluno se encontra matriculado no curso de graduação, 
seguido das afirmativas relativas ao tema P4 para obtenção de respostas por meio de escala tipo 
Likert. Na segunda etapa, o link do formulário Google Form foi disponibilizado para os acadêmicos via 
e-mail e redes sociais. Os dados foram tabulados e analisados em planilha do Excel. Conclui-se que 
existe necessidade de maior abordagem sobre a temática da prevenção na grade curricular do curso 
de Medicina. 
 
PALAVRAS-CHAVE: iatrogenia; prevenção quaternária; promoção da saúde. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O conceito de prevenção quaternária (P4) foi proposto por Jamoulle em 
1990 e oficializado pela Organização Mundial de Colégios Nacionais, Academias e 
Associações Acadêmicas de Médicos gerais/Médicos de Família (WONCA) em 2003 
como: “o conjunto de ações implementadas para identificar um paciente ou uma 
população em risco de medicalização, protegê-los de intervenções médicas 
invasivas e propor procedimentos e/ou cuidados eticamente aceitáveis” (BENTZEN, 
2003). 
A prevenção quaternária pode ser aplicada em três contextos principais: o 
excesso de rastreamento, o excesso de exames complementares e os abusos na 
medicalização de fatores de risco. Em relação aos rastreamentos, devemos lembrar, 
que podem ser tanto benéficos, quanto maléficos, sendo que entre os danos 
podemos incluir a preocupação no aguardo dos resultados, os falso-positivos e o 
incômodo físico e psicológico que alguns procedimentos causam (NORMAN; 
TESSER, 2009). Quanto a medicalização de fatores de risco, devemos estar atentos 
para a publicidade que a indústria farmacêutica realiza, dado que ela cria 
pensamentos equivocados na população, que passa a acreditar que existe uma 
maneira de eliminar totalmente os fatores de risco através do uso das tecnológicas 
médicas e dos medicamentos (COLL-BENEJAM et al., 2018). Além disso, devemos 
lembrar que os fatores de risco são apenas indicadores de uma possível doença, 
não significando que a presença dele é preditiva do desenvolvimento da doença 
(OLIVEIRA; REIS, 2012). 
mailto:mirianueda@gmail.com
 
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A abordagem da prevenção quaternária visa levar aos profissionais da 
saúde e aos pacientes o conhecimento sobre os possíveis danos sofridos por 
intervenções médicas, além de prevenir os tratamentos excessivos e o 
sobrediagnóstico, ou seja, pessoas sem sintomas recebem diagnósticos baseados 
em achados de imagens simples ou exames laboratoriais, que não influenciarão em 
sua vida (TOSCAS; TOSCAS, 2015). A partir desse diagnóstico desnecessário, o 
paciente receberá um tratamento, também desnecessário, pois no momento 
presente não temos como identificar qual doença detectada precocemente irá se 
desenvolver (TESSER; NORMAN, 2016). 
As Diretrizes Curriculares Nacionais estabelecem que o graduando de 
medicina deve ser formado para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, tendo 
uma educação generalista, humana e ética (ME, 2014).Por esses motivos a 
prevenção quaternária é importante na prática médica atual e se faz necessária a 
elaboração de pesquisas para identificar o grau de conhecimento dos acadêmicos 
de medicina em relação a prevenção quaternária na promoção da saúde. 
Diante do exposto, este estudo teve por objetivo a detecção do grau de 
conhecimento dos acadêmicos de medicina em relação a prevenção quaternária na 
promoção da saúde. 
 
2 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Trata-se de um estudo metodológico que compreendeu duas etapas. A 
primeira etapa consistiu em uma pesquisa em periódicos indexados nos bancos de 
dados da United States National Library of Medicine (PubMed), acessada pelo site 
http://www.ncbi.nlm.nhi.gov/pubmed, Scientific Eletronic Library Online (SciELO), 
disponível na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) pelo site http://www.bireme.br; e 
ScienceDirect, acessada pelo site https://www.sciencedirect.com. Para isso foram 
utilizados os descritores: prevenção quaternária, iatrogenia, estudos de validação e 
coleta de dados. Os estudos pertinentes ao tema embasaram cientificamente a 
elaboração de três afirmativas referentes a prevenção quaternária. 
A primeira afirmativa “O sobrediagnóstico não tem impacto importante na 
mortalidade e pode resultar em tratamentos desnecessários” teve como base teórica 
o artigo dos pesquisadores brasileiros Charles Dalcanale Tesser e Armando 
Henrique Norman intitulado “Differentiating clinical care from disease prevention: a 
prerequisite for practicing quaternary prevention” (TESSER; NORMAN, 2016). Para a 
segunda afirmativa “Fatores de risco devem ser medicados pois são fatores causais 
das doenças” utilizou-se o artigo “Prevenção quaternária na atenção primária à 
saúde: uma necessidade do Sistema Único de Saúde” do autor Armando Henrique 
Norman (NORMAN; TESSER, 2009). A terceira afirmativa “Ações para identificar 
pacientes com excesso de medicamentos e exames fazem parte da prevenção 
quaternária” trata-se da definição oficial de P4 disponível no dicionário internacional 
para a prática geral / familiar – WONCA (BENTZEN, 2003). 
Na segunda etapa, as afirmativas foram disponibilizadas aos alunos de 
medicina da instituição via formulário Google do Google Drive (serviço de 
hospedagem de arquivos que permitem acesso a qualquer pessoa que possua o 
link). No formulário continha questões referentes à identificação do aluno (idade, 
sexo e série) e as afirmativas referentes à P4 que deveriam ser interpretadas pelos 
alunos e respondidas através da escala de likert. Utilizou-se a escala de cinco 
parâmetros, sendo que 1 deveria ser assinalado para “discordo totalmente” e 5, para 
“concordo totalmente”. Com base no referencial teórico da literatura, as respostas 
 
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esperadas seriam “concordo totalmente” para as afirmativas 1 e 3; e “discordo 
totalmente” para a afirmativa 2. O formulário foi enviado por e-mail vinculado à 
coordenação do curso de Medicina da referida instituição de ensino e pelas redes 
sociais (Facebook e WhatsApp), ficando disponível para preenchimento durante os 
meses de fevereiro e março de 2019 Os dados coletados foram inseridos em uma 
planilha do Excel para realização da análise. 
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com 
Seres Humanos do Centro Universitário de Maringá - UNICESUMAR, sob Parecer 
de número 2.407.703. 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
 Um total de 183 respostas foram obtidas através da divulgação virtual do 
formulário. Em relação ao perfil dos alunos participantes, aproximadamente 70% 
eram do sexo feminino, com média de idade de 23 anos e de todas as séries do 
curso de Medicina, com maior participação dos acadêmicos do segundo, quinto e 
terceiro anos (Figura 1). 
 Foram elaboradas duas afirmativas que caracterizam as principais atuações 
da P4 e uma referente a sua definição, são elas: Afirmativa 1 - O sobrediagnóstico 
não tem impacto importante na mortalidade e pode resultar em tratamentos 
desnecessários; afirmativa 2 - Fatores de risco devem ser medicados pois são 
fatores causais das doenças; afirmativa 3 - Ações para identificar pacientes com 
excesso de medicamentos e exames fazem parte da prevenção quaternária. 
 
 
 
 
Figura 1: Classificação de alunos que participaram da pesquisa em relação ao ano do curso 
de Medicina, em instituição privada da cidade de Maringá (PR), 2019. 
Fonte: Dados da pesquisa 
 
 As respostas dos acadêmicos para a afirmativa 1 estão apresentadas na 
Figura 2. Nota-se que apenas 27% concordaram com a afirmativa, dado que 
demonstra o desconhecimento da maioria dos alunos sobre o tema, visto que o 
14%
23%
20%
13%
21%
9%
0% 5% 10% 15% 20% 25%
1º ano
2º ano
3º ano
4º ano
5º ano
6º ano
 
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sobrediagnóstico refere-se a uma doença diagnosticada de maneira correta, mas 
que não traria um impacto clínico ao longo da vida da pessoa (TESSER; NORMAN, 
2016), fazendo com que ela passe por intervenções e tratamentos desnecessários. 
Coll-Benejam et al (2018) exemplifica essa realidade ao expor que em um programa 
de rastreio da dosagem do Antígeno Prostático Específico sérico (PSA) para câncer 
de próstata, de cada 1000 participantes, a estimativa é de que apenas 5 morrerão 
por câncer de próstata e 100 pessoas serão diagnosticadas, sendo que dessas, 77 
receberão um sobrediagnóstico e serão tratados com cirurgia ou radioterapia 
desnecessariamente. Estima-se que mais de 200 bilhões de dólares são gastos 
anualmente com tratamentos desnecessários nos Estados Unidos (MOYNIHAN et 
al., 2012). 
 
 
Figura 2: Classificação das respostas dos alunos em relação à afirmativa “O 
sobrediagnóstico não tem impacto importante na mortalidade e pode resultar em 
tratamentos desnecessários”. 
Fonte: Dados da pesquisa 
 
 As respostas para a afirmativa 2 estão expostas na Figura 3. Observa-se que 
53% dos acadêmicos discordam da afirmativa e 30,6% não concordam e nem 
discordam. As respostas à essa questão demonstram conhecimento, já que a 
maioria afirmou ser incorreto medicar os fatores de risco. Entende-se que os fatores 
de risco não são os fatores causais das doenças, como afirma a literatura, 
apresentada por Tesser (2017, p. 4): 
 
 A identificação (e tratamento) de fatores de risco como parte da prevenção 
inaugurou uma nova era na saúde pública, centrada na intervenção 
individual. As definições de doença vêm se modificando ao longo do tempo, 
tornando-se mais inclusivas, com rebaixamento dos limiares diagnósticos. 
Além disso, fatores de risco estão sendo manejados na prática clínica como 
se fossem doenças (em geral, doenças crônicas). Nesse processo, a 
diferença entre prevenção e cura está se tornando cada vez mais apagada 
e a prevenção amplia progressivamente seu espaço no agir clínico-
biomédico. Isso ocorre, dentre outros modos, por meio da incorporação 
acrítica do “alto-risco” às doenças, com consequências graves que acirram 
26,80%
22,90% 23,50%
13,10% 13,70%
Discordo totalmente Discordo Sem opinião Concordo totalmente Concordo totalmente
Afirmativa 1
 
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a medicalização, o intervencionismo e os danos da ação clínico-sanitária – o 
que transforma (convencionalmente, mas praticamente) grande número de 
sadios em doentes e gera intervenções em assintomáticos, todos 
biomedicalizados e expostos a maior potencial de danos. 
 
 
Figura 3: Classificação das respostas dos alunos em relação à afirmativa “Fatores de risco 
devem ser medicados pois são fatores causais das doenças”. 
Fonte: Dados da pesquisa 
 
 As respostas para a afirmativa 3 estão apresentadas na Figura 4. Nota-se que 
69% dos acadêmicos estão familiarizados com o termo prevenção quaternária. 
Dessa forma, observou-se que os acadêmicos relacionaram o excesso de realização 
de exames complementares e de administração de medicamentos com prevenção 
quaternária, porém identificou-se que existe necessidadede aprofundamento na 
temática, pois, a maioria dos alunos respondeu de forma insatisfatoriamente as 
afirmativas 1 e 2, relacionadas a atuação da P4. 
 
23,50%
29,50%
30,60%
12,60%
3,80%
Discordo totalmente Discordo Sem opinião Concordo totalmente Concordo totalmente
Afirmativa 2
 
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Figura 4: Classificação das respostas dos alunos em relação à afirmativa “Ações para 
identificar pacientes com excesso de medicamentos e exames fazem parte da prevenção 
quaternária”. 
Fonte: Dados de pesquisa 
 
 As respostas para as afirmativas classificadas pelo ano de graduação dos 
alunos de Medicina participantes no presente estudo estão apresentadas na Figura 
5. Em relação à afirmativa 1 (“O sobrediagnóstico não tem impacto importante na 
mortalidade e pode resultar em tratamentos desnecessários”), que tem como 
resposta adequada a opção “concordo”, observa-se um maior número de acerto no 
5º e 6º ano com uma porcentagem de aproximadamente 35%, enquanto os demais 
anos apresentaram porcentagem inferior a 30%. Para a afirmativa 2 (“Fatores de 
risco devem ser medicados pois são fatores causais das doenças”), cuja opção 
correta é “discordo”, percebe-se que os alunos do 4º ano obtiveram a maior 
porcentagem de acerto (74%), seguido do 6º com 65% e do 5º com 59%. Quanto à 
afirmativa 3 (“Ações para identificar pacientes com excesso de medicamentos e 
exames fazem parte da prevenção quaternária”), que possui como resposta 
apropriada a opção “concordo”, identificou-se acerto superior a 50% para todos os 
anos, sendo a maior porcentagem de acertos para os acadêmicos do 4º ano (87%). 
 
3,30% 3,80%
24%
28,40%
40,50%
Discordo totalmente Discordo Sem opinião Concordo Concordo totalmente
Afirmativa 3
 
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Figura 5: Classificação das respostas dos alunos (de acordo com o ano de graduação) em 
relação às afirmativas. 
Fonte: Dados da pesquisa 
 
 Desse modo, constata-se que os primeiros anos da graduação assinalaram 
os resultados menos adequados, presumivelmente por ainda não terem tido contato 
com o tema. Além disso, repara-se um conhecimento maior do 4º ano sobre a 
temática, expondo uma possível discrepância na abordagem da P4 ao longo da 
graduação de cada turma. Pode-se pressupor que a introdução da temática na 
grade curricular ocorreu a partir do 3º ou 4º ano, o que, provavelmente, gerará o 
mesmo nível de conhecimento para os alunos que atualmente estão nos primeiros 
anos da faculdade, porém, mostra uma necessidade de reapresentação da temática 
para os alunos do 5º e 6º anos. 
 
4 CONCLUSÃO 
 
 O presente estudo pode servir de alerta para os cursos de medicina, pois 
mostra a necessidade de uma abordagem mais aprofundada da prevenção 
quaternária, tema muito importante para a atuação médica que tem por princípio 
básico uma medicina centrada no paciente e o preceito hipocrático "Primum non 
nocere" (Antes de tudo, não fazer mal - ao paciente). Dessa forma, espera-se trazer 
essa discussão para o mundo acadêmico para uma possível integração da temática 
na grade curricular com formação de médicos que vejam o paciente como um todo, 
e não, como uma doença isolada. 
 Entre as limitações do estudo é necessário expressar a dificuldade de 
obtenção de respostas dos alunos do 6º ano. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BENTZEN, N. WONCA dictionary of general/family practice. Copenhagen: 
Maanedskift Lager; 2003. 
 
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20
30
40
50
60
70
80
90
FR
EQ
U
ÊN
C
IA
 D
A
S 
R
ES
P
O
TA
S 
(%
)
Respostas de acordo com o ano de graduação
Discordo Sem opinião Concordo
 
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