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ROTINAS DE PESSOAL Amanda Cavalcanti Correia 2 4 REMUNERAÇÃO 4.1 Conceito É o valor devido pelo empregador ao empregado pela prestação de serviço executado, composto pelos dias de efetivo trabalho e diminuídos os dias de faltas, no caso de falta injustificada, e perda do descanso semanal por essas mesmas ausências sem justificativa. Faltas São períodos de ausência ao trabalho pelo empregado, esses poderão ser considerados como faltas justificadas (arts 131, 473 da CLT e art. 6 d alei 605/49 ou prevista em documento coletivo ou por liberalidade do empregador) e/ou faltas injustificadas sendo elas período de ausência sem justificativa que acarretam em perda do DSR e também do dia ou das horas em atraso. Salário Salário é contraprestação em pecúnia ou em utilidade (in natura) devida ao empregado, pela prestação de serviços em decorrência do contrato de trabalho. Independentemente da forma ou meio estipulado para pagamento, o salário visa retribuir o trabalho efetivo, os períodos de interrupção do contrato e os descansos incluídos na jornada de trabalho. Salário-Mínimo É contraprestação mínima devida e paga diretamente pelo empregador a todo empregado, inclusive o rural, sem distinção de sexo, por dia normal de serviço, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim. Previsto no art. 7 da CF. O valor do salário mínimo para 2019 é de 998,00 (novecentos e noventa e oito reais), aprovado pelo Decreto n.º 9.661/2019 e está em vigor desde 1º de janeiro de 2019, observe que todos os anos temos uma nova valoração. 3 Remuneração. Remuneração é a contraprestação de trabalho, em sentido amplo, compreendendo além do salário fixo e/ou variável, as gorjetas, gratificações, abonos, adicionais, prêmios e outros valores que são pagos ao empregado, para retribuir períodos à disposição do empregador, descansos remunerados, e interrupções do contrato de trabalho. Remuneração em resumo é a soma do salário com as vantagens percebidas pelo empregado em decorrência do contrato. Tipos de Remuneração Elas podem fazer parte do contrato por convenção entre as partes, ela pode nascer de regra legal ou também por imposição de cláusula de documento coletivo, sendo assim, temos esses três tipos de remuneração. a) Remuneração Contratual/liberalidade: é toda parcela remuneratória indicada pelo empregador ao empregado como uma vantagem/benefício, por exemplo, pagamento de um valor fixo mensal por assiduidade ou outros. b) Remuneração por previsão legal: são elas a gratificação de função, paga em virtude do exercício do cargo de confiança daquele que tem isenção do ponto, gorjetas que seguem como exemplo, dentre outras que encontramos nos arts. 457 e 458 da CLT. c) Remuneração por convenção coletiva ou acordo coletivo: previstas em cláusula de documento coletivo, podendo ser anuênios, biênios, entre outros valores que constituem vantagem e aumentam o poder de compra dos empregados. Incidências É a carga tributária que será aplicada sobre os valores pagos aos empregados, esses valores, que podem ou não ser remuneratórios e devem seguir um enquadramento específico para que assim sejam tratados com ou sem incidência às projeções das verbas trabalhistas ou tributação de valor a título de INSS, FGTS e IR. Diante da complexidade e número de benefícios indico que façam sempre, quando da criação de uma verba, o seu devido enquadramento para saber sua tributação analisando os artigos 457 e 458 da CLT, que devem ser combinados com a análise do art. 28 da lei 8.212/91, seguida pelo art. 15 da lei 8.036/90 e também pelo Regulamento do Imposto de Renda e principalmente IN RFB 1.500/2014. 4 Formas A remuneração poderá ser paga em dinheiro, em utilidade, ou até mesmo em benefícios com viagens e cartões. É necessário saber se é ou não uma remuneração e qual a motivação desta, sendo pelo trabalho ou para trabalho. Essa classificação de pelo e para o trabalho, encontra a indicação de que pelo trabalho é remuneração porque faz parte de um pacote de benefícios por você estar executando a sua atividade frente ao seu empregador. E para o trabalho é só mais uma ferramenta do trabalho sendo essencial para a execução do mesmo, a exemplo disso, a utilização do carro da empresa por um motorista. Veja também súmula 367 do TST. Formas de salário Poderá ser estipulado o salário do empregado: a) Por hora b) Por dia c) Por mês d) Por tarefa e) Por produção f) Por comissão Prazo de Pagamento Pela CLT o prazo de pagamento é até o quinto (5º) dia útil do mês seguinte ao da prestação de serviço. Veja o art. 459 da CLT. Devemos, para essa fixação de data, considerar o sábado como dia útil pelos dizeres da Instrução Normativa 1/1989 do MTB. Porém, nada impede que o empregador estipule qualquer outra data como pagamento, só não poderá observar data superior ao quinto dia útil do mês seguinte. Poderá pagar antes, mas não poderá atrasar sob pena de multa e fiscalização. Meios de Pagamento Encontramos pelo artigo 477 da CLT, a possibilidade do pagamento em dinheiro, por cheque ou por transferência bancária, sendo que todos deverão ser acordados entre as partes, visto que nenhum empregado está sujeito à obrigação de abrir uma conta junto ao banco. 5 Alteração Salarial Toda e qualquer alteração só terá validade desde que, o empregado esteja de acordo e ainda que de acordo, não lhe cause prejuízo, com base nos dizeres do art. 468 da CLT. Porém, quando a alteração trata de redução de salário, essa deverá ser avaliada e validada pelo Sindicato, nos moldes que determina o art. 7, VI da Constituição Federal. A Reforma Trabalhista também trouxe indicação sobre alteração com redução no salário do empregado. O artigo 611-A §3º indica que a existência de pacto sobre cláusula que determine redução de salário ou jornada deverá ser formalizada em acordo ou convenção coletiva, a qual deverá prever proteção aos empregados contra a dispensa imotivada durante o prazo de vigência do acordo ou convenção coletiva. Adiantamento Não existe, por lei, obrigação de a empresa efetuar adiantamento salarial, sendo este obrigatório quando constar de cláusula de acordo e documento coletivo. As empresas que optam pelo adiantamento salarial ou cumprem regras de documento coletivo pagam 40% da remuneração mensal. O desconto do valor concedido a título de adiantamento é previsto no art. 462 da CLT. O prazo para pagamento do adiantamento fica a critério da empresa, sendo comum ser estabelecido entre o dia 15 e 20 de cada mês. Aplicação de Acordo ou Convenção Coletiva. Todo acordo e documento coletivo tem validade nas condições que sejam feitas para garantir melhores condições aos empregados. Sendo assim, pelo caput do art. 611-A da CLT, indica-se o cumprimento por parte da empresa de observar e praticar frente à folha de pagamento todas as vantagens contidas no documento coletivo da empresa, não sendo aplicadas somente se houver algo por escrito, no caso um acordo com o Sindicato para a não aplicação de determinada verba. Multas/Penalidade As multas e penalidades, jamais serão consideradas remuneratórias tendo em vista o seu caráter punitivo e disciplinar. 6 4.2 Comissões É uma forma de pagamento dos salários, ao qual geralmente é aplica aos empregados relacionados à venda, mas nada impede que sejam tratadas pelo empregador e empregado, como forma única de salário. Pelo art. 457 da CLT a comissão é um salário. Tipos Temos a comissão por valor fixo, por tarefa ouproduto. Poderá ser feita em percentual sobre a venda ou sobre o valor de cada produto, ainda poderá ser mista, onde se encontra o valor fixo mais o valor da comissão em percentual. Mínimo Garantido O artigo 7 da Constituição Federal, determina que para aqueles que recebem valor variável, eles não receberão valor inferior ao salário mínimo, ou qualquer outra garantia mais benéfica. Sendo assim, quando o empregado comissionista não conseguir ao final do mês o valor igual ou superior ao mínimo garantido (salário mínimo ou outra condição mais benéfica) deverá receber a garantia mínima independentemente do que tenha ocorrido. Porém, no caso de faltas a garantia mínima será proporcional. Faltas Injustificadas e comissões Quando houver faltas injustificadas, o empregado comissionista somente será descontado pela parte fixa do salário. Ou seja, a falta de um comissionista puro não traz desconto do dia, mas ocasiona a perda do DSR que não será levado em consideração na hora do cálculo. Um comissinista misto, com valor fixo mais comissões, será descontado da parte fixa e perderá o valor fixo do DSR; quanto à comissão não terá desconto, pois perde a comissão pela ausência. Horas Extras do Comissionista 7 Pela súmula 340 do TST, a hora extra do comissionista será devida apenas pelo adicional de hora extra, que é no mínimo de 50% pelo que descreve o art. 59 da CLT. Ou seja, para o cálculo deverá se observar o valor da comissão do mês, dividir pelo número de horas efetivamente trabalhadas (exclui-se no caso o número de horas DSR) e após o resultado, multiplicar pelo número de horas extras realizadas. Exemplo: Empregado recebe R$ 5.000,00 de comissão, foi contratado para uma jornada de 220h mês e realizou 34 horas extras. Qual o valor devido de horas extras? Valor das comissões no mês R$ 5.000,00. Horas efetivamente trabalhadas: = 220h (lembre-se o valor mensal inclui como embutido o DSR, com base no Decreto 27.048/99) diminui-se 44h do DSR (220/5 semanas = 44h por semana, a quinta semana é o DSR por isso o desconto das 44h) então temos uma proporção de 176h de trabalho. No entanto, é preciso somar tudo isso às 34 horas extras, logo teremos: =176h + 34h = 210 horas efetivamente trabalhadas. Achando o valor devido de hora extra ao comissionista, com base na súmula 340 do TST: R$ 5.000,00 / 210 horas efetivamente trabalhadas = R$ 23,81 (arredondando). Valor devido para cada hora extra de comissão é apenas adicional da hora extra, vejamos: R$ 23,81 x 50% = R$ 11,91. Valor devido de hora extra: R$ 11,91 valor do adicional de h e x número de horas extras = 34 horas extras 8 Valor devido de hora extra = R$ 11,91 x 34h = R$ 404,94. Supressão das Comissões A comissão é salário pelo que descreve o art. 457 da CLT, portanto, não poderá ser suprimida ao salário, sendo somente possível uma integração por meio de alteração contratual. A condição para a não supressão está ligada ao que disciplina o artigo VI da Constituição Federal, a qual indica que não pode ser reduzido o salário (comissão), salvo por determinação prevista na convenção ou acordo coletivo. Prazo de Pagamento Será exigido quando realizada a transação a que se refere e a partir do momento em que for realizada e aceita, como descreve o art. 466 da CLT. Indica-se que seja estabelecido em contrato quando será considerada e aceita a comissão pelo empregador, que poderá ser quando feita a venda, quando paga a venda pelo cliente, ou ainda, após recebimento do produto/serviço pelo cliente. 4.3 Descanso Semanal Remunerado Previsto pela lei 650/1949, é o direito que tem todo o empregado que cumprir a carga semanal estipulada, um dia de descanso de 24h por semana, sendo ainda considerado o feriado nacional, estadual e municipal como tal, ou seja, uma semana com feriado e descanso, podermos ter 2 dias de DSR devidos ou perdidos. Lembre-se que o DSR deverá ser concedido preferencialmente aos domingos, com base no que disciplina o artigo I da referida lei 650/1949. 9 Conceito de Semana Pelo art. 11, §4º do Decreto 27.048/1949, é considerado o período entre segunda-feira e domingo, ou seja, a semana tem 7 dias, e desses dias, um dia tem que ser destinado ao descanso semanal remunerado, além da consideração da mesma forma pelo domingo. Perda do DSR Toda vez que o empregado não cumprir, por motivo injustificado, o período semanal contratado ele perderá o dia de descanso semanal remunerado. Sendo assim, a norma diz da perda do DSR pelo todo e não de proporcionalidade, ou seja, se ele vier a se ausentar ainda que por horas do local de trabalho sem justo motivo, ele terá a perda dessas horas não realizadas e também de todo o DSR (dia de descanso e feriado). Lembre-se que não conta para essa condição dias justificados (veja art. 473 da CLT, art. 131 da CLT, e art. 58, §1º da CLT e também art. 3 da lei 605/1949). Variáveis e Reflexo no DSR Todo valor variável será considerado para projeção do Descanso Semanal Remunerado, assim sendo, toda vez que o empregado receber por hora, comissões, por tarefa, por produção, como não é considerado o valor pago pelo efetivo trabalho, deverá ser lançado para o cálculo da composição do valor devido de DSR. A fórmula para cálculo compreende: Total da variável paga dentro do mês, dividida pelo número de dias de efetivo trabalho e multiplicado pelo número de domingos e feriados resulta no valor devido do reflexo do Descanso Semanal Remunerado. Trabalho em dia de Descanso 10 O trabalho realizado em dia destinado ao Descanso Semanal Remunerado (dia de descanso e mais o feriado) terá o direito de receber o dia em dobro ou outro dia para descanso, salvo previsão em contrário prevista em documento coletivo. Sendo assim, se houver trabalho em um dia destinado ao descanso, pelo art. 9 da Lei 605/49, o empregado terá direito a receber em dobrou ou outro dia para descansar. Podemos ver de forma mais clara essa condição na súmula 146 do TST. Obs.: quando o trabalho se der em dia de Feriado, além de autorização para o trabalho nesse dia, é necessário que o Sindicato autorize a substituição do pagamento em dobro por outro dia de folga, do contrário será devido o valor em dobro do dia do feriado. Trabalho aos domingos Além das condições descritas no item 3.5., também deverá o empregador observar que o trabalho em dia de domingo, deverá ser precedido de um escala de revezamento, ou seja, ele deverá ter folgas que coincidem com o domingo, conforme passamos a ver: Trabalho aos domingos para mulher Será feita escala quinzenal, ou seja, a mulher poderá trabalhar um domingo sim e outro não para respeitar a escala prevista no art. 386 da CLT. Trabalho aos domingos para o Homem: Se o homem trabalhar aos domingos na área de comércio ou em atividades que precisem de autorização, ou seja, não são pré-autorizadas, deverá observar que a cada dois domingos trabalhos o terceiro tem que ser a folga para a montagem da escala, com base no art. 6 da lei 10.101/2001 e portaria 945/2015. 11 Nos demais ramos de atividade o homem poderá trabalhar 6 domingos para folgar o sétimo, com base na portaria 417/1966. Feriado O feriado é um Descanso Semanal Remunerado, previsto no art. 1 da lei 605/49. Penalidades O descumprimento das condições devidas ao DSR ocasionará nas penalidades previstas na Portaria 290/97. 4.4 Horas Extras As horas extras são o período de tempo do empregado à disposição do empregador fora da jornada contratada, ou seja, ela é a prestação de serviço pelo empregado fora do seu período contratualmente estabelecido, base art. 59 da CLT. Forma de remuneração A hora extra é devida pelo valor da remuneração do empregado com base na súmula 264 do TST, ou seja, o valor da remuneração deverá ser pago com base na soma do valor salarial mais suas variáveis(comissões, gratificações, adicionais, dentre outros). Supressão das Horas Extras Pela súmula 291 do TST, a supressão das horas extras, que seja de forma total ou parcial, gera ao empregado o direito de recebimento de indenização nos moldes ali previstos. Para tal será aplicada a seguinte fórmula: Valor da hora extra no momento da supressão multiplicado pelo número médio de horas extras realizadas nos últimos 12 meses, que também serão multiplicas pelo 12 número de anos de exercício das horas extras nesta condição (considerando para esse caso como um ano a mais o período de fração igual ou superior a 6 meses). Exemplo: Empregado ganha R$ 4.000,00 por mês, para um contrato de 220h, realiza todos os meses 2 horas extras por dia, ocorre que seu empregador quer suprimir a realização das horas extras que o mesmo realiza há 4 anos e 7 meses. Pergunta-se: qual será o valor devido de indenização? Valor da hora extra R$ 4.000,00 / 220h = R$ 18,18 + 50% = R$ 27,27 Média de horas extras dos últimos 12 meses (considere a média) 44h.e Número de Anos 4 anos e 7 meses = 5 anos para o cálculo Valor devido de indenização: R$ 27,27 x 44h.e x 5 anos = R$ 5.999,40, é o valor devido de indenização para que não seja mais realizada horas extras pelo empregador. Pagamento O pagamento das horas extras deverá ocorrer até o quinto dia útil, ou prazo inferior conforme determinação para o prazo de pagamento dos salários da empresa. Documento Coletivo 13 A convenção coletiva, por conta do que descreve o art. 611-A da CLT e antes por conta do reconhecimento dos acordos e convenções coletivas em prol do empregado previstas pelo art. 7 da Constituição Federal, poderá estabelecer o valor da hora extra de forma mais benéfica do que a prevista em lei (mínimo 50%), podendo ainda estabelecer sua quantificação por percentuais maiores ou ainda por grupo de horas extras realizadas, como exemplo: primeira hora 60% segunda hora 80% e assim por diante. Reflexo nas Férias O pagamento habitual de hora extra gera reflexo para pagamento de férias e é calculado pela média dos últimos 12 meses de horas extras realizadas e que será pago como média no recibo de férias, ver art. 142 da CLT. Reflexo no 13º salário O pagamento do 13º salário contará também com projeção da média de horas extras para o seu cálculo, o qual deverá ser integrado no pagamento da primeira e da segunda parcela, considerando as horas realizadas dentro do ano civil, com base na lei 4.749/65. Reflexo no Aviso Prévio Quando da rescisão contratual, o aviso prévio sendo indenizado também ocasionará na projeção do pagamento das horas extras por sua média duocécimal, ou seja, pela média dos últimos 12 meses, a qual passará a compor o valor devido de aviso prévio na rescisão. Quando o aviso prévio for trabalhado, as horas extras devidas serão as efetivamente trabalhadas, ou seja, não se trata de média. Competência para pagamento 14 O que ocorre dentro do mês deverá ser tratado para pagamento juntamente com os valores devidos de salário daquele mês, ou seja, para pagamento até o quinto dia útil. Não é permitido que o valor de horas extras realizadas no dia 25 de janeiro, por exemplo, seja pago com a remuneração de fevereiro, para tal deverá ser feito o pagamento juntamente com a competência de janeiro. Horas extras realizadas em sábado compensado Sendo o sábado compensado, mediante acordo de compensação de horas, não poderá esse dia ser objeto de realização de horas extras, sob pena de desconsideração do acordo firmado. 4.5 Variáveis É todo o valor devido pelo empregador ao empregado, além da prestação salarial combinada, é considerado um valor que auxilia o empregado no poder de compra, tanto por sua caracterização de pagamento em espécie quanto pela sua concessão in natura. Alimentação A concessão de alimentação é uma liberalidade do empregador, ou então, poderá ser uma obrigação se prevista de forma expressa em documento coletivo. O pagamento em dinheiro da alimentação, sempre será considerado salário. Para que não seja considerado salário é necessário que seja pago em cartão de benefício, concedido no alimento, cesta básica ou qualquer outro meio que não configure pagamento em espécie (dinheiro). Para que não seja considerado tributo para fins de INSS e FGTS, o pagamento deverá ser concedido na modalidade do PAT, veja para a Portaria 3/2002 do Ministério do Trabalho. 15 Moradia Também será objetivo de concessão por parte da liberalidade do empregador, ou então, obrigatória quando prevista em documento coletivo. Seu pagamento será considerado sempre remuneratório, visto que é considerado pelo direito do trabalho como valor de salário in natura, pelo que descreve o art. 458 da CLT. Sendo assim, o valor despendido pelo empregador ao empregado a título de moradia deverá ser considerado para todos os fins de pagamento de remuneração ao empregado, exceto, quando se tratar de concessão para o trabalho, nos moldes disposto na súmula 367 do TST. Assistência Médica Não existe lei que obrigue o seu pagamento, sendo assim, ela poderá ser paga por liberalidade do empregador ou por condição imposta por cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho. O seu pagamento não constitui remuneração para fins do direito do trabalho e previdenciário, e para fins de imposto de renda, poderá ser considerado inclusive para abatimento do imposto de renda. Liberalidades do Empregador Qualquer valor concedido por liberalidade do empregador é bem vindo ao vínculo de trabalho, tendo em vista que essas servem como atrativos para manter o empregado junto à empresa ou até mesmo para fazer com que ele aceite o trabalho junto àquela instituição jurídica. Os valores pagos pelo empregador poderão ser ou não objeto de remuneração, eles deverão ser enquadrados nos moldes do art. 457 e 458 da CLT, combinado com o art. 214 do Decreto 3.048/99. Obrigatórios por Convenção Coletiva 16 A convenção coletiva poderá trazer como benefício ao empregado algumas condições por liberalidade, como é o caso da consideração de abono de falta, pagamento de alimentação, auxílio educação, entre outros. Todas essas parcelas poderão ser consideradas remuneratórias ou não, tendo que ser enquadradas para saber sua efetiva natureza, com base na análise dos artigos 457 e 458 da CLT e também pela avaliação do artigo 28 da lei 8.212/91 e art. 15 da lei 8.036/90. Adicionais Na sua grande maioria são valores remuneratórios devidos por disposição legal, assim como ocorre com os que seguem: a) adicional noturno: pagos a quem desempenhar suas atividades entre o período das 22h até 5h da manhã. Nesse caso terá dois benefícios um é a redução da hora para 52min 30seg e acrescida por no mínimo 20% a mais do valor da remuneração por hora. Art. 73 da CLT. b) Adicional de Insalubridade: é pago ao empregado exposto a algum tipo de risco físico, químico e biológico, previsto em laudo técnico emitido por um médico engenheiro e médico do trabalho, que ocasionará o pagamento conforme o grau de exposição do empregado que terá direito a 10% no caso de exposição leve, 20% no caso de exposição média e 40% no caso de exposição grave, que será calculado em regra pelo valor do salário mínimo, salvo outra condição mais benéfica prevista em documento coletivo ou em contrato. Art. 192 da CLT. c) Adicional de Periculosidade: pago ao empregado exposto a algum risco físico, como o caso de explosão, queda ou algo que poderá trazer lesão grave ou morte do empregado. O pagamento é feito também após laudo emitido pelo médico do trabalho ou engenheiro do trabalho, e o pagamento será de 30% sobre o valor do salário contratual do empregado. Art. 193 da CLT. d) Adicional de Transferência: devido pelo empregado que está mudando o seu domicílio de forma provisória,com base no artigo 469 da CLT, pela determinação do 17 pagamento de 25% do valor da remuneração do empregado, enquanto perdurar a transferência. e) Adicional de hora extra: devido ao empregado submetido a uma jornada extraordinária, sendo devido no mínimo de 50% sobre o valor da hora extra, que determina o art. 59 da CLT. Transporte A concessão do transporte ao empregado tem algumas formas, quais sejam: a) Vale-Transporte: devido como direito ao empregado para se locomover da sua residência para o trabalho e vice-versa, por transporte público coletivo municipal ou intermunicipal, com base na lei 7.418/85, não será considerado como remuneração, desde que não seja pago em dinheiro. O pagamento em dinheiro do vale-transporte será considerado remuneratório, com base no art. 5 do Decreto 95.247/87. b) Auxílio-Transporte: devido por liberalidade do empregador, porém será considerado remuneratório. c) Auxílio-Combustível: sem previsão em lei, se for concedido é por liberalidade do empregador ou por previsão em documento coletivo, porém será considerado remuneratório se sua concessão for para que o empregado se locomova de casa para o trabalho e vice-versa. Diárias para Viagem Pagamento feito para o empregado que se encontra em prestação de serviço fora do local da sua contratação. Trata-se como pagamento de cobertura de valores com transporte, alimentação e até hospedagem e não constitui natureza remuneratória, independente do seu custo com base no art. 457,§2º da CLT. 18 Somente será considerada remuneratória se houver prova de que não se tratou de uma viagem para o trabalho. Prêmios Poderá ser devido por liberalidade do empregador ou por determinação em documento coletivo. Com a Reforma trabalhista o art. 457,§2º da CLT determina que prêmio não é parcela remuneratória, porém determina o mesmo art. 457, §4º o conceito de prêmio, a qual é determinado pela sua condição de pagamento por desempenho superior ao ordinariamente esperado, sendo assim, se não contemplar o tipo descrito no artigo acima referenciado, entende-se que o prêmio é remuneração. Gratificações São valores que podem ser pagos por liberalidade do empregador, ou então determinados em lei. Eles configuram parcela remuneratória como é o caso, por exemplo, da gratificação de função, paga ao empregado em exercício de cargo de confiança, pelo valor não inferior a 40% da sua remuneração para justificar a ausência da marcação de ponto nos termos do art. 62 da CLT. Referências BRASIL. Consolidação das leis do trabalho – CLT e normas correlatas. – Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2017. 189 p. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF: Senado Federal 1988. 292 p. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4ª ed. São Paulo: Manole, 2014. DESSLER, Gary. Administração de Recursos Humanos. 2ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003. 19 SANTOS, Milena Sanches Tayano dos; MACHADO, Mariza de Abreu Oliveira. Departamento de Pessoal Modelo: atualizado pela reforma trabalhista eSocial. 8ª ed. Rio de Janeiro: Editora Freitas Bastos, 2018.
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