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Recursos-de-acessibilidade_WEB (1)

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recursos de 
acessibilidade
aplicados ao ensino superior
re
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r
Lúcia Pereira Leite | Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins | Lucinéa Marcelino Villela
O R G A N I Z A D O R A S
9 7 8 8 5 7 9 8 3 8 9 8 9
ISBN 978-85-7983-898-9
Um cenário acessível, no qual barrei-
ras arquitetônicas, sociais, atitudinais 
e comunicacionais sejam abolidas, é 
condição necessária para a igualdade 
social e para que o direito à plena ci-
dadania possa ser exercido por todos, 
independentemente de gênero, raça, 
credo, condição física, sensorial e in-
telectual, competências e afetos. No 
contexto contemporâneo, de tomada 
de consciência e crescente sensibiliza-
ção quanto à diversidade que marca a 
existência dos sujeitos, a não garantia 
de acesso a todos os espaços de vivên-
cia e atuação humanas contribui para 
o recrudescimento da discriminação e 
do preconceito contra determinados 
grupos, comprometendo o seu desen-
volvimento e sua plena inclusão.
A obra provê o leitor das informações 
necessárias tanto para a compreen-
são da acessibilidade na área sobre 
a qual se debruça, com a descrição 
detalhada de parâmetros, normas e 
estratégias, quanto para a produção 
futura dos mesmos recursos, contri-
buindo para a sua multiplicação. Mais 
que isso, são iniciativas que podem (e 
devem) ser ampliadas para todos os 
níveis educacionais, dado seu caráter 
diversificado e universal, ainda que 
se destinem pontualmente ao estu-
dante com deficiência no ambiente 
universitário. 
É importante e necessário repensar a 
forma como os conteúdos são produ-
zidos e disponibilizados para as pesso-
as com deficiência. Nesse sentido, as 
ajudas técnicas, os recursos de apoio e 
todas as ações que se preocupam com 
a inclusão são fundamentais como es-
tratégia para ampliar e consolidar o 
protagonismo e o empoderamento 
desse coletivo. Este é um ideal com 
que o presente livro comunga e para o 
qual contribui de maneira efetiva. 
Suely Maciel
Todos os autores partilham o desejo de uma universidade inclu-
siva e propõem recursos que garantem o acesso dos alunos com 
deficiência a materiais pedagógicos. Para tanto, realizam pesquisas 
aplicadas e iniciativas nos campos da Comunicação, da Tradução 
Audiovisual, da Educação e dos Direitos Humanos. Ainda com foco 
no ensino superior, o livro traz análises da acessibilidade em portais 
eletrônicos de universidades brasileiras, ampliando, dessa forma, a 
discussão sobre o tema no segmento. O resultado são produtos 
diversificados, como audiodescrição de vídeos e imagens, arquivos 
de áudio com a narração de documentos científico-acadêmicos, 
Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE), Língua Brasileira 
de Sinais (janela de Libras), entre outros. Os trabalhos sustentam-
se em consistentes balizas teóricas em tradução intersemiótica, 
linguagem das mídias sonoras, produção cinematográfica, Direito, 
conformação dos meios digitais e análise de processos pedagógi-
cos. A eliminação das barreiras e a garantia da acessibilidade é o 
desafio que inspira a realização desta obra.
Suely Maciel
recursos de 
acessibilidade
aplicados ao ensino superior
recursos de 
acessibilidade
aplicados ao ensino superior
recursos de 
acessibilidade
aplicados ao ensino superior
Lúcia Pereira Leite 
Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins 
Lucinéa Marcelino Villela
O R G A N I Z A D O R A S
2ª edição revisada e ampliada
2017
São Paulo, SP
Cultura Acadêmica / Editora Unesp
Praça da Sé, 108
CEP 01001-900 – São Paulo - SP
www.culturaacademica.com.br
CONSELHO EDITORIAL
Alexandra Ayach Anache 
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS/Campo Grande-MS 
Cristina Broglia Feitosa Lacerda
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar/São Carlos-SP 
Eliana Lucia Ferreira
Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF/Juiz de Fora-MG 
José Luís Bizelli
Universidade Estadual Paulista – FCL/Unesp-Araraquara-SP
Julio Enrique Putallaz
Universidad Nacional del Nordeste – UNNE - Corrientes - Argentina 
Rosimar Bortolini Poker
Universidade Estadual Paulista – FFC/Unesp-Marília-SP 
Silmara Sartoreto de Oliveira
Universidade Estadual de Londrina – UEL/Londrina-PR
Copyright© Cultura Acadêmica, 2017
Recursos de acessibilidade aplicados ao ensino superior / Lúcia 
Pereira Leite, Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins e Lucinéa 
Marcelino Villela (org.). 2 ed. - - São Paulo: Cultura Acadêmica, 
SP: , 2017.
165 p. ; 23 cm.
ISBN 978-85-7983-898-9
 
1. Recursos acessíveis. 2. Acessibilidade. 3. Ensino superior. 
I. Villela, Lucinéa Marcelino. II. Martins, Sandra Eli Sartoreto de 
Oliveira. III. Leite, Lúcia Pereira. IV. Título.
 
CDD: 371.9
R248
5SUMÁRIO
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Lucinéa Marcelino Villela
CAPÍTULO 1
A AUDIODESCRIÇÃO APLICADA À TRADUÇÃO DE VIDEOAULAS 
UTILIZADAS NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO 
ENSINO SUPERIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Klístenes Bastos Braga
Vera Lúcia Santiago Araújo
CAPÍTULO 2
AUDIODESCRIÇÃO E LEGENDAGEM PARA SURDOS E ENSURDECIDOS 
NO CONTEXTO DO ENSINO SUPERIOR: APLICAÇÃO DE RECURSOS 
DE ACESSIBILIDADE NA PRODUÇÃO DE VÍDEOS INSTITUCIONAIS E 
CONCEITUAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
Lucinéa Marcelino Villela
Ana Beatriz Taube Stamato
CAPÍTULO 3
ACESSIBILIDADE NOS PORTAIS ELETRÔNICOS DAS UNIVERSIDADES 
ESTADUAIS E FEDERAIS DO BRASIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Gabrielle Sasse Pryor de Sousa 
Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins
Lúcia Pereira Leite 
CAPÍTULO 4
MÍDIA SONORA COMO RECURSO DE ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS 
COM DEFICIÊNCIA VISUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Suely Maciel
Amanda Fonseca e Silva
CAPÍTULO 5
DIREITO À INFORMAÇÃO PARA O ACESSO DE PESSOAS COM 
DEFICIÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73
Carlo José Napolitano
Lucilene dos Santos Gonzáles
Verônica Sales Pereira
6 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
CAPÍTULO 6
APOYO DE LAS INSTITUCIONES DE EDUCACIÓN SUPERIOR EN LA 
FORMACIÓN DE PERSONAS CON DISCAPACIDAD: EL CASO DEL 
SISTEMA EDUCACIONAL SANTO TOMÁS VIÑA DEL MAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .85
Vivian Elizabeth Neumann Collyer
Sandra Loreto Catalan Henriquez
CAPÍTULO 7
ACESSIBILIDADE COM LIBRAS EM TRANSMISSÕES DE EVENTOS 
CIENTÍFICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99
Willians Cerozzi Balan
Henrique da Silva Pereira
Vinícius Laureto de Oliveira
CAPÍTULO 8
TRADUÇÃO EM VIDEOLIBRAS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A 
INCLUSÃO DE ESTUDANTES SURDOS DO ENSINO SUPERIOR . . . . . . . . . . . . . . . 113
Sueli Fernandes
Jonatas Rodrigues Medeiros
Rhaul de Lemos Santos
CAPÍTULO 9
EDUCAÇÃO SUPERIOR E RECURSOS DE ACESSIBILIDADE NA VISÃO DE 
PROFESSORES E ESTUDANTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .133
Ana Paula Santana
Aline Olin Goulart Darde
Karoline Pimentel
Lais Oliva Donida
Sandra Pottmeier
CAPÍTULO 10
RELATO DE BÁRBARA GARCIA PEDROSO  ESTUDANTE DE 
JORNALISMO DA PUCCAMPINAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .157
Bárbara Garcia Pedroso
SOBRE OS AUTORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
7APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
Lucinéa Marcelino Villela1
Acredito que a nossa tomada de posição e a presença ativa no am-
biente acadêmico, reivindicandoa presença de discussões a res-
peito do tema, apontando as mudanças que precisam ser feitas e 
principalmente exigindo representatividade faz com que as desi-
gualdades, os preconceitos e as distâncias sociais se tornem meno-
res a cada dia. 
Bárbara Garcia Pedroso - Jornalista
Inicio a apresentação desta obra com um trecho do relato de Bárbara 
Garcia, cujo depoimento é apresentado no último capítulo desta edição. 
Bárbara, recém-formada em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Ca-
tólica (PUC) de Campinas, possui uma deficiência motora, decorrente de 
um tipo leve de paralisia cerebral chamada diplegia espástica. Após quatro 
anos como aluna da PUC, descreve com muita precisão alguns desafios 
enfrentados no dia-a-dia do ambiente acadêmico: desconfortos na sua lo-
comoção, lentidão no processo de conserto de elevadores (imprescindíveis 
para seu deslocamento dentro da universidade) e descaso de funcionários e 
colegas que não a ajudavam em suas necessidades.
Sua presença na universidade e principalmente sua resistência em per-
manecer durante quatro anos nesse ambiente retratam o principal objetivo 
de nosso livro Recursos de acessibilidade aplicados ao ensino superior: com-
partilhar resultados de pesquisas e projetos que buscam tornar possível a 
inclusão e permanência da pessoa com deficiência no Ensino Superior.
1 Lucinéa Marcelino Villela - Doutora em Comunicação e Semiótica. Docente do Departa-
mento de Ciências Humanas da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) – 
UNESP- Bauru. Pesquisadora do projeto “Acessibilidade no Ensino Superior”, Observatório 
em Educação/CAPES. E-mail lucinea@rocketmail.com.
8 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
A convite das pesquisadoras Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins e 
Lúcia Pereira Leite, compartilhei com ambas a organização de um livro que 
acima de tudo é formado por pesquisadores e bolsistas que idealizam uma 
universidade sem barreiras, sejam arquitetônicas, comunicacionais, sociais 
ou atitudinais.
Nossas investigações fazem parte da Pesquisa em Rede “Acessibilidade 
no Ensino Superior”, veiculada ao Programa Observatório da Educação – 
OBEDUC, financiado e apoiado pela CAPES, (proc. 23038.002628/2013-
41, disponível em http://www.acessibilidadeinclusao.com.br/ ).
Atualmente, no contexto acadêmico nacional, convivemos com estudantes 
que possuem deficiências físicas, visuais, auditivas ou intelectuais. As universi-
dades procuram cumprir as exigências de adaptações em suas instalações e re-
cebem os estudantes dentro das políticas estabelecidas de inclusão pedagógica. 
Contudo, há ainda um desequilíbrio gigantesco entre o tratamento adequado 
que o estudante recebe e os materiais pedagógicos que devem ser acessíveis 
para as pessoas com deficiência.
Consideramos e defendemos a premissa de que a elaboração de mate-
riais acadêmicos e pedagógicos acessíveis deva ser realizada por profissionais 
capacitados na área específica. Dentre uma gama variada de produtos acessí-
veis focados na inclusão do aluno com deficiência, destacamos: gravação de 
audiolivros, audiodescrição de vídeos, fotografias e imagens, legendas para 
surdos e ensurdecidos, elaboração de sítios acessíveis e Libras, por exemplo. 
Nosso livro contou com a colaboração de dezoito autores, onze deles 
pesquisadores e bolsistas do Projeto em Rede Observatório em Educação 
(OBEDUC). Foram feitos dois convites especiais para a composição de nos-
sa obra, o primeiro para a Professora Vera Lúcia Santiago Araújo (UECE), 
pioneira no Brasil em pesquisas na área de legendagem para surdos e en-
surdecidos e, posteriormente, em audiodescrição. A segunda convidada, 
já mencionada, foi Bárbara Garcia Pedroso. Com essas duas participações, 
iniciamos e encerramos nossa empreitada. 
O título do primeiro capítulo do livro é A audiodescrição aplicada à tra-
dução de videoaulas utilizadas na educação a distância do ensino superior. 
A docente Vera Lúcia Santiago Araújo, da Universidade Estadual do Ceará 
(UECE), e seu orientando de doutorado Klístenes Bastos Braga relatam a 
experiência de produzir videoaulas acessíveis por meio da audiodescrição 
(AD), utilizadas na modalidade de educação a distância do ensino superior. 
9APRESENTAÇÃO
As videoaulas foram aplicadas na disciplina de tradução intersemiótica do 
Curso de Letras da mesma universidade.
Os autores apresentam todas as etapas que envolvem a elaboração das 
videoaulas com o recurso de AD, desde a análise de textos especializados 
na área até a edição final do produto acessível. Destacamos que as video-
aulas tinham como objetivo adequar-se tanto aos alunos com deficiência 
visual, quanto aos alunos sem deficiência.
O segundo capítulo, elaborado por esta pesquisadora e sua bolsista de 
Iniciação Científica Ana Beatriz Taube Stamato (Projeto OBEDUC), rela-
ciona-se a recursos acessíveis advindos da área de Tradução Audiovisual. 
Com o título de Audiodescrição e Legendagem para surdos e ensurdecidos no 
contexto do Ensino Superior: aplicação de recursos de acessibilidade na pro-
dução de vídeos institucionais e conceituais, sua ênfase foi dada aos produ-
tos acessíveis já realizados para o OBEDUC (Observatório em Educação): 
vídeos institucionais e conceituais. Nesses produtos foram inseridos os re-
cursos de audiodescrição e legendas para surdos e ensurdecidos, seguindo 
os conceitos de autores da área de Tradução Audiovisual e de produção 
cinematográfica acessível.
As pesquisadoras Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins e Lúcia Pe-
reira Leite, coordenadoras do Projeto em Rede Observatório em Educa-
ção, em parceria com Gabrielle Sasse Pryor de Sousa, bolsista de iniciação 
científica, elaboraram o capítulo Acessibilidade nos Portais Eletrônicos das 
Universidades Estaduais e Federais do Brasil. No estudo apresentado, as au-
toras fizeram uma análise minuciosa das condições de acessibilidade das 
informações contidas nos portais eletrônicos das Universidades Estaduais 
e Federais brasileiras para pessoas com deficiência. Por meio do Avaliador 
e Simulador de Acessibilidade de sítios (ASES) – uma ferramenta que per-
mite avaliar, simular e corrigir a acessibilidade de páginas, sítios e portais – 
foram avaliados 97 portais eletrônicos de universidades brasileiras. Dentre 
os resultados apresentados, evidenciaram que raras são as universidades 
que cumprem o princípio fundamental da oferta de acessibilidade digital, 
como veículo de acesso a informação sobre o conteúdo produzido pelas 
Instituições de Ensino Superior, em seus respectivos portais eletrônicos.
A pesquisadora e docente Suely Maciel e a bolsista Amanda Fonseca e 
Silva (bolsista de IC-OBEDUC) discutem, no capítulo Mídia sonora e aces-
sibilidade à educação e à comunicação na deficiência visual, o emprego das 
mídias sonoras como importante recurso de acessibilidade à educação e à 
10 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
comunicação para as pessoas com deficiência visual, especialmente a se-
vera (baixa visão e visão subnormal) e a cegueira. As autoras debatem a 
compreensão sobre a integração dos códigos verbal, sonoro e musical na 
constituição das mensagens sonoras, assim como os processos e técnicas de 
adaptação, roteirização, locução, sonoplastia e edição, todos esses conheci-
mentos essenciais na produção em áudio.
Ainda com intuito de apresentar resultados de pesquisas sobre aces-
sibilidade, os pesquisadores Carlo José Napolitano, Lucilene dos San-
tos Gonzáles e Verônica Sales Pereira apresentam, no capítulo Direito 
à informação para o acesso de pessoas com deficiência no ensino superior, 
um relato de experiência do projeto de extensão universitária “Minuto Ci-
dadania”, cujo objetivo central é difundir e socializar informações e o co-
nhecimento relacionados ao direito, em especial, aos direitos humanos, via 
propagandas sociais, no formato de programetes, veiculados diariamente 
pela Rádio Unesp FM de Bauru. O programa foca em produtos radiofôni-
cos veiculados em canais públicosde comunicação, incentivando o debate 
crítico e a reflexão sobre a inclusão educacional das pessoas com deficiên-
cia no ensino superior.
Com o objetivo de apresentar resultados de um projeto de inclusão pe-
dagógica implantado no sistema Educacional Santo Tomás, na cidade de 
Viña del Mar (Chile), as pesquisadoras Vivian Elizabeth Neumann Collyer 
e Sandra Loreto Catalan Henriquez apresentam, no capítulo Apoyo de las 
instituciones de educación superior en la formación de personas con disca-
pacidad: el caso del Sistema Educacional Santo Tomás Viña del Mar, um 
estudo de caso bem-sucedido entre os anos 2009 a 2014. Durante o período 
analisado, fizeram parte do projeto diversos profissionais, tais como intér-
pretes de línguas de sinais, educadores, terapeutas ocupacionais, além de 
uma equipe de apoio na área de tecnologia. Os 14 alunos com deficiência 
visual, auditiva e autismo conseguiram paulatinamente melhor desempe-
nho em seus estudos conforme os apoios pedagógicos, psicológicos e tec-
nológicos eram mais desenvolvidos no ambiente acadêmico.
O pesquisar Willians Cerozzi Balan e os bolsistas Henrique da Silva 
Pereira e Vinícius Laureto de Oliveira apresentam, no último capítulo so-
bre pesquisas do projeto “Acessibilidade no Ensino Superior- OBEDUC”, 
as técnicas que envolveram a inserção da janela de LIBRAS e a trilha de 
audiodescrição do II ENCONTRO ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO NO 
ENSINO SUPERIOR, realizado na UNESP-Bauru em novembro de 2014.
11APRESENTAÇÃO
Tais recursos foram inseridos na transmissão ao vivo pela FAAC Web-
Tv, projeto de extensão que na época era coordenado pelo docente Willians 
Cerozzi Balan. A transmissão feita ao vivo com a janela de LIBRAS, e pos-
teriormente editada com audiodescrição, foi um projeto inédito na FAAC 
e no referido capítulo são apresentadas cada etapa do processo, bem como 
alguns comentários postados no sítio da FAAC WebTv.
Atendendo a um convite especial das organizadoras do livro, a recém-
-formada em Jornalismo Bárbara Garcia Pedroso encerra nosso livro com 
seu relato sobre as experiências vividas em seus quatro anos como aluna da 
PUC de Campinas. Sua voz como pessoa com deficiência é determinante 
para uma obra que tem como foco atender às necessidades acadêmicas de 
discentes no ambiente universitário.
13A AUDIODESCRIÇÃO APLICADA À TRADUÇÃO DE VIDEOAULAS UTILIZADAS NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR
C A P Í T U L O 1
A AUDIODESCRIÇÃO APLICADA À TRADUÇÃO DE 
VIDEOAULAS UTILIZADAS NA MODALIDADE DE 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR2
Klístenes Bastos Braga3
Vera Lúcia Santiago Araújo4
O Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Plano Vi-
ver sem Limite, instituído pelo Decreto nº. 7.612, de 17 de novembro de 
2011, da Presidência da República Federativa do Brasil, cuja finalidade é 
“promover o exercício pleno e equitativo dos direitos das pessoas com de-
ficiência”, possui dentre suas diretrizes a garantia de um sistema educacio-
nal inclusivo e a promoção do acesso, do desenvolvimento e da inovação, 
conforme prevê o Artigo 3º do Decreto supracitado. Já o Artigo 4º, deste 
mesmo Decreto, prevê “o acesso das pessoas com deficiência à educação” 
como um dos quatro eixos de atuação.
Em 2008, o Brasil ratificou a Convenção sobre os Direitos das Pesso-
as com Deficiência, adotada pela ONU, que obteve equivalência de emen-
da constitucional, valorizando a atuação conjunta entre sociedade civil e 
governo e gerando maior respeito aos Direitos Humanos, em um esforço 
democrático e possível, cujo propósito “é promover, proteger e assegurar 
o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades 
2 Os resultados desta pesquisa estão articulados com o desenvolvimento do Projeto em 
Rede “Acessibilidade no Ensino Superior”, financiado pelo Programa Observatório da Edu-
cação (Obeduc), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) 
– Edital Público nº. 49/2012.
3 Doutorando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade 
Estadual do Ceará (UECE), Mestre em Linguística Aplicada pelo Programa de Pós-Gradua-
ção em Linguística Aplicada da UECE. E-mail: kbbraga@hotmail.com.
4 Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo. Professora adjunta da Universidade Esta-
dual do Ceará (UECE) e pesquisadora nível 2 do CNPq. E-mail: verainnerlight@uol.com.br.
14 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito 
pela sua dignidade inerente”.
Segundo a Convenção,
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de 
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os 
quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua 
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condi-
ções com as demais pessoas.
Em seu Artigo 3, a Convenção apresenta dentre seus princípios gerais, 
“a igualdade de oportunidades” das pessoas com deficiência com as demais 
pessoas. Já o Artigo 9, que trata da Acessibilidade, prevê que os Estados 
Partes também tomarão medidas apropriadas para “promover o acesso de 
pessoas com deficiência a novos sistemas e tecnologias da informação e 
comunicação, inclusive à internet”. E o Artigo 24 assegura que:
c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individu-
ais sejam providenciadas; d) As pessoas com deficiência recebam 
o apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com 
vistas a facilitar sua efetiva educação; e) Medidas de apoio indivi-
dualizadas e efetivas sejam adotadas em ambientes que maximi-
zem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta 
de inclusão plena.
A fim de contribuir para o exercício desse direito, os Estados Partes 
tomarão ainda medidas apropriadas para capacitar profissionais e equipes 
atuantes em todos os níveis de ensino “para a utilização de modos, meios e 
formatos apropriados de comunicação aumentativa e alternativa, e técnicas 
e materiais pedagógicos, como apoios para pessoas com deficiência”. Além 
disso, “os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência pos-
sam ter acesso ao ensino superior em geral, com a provisão de adaptações 
razoáveis para pessoas com deficiência”.
Nesse contexto, iniciamos uma pesquisa no Programa de Pós-Gradua-
ção em Educação da Universidade Estadual do Ceará (UECE), em 2014, a 
fim de investigar a formação docente em audiodescrição para a produção 
de videoaulas acessíveis aos estudantes com deficiência visual do ensino 
superior, na modalidade de educação a distância (EAD).
15A AUDIODESCRIÇÃO APLICADA À TRADUÇÃO DE VIDEOAULAS UTILIZADAS NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR
Sobre a audiodescrição, doravante AD, Araújo & Aderaldo (2013a) ex-
plicam como sendo:
 
...uma modalidade de tradução audiovisual utilizada para tornar 
uma produção audiovisual (o teatro, o cinema, a televisão, a obra 
de arte, o evento esportivo, etc.) acessível para pessoas com defici-
ência visual por meio da tradução intersemiótica ou transmutação 
de imagens em palavras (ARAÚJO & ADERALDO, 2013, p. 7).
De acordo com Jakobson (1995), há três tipos de tradução: a intralin-
guística ou reformulação (que se dá entre signos verbais da mesma língua), 
a interlinguística ou tradução propriamente dita (que se dá entre signos 
verbais de línguas diferentes) e a intersemiótica ou transmutação (que se 
dá entre signos verbais e signos não verbais, ou seja, entre meios semióticos 
diferentes). Portanto, como estamos tratando de tradução de imagens em 
palavras, a AD é considerada uma tradução intersemiótica, considerando 
a amplitude que Plaza (1987) dá ao conceito de Jakobson: do visual para o 
verbal, assim como do verbal para o visual.
Assim, como atividade preliminar de investigação sobre o processo de 
produção de videoaulas, a fim de compreender cada uma das suas etapas 
e, consequentemente, poder propor a AD para essa importante ferramenta 
pedagógica utilizada na EAD, realizamosa experiência de produzir video-
aulas acessíveis por meio da audiodescrição (AD), vivenciada durante a 
disciplina de tradução intersemiótica do Curso de Letras da Universidade 
Estadual do Ceará, no ano de 2014.
Segundo Pimentel (2006 apud FELDER, 1996), as pessoas aprendem 
de diferentes maneiras: “vendo, ouvindo, interagindo, fazendo, refletindo, 
de forma lógica, intuitiva, memorizando, por analogias, criando modelos 
e imagens mentais”. Ainda segundo o autor, as diferentes maneiras de se 
aprender estão relacionadas aos diferentes recursos ofertados, na maioria, 
visuais, como é o caso de “imagens, ilustrações, fotos, desenhos, animações, 
cores, gráficos, vídeos, mapas”, utilizados não somente para ilustrar, mas 
para chamar a atenção e tornar a apresentação mais atraente, como é o caso 
das videoaulas.
De acordo com Arroio e Giordan (2006) a videoaula é uma “modalida-
de de exposição de conteúdos de forma sistematizada”, que “almeja trans-
mitir informações que precisam ser ouvidas ou visualizadas e que encon-
tram no audiovisual o melhor meio de veiculação”. E são as informações 
16 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
visuais que deverão ser traduzidas em palavras de forma sistematizada, a 
fim de que os alunos com deficiência visual possam ter acesso.
Dessa forma, a metodologia desenvolvida empiricamente compreendeu 
três fases: pré-produção, produção e pós-produção. A pré-produção consis-
te na preparação, planejamento e projeto do vídeo a ser produzido. Esta fase 
abrange todas as demais atividades que serão realizadas, desde a concepção 
da ideia inicial até a filmagem e finalização do arquivo de vídeo. Já na fase de 
produção, são feitas as filmagens das cenas que compõem o vídeo. Esta fase é 
composta pela gravação da videoaula com o acompanhamento da equipe que 
auxilia o professor na utilização dos recursos disponíveis no estúdio. Por fim, 
na fase de pós-produção é executada a edição e a posteriori a validação, que tem 
o objetivo de controle de qualidade, observando a coerência do conteúdo e a 
adequação de linguagem. Também ocorre a criação de grafismos com a inser-
ção de imagens, gerador de caracteres, músicas e animações.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS TEXTOS ESPECIALIZADOS
Após as aulas expositivas acerca da tradução intersemiótica, da educa-
ção a distância, da produção de videoaulas e da audiodescrição, os alunos 
se dividiram em oito equipes e cada uma recebeu textos para serem apre-
sentados no formato de seminário, sendo quatro sobre EaD e a produção 
de videoaulas, e quatro sobe a AD, todos oriundos de artigos científicos e/
ou de capítulos de livros sobre os respectivos temas.
Além das apresentações orais durante o seminário, em que os alunos 
puderam exercitar suas habilidades de comunicação e expressão, solicita-
mos ainda que produzissem de forma individualizada resenhas sobre os 
textos lidos, a fim de avaliarmos sua capacidade de dialogar com o autor. 
Com essas estratégias, além de estimular o trabalho em equipe e desenvol-
ver a integração entre os alunos, possibilitamos que todos se aprofundas-
sem nos temas e desenvolvessem um senso crítico mais particularizado, 
despertando para a importância da acessibilidade aplicada à educação.
Na etapa seguinte, iniciamos a orientação para a elaboração dos rotei-
ros das videoaulas.
17A AUDIODESCRIÇÃO APLICADA À TRADUÇÃO DE VIDEOAULAS UTILIZADAS NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR
PRODUÇÃO DAS VIDEOAULAS
As filmagens das videoaulas aconteceram na própria sala de aula, uti-
lizando o mobiliário disponível em sala, objetos cênicos providenciados 
pelos próprios alunos e uma câmera de vídeo semi-profissional do Labora-
tório de Tradução Audiovisual (LATAV). Como o LATAV estava passando 
por uma reforma durante o período da disciplina, não pudemos realizar as 
filmagens no próprio laboratório.
Os alunos dividiram as tarefas entre si e realizaram as filmagens de 
acordo com o roteiro proposto na própria sala de aula. Durante o proces-
so de filmagem, foram necessárias algumas modificações no plano inicial, 
devido a falta de experiência e de conhecimento da linguagem audiovisual. 
Contudo, ao final todos conseguiram produzir seu material para seu traba-
lho na etapa seguinte, que compreende a edição de áudio e vídeo.
ELABORAÇÃO DOS ROTEIROS DAS VIDEOAULAS
A elaboração dos roteiros das videoaulas compreendeu a delimitação 
dos tópicos a serem abordados nas aulas, do tempo dedicado ao texto ver-
bal oral, ou seja, a fala do professor, e ao texto visual verbal e não-verbal, 
que dizem respeito às informações presentes nas imagens, tais como carac-
terísticas físicas do professor, seu vestuário, a ambientação da aula, legen-
das, créditos, etc. Nesta etapa, foi planejada ainda a divisão dos blocos de 
gravação e a revisão do roteiro e realizado o ensaio para a gravação.
Em seguida, partiríamos para a etapa de filmagem, de acordo com o 
que fora definido no roteiro: quem iria operar a câmera, quem iria dirigir, 
quem seria o professor e qual roupa deveria usar, qual a locação para a fil-
magem, que objetos iriam compor o cenário, qual o tipo de enquadramento 
e a sequência de planos.
Contudo, percebemos que seria necessário orientar o integrante da 
equipe que assumiria o papel de professor da videoaula a fim de garan-
tir que o roteiro planejado fosse seguido durante a execução da filmagem. 
Desta forma, o professor escolhido em cada equipe foi orientado a se apre-
sentar, apresentar a disciplina e/ou o curso e, por fim, a instituição de ensi-
no, no início da videoaula. O mesmo recebeu ainda a orientação para falar 
de forma clara, objetiva e inteligível, mantendo o mesmo ritmo do início ao 
18 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
fim e observando as pausas planejadas no roteiro, que seriam dedicadas à 
inserção da AD mais adiante.
Feito isso, seguimos então para as filmagens.
Elaboração e revisão dos roteiros de audiodescrição
Para a elaboração dos roteiros de AD das videoaulas finalizadas, utili-
zou-se o programa Subtitle Workshop, software livre que possibilita a cons-
trução das descrições de forma simultânea à marcação do tempo de cada 
uma delas no filme. Segundo Braga, 
apesar de ser um programa de legendagem, seu uso nos permite 
marcar o início e o fim de cada inserção enquanto vemos o filme, 
que pode ser acessado no software. Um arquivo com as marcações 
de início e fim de cada inserção, gerado no SW, permite-nos elabo-
rar o roteiro para ser gravado. Estes dados são transferidos para o 
processador de textos Word (BRAGA, 2013, p. 11).
Após a elaboração dos roteiros de AD, os integrantes das equipes que 
foram escolhidos para a locução da audiodescrição realizaram o trabalho 
de captação de áudio na própria sala de aula. Após a gravação do áudio, 
os alunos fizeram uma revisão para conferir se o áudio estava inteligível e 
adequado para os alunos com e sem deficiência. 
Gravação e edição do áudio da locução das ADs
Nesta etapa, cada equipe elegeu seu locutor. A finalização do processo 
se deu com a captação do áudio da locução por meio de um microfone e 
de um software específico chamado Adobe Soundbooth, no qual também 
foi feita a edição do referido arquivo de áudio. Em seguida, este arquivo foi 
editado e mixado à videoaula por meio do software Adobe Premiere. 
Esta experiência contribuiu para o desenvolvimento da pesquisa acerca 
de uma metodologia para a formação em AD de professores no contexto 
da educação a distância, favorecendo a acessibilidade de alunos com defi-
ciência visual a videoaulas do ensino superior nas universidades brasileiras 
que preparam e disponibilizam materiais instrucionais audiovisuais, uma 
vez que as novas tecnologias criam novas chances de reformular as relações 
19A AUDIODESCRIÇÃO APLICADA À TRADUÇÃO DE VIDEOAULAS UTILIZADAS NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR
entre estudantes e professores. Neste contexto, é fundamental colocar o co-
nhecimento à disposição de um númerocada vez maior de pessoas, dis-
pondo de ambientes de aprendizagem em que as novas tecnologias sejam 
ferramentas capazes de colaborar e facilitar a aprendizagem de forma am-
pla, permanente, irrestrita e autônoma.
Embora as pesquisas em AD estejam avançando e seja possível encon-
trar várias abordagens para essa modalidade de tradução audiovisual, não 
se verifica ainda a existência de trabalhos voltados para a formação docente 
em audiodescrição que atuem na produção de videoaulas inserida na mo-
dalidade de educação a distância. Este ineditismo possui grande potencial 
para a área da educação e cada uma dessas experiências tem sua relevância 
para o fortalecimento de uma metodologia aplicada à formação de profes-
sores em AD.
Verificamos alguns pontos que tanto poderiam contribuir com a for-
mação de audiodescritores para esse tipo de material, como para a produ-
ção das próprias videoaulas, como por exemplo, planejar o vídeo de forma 
a serem dadas informações que poderiam ajudar o espectador com defici-
ência visual, reduzindo a necessidade de intervenções de AD; planejar a al-
ternância entre a imagem do professor e a exibição dos slides, de forma que 
o corte aconteça nos momentos mais apropriados, como por exemplo, ao 
final de uma oração ou conclusão de um pensamento; evitar a alternância 
de quadros no meio de uma oração da retórica do professor, ou antes que o 
mesmo conclua seu raciocínio; orientar o professor, a fim de que o mesmo 
possa pontuar melhor sua fala a fim de favorecer um melhor planejamento 
da alternância de quadros, através de pausas rápidas, por exemplo; e ob-
servar que a explanação do professor precisa estar alinhada ao conteúdo 
de cada slide, mesmo que o professor use outras palavras em sua retórica, 
estas palavras devem preservar a mensagem contida no slide, sob pena de 
prejudicar a audiência com deficiência visual, que não tem a possibilidade 
de perceber alguma incongruência que, porventura, venha a ocorrer; por 
fim, incluir o apoio de consultores com deficiência visual.
Assim, com base nessa experiência, apresentamos a seguir na figura 1, 
um quadro contendo de forma resumida uma proposta para estratégias a 
serem adotadas para tornar videoaulas acessíveis por meio da formação do-
cente em audiodescrição na modalidade de EaD. O quadro está dividido em 
quatro partes, as quais estão dispostas na ordem sequencial a ser seguida: 1) 
Pré-produção, 2) Orientações ao professor, 3) Produção e 4) Pós-produção.
20 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO DE VIDEOAULAS ACESSÍVEIS
ENVOLVENDO A AUDIODESCRIÇÃO
1) Pré-produção
Roteirização: definição dos tópicos que serão abordados na aula, do tempo 
dedicado ao texto oral e ao texto visual (descrição de slides) de cada tópico 
e a divisão em blocos de gravação. Considerar o tempo para leitura de tex-
tos verbais contidos nos slides.
Elaboração das descrições das imagens.
Revisão: realizar a revisão, cronometrando o tempo para ajustar o roteiro 
quando necessário.
Revisão de um consultor com deficiência visual
2) Orientações ao professor
Apresentar-se e apresentar o curso e a instituição no início de cada videoaula.
Apresentar um resumo da aula e informar a quantidade de slides.
Anunciar sempre o número do slide antes de o mesmo ser exibido.
Ler o texto verbal que, porventura, o slide contenha.
Falar de forma clara, objetiva e inteligível, mantendo o mesmo ritmo do 
início ao fim e observando as pausas planejadas no roteiro, dedicadas à 
inserção da AD.
3) Produção
Definição do layout no estúdio: posição do professor (à esquerda, centro ou 
à direita), do cenário, dos móveis (display, monitor, logotipo da instituição, se 
houverem) e cores que favoreçam a visualização de pessoas com baixa visão.
Disposição dos elementos na tela: posição das legendas (parte superior ou 
inferior, à esquerda, centro ou à direita). Estilo (pop-up, roll-up, etc.) e cores e 
formatos que favoreçam a visualização de pessoas com baixa visão. 
Gravação da aula em blocos.
Gravação da audiodescrição de cada bloco.
4) Pós-produção
Revisão dos blocos de gravação e da AD.
Finalização da videoaula com AD.
Figura 1 – Estratégias de produção de videoaulas acessíveis envolvendo a audiodescrição
21A AUDIODESCRIÇÃO APLICADA À TRADUÇÃO DE VIDEOAULAS UTILIZADAS NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR
Normalmente, na EaD, os alunos com deficiência visual se deparam 
com dificuldades semelhantes as que foram apresentadas no parágrafo an-
terior, bem como os próprios professores, que têm enfrentado o desafio de 
tornarem acessíveis seus materiais didáticos e projetos envolvendo a EaD, 
uma vez que estamos diante de um crescimento iminente de alunos com 
deficiência nas escolas e universidades. Muito provavelmente, pela falta de 
formação e de informação sobre os diversos recursos de tecnologia assisti-
va, a maioria dos professores que trabalham na EaD não planeja o ensino 
para pessoas com deficiência visual.
Diante disso, a AD poderá representar um importante aliado na con-
dução de procedimentos que favoreçam o planejamento das aulas e elabo-
ração do material didático com mais acessibilidade para os discentes com 
deficiência visual na modalidade de EaD, principalmente, no que diz res-
peito à produção de videoaulas.
Neste contexto, a Educação a Distância, que nas últimas décadas passou 
a fazer parte das atenções pedagógicas no ensino superior, influenciando o 
ambiente educativo e a sociedade, se apresenta como uma modalidade que 
poderá favorecer sobremaneira o processo de inclusão e de acessibilidade 
educacional das pessoas com deficiência nas universidades, mais especifi-
camente das pessoas com deficiência visual, uma vez que, segundo Pimen-
tel (2006, p. 9-10) pode ser entendida como:
o tipo de método de instrução em que as condutas docentes acon-
tecem à parte das discentes, de tal maneira que a comunicação 
entre o professor e o estudante se possa realizar mediante textos 
impressos, por meios eletrônicos, mecânicos ou por outras técnicas 
(MOORE; KEARSLEY, 1996, p.6 apud NUNES, 1992).
Os meios eletrônicos, por exemplo, reduzem as barreiras impostas às 
pessoas com deficiência, uma vez que recursos de tecnologia assistiva, tais 
como softwares de leitura de tela, que transformam informações textuais 
em informações sonoras por meio de um sintetizador de voz, tornam aces-
síveis a esse público, o material disponibilizado pelo professor.
Contudo, em se tratando do que Nunes (1992) classificou como outras 
técnicas, estão inclusas videoconferências e videoaulas. 
as videoaulas são recursos audiovisuais, que desempenham função 
didática, cujas informações transmitidas podem ser ouvidas e vi-
22 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
sualizadas, consideradas, do ponto de vista computacional, como 
uma aplicação multimídia. (BARRERE; SCORTEGAGNA; LELIS, 
2011, p. 284)
Por se tratar de uma aplicação multimídia, além da informação sonora, 
estes recursos contemplam informações visuais que também precisam estar 
acessíveis ao público com deficiência visual, a fim de garantir o acesso ao 
processo de educação em situação de igualdade com os demais.
É importante destacar a relevância do constante aprimoramento do 
processo de produção de videoaulas, a fim de disseminar o conhecimento 
com qualidade e acessibilidade para todos. Ademais, na EAD, as tecnolo-
gias de informação e comunicação são adotadas com o objetivo de facilitar 
o processo de ensino-aprendizagem e estimular a colaboração e interação 
entre os participantes de um curso, habilitando-os para enfrentar a concor-
rência do mercado de trabalho, inclusive.
Assim, podemos citar como exemplo de uma ação de melhoria possí-
vel, a ser verificada nesse estudo, o desenvolvimento do processo de AD 
concomitante ao processo de produção de uma videoaula, o que irá carac-
terizar o ineditismo dessa proposta, pois como dito anteriormente, não se 
tem conhecimento de outra pesquisa similar até opresente momento.
Embora as pesquisas em AD estejam avançando e seja possível en-
contrar várias abordagens para essa modalidade de tradução audiovisu-
al, não se verifica ainda trabalhos voltados para a formação docente em 
audiodescrição que atuem na produção de videoaulas inserida na mo-
dalidade de educação a distância. Isto representa um campo fértil para 
o desenvolvimento da nossa proposta de pesquisa de forma inovadora 
e pioneira e com grande potencial para contribuir na área da educação.
REFERÊNCIAS 
ARAÚJO, V. L. S. e ADERALDO, M. F. Filme de arte acessível: a audiodescrição de O 
Grão. Os Novos Rumos da Pesquisa em Audiodescrição no Brasil. 1. ed. Curitiba, PR: CRV, 
2013. p. 135-149.
ARROIO, A.; GIORDAN, M. O vídeo educativo: aspectos da organização do ensino. Quí-
mica Nova na Escola. n. 24, p. 7-10, nov. 2006. 
BARRERE, E.  ; SCORTEGAGNA, L. ; LELIS, C. A. S. Produção de Videoaulas para o 
Serviço EDAD da RNP. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCA-
23A AUDIODESCRIÇÃO APLICADA À TRADUÇÃO DE VIDEOAULAS UTILIZADAS NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO ENSINO SUPERIOR
ÇÃO – SBIE, 2011, Aracajú. 22º Simpósio Brasileiro de Informática na Educação - SBIE. 
Aracajú, 2011. v. 1.
BRAGA, K. B. Filme de arte acessível: a audiodescrição de O Grão. Os Novos Rumos da 
Pesquisa em Audiodescrição no Brasil. 1. ed. Curitiba, PR: CRV, 2013. p. 135-149.
DEFICIÊNCIA. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: Protocolo Fa-
cultativo à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: decreto legislativo n. 
186, de 09 de julho de 2008: decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009. -- 4. ed., rev. e atual. 
– Brasília: Secretaria de Direitos Humanos, Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos 
da Pessoa com Deficiência, 2011.
DEFICIÊNCIA. Viver sem Limite - Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com / Secreta-
ria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) / Secretaria Nacional de 
Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD), VIVER SEM LIMITE - Plano 
Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência: SDH-PR/SNPD, 2013. 92 p.
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1995. p. 63-86.
PIMENTEL, N. M. Educação a distância. Florianópolis: SEAD/UFSC, 2006. 136p. : Il
PLAZA, J. Tradução intersemiótica. São Paulo: Perspectiva. 1987.
25
AUDIODESCRIÇÃO E LEGENDAGEM PARA SURDOS E ENSURDECIDOS NO CONTEXTO DO ENSINO SUPERIOR: APLICAÇÃO DE RECURSOS DE ACESSIBILIDADE NA 
PRODUÇÃO DE VÍDEOS INSTITUCIONAIS E CONCEITUAIS
C A P Í T U L O 2 
AUDIODESCRIÇÃO E LEGENDAGEM PARA 
SURDOS E ENSURDECIDOS NO CONTEXTO DO 
ENSINO SUPERIOR: APLICAÇÃO DE RECURSOS 
DE ACESSIBILIDADE NA PRODUÇÃO DE VÍDEOS 
INSTITUCIONAIS E CONCEITUAIS5
Lucinéa Marcelino Villela6
Ana Beatriz Taube Stamato7
Uma das grandes falácias quando mencionamos os termos acessibili-
dade e inclusão no Brasil é considerar que as melhorias estruturais e adap-
tações arquitetônicas têm solucionado os principais problemas de quase 45 
milhões de pessoas com deficiência, segundo o CENSO 2010. Na mesma 
dimensão, o fato de termos em nosso país inúmeras instituições de assis-
tência a pessoas com deficiência bem como diversas Secretarias da Pessoa 
com Deficiência e Mobilidade Reduzida também não tem ainda impactado 
o suficiente nossa sociedade para que encontremos um ambiente acadêmi-
co realmente acessível. 
5 Os resultados desta pesquisa estão articulados com o desenvolvimento do Projeto em rede 
“Acessibilidade no Ensino Superior”, financiado pelo Programa Observatório da Educação 
(Obeduc) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – Edital 
público n. 49/2012.
6 Doutora em Comunicação e Semiótica. Docente do Departamento de Ciências Humanas da 
Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) – UNESP- Bauru. Pesquisadora do 
projeto “Acessibilidade no Ensino Superior”, Observatório em Educação/CAPES. e-mail luci-
nea@rocketmail.com.
7 Graduanda em Comunicação Social - Rádio e TV da Faculdade de Arquitetura, Artes e Co-
municação (FAAC). UNESP - Bauru. Bolsista de Iniciação Científica (OBEDUC – CAPES) 
- “Acessibilidade no Ensino Superior”- e-mail ana_stamato@hotmail.com.
26 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
Neste capítulo trataremos especificamente das deficiências visual e au-
ditiva e dos recursos advindos da área de Tradução Audiovisual que permi-
tem que as pessoas com deficiências auditivas e visuais tenham o acesso a 
materiais pedagógicos com conteúdos em vídeo ou áudio no ambiente uni-
versitário. Não incluiremos em nossa pesquisa o estudo da língua brasileira 
de sinais (Libras), pois ela não está no escopo de nosso projeto, embora seja 
considerada essencial como recurso de inclusão dos surdos sinalizados no 
Ensino Superior.
Na primeira parte do capítulo apresentaremos os conceitos de audio-
descrição (AD) e legendagem para surdos e ensurdecidos (LSE) que adota-
mos como norteadores de nossa prática e, a seguir, elencaremos as técnicas 
adotadas para elaborar os produtos acessíveis para o Projeto de Pesquisa 
em Rede “Observatório em Educação” (OBEDUC). Reiteramos que nosso 
objetivo desde o início do projeto foi o de propor a conscientização de que 
o estudante com deficiência auditiva e visual deve ser incluído inteiramente 
na apresentação do conteúdo pedagógico. Isso implica na conscientização 
dos docentes, coordenadores de curso, reitorias e direção das unidades uni-
versitárias e, principalmente, da própria pessoa com deficiência que muitas 
vezes sente-se constrangida ao pedir aos docentes que sejam disponibiliza-
dos recursos como legendas ou audiodescrições para os materiais didáticos.
AUDIODESCRIÇÃO E LEGENDAGEM PARA SURDOS E ENSURDECIDOS COMO 
RECURSO DE INCLUSÃO ACADÊMICA
Trataremos de dois recursos nesta parte do capítulo: audiodescrição 
(AD) e legendagem para surdos e ensurdecidos (LSE). 
A audiodescrição é um recurso que permite à pessoa com deficiên-
cia visual o acesso à descrição ao vivo ou gravada em áudio de elementos 
verbais apresentados em diversos formatos e situações: vídeo, fotografia, 
encenações, cenas estáticas ou em movimento, escultura, eventos rotineiros 
(casamentos, partos, competições esportivas, etc), além de diversos produ-
tos artísticos e de entretenimento.
De acordo com a pesquisadora Lívia Motta:
A Audiodescrição é uma atividade de mediação linguística, uma 
modalidade de tradução intersemiótica, que transforma o visual 
em verbal, abrindo possibilidades maiores de acesso à cultura e à 
27
AUDIODESCRIÇÃO E LEGENDAGEM PARA SURDOS E ENSURDECIDOS NO CONTEXTO DO ENSINO SUPERIOR: APLICAÇÃO DE RECURSOS DE ACESSIBILIDADE NA 
PRODUÇÃO DE VÍDEOS INSTITUCIONAIS E CONCEITUAIS
informação, contribuindo para a inclusão cultural, social e escolar. 
Além das pessoas com deficiência visual, a audiodescrição amplia 
também o entendimento de pessoas com deficiência intelectual, 
idosos e disléxicos. (http:www.vercompalavras.com.br/definições)
O leque de situações e produtos que permitem a inserção da AD é tão 
imenso quanto a quantidade de signos não verbais existentes, ou seja, todo 
e qualquer signo não verbal pode ser audiodescrito, segundo nossa concep-
ção que advém da pesquisa de obras de autores pioneiros em audiodescri-
ção e em cursos que temos realizado desde 2012 .
Um de nossos escopos de pesquisa é o de produtos audiovisuais tais 
como materiais disponibilizados em vídeos, filmes, seriados, videoclipes, 
etc. Nesse contexto, tomamos como suporte teórico as definições do audio-
escritor alemão Bernd Benecke. 
Segundo Benecke (2004), a audiodescrição pode ser definida como:
[…] the technique used for making theatre, movies and TV program-
mes accessible to blind and visually impaired people: an additional 
narration describes the action, body language, facial expressions, sce-
nery and costumes. The description fits in between the dialogue and 
does not interfere with important sound and music effects. (p. 78)
Para que ocorra a inserção da ADem produtos audiovisuais, deve-
-se analisar suas cenas, enredo e escolher com precisão em quais inter-
valos serão inseridas as descrições, segundo critérios de priorização de 
alguns elementos em detrimento de outros. 
Segundo Benecke (2004), o processo de roteirização de AD deve sem-
pre ser feito em equipe, com consultor que possua deficiência visual para 
que atenda de forma eficaz o público-alvo. Ele menciona algumas etapas 
desse processo: a) escolha dos programas televisivos adequados (alguns 
possuem diálogos muito rápidos, fator que dificulta a inserção de AD); b) 
elaboração de um roteiro provisório; c) ajuste do nível do áudio do progra-
ma. Ainda, segundo o autor, ao produzirmos roteiros de audiodescrição, 
há a necessidade de nos colocarmos na perspectiva das pessoas com defi-
ciência visual para melhor adequarmos o roteiro. Defende que a locução 
seja mais discreta para dar destaque às falas originais e não ao conteúdo 
audiodescrito. 
28 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
Jimenez (2010) enumera as primeiras subetiquetas no nível da nar-
ração em relação aos personagens, são elas: a apresentação, identificação, 
atributos físicos, idade, etnia, aspecto, vestuário, expressão, traços físicos e 
linguagem corporal.
Snyder (2008) defende que ocorra a relevância da entonação da fala 
do audiodescritor/locutor de acordo com o conteúdo que está sendo au-
diodescrito, fazendo com que o espectador seja capaz de entender a carga 
dramática da obra.
Levando em consideração todos os conceitos apresentados anterior-
mente, consideramos que mesmo que a audiodescrição seja apresentada 
sem juízos de valor, na sua locução deve haver a entonação correta de 
acordo com cada assunto abordado.
O segundo recurso que pesquisamos é a legendagem para surdos e en-
surdecidos (LSE). Tal recurso é utilizado em materiais e/ou produtos au-
diovisuais ou em situações rotineiras e ao vivo.
A pesquisadora Élida Gama Chaves (2012) define a LSE como:
[...] um recurso de acessibilidade e uma modalidade de tradução 
que difere da legendagem para ouvintes no que diz respeito às in-
formações adicionais de identificação de falante e de efeito sonoro 
contidas na LSE, que se preocupa em traduzi-las para que o surdo 
possa ter acesso à trilha sonora do filme e para que não confunda 
quem está com o turno. (p.15)
Segundo a pesquisadora Vera Lúcia Araújo (2009), as LSEs no Brasil se 
diferem das legendas tradicionais devido aos seguintes aspectos:
1) Introdução de informações adicionais dependentes do canal au-
ditivo para que aqueles com deficiência possam acompanhar fil-
mes e programas de televisão; 2) questões técnicas; 3) concepções 
de tradução. (p. 247-248)
Embora o telespectador brasileiro já esteja acostumado com o modelo 
americano de legendas, chamado de closed caption (transcrições completas 
de todas as falas), consideramos que os parâmetros adotados no closed cap-
tion não são adequados para o público brasileiro com deficiência auditiva, 
pois há um excesso de linhas de legendas (algumas com três ou quatro 
linhas), várias legendas não estão sincronizadas e o excesso de caracteres 
29
AUDIODESCRIÇÃO E LEGENDAGEM PARA SURDOS E ENSURDECIDOS NO CONTEXTO DO ENSINO SUPERIOR: APLICAÇÃO DE RECURSOS DE ACESSIBILIDADE NA 
PRODUÇÃO DE VÍDEOS INSTITUCIONAIS E CONCEITUAIS
e a rapidez das legendas cansam as pessoas que assistem ao conteúdo 
legendado. 
Na próxima parte do capítulo, iremos discorrer com mais detalhes so-
bre as características técnicas adotadas para a elaboração das LSE. Adota-
mos o padrão brasileiro e buscamos um equilíbrio entre estética e fluidez 
das legendas, evitando, assim, legendas com muitos caracteres e extrema-
mente rápidas.
A importância de estudar os dois recursos de acessibilidade acima 
mencionados no contexto da inclusão da pessoa com deficiência no ensi-
no superior está no fato de que muitos conteúdos didáticos apresentados 
pelos docentes estão em formatos audiovisuais, sem o suporte de legendas 
ou audiodescrição. Percebemos essa realidade nos Cursos de Comunicação 
da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) da UNESP, 
campus de Bauru.
Em cursos como Jornalismo e Rádio e TV, diversas disciplinas têm o 
enfoque nos conteúdos audiovisuais, outras complementam seus conteú-
dos com áudios, documentários e outros gêneros do audiovisual.
PRODUTOS AUDIOVISUAIS ACESSÍVEIS: APLICAÇÃO DE TÉCNICAS E 
ESTRATÉGIAS EM ENTREVISTAS E EM VÍDEOS CONCEITUAIS
A fim de incluir recursos de acessibilidade em alguns produtos do Pro-
jeto de Pesquisa em Rede “Observatório em Educação” (OBEDUC), op-
tamos por produzir legendas para surdos e ensurdecidos (LSE) para uma 
entrevista concedida pelas pesquisadoras Lúcia Leite e Sandra Eli Martins, 
coordenadoras do projeto. A entrevista foi concedida em 31/10/2013 para 
o programa Diálogos, produzido pela TV UNESP em Bauru. 
O programa possui o formato de talk show e é apresentado pela jorna-
lista Mayra Ferreira. As pesquisadoras e coordenadoras do projeto OBE-
DUC foram convidadas para apresentar o tema “Acessibilidade no ensi-
no superior”. O programa está disponível no acervo online da TV UNESP 
(http://www.tv.unesp.br/2905).
Optamos por realizar a LSE a fim de que um tema com tal importância 
pudesse chegar ao maior número de pessoas possível. Infelizmente, não foi 
possível a inserção da audiodescrição (narração das imagens) da entrevista, 
tendo em vista que o formato do programa foca nos depoimentos de uma 
ou duas pessoas e, nesse caso específico, quase não houve tempo nenhum 
30 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
entre as falas. Uma possibilidade em outro produto desse gênero seria a 
inserção prévia da descrição do cenário, vestimentas da entrevistadora e 
das entrevistadas.
Segundo o conceito de tradução intersemiótica de Roman Jakobson 
(1995), a LSE é considerada uma tradução intralinguística, ou seja, ocorre 
a tradução do conteúdo oral de uma língua para o conteúdo escrito em for-
mato de legendas na mesma língua. Nesse caso, a entrevista e suas legendas 
foram inteiramente apresentadas em português. Porém, esse recurso não 
segue os parâmetros tradicionais de composição de legendas, pois ele serve 
para identificar os falantes e há as inserções de representações sonoras para 
facilitar a compreensão das pessoas que não podem ouvir.
Devemos distinguir os dois tipos de legendas: legenda oculta e legenda 
para surdos e ensurdecidos (também conhecida como legenda descritiva).
Segundo a Portaria n. 310 (27/06/2006) do Ministério das Comunica-
ções, a legenda oculta é considerada: 
A transcrição em português dos diálogos, efeitos sonoros e outras 
informações que não poderiam ser percebidas ou entendidas pelos 
deficientes auditivos. (p. 3)
A legenda fechada, também chamada de Closed Caption (CC), repro-
duz toda a fala original, com indicações do falante e do conteúdo sonoro de 
maneira genérica. É produzida por um decodificador que, ao ter acesso ao 
áudio reproduzido, transpõe o conteúdo para palavras.
A LSE, por sua vez, tem como objetivo facilitar a compreensão do 
conteúdo sonoro, por isso há preocupação em evitar as redundâncias 
cometidas na fala para que as legendas sejam as mais sucintas possíveis, 
desde que não haja perda do conteúdo.
O primeiro passo para a aplicação das LSE na entrevista concedida pe-
las coordenadoras do OBEDUC para a TV UNESP foi a transcrição total 
de todas as falas das entrevistadas. Nessa fase não houve preocupação na 
adaptação de vícios de linguagem, erros e redundâncias. Foi feita a trans-
crição na íntegra do programa, sem a classificação dos ruídos sonoros; fi-
zemos apenas a identificação dos falantes.
31
AUDIODESCRIÇÃO E LEGENDAGEM PARA SURDOS E ENSURDECIDOS NO CONTEXTO DO ENSINO SUPERIOR: APLICAÇÃO DE RECURSOS DE ACESSIBILIDADE NA 
PRODUÇÃO DE VÍDEOS INSTITUCIONAIS E CONCEITUAIS
O segundo passo consistiu na transformação do roteiro transcrito em legendas. Esse processo 
ocorre com a utilização do software livre“Subtitle Workshop”. 
O Subtitle Workshop permite ao legendista sincronizar facilmente le-
gendas. Ao utilizá-lo, podemos acompanhar simultaneamente o vídeo e a 
inserção de suas legendas. Devido à rapidez de alguns diálogos entre as 
entrevistadas, podemos notar que algumas inserções são feitas quadros an-
tes da fala efetivamente começar e outras ficam alguns quadros depois que 
a fala termina; porém, esse procedimento só pode ser utilizado caso não 
atrapalhe a sincronia das legendas seguintes.
Segundo os parâmetros internacionais mencionados por Araújo 
(2006), a velocidade de leitura de legendas que as pessoas têm encontra-se 
entre 150 a 180 palavras por minuto. As legendas devem durar no mínimo 
1 segundo e no máximo 6 segundos. Portanto, cada linha da legenda deve 
ter no máximo 32 caracteres.
Quando realizamos LSEs, algumas modificações são feitas em relação 
ao parâmetro tradicional, incluímos as indicações de sons e ruídos, estilo 
de música de fundo, indicações de falantes, etc.
Para que esses padrões sejam cumpridos, devemos adotar algumas me-
didas para que o sentido das falas seja mantido. Procura-se manter perío-
dos completos ou orações numa mesma legenda, mas caso ela tenha que ser 
dividida, busca-se manter juntos os sintagmas que transmitam uma ideia 
fechada.
32 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
O software Subtitle Workshop permite variações de cor, contorno, som-
breamento, tamanho da fonte e posicionamento das legendas na tela. Op-
tamos por utilizar as legendas centralizadas; porém, o alinhamento delas 
no canto da tela mais próximo do falante também é um recurso que ajuda 
na sua identificação e alguns países europeus e latinos adotam esse padrão. 
A configuração das legendas em um padrão de posicionamento facilita a 
retomada das legendas em sequência melhorando a velocidade de leitura.
Através do uso desse recurso, pudemos adequar a legenda acessível aos 
padrões de legenda internacionais como: condensação, uso da cor amarela 
ou branca, centralização, uso de no máximo 32 caracteres por linha e duas 
linhas por legenda.
Como transcrevemos o roteiro das falas na íntegra, o trabalho de conci-
são foi feito no momento da construção da legenda, com a ajuda da conta-
gem de caracteres do programa Subtitle Workshop, considerando cortes de 
cena e pausas dos personagens em suas falas para que a sincronia pudesse 
ser a mais equilibrada possível.
Em todo o processo houve a conferência dos momentos certos de in-
serção na tela de vídeo disponível pelo programa, permitindo a redução das 
falas e a sincronização das legendas no software.
33
AUDIODESCRIÇÃO E LEGENDAGEM PARA SURDOS E ENSURDECIDOS NO CONTEXTO DO ENSINO SUPERIOR: APLICAÇÃO DE RECURSOS DE ACESSIBILIDADE NA 
PRODUÇÃO DE VÍDEOS INSTITUCIONAIS E CONCEITUAIS
PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE VÍDEOS CONCEITUAIS
Com a proposta de apresentar os conceitos dos recursos por nós produ-
zidos (AD e LSE) e ao mesmo tempo torná-los acessíveis, desenvolvemos 
dois vídeos conceituais que explicam o processo de produção e utilização 
desses recursos de acessibilidade.
Abordando as definições dos recursos, suas aplicações e utilizando de 
dados estatísticos para alertar a sociedade em relação à necessidade de sua 
aplicação em todos os conteúdos audiovisuais acadêmicos, desenvolve-
mos roteiros com estrutura simples, mas ao mesmo tempo explicativos ou 
pedagógicos. 
Para o processo de pesquisa de conteúdo também contamos com con-
sultores/ usuários de AD e LSE para sabermos sua relação com eles e um 
pouco mais sobre outros recursos de acessibilidade para deficientes auditi-
vos e visuais, tais como Braille e Libras.
Com a preocupação de padronizar os dois roteiros em uma mesma 
linguagem e estilo, eles passaram por uma revisão conceitual dada pelas 
coordenadoras do OBEDUC e outros colaboradores.
O roteiro, inicialmente, constituiu-se apenas de um guia para a locu-
ção base das informações expostas no vídeo. Foi necessário fazer uma pré-
-gravação desse roteiro para que as imagens fossem trabalhadas em cima da 
minutagem precisa das locuções.
Com a gravação da locução base e através de discussões sobre o concei-
to que usaríamos no vídeo, optamos por desenvolver os dois produtos em 
animação. Essa animação foi construída através do software After Effects 
disponível dentro do pacote da Adobe.
Foi realizada uma pesquisa de imagens que complementasse a locução 
e a adaptação do texto para uma linguagem mais simples, para que fosse 
então passado para o formato de animação. Utilizamos o software para cap-
tação das imagens correspondentes às locuções.
Buscamos padronizar as cores inseridas dentro das animações para que 
se mantivesse a identidade visual do produto. O estilo das imagens e gráfi-
cos também seguiram esse padrão.
Alguns dos textos são bem semelhantes sendo construídos igualmente 
dentro dos dois vídeos, porém nas partes específicas relativas a cada recur-
so de acessibilidade (AD e LSE) optamos por destacar suas peculiaridades.
34 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
No vídeo conceitual de legendagem para surdos e ensurdecidos, desen-
volvemos uma simulação de roll-up (legendas que rolam para cima) para 
ilustrar como esses conteúdos podem ser apresentados para o público. 
Já no vídeo sobre audiodescrição, escolhemos o desfoque com o obje-
tivo de causar sensibilidade no telespectador vidente que no começo não 
consegue ler a mensagem escrita na tela, mas depois começa a enxergá-la 
com nitidez.
Como a locução foi transcrita em imagens, não sentimos a necessidade 
de desenvolver legendas para surdos e ensurdecidos dentro do produto, já 
que a essência de tudo o que estava sendo falado se encontra na tela.
No entanto, depois de expormos o produto e de analisarmos repetidas 
vezes, percebemos que talvez fosse interessante complementar as imagens 
35
AUDIODESCRIÇÃO E LEGENDAGEM PARA SURDOS E ENSURDECIDOS NO CONTEXTO DO ENSINO SUPERIOR: APLICAÇÃO DE RECURSOS DE ACESSIBILIDADE NA 
PRODUÇÃO DE VÍDEOS INSTITUCIONAIS E CONCEITUAIS
com mais algumas informações escritas para que os deficientes auditivos 
não se sentissem prejudicados em relação ao conteúdo sonoro com maior 
detalhamento.
Para os vídeos conceituais focamos na produção da Audiodescrição. 
Com o intuito de promover a tradução intersemiótica entre imagem e som, 
a AD serve como suporte acessível para aqueles que não podem ver o que 
está sendo reproduzido na tela.
Como já apresentado na primeira parte deste capítulo, por ser colocada 
apenas nos espaços entre as falas, a AD deve ser sucinta e narrar conteúdos 
de extrema relevância para a narrativa.
O diferencial dos dois vídeos conceituais encontra-se no fato de que 
foram produzidos desde sua concepção com o objetivo de inserção da AD. 
Dessa forma, propositalmente, houve a ampliação dos espaços entre as fa-
las dentro do software de edição, o que permitiu a exploração de maiores 
detalhes das suas imagens.
Optamos por descrever as cores de cada tela e suas mudanças, pois elas 
foram pensadas dentro de um conceito de identidade visual, construindo 
um significado dentro do produto audiovisual. Além disso, figuras e logo-
marcas também foram descritas.
Depois do desenvolvimento da animação, baseada na locução prévia 
do roteiro, foi possível a locução final do produto acompanhando as ima-
gens produzidas. Foram feitas algumas alterações para o produto, o que 
exigiu também algumas adaptações nas imagens de animação.
Com a revisão das imagens e a locução final gravada, passamos para a 
etapa da audiodescrição. Ela também exigiu que alguns trechos de silêncio 
fossem ampliados, isso fez com que a animação e a locução tivessem que 
ser alteradas.
Como mencionado anteriormente, a animação é produzida pelo sof-
tware After Effects, disponível no pacote de programas da Adobe. Com esse 
software é possível a criação de animações, mas não a inserção sonora. Para 
que o conteúdo das locuções pudesse ser manipulado juntamente com a 
imagem, foi necessárioo uso do Adobe Premiere, disponível no mesmo pa-
cote de softwares.
 Nesse programa de edição de vídeos, há possibilidade de junção de 
imagem e som em mais de uma trilha, ou seja, vários vídeos e áudios po-
dem ser manipulados gerando um produto único.
36 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
O software Adobe Premiere permite a junção das imagens de anima-
ção, da trilha de locução/narração e da trilha de audiodescrição, produzida 
posteriormente. Cabe salientar que para melhor entendimento das pessoas 
com deficiência visual, é recomendável que a locução e a audiodescrição 
sejam feitas por vozes diferentes, preferencialmente uma masculina e outra 
feminina para que a narração do vídeo se diferencie da aplicação do recur-
so de acessibilidade.
CONCLUSÕES
Nossos projetos, dentro do Projeto Observatório em Educação, foca-
ram na inserção de recursos de acessibilidade para diversos produtos au-
diovisuais e tiveram embasamento teórico nas propostas apresentadas nos 
estudos de Chaume (2010) e Romero (2013), os quais de forma comple-
mentar defendem que a Tradução Audiovisual seja estudada em conjunto 
com a área de Produção Cinematográfica.
Em seu artigo, Chaume (2010) reforça o conceito do processo de 
tradução, segundo o qual, obrigatoriamente deve haver a presença de 
um código linguístico para que ela ocorra. Dessa forma, nos códigos 
linguísticos presentes em textos audiovisuais de filmes, seriados e de-
mais gêneros audiovisuais, deparamo-nos com um texto escrito que 
tem que ser espontâneo na sua apresentação oral. Tal equilíbrio entre 
discurso escrito e oralizado sempre é um desafio que deveria ser enfren-
tado pelo tradutor em conjunto com o produtor dos diversos gêneros 
audiovisuais.
Na maioria das vezes, os roteiristas e diretores não preveem a inserção 
de legendas, audiodescrições e até mesmo da dublagem na concepção de 
seus produtos audiovisuais. Tanto Chaume quanto Romero propõem o es-
tudo colaborativo das duas áreas.
Romero (2013) apresenta sua proposta “idealista”: 
From the point of view of research and teaching, accessible film-
making entails an exchange between film(making) studies and AVT, 
where film scholars and film students learn about the aspects of AVT 
and accessibility that may have an effect on the realisation and re-
ception of (their) films, while AVT scholars and translation students 
explore the elements from filmmaking and film studies that can con-
37
AUDIODESCRIÇÃO E LEGENDAGEM PARA SURDOS E ENSURDECIDOS NO CONTEXTO DO ENSINO SUPERIOR: APLICAÇÃO DE RECURSOS DE ACESSIBILIDADE NA 
PRODUÇÃO DE VÍDEOS INSTITUCIONAIS E CONCEITUAIS
tribute to the theory and practice of translation and accessibility.
(p. 211)
A junção de áreas complementares como Tradução Audiovisual e Pro-
dução Cinematográfica só corroboram a ideia de que, para que seja com-
pletamente eficaz, a acessibilidade não seja realizada apenas como uma 
pós-produção, mas seja concebida em todas as etapas da produção.
Buscamos unir em nossos produtos audiovisuais (entrevistas legenda-
das e vídeos conceituais), as técnicas da área de audiodescrição e de le-
gendagem para surdos e ensurdecidos com alguns conceitos de Tradução 
Audiovisual e de Produção Cinematográfica, visando assim colocar em 
prática nossa própria visão de acessibilidade no ensino superior.
De acordo com Romero (2013), 
By integrating AVT (audiovisual translation) and accessibility as 
part of the filmmaking process, accessible filmmaking addresses all 
the elements that filmmakers must take into account in order to 
make their films accessible not only to viewers with hearing or visual 
loss, but also to viewers in other languages. We are thus no longer 
referring to a minority, but to a large share of the audience.(p. 208)
Concordamos com Romero em sua visão de produto audiovisual que 
pressupõe que no processo de roteirização sejam previstos os recursos de 
acessibilidade. Entendemos que, em nosso projeto, realizamos de forma 
eficaz produtos que além de apresentar a definição dos recursos de acessi-
bilidade (AD e LSE) também inserem tais recursos na sua edição final. A 
inclusão da pessoa com deficiência, em nossa perspectiva, abrange políticas 
de conscientização sobre a serventia dos recursos de acessibilidade para 
que naturalmente surjam demandas para a audiodescrição e a legendagem 
para surdos e ensurdecidos. 
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39ACESSIBILIDADE NOS PORTAIS ELETRÔNICOS DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS E FEDERAIS DO BRASIL
C A P Í T U L O 3 
ACESSIBILIDADE NOS PORTAIS 
ELETRÔNICOS DAS UNIVERSIDADES 
ESTADUAIS E FEDERAIS DO BRASIL8
Gabrielle Sasse Pryor de Sousa9 
Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins10
Lúcia Pereira Leite 11
CONCEITO DE INCLUSÃO
O conceito de inclusão vem ganhando espaço no cenário brasileiro ao 
longo dos últimos anos em diferentes contextos. Tal variação da palavra 
“inclusão” tem colaborado muitas vezes para um modismo vazio de signi-
ficado (ARANHA, 2001). 
Sassaki (2009, p.1), por sua vez, afirma que o conceito de inclusão pode 
ser definido como:
8 Os resultados desta pesquisa estão articulados com o desenvolvimento do Projeto em rede 
“Acessibilidade no Ensino Superior”, financiado pelo Programa Observatório da Educação 
(Obeduc), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – Edital 
público n. 49/2012.
9 Graduanda em Psicologia - Faculdade de Ciências - UNESP/Bauru. Bolsista OBEDUC – CA-
PES “Acessibilidade no Ensino Superior”, Proj. 8224/12. Email: gabipryor@hotmail.com. 
10 Professora do Departamento de Educação Especial e do Programa de Pós-Graduação em Edu-
cação,da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP - Campus de Marília. e-mail: sandreli@
marilia.unesp.br 
11 Professora do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia 
do Desenvolvimento e da Aprendizagem, da Faculdade de Ciências, da UNESP - Campus de 
Bauru. e-mail: lucialeite@fc.unesp.br 
40 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
[...] O processo pelo qual os sistemas sociais comuns são tornados 
adequados para toda a diversidade humana - composta por etnia, 
raça, língua, nacionalidade, gênero, orientação sexual, deficiência 
e outros atributos - com a participação das próprias pessoas na for-
mulação e execução dessas adequações. 
Faz-se necessário compreender que a formação do conceito de inclusão 
é parte de um longo processo da relação da sociedade com a pessoa com 
deficiência. Uma visão mais atual desse conceito surge quando se ampliou 
a discussão sobre a participação social da pessoa com deficiência como 
qualquer outro cidadão. Nas palavras de Aranha (2001, p.19), “cabe à so-
ciedade oferecer os serviços que os cidadãos com deficiência necessitarem 
(nas áreas física, psicológica, educacional, social, profissional)”, bem como 
“garantir-lhes o acesso a tudo de que dispõe, independente do tipo de defi-
ciência e grau de comprometimento apresentado pelo cidadão”. 
A inclusão social pode ser entendida como um processo para favorecer 
as condições necessárias para que todos tenham garantido o direito de ci-
dadãos, ou seja, propiciar qualidade de vida (com acesso à educação, saúde, 
lazer, trabalho, habitação, dentre outros direitos) para a cidadania plena 
– mecanismos, meios e conhecimentos de participação política, que capa-
citem o agir de forma fundamentada e consciente. 
 O contexto social e econômico do Brasil para a formação de uma es-
trutura social inclusiva ainda está longe do idealizado. O país, por razões 
históricas, concentrou enorme desigualdade social no que se refere à dis-
tribuição de suas riquezas, ao acesso à saúde, à educação, a bens materiais 
e culturais, como também da apropriação de conhecimentos científicos e 
tecnológicos, produzindo a segregação e a exclusão de grupos minoritários. 
Mais complexa que a definição de inclusão é a mudança na prática das 
ações dirigidas às pessoas com deficiência. Muitos desafios ainda existem, 
e é necessário um longo processo de transformação da realidade social para 
que possam participar ativamente das esferas sociais, de modo mais justo 
e igualitário. 
Por meio de um movimento dialético, as transformações sociais refletem 
na renovação e na reorganização de princípios e condutas da estrutura socio-
cultural de um país. Este, por sua vez, é representado por uma instituição social 
central denominada Estado, que expressa as suas orientações e normativas pela 
promulgação de suas políticas públicas. Porémy e Guaralgo (2011) afirmam 
que as políticas públicas
41ACESSIBILIDADE NOS PORTAIS ELETRÔNICOS DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS E FEDERAIS DO BRASIL
existem para que um governo, por meio de sua gestão, ofereça me-
lhores condições de vida à sociedade de um país. [...] políticas pú-
blicas são criadas por um Estado para que este possa administrar 
o orçamento e destinar recursos públicos à sua população a fim 
de garantir que todos, sem exceção, possam usufruir dos mesmos 
benefícios, sobretudo, visando à equidade social. (p. 4)
Nesse aspecto, compreende-se que as políticas públicas expressam os 
objetivos e práticas de um país e, por intermédio da gestão administrativa, 
possibilitam o desenvolvimento de condições sociais aos seus habitantes. 
A elaboração de políticas públicas deve contemplar, portanto, a superação 
das barreiras de acessibilidade, com vistas à inclusão social dos cidadãos, 
atenuando a desigualdade encontrada no país. No entanto, o desenvolvi-
mento de uma política pública envolve etapas distintas, que contemplam: 
a) a identificação de uma questão a ser resolvida ou um conjunto de direi-
tos a serem efetivados a partir de um diagnóstico do problema; b) a formu-
lação de um plano de ação para o enfrentamento do problema; c) decisão 
e escolha das ações prioritárias; d) a implementação (por meio de leis e 
procedimentos administrativos); e) a avaliação dos resultados alcançados 
(PÓLIS, 2006, p. 2).
Todo esse processo prescinde de monitoramento e de fiscalização rea-
lizados por órgãos do governo e atores da sociedade civil, havendo devida 
transparência à população quanto às informações sobre as políticas públi-
cas do país. 
De acordo com o relatório “Monitoramento Internacional dos Direitos 
dos Deficientes”, realizado pelo Centro para a Reabilitação Internacional, 
em 2004, o país tem a melhor legislação para deficientes das Américas, des-
tacando os dispositivos constituintes que garantem, em termos normativos, 
ajuda financeira, integração social e assistência educacional, além de proi-
bir discriminação no trabalho, estabelecer cotas para a inserção de pessoas 
com deficiência no funcionalismo público e obrigar a criação de acesso 
facilitado em prédios e transportes públicos (BENEVIDES, 2004).
Todavia, no país onde a legislação referente às pessoas com deficiência 
é considerada modelo, a realidade não corresponde ao que é previsto em 
lei, como apontado por Teresa Amaral do Instituto Brasileiro dos Direitos 
da Pessoa com Deficiência (IBDD):
42 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ENSINO SUPERIOR
As políticas públicas ainda são muito desconectadas da realidade das 
pessoas com deficiência. Há tentativas, nas três esferas de governo, 
de se avançar no tema, mas são incipientes, porque ainda não há no 
Brasil uma cultura da política pública efetivamente trabalhada para 
as dificuldades da vida diária. O Brasil tem a melhor legislação das 
Américas nessa área, mas ainda não respeitada e, portanto, não há 
efetivação dos direitos das pessoas com deficiência. (ARAÚJO, 2013)
Um dos aspectos que podem auxiliar na diminuição da desigual-
dade e segregação social é a remoção das barreiras de acesso. Na Lei 
nº 10.098/2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para 
a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência e/ou mobi-
lidade reduzida, as barreiras são definidas como “qualquer entrave ou 
obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento e 
a circulação com segurança das pessoas” (BRASIL, 2000), classificadas 
em barreiras arquitetônicas e nas comunicações. Para que haja a supe-
ração de tais barreiras, são de extrema importância a implantação e a 
execução de políticas públicas.
A mesma normativa define acessibilidade como:
a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segu-
rança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos ur-
banos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de 
comunicação, por pessoas portadoras de deficiência ou com mobi-
lidade reduzida (BRASIL, 2000). 
Mais adiante, o art. 17 afirma ser direito ao acesso à informação, à co-
municação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte e ao 
lazer. Partimos aqui do pressuposto de que os conceitos de acessibilidade e 
de inclusão são processos intrinsicamente conectados, sendo a acessibilidade 
condição fundamental para todo e qualquer processo de inclusão social. 
As barreiras de acesso se apresentam além da infraestrutura física, 
abrangendo áreas como a comunicação, o ensino, o trabalho, o lazer, en-
tre outros. Nesse cenário, a acessibilidade extrapola a questão conceitual 
e incorpora ações objetivas para o desenvolvimento social de uma nação. 
Modificado ao longo da história, o conceito de acessibilidade está atrelado 
para orientar, por exemplo, o planejamento e ações arquitetônicas, comuni-
cacionais, metodológicas, instrumentais, programáticas e atitudinais, com 
a preocupação de garantir uma sociedade mais igualitária. 
43ACESSIBILIDADE NOS PORTAIS ELETRÔNICOS DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS E FEDERAIS DO BRASIL
Contudo, dentre o limite da proposta, este texto optou em

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