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06.10.2020 FISIOPATOLOGIA II Aula 26 – Dr.Marcelo Bittencourt Patologias do Útero e Tubas Uterinas Aborto É a interrupção da gestação antes do inicio do período perinatal. Definido pela OMS a partir de 22 semanas completas (154 dias) de gestação, quando o peso ao nascer é normalmente de 500g. Costuma-se classificar o aborto como precoce quando ocorre antes de 13 semanas da gravidez, e como tardio quando se dá entre as 13-22 semanas. Os termos “abortamento” e “aborto” algumas vezes são empregados como sinônimos, porém “abortamento” refere-se ao processo e “aborto”, ao produto eliminado. Até 20% das gestações evoluem para aborto antes de 20 semanas, sendo que, destas, 80% são interrompidas até a 12ª semana. A perda de gestações subclínicas ou não diagnosticadas é ainda maior, podendo chegar a 30%. A frequência diminui com o avançar da idade gestacional, sendo que o risco geral de abortar depois da 15ª semana é baixo (0,6%). O abortamento é dividido em precoce e tardio, respectivamente, se ocorre antes ou após a 12ª semana de gestação. Natimorto corresponde ao concepto > 500 g e > 20 semanas. Legalmente, tem-se que fazer a documentação. Pode ser levado para fazer necropsia. Normalmente ocorre nas primeiras semanas. Apresentação Clínica Subclínica: quando ocorre antes da próxima falha menstrual. Pode ocorrer em 80% das gestações interrompidas até 12 semanas. Clínica: quando ocorre após a gravidez confirmada pela dosagem de B-Hcg ou USG. o Abortamento Precoce: interrupção da gestação até a 12ª semana gestacional. o Abortamento Tardio: após a 12ª semana gestacional. o Abortamento Habitual: ocorrência de 3 ou mais episódios consecutivos de abortamento. Principais fatores de risco: o Idade: o risco de aborto aumenta com o avanço da idade materna, chegando a 40% aos 40 anos e 80% aos 45 anos. o Antecedente de aborto espontâneo o Tabagista o Consumo de álcool e drogas o Uso de anti-inflamatórios o Cafeína o Extremos de peso o Doença celíaca o Nova gestação após 3 meses do ultimo parto Etiologia Anormalidades cromossômicas: são as causas mais comuns, responsáveis por até 50% das perdas gestacionais precoces. Decorrem de gametas anormais, fertilização anômala ou irregularidades na divisão embrionária. A maioria acontece por acaso, não sendo decorrentes de “defeitos herdados” da mãe ou do pai. A alteração cromossômica mais frequente no aborto é a Trissomia do cromossomo 16. Só podem ser confirmadas quando o material de aborto é enviado para análise citogenética. Alterações uterinas: podem ser congênitas ou adquiridas. Dentre as congênitas, temos as malformações uterinas – útero bicorno, septado, 06.10.2020 FISIOPATOLOGIA II Aula 26 – Dr.Marcelo Bittencourt didelfo e unicorno. São alterações na forma do útero que podem piorar o sítio de implantação e a vascularização, aumentando o risco de perda gestacional. A mais comum delas é o útero septado, também o único passível de correção cirúrgica. Nos demais casos, devem ser oferecidos apenas orientação e segmento. Dentre as alterações adquiridas, temos os leiomiomas e as sinéquias (aderências). Fatores endócrinos: alterações na produção de progesterona e dos hormônios tireoidianos podem, a rigor, prejudicar o desenvolvimento de um embrião normal, mas sua relação exata com o abortamento ainda permanece controversa. O diabetes insulino-dependente mal controlado também aumenta o risco de perda. Estando associadas ao aumento da atividade metabólica, resultando no aumento do consumo energético atrapalhando o crescimento do concepto. Coagulopatias porem também causar tromboses na transição útero- placenta fazendo com que o embrião se solte e cause o aborto. Fatores imunológicos: são causas de abortamento de repetição, não devendo ser pesquisados na perda precoce eventual. Infecções: os principais processos infecciosos que podem levar ao abortamento são rubéola, toxoplasmose, parvovirose, citomegalovírus, HIV, sífilis e listeriose. Sem causa aparente: na maioria das Placenta projeta-se sentido a luz uterina vilosidades que ficam entrelaçadas com a mucosa uterinas. As vilosidades permitem as trocas de oxigênio e nutrientes com o embrião nas primeiras semanas e ao longo da sua residência no útero. Relação aumentada entre a vilosidade e o útero - só aconteceu porque a mucosa uterina foi sensibilizada devido as substâncias LH presente, luteinização, que permitem que a mucosa facilite a troca tem substâncias. Mucosa Decidualizada - parede uterina sensibilizada na presença do embrião. Sendo importante para o desenvolvimento do embrião. Imagem: Vilosite é inflamação crônica das vilosidades coriais. Ocorrer por via hematogênica a partir de uma infecção materna, como sífilis, toxoplasmose, doença de Chagas, citomegalovírus, rubéola, etc. O exame sorológico é fundamental no diagnostico etiológico, mas, em muitas vilosidades, a causa permanece obscura mesmo assim. As vilosidades apresentam-se aumentadas de volume e com infiltrado crônico inespecífico (linfoplasmohistiocitário), podendo ter também neutrófilos. As consequências podem ser desde mínimas até retardo do desenvolvimento fetal, malformações ou óbito intraútero. Imagem: na gravidez, as células do estroma endometrial sob ação progesterônica mostram-se volumosas, com citoplasma abundante róseo, e podem assumir contorno arredondado, Placenta 06.10.2020 FISIOPATOLOGIA II Aula 26 – Dr.Marcelo Bittencourt O endométrio gravídico é também chamado de decídua, e a modificação das células estromais é referida como decidualização ou transformação decidual. Aborto Incompleto Ocorre quando há somente eliminação parcial do conteúdo uterino. Geralmente apresenta sangramento ativo, embora na maioria das vezes não seja volumoso. Em alguns casos, percebe-se a presença de material ovular ao exame físico ginecológico e o colo aberto, com sangramento e cólicas. É aquele caso em que a paciente chega ao atendimento eliminando o material, porém ainda não o fez por completo, também chamado por alguns de abortamento em curso. Contrariamente, em alguns casos, ocorre a eliminação parcial dos produtos ovulares, as cólicas e o sangramento diminuem e o colo fecha. O diagnóstico é feito pelo encontro de restos ovulares à ultrassonografia. Nesses casos, a conduta pode ser expectante, medicamentosa ou cirúrgica. Características o Colo fechado – normalmente ocorre por alguma alteração cromossômica, o embrião morre, dentro da placenta. o Colo aberto o Eliminação parcial – infecção/hemorragia o Comum após 8 semanas – vilosidades + aderidas ao útero o História de eliminação de massas carnosa. o Ocorre muitas vezes em casos de abortos feitos incorretamente. o Pode apresentar alterações inflamatórias causando odor muito forte, sinais sistêmicos e podendo desenvolver uma doença inflamatória pélvica podendo comprometer a cavidade inteira, pode causar também o abdome agudo; Células da mucosa normal Células Sensibilizadas – células maiores e com citoplasma maior 06.10.2020 FISIOPATOLOGIA II Aula 26 – Dr.Marcelo Bittencourt Restos intravaginais IMAGEM A - Uterino normal IMAGEM B - Presença de restos vasculares Imagem 2 – aumento do processo inflamatório resultando em células mononucleares que aumenta sua quantidade resultando no rompimento da parede dessa vilosidade e liberando seu conteúdo inflamatório para o meio. Aborto Infectado Situação em que há restos intrauterinos e infecção. Na maioria das vezes é resultado de abortamentos provocados de forma ilegal. A paciente apresenta quadro clínico de aborto incompleto associado a sinais de infecção, como dor local importante, útero amolecido, eliminação de material com odor fétido, comprometimento do estado geral, febre e taquicardia. Noscasos não complicados a infecção está restrita ao útero. Nos casos complicados, a infecção pode se estender aos anexos, peritônio ou se generalizar e evoluir para septicemia. Geralmente são infecções polimicrobianas a partir da ascensão de germes que fazem parte da flora vaginal e intestinal, como cocos anaeróbios, gram-negativos, bacteroides e Clostriduim perfingrens (ou welchii). Nesse último caso, a paciente evolui rapidamente com quadro de icterícia cianótica e hemoglobinúria. Os índices de mortalidade são altos. Gravidez Ectópica Conceito: implantação do feto fora do ambiente intra-uterino. Fora do útero, pode se desenvolver nas trompas (ístmica, ampular, infundibular ou fimbriaria), no peritônio (abdominal), no ligamento largo (intralligamentar) e no ovário (ovariana). 06.10.2020 FISIOPATOLOGIA II Aula 26 – Dr.Marcelo Bittencourt No útero, foram do seu corpo, pode se implantar no colo (cervical) e no interstício tubário. Incidência o 1/200 gestações; o Gravidez tubária corresponde 90% dos casos; o 4-10% das mortes relacionadas a gestação Fatores de risco o Doença inflamatória pélvica; o Aderencias peritubárias – apendicite e endometriose o Cirurgia anterior o DIU o Idade entre 25-34 anos o Infertilidade o Doenças sexualmente transmitidas O zigoto se desenvolve normalmente, formando tecido gestacional (membranas ovulares). Na tuba, o crescimento promove adelgaçamento da parede até que ocorra rotura. Pode correr ainda morte do embrião e reabsorção placentária. Clínica o Dor abdominal moderada a grave o Dor lombar o Cólica em um dos lados da pelve o Sangramento vaginal o HCG+ Endometrite O canal endocervical, que possui secreção mucosa e células de defesa, forma uma barreira eficaz contra a entrada de agentes infecciosos pela via ascendente. Por essa razão, endometrites são pouco comuns, acometendo especialmente mulheres na idade reprodutiva, eventualmente na pós-menopausa. As endometrites podem ser agudas ou crônicas, focais ou difusas, infecciosas ou não. Zona de transição – saída de muita secreção, impede que o agente infeccioso entre. Em situações associadas à imunossupressão ou alterações ambientais pode facilitar a entrada desses agentes. Endometrite Aguda Resultam de infecções bacterianas que ocorrem no pós-parto ou em abortos, principalmente pela retenção de produtos da concepção; podem associar-se também a dispositivos intrauterinos ou instrumentação. Os agentes infecciosos mais comuns são bactérias (E. coli, estreptococos, 06.10.2020 FISIOPATOLOGIA II Aula 26 – Dr.Marcelo Bittencourt estafilococos, gonococos, Actinomyces e bactérias do gênero Clostridium). O quadro histológico é de inflamação no interstício e nas glândulas, sendo o infiltrado predominantemente de neutrófilos, às vezes formando microabscessos e/ou erosões. Como neutrófilos podem estar presentes no estroma, especialmente próximo da fase menstrual, a identificação de plasmócitos ajuda a definir o diagnóstico. Endometrite Crônica Conceito: inflamação crônica do endométrio. Clínico: sangramento anormal, dor pélvica, corrimento de odor fétido e infertilidade. Fatores predisponentes: doença inflamatória pélvica, tecido gestacional retido e dispositivos intrauterino. Características: infiltrado inflamatório com macrófagos, eosinófilos e, principalmente, plasmócitos. Nas endometrites crônicas específicas, em geral a resposta inflamatória é granulomatosa ou identifica-se o agente causador (Chlamydia, Actinomyces, fungos, protozoários, micobactérias etc.). Salpingites Conceito: inflamação de tuba uterina. Crônica: Após processo de inflamação aguda. Supurativa: Organismos piogênicos - Gonococo e Clamídia. Tuberculosa: Rara. Gonococos e clamídia adentram a estrutura uterina causando infecções, ao chegar nas tubas, pode causar doenças inflamatórias agudas e sua resposta inflamatória aguda será a presença de pus; a tuba uterina irá dilatar gerando dor, podendo ocorrer extravasamento de conteúdo para a luz abdominal, podendo causar aderências e alterações dessa região; Aumento da espessura da mucosa, presença de conteúdo purulento (células inflamatórias). Perda funcional. Ao se tornar crônico, lâmina a esquerda e embaixo, perda do tecido e reparo tecidual. Agrupamento de tecido por fibrose, diminuindo a luz da tuba uterina gerando a esterilidade da mulher. Tuba uterina não terá como ajudar na passagem do ovócito podendo gerar a grávidez ectopica. Salpingites Crônica São relativamente comuns e geralmente resultam de salpingites agudas, apesar de às vezes serem secundárias à propagação de processos inflamatórios vizinhos. Na evolução de processos agudos, a tuba adquire aspecto cicatricial, com 06.10.2020 FISIOPATOLOGIA II Aula 26 – Dr.Marcelo Bittencourt infiltrado inflamatório de mononucleares e cicatrizes. Nos casos de piossalpinge em que o pus é “lavado” pela entrada e saída de fluidos na luz da tuba, tornando-se incolor como água, forma-se lesão cística transparente (hidrossalpinge), especialmente nas porções ampular ou infundibular, condição frequente em explorações cirúrgicas e muito confundida com cisto seroso do ovário. A importância das salpingites crônicas resulta do fato de representarem a causa principal de esterilidade feminina e de gravidez ectópica. Os avanços propedêuticos na área ginecológica com os métodos de imagem (p. ex., ultrassonografia), aparelhos ópticos e exames contrastados (salpingografias) têm contribuído para o diagnóstico e o tratamento dessas afecções. Salpingites Granulomatosas A tuberculose tubária é a doença mais comum deste grupo, sendo secundária à tuberculose de outros órgãos, principalmente pulmões, intestinos e rins, por disseminação hematogênica. A tuberculose da tuba representa, em geral, a primeira localização da infecção genital que, por via descendente, atinge endométrio, colo uterino e, às vezes, vagina e vulva. Morfologicamente, a tuberculose nas tubas tem os mesmos aspectos da doença em outros locais. Formam-se nódulos amarelados na serosa, às vezes confluentes, com ou sem necrose. Com certa frequência, a infecção propaga-se ao ovário, originando aderências. Na tuberculose miliar generalizada, as tubas quase sempre estão comprometidas. Referencias http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/p rotocolos/obstetricia/abortamento.pdf https://www.unasus.unifesp.br/bibliot eca_virtual/esf/1/casos_complexos/Ma ria_Socorro/Complexo_04_Maria_do_So corro_Abortamento.pdf http://anatpat.unicamp.br/lamgin7. html http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/p rotocolos/obstetricia/gravidez_ectopic a.pdf Livro – Patologia, Bogliolo – 9 edição – capítulo 18: Sistema Genital Feminino
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