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AN02FREV001/REV 4.0 49 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 50 CURSO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 51 MÓDULO III 4 BATERIAS DE TESTES BÁSICOS E ESPECÍFICOS Testes de desempenho global em geral são utilizados para rastreio e impressões gerais sobre o desempenho cognitivo de um indivíduo, portanto, não substituem as avaliações amplas e específicas que buscam detalhar o desempenho de um indivíduo em cada função cognitiva, em geral, com objetivo de estabelecer diagnóstico. As testagens feitas somente com uso de testes breves, de rastreio, podem resultar em falsos negativos ou apresentar resultados limítrofes e inconclusivos, que tidos como verdadeiros impedem ou diminuem as chances de realização de diagnósticos precoces que seriam possíveis com a aplicação de uma avaliação neuropsicológica detalhada. 4.1 TESTES PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO COGNITIVO GLOBAL 4.1.1 Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve (NEUPSILIN) O NEUPSILIN é um instrumento utilizado para descrever o desenvolvimento neuropsicológico de pessoas com idade entre 12 e 90 anos. Pode ser útil para aplicação na clínica e no contexto hospitalar, pois é breve e de fácil aplicação. O instrumento é composto de 32 subtestes que avaliam as seguintes funções cognitivas: orientação temporal e espacial; atenção concentrada; percepção visual; habilidades aritméticas; linguagem oral e escrita; memória verbal (de trabalho, episódica, semântica, prospectiva) e visual (reconhecimento); praxias; funções executivas. Foi desenvolvido pelo Núcleo de Estudos em Neuropsicologia Cognitiva (NEUROCOG), AN02FREV001/REV 4.0 52 em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) (FONSECA et al., 2009). Uma versão para uso em crianças vem sendo estudada (SALLES et al., 2011). O instrumento deve ser utilizado para levantamento do perfil do paciente de forma a descrever as funções preservadas e aquelas com comprometimento, fornecendo uma base para a avaliação neuropsicológica mais aprofundada. 4.1.2 Miniexame do Estado Mental (MEEM) O MEEM é um dos instrumentos de avaliação do funcionamento cognitivo global mais utilizados no contexto clínico e de pesquisa para rastreio de perda cognitiva em adultos e, principalmente, idosos. Trata-se de um conjunto de testes simples, de rápida aplicação e de baixo custo. Este instrumento avalia os seguintes domínios cognitivos: 1) orientação temporal – perguntando ao respondente o dia do mês, dia da semana, mês, ano, hora (cinco pontos); 2) orientação espacial – perguntando sobre o local específico, o local genérico, o bairro, a cidade o estado no qual ele está (cinco pontos); 3) memória imediata e evocação – solicitando o registro e evocação tardia de três palavras (seis pontos); 4) atenção e cálculo – solicitando subtrações sucessivas a partir de “100 – 7” (cinco pontos); 5) praxia – solicitando-se ao respondente que pegue uma folha com a mão direita, dobre-a ao meio e a jogue no chão; 6) linguagem e compreensão – solicitando-se ao respondente que nomeie objetos que lhe são apresentando(um relógio e uma caneta); que repita a expressão “nem aqui, nem ali, nem lá”; que escreva uma frase, e que execute o comando escrito “Feche os olhos”– (oito pontos); 7) capacidade visuoconstrutiva – solicitando-se que seja feita cópia de uma figura (um ponto). AN02FREV001/REV 4.0 53 A pontuação do instrumento varia de 0 a 30 pontos e é obtido com a soma dos pontos em cada tarefa. A versão original deste instrumento foi elaborada por Folstein et al. (1975) e diferentes versões foram adaptadas e sugeridas para uso na população brasileira com seu respectivo ponto de corte (BRUCKI et al., 2003; LOURENÇO; VERAS, 2006). O Consortium to Establish a Registry for Alzheimer’s Disease, conhecido como CERAD (MORRIS et al.,1989), reúne uma bateria de testes neuropsicológicos utilizada para auxiliar no diagnóstico de demência em fase inicial. No Brasil, os testes da bateria CERAD foram traduzidos por Bertolucci et al. (1998). Nesta bateria estão incluídos: os testes de fluência verbal; de nomeação de Boston (versão reduzida); de memória, evocação e reconhecimento de uma lista de palavras; de praxia construtiva (cópia de figuras geométricas) e evocação tardia das figuras; de trilhas; e o MEEM. Cada teste incluído nesta bateria foi detalhado a seguir na respectiva função cognitiva que o mesmo avalia. 4.1.3 Clinical Dementia Rating (CDR) Clinical Dementia Rating (CDR) consiste em um instrumento que fornece o estadimento de demência, isto é, permite classificar graus de demência, além de identificar casos questionáveis, aqueles que não são enquadrados como tendo desempenho cognitivo normal (declínio cognitivo associado ao envelhecimento ou ao comprometimento cognitivo leve). Este instrumento foi desenvolvido por Hughes et al. (1982) e adaptado por Morris (1993). Uma versão para uso no Brasil foi adaptada por Motaño e Ramos (2005). O CDR avalia cognição e comportamento, além da influência das perdas cognitivas na capacidade de realizar adequadamente as atividades de vida diária. Constitui-se de entrevista semiestruturada com paciente e com um informante/cuidador. São avaliadas seis categorias cognitivo-comportamentais: 1) memória; 2) orientação; 3) julgamento/solução de problemas; 4) participação social/relações AN02FREV001/REV 4.0 54 comunitária; 5) atividades no lar ou de lazer; e 6) cuidados pessoais. Cada uma dessas seis categorias deve ser classificada em: 0 (nenhuma alteração); 0,5 (questionável); 1 (demência leve); 2 (demência moderada); 3 (demência grave), exceto a categoria cuidados pessoais, que não tem o nível 0,5. Para se chegar à classificação final, também varia de 0 a 3, deve-se analisar o escore obtido nas seis categorias cognitivo-comportamentais. A categoria memória é considerada principal, ou seja, com maior significado, e as demais categorias são secundárias. Então, para se chegar ao escore global é necessário basear-se no escore da memória e verificar a dispersão em relação a esta categoria. Apesar da relevância de memória para a pontuação no CDR, é fundamental não superestimar o comprometimento desta função memória em detrimento das demais funções preservadas. Profissionais que desconsideram as potencialidades do paciente ao considerar somente seus prejuízos podem contribuir para um declínio acelerado da funcionalidade do paciente. Não há notas de corte estabelecidas pelo desempenho populacional, pois o comprometimento é baseado no princípio da mudança intraindividual, isto é, os indivíduos são comparados ao seu próprio desempenho passado. É importante lembrar que o CDR não faz o diagnóstico etiológico de demência, para isso devem ser utilizados instrumentos específicos. 4.2 TESTES DE INTELIGÊNCIA As Escalas de Inteligência de Wechsler, para uso de psicólogos, são compostas de vários subtestes que mensuram a capacidade intelectual. Estas escalas fornecem o chamado quociente de inteligência (QI). Para Wechsler, inteligência seria definida como“a capacidade global de uma pessoa agir resolutamente, pensar racionalmente e se relacionar eficazmente com o seu AN02FREV001/REV 4.0 55 ambiente”. A versão atualmente utilizada para avaliação de adultos é a Wechsler Adult Intelligence Scale – WAIS-III (Escala de Inteligência Wechsler para Adultos) (WECHSLER, 1997) e a versão para crianças é a Wechsler Intelligence Scale for Children Fourth Edition – WISC-IV (Escala de Inteligência Wechsler para Crianças Quarta Edição) (WECHSLER, 2003). As Escalas de Inteligência de Wechsler possuem padronização para uso na população brasileira, devem ser aplicadas individualmente e o tempo de aplicação é de, aproximadamente, 90 minutos. 4.2.1 Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III) A Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III) é utilizada para avaliar indivíduos de 16 a 89 anos. A WAIS-III é organizada em 14 subtestes e fornece as seguintes medidas (LOPES et al., 2012): QI Verbal – refere-se às habilidades verbais e ao conhecimento adquirido a partir da influência sociocultural e educacional. Para sua avaliação, são utilizados os seguintes subtestes: vocabulário, semelhanças e informação, compreensão e sequência de números e letras; QI de Execução – refere-se às habilidades não verbais como a organização perceptual, a habilidade de manipular estímulos visuais. Para sua avaliação, são utilizados os seguintes subtestes: completar figuras, códigos, cubos, raciocínio matricial, arranjo de figuras, procuras símbolos e armar objetos; QI Total – refere-se ao nível global de funcionamento intelectual. São utilizados os subtestes verbais mais os subtestes de execução; Índice de Compreensão Verbal – refere-se às habilidades de raciocínio verbal adquirido, como a compreensão de instruções e de perguntas, bem como a capacidade de expressar ideias e o vocabulário. Para sua avaliação, são utilizados os seguintes subtestes: vocabulário, semelhanças e compreensão; AN02FREV001/REV 4.0 56 Índice de Organização Perceptual – refere-se à habilidade de raciocínio não verbal, a aptidão para perceber, organizar, integrar estímulos espaciais/visomotores. Para sua avaliação, são utilizados os seguintes subtestes: completar figuras, cubos e raciocínio matricial; Índice de Memória Operacional – trata-se de uma mensuração da memória de trabalho, e da capacidade de atenção, de concentração e de planejamento e controle mental. Portanto, refere-se à habilidade de retenção de informação por período de tempo apenas suficiente para manipulação desta informação e produção de um resultado ou raciocínio desejado. Este índice é avaliado por meio dos subtestes de aritmética, dígitos e sequência de números e letras; Índice de Velocidade de Processamento – envolve as funções da atenção, da memória e da concentração para que uma informação visual seja processada sem distração. Permite avaliar a resistência à estímulos distratores fornecendo uma medida da velocidade de processamento da informação. Para sua avaliação, são utilizados os seguintes subtestes: códigos e procurar símbolos. O WAIS-III é utilizado, principalmente, para avaliação da capacidade intelectual. Contudo, conforme descrito em revisão de Lopes et al. (2012), seus diversos subtestes são úteis em diversos propósitos diagnósticos: testagem de dificuldades de aprendizagem ou identificação de superdotados; predizer desempenho acadêmico; auxiliar no diagnóstico de deficiência mental; descrever alterações em funções cognitivas específicas para auxiliar no diagnóstico diferencial de quadros neuropsicológicos. Por exemplo, com a avaliação de alterações das funções executivas pode-se esclarecer sobre a presença de quadros como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). AN02FREV001/REV 4.0 57 4.2.1.1 Escala de Inteligência Wechsler Abreviada (WASI) A Escala de Inteligência Wechsler Abreviada (WASI) (THE PSYCHOLOGICAL, 1999) foi desenvolvida com o objetivo de reduzir o tempo de aplicação da WAIS. Consiste em uma versão reduzida daquela proposta por Wechsler e permite mensurar a inteligência e déficits cognitivos de forma rápida e eficaz, por isto, é indicada para uso em triagens para diagnósticos de retardo mental, superdotação, traumatismo crânio-encefálico e transtornos de aprendizagem e de déficit de atenção e hiperatividade (YATES et al., 2006). 4.2.2 Escala de Inteligência Wechsler para Crianças Quarta Edição (WISC-IV) Escala de Inteligência Wechsler para Crianças Quarta Edição (WISC-IV) é um instrumento de avaliação da capacidade intelectual de crianças entre 6 e 16 anos e 11 meses. Indicada para uso clínico individual, sendo largamente utilizada para: auxiliar no diagnóstico de problemas de aprendizagem; no diagnóstico diferencial de desordens neurológicas e psiquiátricas; para acompanhamento pedagógico ou tratamento psicológico e de reabilitação cognitiva. Assim como a WAIS, a WISC é composta de subtestes que mensuram: compreensão verbal; raciocínio abstrato; organização perceptual; raciocínio quantitativo; memória; velocidade de processamento. E seus subtestes principais fornecem as pontuações para o QI Total. AN02FREV001/REV 4.0 58 4.2.3 Teste de Inteligência Geral – Não Verbal (TIG-NV) Objetiva avaliar o quociente de inteligência não verbal. Permite avaliar o raciocínio espacial, matemático, a memória de reconhecimento em tarefas que envolvem a organização e execução de estímulos visuais. Trata-se de um teste composto de 30 itens de múltipla escolha que pode ser aplicado de forma individual ou coletiva. Sua possibilidade de aplicação em grupo faz deste teste uma boa opção para uso nos contextos, não só clínico, como da psicologia organizacional e escolar. Este instrumento está padronizado para uso na população brasileira nas faixas etárias de 10 a 79 anos. O tempo de aplicação é em torno de 40 minutos. LEMBRE-SE: Os escores nas escalas de inteligência não devem ser utilizados isoladamente para diagnósticos de deficiência mental ou qualquer outro transtorno neuropsiquiátrico. Qualquer diagnóstico só deve ser conclusivo a partir de uma avaliação completa que inclua, além das informações sobre a funcionalidade cognitiva determinada por critérios objetivos, dados subjetivos obtidos a partir de fontes que apontem a funcionalidade do indivíduo em suas tarefas cotidianas. Algumas fontes que podem auxiliar nesta investigação incluem: observação do indivíduo em seu ambiente social, escolar e/ou de trabalho; entrevistas com pessoas que convivem com o indivíduo; informações clínicas prévias para investigação de histórico patológico. AN02FREV001/REV 4.0 59 4.3 TESTES DE MEMÓRIA E APRENDIZAGEM 4.3.1 Teste de Aprendizagem Auditivo Verbal de Rey (RAVLT) O RAVLT (REY, 1958) consiste em um teste para avaliar memória e aprendizagem e memória. O instrumento é composto de uma lista contendo 15 palavras (lista A), que deve ser lida para o respondente cinco vezes consecutivas, a cada leitura é solicitada a evocação imediata da lista. Nesta etapa espera-se que o respondente consiga aumentar gradualmente o número de palavras recordadas. A manutenção ou diminuição do número de palavras evocadas ao longo das repetições da lista A indicam prejuízos de memória e aprendizagem. Uma segunda lista (lista B), também com 15 palavras, é lida e é solicitada a evocação imediata. Após aplicação da lista B, solicita-se novamente ao respondente que diga as palavras de que se recorda da lista, mas desta vez sem representá-la. Após intervalo de 20 minutos, solicita-se a evocação tardia da lista A. Após evocação tardia aplica-se a tarefa de reconhecimento da lista A, que consiste em apresentar as palavras dalista junto a outras palavras. Então, em um total de 50 palavras, o respondente deve reconhecer as palavras apresentadas anteriormente. O RAVLT possui padronização para uso na população brasileira (MALLOY- DINIZ et al., 2000) a partir dos 16 anos, sendo adaptada uma outra versão específica para população de idosos(MALLOY-DINIZ et al., 2007). O nível de escolaridade, a idade e o gênero influenciam no desempenho do teste e, portanto, a padronização oferecida por estes autores oferece tabela de desempenho para as diferentes faixas etárias, níveis educacionais e para homens e mulheres. AN02FREV001/REV 4.0 60 4.3.2 Teste de Memória da Lista de Palavras do CERAD O Teste de Memória da Lista de Palavras do CERAD (BERTOLUCCI et al., 1998) é composto por uma lista de dez palavras, que deve ser lida para o examinando e, após a leitura, solicitada evocação livre, por um período de no máximo 90 segundos. O procedimento é repetido três vezes e a pontuação corresponde à soma das palavras evocadas nas três tentativas. A repetição consecutiva permite avaliar a curva de aprendizagem. Em idosos normais, com oito anos de escolaridade, espera-se a recordação de pelo menos 13 palavras. Na segunda etapa deste teste, após intervalo mínimo de dez minutos, é feita a evocação tardia da lista de palavras. O tempo máximo fornecido para que o respondente tente se lembrar da lista é de 90 segundos, durante este tempo o respondente deve ser incentivado a esforçar-se para lembrar-se das palavras. Cada palavra lembrada corresponde a um ponto. A evocação tardia das palavras corresponde a uma medida da memória de longo prazo. O total de três palavras é adotado como ponto de corte para discriminar entre o funcionamento normal e a alteração cognitiva. Após a tarefa de evocação tardia, aplica-se o reconhecimento da lista de palavras, no qual as dez palavras da lista são apresentadas em meio a dez outras palavras e o respondente deve apontar quais são as palavras lidas na lista de aprendizagem. Cada palavra reconhecida corretamente como pertencente ou não pertencente à lista aprendida equivale a um ponto. A soma máxima de pontos no reconhecimento é de 20 pontos. O escore final de reconhecimento é obtido subtraindo-se 10 pontos do número de respostas corretas para evitar o efeito de acerto ao acaso. Portanto, o escore máximo final desse teste é 10 pontos. Para idosos normais, com oito anos de escolaridade, espera-se pelo menos 7 pontos. Este teste de memória é recomendado para uso na população idosa, pois, como mencionado anteriormente, é parte da bateria CERAD elaborada para auxílio no diagnóstico de demência. AN02FREV001/REV 4.0 61 4.3.3 Teste de Memória de Figuras O Teste de Memória de Figuras (NITRINI et al., 1994) consiste em apresentar ao respondente uma folha que contém dez figuras. Esta folha é apresentada três vezes, sendo na primeira solicitado que o respondente nomeie cada figura e nas demais vezes, após exibição das figuras por 30 segundos, solicita- se a evocação imediata das figuras. Após um intervalo, no qual é aplicada alguma outra tarefa como distrator, solicita-se a evocação tardia das figuras. Na última etapa do teste, outra folha com diversas figuras, incluindo entre elas aquelas apresentadas para memorização, é apresentada ao respondente para que ele faça o reconhecimento das figuras que se lembra de ter visto anteriormente. O desempenho esperado para indivíduos sem prejuízos de memória e de atenção é de que se lembrem de pelo menos sete figuras na solicitação da memória imediata e seis figuras na memória tardia. Além disto, indivíduos normais tendem a identificar e nomear todas as figuras corretamente. Assim, a avaliação qualitativa deste teste permite perceber erros de percepção emitidos quando o paciente confunde os objetos com outros objetos parecidos, por exemplo, dizer que o balde é um copo e também erros de nomeação, por exemplo, se o paciente não consegue nomear a figura da tartaruga, mas menciona que é um animal. Mais de uma falha pode indicar problemas de nomeação e agnosias (descritas no Módulo IV no subitem de desordens visuoespaciais e construtiva). AN02FREV001/REV 4.0 62 4.3.4 Teste Comportamental de Memória de Rivermead (TCMR) O Teste Comportamental de Memória de Rivermead (TCMR) avalia a memória imediata, tardia e prospectiva por meio de situações mais próximas às situações do cotidiano e desta forma se configura também como instrumento útil para avaliação da perda da capacidade funcional do indivíduo na vida real e não somente em situação de testagem. Existe uma versão deste instrumento para uso em adultos (WILSON et al., 1985) adapta para uso no Brasil por Schmidt e Oliveira (1999). O instrumento também possui uma versão adaptada para uso em crianças de cinco a dez anos (WILSON et al., 1993). 4.4 TESTES DE ATENÇÃO 4.4.1 Teste de Atenção por Cancelamento O Teste de Atenção por Cancelamento de Montiel e Capovilla (2007) é composto de matrizes que contêm diferentes tipos de estímulos visuais (círculo, quadrado, triângulo, cruz, estrela e traço) apresentados em cor preta sobre fundo branco. O respondente é solicitado a assinalar todos os estímulos iguais a um estímulo-alvo anteriormente determinado, sendo fornecido tempo máximo de um minuto para execução da tarefa. A Figura 15 apresenta uma ilustração da primeira parte do Teste de Atenção por Cancelamento, com a representação das respostas esperadas. AN02FREV001/REV 4.0 63 FIGURA 15 - EXEMPLO DE TAREFA DE CANCELAMENTO NA ETAPA UM DO TESTE DE MONTIEL E CAPOVILLA FONTE: Tornella, 2008. Na etapa dois do teste, a estrutura da matriz apresentada é a mesma, mas o estímulo pré-determinado é composto por dois símbolos. A tarefa consiste no cancelamento do alvo somente se este aparecer precedido do mesmo símbolo que aparece no estímulo pré-determinado. A Figura 16 apresenta uma ilustração desta segunda etapa do teste com a representação das respostas esperadas. FIGURA 16 - EXEMPLO DA TAREFA DE CANCELAMENTO NA ETAPA DOIS DO TESTE DE MONTIEL E CAPOVILLA FONTE: Tornella, 2008. Na última parte do teste, a matriz impressa contém o mesmo tipo de estímulo nas fileiras para cancelamento. Contudo, o estímulo-alvo muda a cada linha e é exibido no inicial de cada linha, indicando uma nova norma de cancelamento por linha. A Figura 17 apresenta uma ilustração desta terceira etapa do teste com a representação das respostas esperadas. AN02FREV001/REV 4.0 64 FIGURA 17 - EXEMPLO DA TAREFA DE CANCELAMENTO NA ETAPA TRÊS DO TESTE DE MONTIEL E CAPOVILLA FONTE: Tornella, 2008. Nas duas primeiras etapas do teste, avalia-se a atenção seletiva, então o respondente deve estar atento para selecionar o estímulo predeterminado em detrimento aos diversos estímulos apresentados. Na etapa três avalia-se a atenção alternada. 4.4.2 D-2 Teste de Atenção Concentrada O teste D-2 consiste em um teste de cancelamento que avalia a atenção concentrada e seletiva e ainda a flutuação da atenção, velocidade de processamento e precisão. O teste é aplicado individualmente e sua aplicação leva de 8 a10 minutos. Na folha de exame são apresentadas 14 linhas, cada uma com 47 caracteres (´d´ ou ´p) com um, dois, três ou quatro traços em cima e/ou em baixo. A tarefa do sujeito consiste em procurar em cada linha as letras ´d´, incialmente com dois traços, e, posteriormente, com um traço. O teste possui padronização para uso no Brasil em crianças (com idade superior a 8 anos) e adultos (BRICKENKAMP e WELTER, 1990). AN02FREV001/REV 4.0 65 4.4.3 Teste de Trilhas O Teste de Trilhas avalia a atenção alternada, a velocidade e flexibilidade depensamento. Na primeira parte do teste (forma A), uma folha de papel com 25 números dispostos de forma aleatória é apresentada ao respondente e é solicitado que ele, utilizando um lápis, ligue os números de acordo com a ordem crescente. Na segunda parte do teste (forma B), a folha contém letras e números, também correspondentes a 25 elementos dispostos de forma aleatória, e o respondente deve ligar estes elementos alternando a sequência entre um número e uma letra respeitando a ordem crescente para escolha dos números e a alfabética para letras. O teste é interrompido após três erros ou em cinco minutos após início de sua aplicação. Este teste ainda demanda padronização para uso na população brasileira. 4.5 TESTES DO FUNCIONAMENTO EXECUTIVO 4.5.1 Teste do Desenho do Relógio (TDR) O TDR é um instrumento utilizado para avaliar diversas funções cognitivas como: memória visual; habilidades visuoespaciais; programação motora; pensamento abstrato; funções executivas. A aplicação do teste consiste em solicitar ao respondente que desenhe a face de um relógio com todos os seus números e adicione os ponteiros deste relógio marcando um determinado horário, por exemplo, 11 horas e 10 minutos. As normas de aplicação e de pontuação variam em função das diferentes versões existentes do instrumento. Entre estas versões estão os testes de: Shulman et al., Sunderland et al., Wolf-Klein et al., Mendez et al., Tuokko AN02FREV001/REV 4.0 66 et al., Manos & Wu e Shua-Haim (para revisão, ver Atalaia-Silva e Lourenço, 2004) (ATALAIA-SILVA; LOURENÇO, 2008). O TDR é útil no rastreio de quadros demenciais, pois é um instrumento breve e de fácil aplicação, sensível aos prejuízos da memória, do funcionamento executivo e das habilidades visuoespaciais de indivíduos idosos (NITRINI et al., 2005). Contudo, é importante considerar que o desempenho neste teste é influenciado pelo nível de escolaridade do respondente, não sendo recomendado para uso entre pessoas com menos de cinco anos de estudo. 4.5.2 Teste de Classificação de Cartas de Wisconsin (WCST) O WCST é empregado na avaliação do raciocínio abstrato e a habilidade para desenvolvimento de estratégias de solução de problemas em resposta a situações que demandam adaptação. O material do teste inclui 4 cartas-chave e 128 cartas-resposta. As cartas contêm figuras de diferentes formas (cruzes, círculos, triângulos ou estrelas), cores (vermelho, verde, amarelo ou azul) e números (um, dois, três ou quatro). O respondente é solicitado a combinar as cartas-estímulo com as cartas-chave. Existe uma combinação previamente estabelecida que não é revelada ao avaliando. Para cada combinação que ele faz é informado se a resposta está correta ou não. Assim, pretende-se que possa modificar sua estratégia em caso de erro. Este teste é considerado uma medida da função executiva e avalia além desta função a memória de trabalho e aspectos cognitivos como flexibilidade de pensamento e inibição perseveração. Indicado, portanto, para auxílio da avaliação do funcionamento frontal e pré-frontal. O teste está padronizado para uso na população brasileira com uma versão para faixa etária de 6 a 18 anos (HEATON et al., 2005) e uma outra versão para uso em idosos, acima dos 60 anos (TRENTINI et al., 2010). AN02FREV001/REV 4.0 67 4.5.3 Torre de Hanói, Torre de Londres e Torre de Toronto Testes de torres consistem em cumprir a tarefa de montar a torre com a melhor solução, a mais direta. Ao respondente é solicitado cumprir a tarefa com o menor número de movimentos possíveis e, para isto, deve planejar seus movimentos. Este tipo de tarefa é semelhante a montar quebra-cabeça ou solucionar enigmas e exige a habilidade de planejamento (LEZAK, 2004). O teste permite avaliar habilidades de resolução do problema, planejamento e execução de sequências lógicas; memória operacional. Existem três tipos de testes com uso de torres: de Londres, de Hanói e de Toronto. Na Torre de Londres, o objetivo é remontar uma torre mantendo as posições pré-determinadas das peças. Na Torre de Toronto a complexidade da tarefa é maior. O quarto bloco de anéis de diferentes cores (branco, amarelo, vermelho e preto) deve ser organizado de forma que as cores mais claras fiquem sobre as mais escuras. A Torre de Hanói (ToH) tem nível de complexidade intermediário e é composta de três hastes verticais nas quais se encaixam aros coloridos de diâmetros diferentes. A tarefa é mover os aros de uma haste à outra, até chegar à mesma organização inicial. As regras são: manter as peças maiores abaixo das menores e mover apenas uma peça de cada vez. Estes testes ainda demandam adequado processo de validação para uso na população brasileira. AN02FREV001/REV 4.0 68 4.6 TESTES DE RACIOCÍNIO E LINGUAGEM 4.6.1 Testes de Fluência Verbal Os Testes de Fluência Verbal são de fácil e rápida aplicação. Por isto, são recomendados para uso em triagens e rastreio de declínio cognitivo e são incluídos nas baterias neuropsicológicas a fim de auxiliar no diagnóstico. Tratam-se de tarefas nas quais se solicita ao respondente que evoque palavras em um período limitado de tempo, em geral, um minuto. Durante este tempo, é normal que o número de palavras evocadas seja maior nos primeiros 15 segundos e pode ir reduzindo, gradualmente, até o fim do tempo estipulado. Contudo, na presença de patologias essa evocação pode estar comprometida e o indivíduo apresente desempenho diferente do esperado, como: não evocar palavras nos primeiros segundos; repetir as mesmas palavras; evocar um número reduzido de palavras. Estes testes foram inicialmente propostos para avaliação de lesões no lobo frontal em pacientes adultos, sendo utilizados para avaliação de diversas funções cognitivas, como: funções executivas; pensamento abstrato; flexibilidade cognitiva e uso de estratégia; velocidade de processamento; memória semântica. No que se refere à linguagem, avalia a capacidade para organizar e recuperar palavras foneticamente, para procurar palavras de categorias específicas armazenadas na memória, o conhecimento de palavras. Os testes mais utilizados buscam avaliar a fluência verbal semântica e a fluência verbal fonêmica. No teste de fluência verbal semântica (categoria animais) é solicitado ao respondente que fale todos os animais que conseguir se lembrar espontaneamente. São pontuados todos os animais mencionados pelo respondente no período de um minuto. A fluência verbal avaliada por este teste depende da capacidade de acesso semântico e da riqueza de vocabulário do respondente. Testes de fluência verbal avaliam a linguagem e também o funcionamento executivo. AN02FREV001/REV 4.0 69 No Brasil, os pontos de corte sugeridos para adultos são de nove animais por minuto para indivíduos com até oito anos de escolaridade e de 13 animais por minuto para aqueles com mais de oito anos de escolaridade (BRUCKI et al., 1997). Em estudo realizado com adultos brasileiros para verificar efeitos da escolaridade, foi apresentada a média de animais lembrados para grau de educação: para analfabetos, média de 12,1 animais; para 1 a 4 anos de estudos, 12,3 animais; para 5 a 8 anos, 14,0; para 9 a 11 anos, 16,7; e, para mais de 11 anos de estudos, 17,8 animais (BRUCKI e ROCHA, 2004). Outras categorias semânticas que podem ser utilizadas são: nomes de frutas; nomes próprios de pessoas, peças do vestuário; entre outros. Contudo, não existe normatização destes outros formatos para uso no Brasil. No teste fluência verbal fonêmica – letras FAS – é solicitado ao respondente que diga o máximo de palavras que conseguir se lembrar iniciadas com as letras “F”, “A” e “S”, sendo fornecido o comando para cada letra, separadamente. O tempo dado ao respondente é de umminuto para cada letra. O escore total é a soma de palavras evocadas com as três letras. O teste vem sendo utilizado no Brasil, principalmente, no âmbito da pesquisa e na clínica para avaliação de quadros de afasia, com o intuito de verificar não só a fluência verbal fonêmica, mas também para avaliação da memória semântica e de disfunção executiva decorrentes de agravos em regiões cerebrais como o lobo frontal e as estruturas temporais. Contudo, este teste sofre influência da idade e da escolaridade, sendo ainda necessários dados normativos para estabelecer pontos de corte adequados para a população brasileira. Dados internacionais são utilizados para a pontuação, mas sem a certeza de que os mesmos se aplicam à nossa população (BENTON, 1989; STRAUSS, 2006). AN02FREV001/REV 4.0 70 4.6.2 Teste de Nomeação de Boston (versão reduzida) Uma versão resumida do Teste de Nomeação de Boston foi elabora com 15 figuras, que o respondente deve nomear assim que lhe são apresentadas (árvore, cama, apito, flor, casa, canoa, escova de dentes, vulcão, máscara, camelo, gaita, pegador de gelo, rede, funil, dominó). Cada nomeação correta corresponde a um ponto. Esse teste avalia linguagem, mais especificamente, a capacidade de nomeação e de percepção visual. Esta versão foi inserida junto à versão adaptada do CERAD para uso em idosos. Versões para uso na população geral brasileira ainda precisam ser adaptadas. 4.6.3 Teste de Provérbios A testagem com o uso de provérbios é forma simples de avaliar aspectos cognitivos como a linguagem, a capacidade de abstração e a memória. A avaliação pode ser feita mencionando parte de provérbios e solicitando que o indivíduo complete os provérbios e que explique o significado, isto é, que interprete o provérbio. É importante selecionar provérbios conhecidos na cultura do indivíduo avaliado. Falhas em completar e interpretar o ditado podem indicar comprometimento da memória, da compreensão e da capacidade de abstração. AN02FREV001/REV 4.0 71 4.6.4 Testes de Leitura e Escrita Para avaliar aspectos como a escrita e a leitura, o avaliador pode utilizar de estratégias como: solicitar leitura e escrita espontânea; ditados com palavras utilizadas regularmente em nossa língua e com palavras pouco conhecidas e com não palavras (palavras inexistentes em qualquer idioma); e contar histórias. 4.7 TESTES DE PERCEPÇÃO E DO FUNCIONAMENTO VISUOCONSTRUTIVO 4.7.1 Teste de Praxia Construtiva da bateria CERAD Neste Teste de Praxia Construtiva do CERAD são apresentadas quatro figuras (círculo, losango, retângulos sobrepostos e cubo) e é solicitado ao respondente que faça cópia de cada uma das figuras. Fornecido tempo máximo de dois minutos para cada cópia. A pontuação é feita para cada cópia separadamente, avaliando-se os seguintes aspectos: formato, ângulos, dimensão e tamanho. A pontuação máxima do teste é de 11 pontos. Este teste avalia habilidades perceptivas e visuoconstrutivas. O desempenho esperado é de pelo menos nove acertos para indivíduos com escolaridade média de oito anos. Na evocação tardia das praxias solicita-se ao respondente que reproduza os quatro desenhos copiados anteriormente de acordo com o que se lembrar. Seguindo-se os mesmos critérios de correção da construção das praxias, o escore máximo é de 11 pontos. Esse teste avalia, além das habilidades visuoconstrutivas, a memória de longo prazo. O ponto de corte é de quatro pontos. Este teste de é recomendado para uso na população idosa, pois como mencionado anteriormente, é parte da bateria CERAD elaborada para auxílio no diagnóstico de demência. AN02FREV001/REV 4.0 72 4.7.2 Figuras Complexas de Rey A Figura Complexa consiste em instrumentos que, por meio da cópia e posterior reprodução de memória de uma figura complexa – composta por diversos traçados geométricos –, permite a avaliação de diversos processos cognitivos, como: habilidade de construção visuoespacial; planejamento, estratégias de soluções de problemas; percepção visual; motricidade; e memória visual. Os aspectos avaliados para pontuação do teste são: riqueza e exatidão de cópia; tempos para executar a cópia (em minutos); riqueza e exatidão da reprodução de memória. As Figuras Complexas de Rey possuem normatização para população adulta (18 a 52 anos) e também para crianças (4 a 15 anos) (OLIVEIRA, 1999). 4.7.3 Teste Gestáltico Viso-Motor de Bender – Sistema de Pontuação Gradual (B-SPG) O Teste de Bender-Gestalt (BENDER, 1955; SISTO et al., 2006) é composto de nove desenhos cujas cópias, segundo Lefevre e Porto (2006), “permitem avaliar a tendência do sistema perceptual visual dentro da Gestalt”. Além das alterações das habilidades construtivas, estes autores apontam a utilidade deste teste para diagnóstico de negligência unilateral. 4.7.4 Subteste Cubos do WAIS O Teste de Cubos corresponde a um instrumento para avaliação da organização visual em adultos por meio de tarefas que consistem em montar figuras que estão impressas e são exibidas para que o respondente as copie utilizando cubos coloridos em vermelho e branco. AN02FREV001/REV 4.0 73 4.7.5 Subteste Quebra-Cabeça do WISC Este teste é composto de quatro quebra-cabeças e é indicado para avaliar as habilidades de organização visual em crianças. Além da utilidade em crianças, foi indicado como sensível para identificar prejuízos de habilidades motoras pacientes portadores de doença de Huntington (LEFEVRE e PORTO, 2006). 5 AVALIAÇÃO DO HUMOR, COMPORTAMENTO E FUNCIONAMENTO ADAPTATIVO 5.1 ESCALAS E INVENTÁRIOS DE DEPRESSÃO 5.1.1 Inventário de Depressão de Beck (BDI) O BDI (BECK et al., 1961; GORENSTEIN; ANDRADE, 1998; CUNHA, 2001) consiste em escala para auxílio no diagnóstico de depressão e é composto de 21 itens, cada item fornece quatro afirmativas que abordam sobre intensidade de sintomas e atitudes associadas a depressão. O respondente deve escolher para cada item a afirmativa que mais condiz com o que tem sentido recentemente. As afirmativas variam de 0 a 3, indicando desde ausência até a intensidade grave do sintoma. O inventário é autoaplicável. A padronização para uso na população brasileira atende a faixa etária de 17 a 80 anos (CUNHA, 2001). Os itens avaliam os seguintes aspectos: tristeza, pessimismo, sensação de fracasso, falta de satisfação, sensação de culpa, sensação de punição, autodepreciação, autoacusações, ideias suicidas, crises de choro, irritabilidade, retração social, indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o trabalho, AN02FREV001/REV 4.0 74 distúrbio do sono, fadiga, perda de apetite, perda de peso, preocupação somática, diminuição de libido. 5.1.2 International Neuropsychyatric Interview (MINI) A MINI é uma escala compatível com os critérios do DSM-III-R/IV e da CID- 10. O instrumento possui uma versão curta para uso em atenção primária e compreende 19 módulos que avaliam 17 transtornos do eixo I do DSM-IV mais o risco de suicídio e o transtorno da personalidade antissocial. Além desta, existe uma versão mais ampla, a MINI Plus, que investiga os principais transtornos psicóticos e do humor do DSM-IV, fornecendo não só exclusão e inclusão para os diagnósticos, mas também uma cronologia da patologia (início, duração e número de episódios). A MINI é indicada para clínica e também para atenção primária, pois trata-se de uma entrevista padronizada de rápida aplicação (15 a 30 minutos). A versão brasileira foi traduzida e adaptada por Amorim (2000). 5.1.3 Escala de Depressão Geriátrica (EDG) O diagnóstico da depressão em idosos é dificultado pela presença de comorbidades e a frequente interação medicamentosa nesta população(PARADELA et al., 2005), demandando dos profissionais de saúde o exercício do diagnóstico diferencial. O uso de instrumentos de avaliação da depressão específicos para indivíduos mais velhos pode ser a forma mais adequada de garantir o diagnóstico correto e de oferecer o tratamento mais eficaz. A Escala de Depressão Geriátrica (EDG) (SHEIKH; YESAVAGE, 1986) é um dos instrumentos mais utilizados para o rastreamento de sintomas depressivos em idosos. Uma versão reduzida (EDG-15) foi adaptada para uso na população brasileira por Almeida e Almeida (1999) e sua validade para uso na clínica vem sendo confirmada (PARADELA et al., 2005). Trata-se de um questionário composto AN02FREV001/REV 4.0 75 por 15 perguntas com respostas do tipo sim ou não. Para cada resposta depressiva é contado um ponto, sendo o escore a partir de seis indicativo de presença de depressão. 5.2 ESCALAS E INVENTÁRIOS DE ANSIEDADE 5.2.1 Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) O BAI (BECK et al., 1988; CUNHA, 2001) é um instrumento composto por 23 itens que correspondem a sintomas de ansiedade. Cada item deve ser avaliado segundo o grau de intensidade que foi sentido na última semana e pontuado em uma escala de 0 a 3. O respondente pode escolher mais de uma resposta para descrever a intensidade de seu sintoma, mas deverá ser considerada somente a intensidade mais alta para soma no escore total. A soma dos pontos em cada item fornece o escore total, que vai de 0 a 63. Este inventário é autoaplicável. Possui padronização para uso na população brasileira na faixa etária de 17 a 80 anos (CUNHA, 2001). 5.2.2 Escala de Ansiedade de Hamilton Escala de Ansiedade de Hamilton (HAMILTON, 1959; AMBAN, 1985) é um instrumento com 14 itens divididos em dois grupos: sintomas de humor ansioso e sintomas físicos de ansiedade. Cada item deve ser avaliado, segundo o grau de intensidade, em uma escala de 0 a 4 (0 = ausente; 1 = leve; 2 = média; 3 = forte; 4 = máxima). A soma dos pontos de cada item resulta no escore total, que vai de 0 a 56. A escala é aplicada por um avaliador. AN02FREV001/REV 4.0 76 5.2.3 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) A HAD (ZIGMOND; SNAITH, 1983) uma escala indicada ara avaliar a de ress o e a ansiedade em acientes com doen as org nicas, nas quais est o resentes sintomas f sicos ins nia, cansa o, erda de eso, etc. tamb m presentes em um quadro depressivo. Seu uso é mais frequente em conte to hos italar. O instrumento com osto de um total de quest es, sendo sete para mensurar a ansiedade (HAD-A) e sete ara mensurar a de ress o AD-D). Solicita- se ao respondente que dê uma nota de 0 a 3 para cada uma das questões. O total pode variar de 0 a 21 pontos em cada subescala. O instrumento foi validado para uso no Brasil para pacientes epiléticos, com idade a partir de 17 anos atendidos em ambulatório, e o corte sugerido foi de oito pontos para ansiedade e nove para depressão (BOTEGA et al., 1998). Atualmente, o instrumento continua sendo testado e utilizado em pacientes com diversas patologias. 5.3 ESCALAS E INVENTÁRIOS DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL Na prática clínica, quando o objetivo é o diagnóstico de distúrbios neuropsiquiátricos, a prioridade da avaliação neuropsicológica é comprovar prejuízos cognitivos. Contudo, é imprescindível a identificação da incapacidade, resultante destes prejuízos, para condução de uma vida independente. Para auxiliar na identificação destas incapacidades existem escalas e questionários que podem garantir uma avaliação objetiva e padronizada. Estas escalas avaliam a independência para realização de atividades de vida diária (AVDs). No conceito de atividades de vida diária estão incluídas as atividades básicas (autocuidado), as atividades instrumentais (incluem a relação com o meio ambiente) e as atividades avançadas (participação social que envolve interação com outras pessoas). AN02FREV001/REV 4.0 77 A seguir, são apresentados alguns instrumentos que avaliam a capacidade de um indivíduo realizar de forma independente as AVDs e neles são exemplificados os tipos de atividades entendidas como básicas, instrumentais e avançadas. 5.3.1 Índice de Katz para Atividades Básicas da Vida Diária O questionário de Katz (KATZ et al., 1963; LINO et al., 2008) é composto de seis itens sobre o grau de dependência para realizar atividades básicas do dia a dia: tomar banho, vestir-se, fazer a higiene pessoal, alimentar-se, ter continência esfincteriana e transferir-se de um local para outro. Para cada pergunta há três possibilidades de resposta: totalmente independente, parcialmente dependente e totalmente dependente. O resultado pode variar desde independência completa para todas as atividades até a dependência total. Quanto maior o escore obtido, maior o grau de dependência. 5.3.2 Functional Activities Questionnaire (FAQ) O FAQ (PFEFFER et al., 1982; SANCHEZ et al., 2011) é um instrumento que avalia o grau de independência de um indivíduo para realizar dez atividades de vida diária. Foi criado, originalmente, para auxiliar no diagnóstico de demência. O questionário dever ser aplicado a um informante que deve responder se o indivíduo avaliado consegue realizar cada atividade. As opções de resposta incluem: a) é capaz; nunca o fez, mas poderia fazer agora; b) faz, mas com alguma dificuldade; c) nunca o fez, mas poderia fazer agora; d) necessita de ajuda; e) não é capaz, com as respectivas pontuações para cada reposta 0, 0, 1, 1, 2, 3. O escore final é obtido com a soma de todas as repostas e pode variar de 0 a 30. Quanto maior a pontuação, maior o nível de incapacidade para realizar as tarefas de vida diária. AN02FREV001/REV 4.0 78 Os domínios de atividades de vida diária avaliados pelo FAQ são: administração de finanças; realização de compras; entretenimentos/passatempos; preparo refeição completa e de café/chá; e compreensão de programas de TV ou leituras; atenção eventos/notícias atuais; lembrar-se de eventos; e sair de casa sozinho. 5.3.3 Inventário de Atividades Avançadas de Vida Diária O Inventário de Atividades Avançadas de Vida Diária, elaborado por Reuben et al. (1990), pode ser utilizado como forma estruturada de levantar sobre a independência de um indivíduo para realizar atividades de lazer, de trabalho e outras tarefas associadas a atividades sociais comuns na fase adulta. O questionário é composto por uma lista que reúne atividades desta natureza e o respondente deve responder para cada atividade se nunca fez, parou de fazer, ou ainda faz. Entre algumas atividades incluídas neste instrumento estão: visitas, festas, viagens, prática religiosa, eventos culturais e etc. A partir deste levantamento, é possível uma avaliação qualitativa sobre a diminuição no engajamento em atividade de cunho social. O inventário é útil para uso em diagnóstico de quadros clínicos, como a síndrome demencial, onde é necessário identificar se existe um declínio na participação das atividades sociais em relação ao nível anterior de funcionalidade do indivíduo. 5.3.4 Informat Questionnaire of Cognitive Decline of the Elderly (IQCODE) O IQCODE (JORM; JACOMB, 1989; SANCHEZ; LOURENÇO, 2009) é um instrumento padronizado utilizado para identificação do declínio cognitivo a partir do relato de um informante que conviva com o indivíduo a ser avaliado. Os autores desta escala sugerem que o informante deve ser em parente ou amigo próximo e que tenha uma convivência com indivíduo avaliado de no mínimo dez anos, pois a AN02FREV001/REV 4.0 79 entrevista busca comparar as alterações no desempenho do indivíduo avaliado ao longo de vários anos. Este instrumento tem se mostrado válido para o rastreio e diagnóstico da síndrome demencial na fase inicial.Entre as vantagens desta escala está a de poder ser aplicado em paciente com grande comprometimento e/ou instáveis e que, geralmente, não podem ser submetidos a avaliações neuropsicológicas. Além disto, corresponde a uma forma de avaliar efeitos do prejuízo cognitivo nas demandas ambientais. Para cada pergunta do questionário deve ser respondida a seguinte reposta: muito melhor (1) ; um pouco melhor (2); não houve mudança (3); um pouco pior (4 ); muito pior (5). O escore final é dado pela soma ponderada dos itens, dividindo-os pelo total de itens da escala. O total varia de um a cinco, sendo a pontuação menor ou igual a três indicativo de alguma alteração; a pontuação quatro indica uma alteração considerável, e cinco muita alteração (SANCHEZ; LOURENÇO, 2009). FIM DO MÓDULO III
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