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1 Disciplina: Acessibilidade, Tecnologias Assistivas e Comunicação Alternativa e Aumentativa Autores: M.e Wanderlane Gurgel do Amaral Revisão de Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva / D.ra Maria Tereza Costa Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2017 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Wanderlane Gurgel do Amaral Acessibilidade, Tecnologias Assistivas e Comunicação Alternativa e Aumentativa 1ª Edição 2017 Curitiba, PR São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA AMARAL, Wanderlane Gurgel do. Acessibilidade, Tecnologias Assistivas e Comunicação Alternativa e Aumentativa / Wanderlane Gurgel do Amaral. – Curitiba, 2017. 24 p. Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva / Maria Tereza Costa. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Acessibilidade, Tecnologias Assistivas e Comunicação Alternativa e Aumentativa – Faculdade São Braz (FSB), 2017. ISBN: 978-85-94439-09-3 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da disciplina Nesta disciplina serão evidenciadas a Acessibilidade, as Tecnologias Assistivas e a Comunicação Alternativa e Aumentativa e como aplicá-los em ambiente escolar. 6 Aula 1 – Acessibilidade Apresentação da aula 1 Nesta aula será enfatizado o conceito de acessibilidade, evidenciando o que é, onde e como ela deve ser utilizada. 1. Acessibilidade A acessibilidade no Brasil está prevista na Lei 10.048/00 que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e dá outras providências, na Lei 10.098/00 que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras providências, bem como no Decreto 5.296/04 que regulamenta essas duas Leis. Que a vida é cheia de obstáculo, todos sabemos, mas o que muitas pessoas não sabem é que muitos desses obstáculos sofridos no dia a dia podem ser evitados se as pessoas estivessem ligadas na palavra ACESSIBILIDADE. 1.1 O que é acessibilidade? O termo Acessibilidade origina-se do Latim accessus, “que significa “aproximação, chegada”. Essa palavra em Latim vem de accedere, formada por AD-, que significa “a” ou “em” e cedere, que significa “ir, mover-se””. (MICHAELIS, 2000, p. 37). Acessibilidade tem várias conotações quando nos referimos a acesso, locomoção, espaços, uma vez que tem como um dos focos, deixar o mundo mais acessível, com o intuito de ajudar a todos a ir e vir com segurança e autonomia. Conforme a Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência (S/d, página inicial): Acessibilidade é um atributo essencial do ambiente que garante a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Deve estar presente nos espaços, no meio físico, no transporte, na informação e comunicação, inclusive nos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como em outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na cidade como no campo. 7 Vale reforçar que, a acessibilidade é o direito de usar os espaços e serviços que a cidade oferece independente da capacidade de cada um. Isso parece obvio, mas na prática, exercer o direito de acessibilidade pode ser bem complicado. Por exemplo: uma criança precisa de uma cidade onde seus responsáveis possam levá-la para passear sem dificuldades. Acessibilidade é ter alternativa para subir uma escada. Também é o problema de quem anda de cadeira de rodas e não consegue subir em uma calçada porque não tem rampa ou porque um carro estacionou na frente dela. Precisamos de um mundo onde o necessário esteja ao nosso alcance, seja em nossas limitações temporárias ou definitivas, todos nós, em algum momento da vida precisamos de acessibilidade. Limites e alcances Fonte: (ALENCASTRO, 2013). Pode-se ter acessibilidade quando uma mulher grávida necessita (e tem) prioridade nas filas de bancos e/ou outras instituições, quando a cidade tem recursos para o deficiente visual se localizar e se locomover do seu jeito (facilitando o seu acesso), ou disponibilize recursos que orientem a pessoa com deficiência intelectual por onde ela passa; ou quando há acompanhamento da velocidade das pessoas idosas. Pois acessibilidade, também é conviver com as diferenças. Ela é uma conquista adquirida e deve ser cobrada por todos, desde os prefeitos (e demais representantes do povo), das lojas, dos cinemas, dos shoppings, dos bancos, do lugar onde você mora ou dos lugares onde você passa. 8 Para a Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência (S/d.), acessibilidade: É um tema ainda pouco difundido, apesar de sua inegável relevância. Considerando que ela gera resultados sociais positivos e contribui para o desenvolvimento inclusivo e sustentável, sua implementação é fundamental, dependendo, porém, de mudanças culturais e atitudinais. Assim, as decisões governamentais e as políticas púbicas e programas são indispensáveis para impulsionar uma nova forma de pensar, de agir, de construir, de comunicar e de utilizar recursos públicos para garantir a realização dos direitos e da cidadania. (BRASIL, S/p.). O mundo onde vivemos pode ser diferente, torná-lo acessível é um compromisso de todos. Segundo o censo do IBGE de 2010 cerca de 11,3% da população brasileira tem mais de 60 anos e cerca de 45 milhões apresentam algum tipo de deficiência. Por isso a acessibilidade está prevista em Lei e depende da eliminação das barreiras que impedem o acesso a áreas de circulação, seja ela horizontal ou vertical, faz-se importante também o entendimento de que a participação de todos é importante nesse processo. De acordo como Decreto 5.296/04, todos os edifícios de uso coletivo, públicos ou privados devem se adaptar afim de apresentar todas as condições de acessibilidade. 1.2 Acessibilidade na escola Falar de acessibilidade na escola, logo vem à mente, mesas adaptadas para cadeiras de rodas, rampas, sala de recursos multifuncionais etc., porém a acessibilidade deve começar no entorno da escola, por exemplo, com semáforos sonoros, calçadas com acesso para cadeirantes, piso táteis dentre outros. No ingresso do estudante a escola deve tera sensibilidade de fazer a ambientação do mesmo, mas também deve considerar sua acessibilidade arquitetônica que precisa ter: piso de alerta e identificação de degraus nas escadas; elevador com aviso sonoro de andar; plano de aula inclusivo; sala de recursos multifuncionais; brinquedoteca com brinquedos de encaixe, livro sensorial inclusivo etc. 9 Conforme Matsuoka (2008), o desenvolvimento da criança acontece geralmente de forma similar para todas as crianças inclusive para os bebês. A ordem dos acontecimentos não muda muito para uma criança sem deficiência da criança com necessidades especiais. 1.2.1 Acessibilidade na sala de aula Na sala de aula ao utilizar recursos pedagógicos, (por exemplo, formas, cores, tamanhos, dentre outros), a professora deve saber que além do ato motor de pôr e tirar, ela tem que começar a perceber tamanhos e formas diferentes. Assim as crianças vão tendo aquisições que durante o processo e no decorrer do tempo vão refinando a parte manual. Ao selecionar os brinquedos, não oferte muitas opções de uma só vez. Tenha o cuidado na apresentação desses brinquedos, para que não tenham muitas informações visuais, auditivas, dentre outras, pois esse cuidado ajudará a criança a se concentrar em uma determinada atividade e/ou situação. Todas essas informações nos ajudarão a entender que a acessibilidade acontece para pessoas com ou sem deficiência, que nós também somos responsáveis pela acessibilidade quando ajudamos ou orientamos as pessoas com necessidades especiais, seja na sua locomoção, seja dando informações. Pois, nada tira da pessoa com deficiência os seus direitos e, entre esses direitos está a cidadania. Muitos dos obstáculos que as pessoas com deficiência enfrentam poderiam ser eliminados (ou amenizados) se todos pensassem em acessibilidade, a qual objetiva deixar o mundo mais acessível, com o intuito de ajudar a todos a ir e vir com segurança e autonomia. Resumo da aula 1 Nesta aula abordou-se o conceito de Acessibiliade, evidenciando como e quando a acessibilidade aplica-se no ambiente escolar. Atividade de Aprendizagem Discorra a respeito da Acessibilidade e sua aplicação no ambiente escolar. 10 Aula 2 – Tecnologia Assistiva Apresentação da aula 2 Nesta aula o foco será a Tecnologia Assistiva, evidenciando a sua utilização em sala de aula e como e quando utilizá-las no ambiente escolar. 2. Tecnologia Assistiva As Tecnologias Assistivas (TA), são recursos e equipamentos, os quais podem ser uma bengala, ou pode ser uma tecnologia de ponta. Conforme o próprio nome diz, são tecnologias que auxiliam, ampliam, facilitam a vida diária das pessoas com deficiência. Antes do Decreto nº 5.296/2004 as TA eram chamadas de Ajudas Técnicas. Para o Comitê de Ajudas Técnicas (2008): Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (BRASIL, 2008). Anteriormente as Tecnologias Assistivas eram chamadas de Ajudas Técnicas. As políticas públicas voltadas para essa área começaram a tomar rumo quando foi estabelecido o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) em novembro de 2006. O intuito era aperfeiçoar, dar transparência e legitimar o movimento da Tecnologia Assistiva no Brasil. “O CAT foi estabelecido pelo Decreto nº 5.296/2004 no âmbito da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República” (BRASIL, 2009 p. 9). O Decreto 5.296/04 dá prioridade de atendimento às pessoas com necessidades educativas especiais, e o decreto 10.098/02, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências, especificamente no Parágrafo VII Das Ajudas Técnicas, Art. 61, definem ajuda técnica como: [...] os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa 11 portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida. (BRASIL, 2004). A nomenclatura correta é pessoa com deficiência. Considera-se que a pessoa não porta uma determinada deficiência, ela tem. As TAs são utilizadas no Atendimento Educacional Especializado (AEE) no qual um dos objetivos é que a incapacidade de comunicação e oralidade do indivíduo sejam minimizadas. Por esse motivo, “o Atendimento Educacional Especializado faz uso da Tecnologia Assistiva direcionada à vida escolar do educando com deficiência, visando a inclusão escolar”. (BERSCH & MACHADO, 2007, p. 27). No geral os serviços de TA são multidisciplinares, ou seja, esses serviços envolvem vários profissionais, como: psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, dentre outros. Porém, principalmente devem envolver o estudante e sua família que são os maiores interessados em que esses serviços sejam viáveis e eficientes. “A aplicação de Tecnologia Assistiva abrange todas as ordens do desempenho humano, desde as tarefas básicas de autocuidado até o desempenho de atividades profissionais” (BRASIL, 2009, p. 12). O AEE também pode utilizar-se de TA nas seguintes modalidades: Comunicação Aumentativa e Alternativa, Materiais Didáticos, Desenvolvimento de projetos, recursos de informática e mobiliário adaptados, pois esse serviço é aquele “que estruturará e disponibilizará o Serviço de TA e, os espaços para organização desse serviço serão as “Salas de Recursos Multifuncionais”. (BERSCH, 2007, p. 33). 2.1 Categorias de Tecnologia Assistiva Para facilitar pesquisas, recursos e até mesmo para a especialização dos profissionais, a TA se organiza em modalidades. Bersch (2007, p. 37), descreve algumas delas da seguinte forma: 12 Auxílios para a vida diária e vida prática (Exemplos: Alimentação: fixador do talher à mão, anteparos de alimentos no prato, fatiador de pão; Vestuário: abotoador, argola para zíper e cadarço mola; Materiais escolares: aranha mola para fixação da caneta, pulseira de imã estabilizadora da mão, plano inclinado, engrossadores de lápis, viradores de páginas por acionadores); Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) (Exemplos: Prancha de comunicação impressa; vocalizadores de mensagens gravadas; prancha de comunicação gerada com o software Boardmaker SDP no equipamento EyeMax [símbolos são selecionados pelo movimento ocular e mensagem é ativada pelo piscar] e pranchas dinâmicas de comunicação no tablet. Acrescento a essa lista o mouse ocular, que capta os movimentos dos músculos ao redor dos olhos, amplifica e envia os dados para o computador e o usuário pode navegar na internet, copiar, colar, recortar etc., utilizando os movimentos dos olhos); Recursos de acessibilidade ao computador (Exemplos: Controle de ambiente a partir do controle remoto (casa inteligente). Projeto de acessibilidade no banheiro, cozinha, elevador e rampa externa); Órteses e Próteses (Exemplos: Próteses de membros superiores e órtese de membro inferior); Adequação Postural (posicionamento para função) (Exemplos: poltrona postural e estabilizador ortostático); Auxílios de mobilidade (Exemplos: Cadeiras de rodas motorizadas; equipamento para cadeiras de rodas subirem e desceram escadas, Carrinho de transporte infantil, cadeira de rodas de autopropulsão, andador com freio); Auxílios para qualificação da habilidade visual e recursos que ampliam a informação as pessoas com baixa visão ou cegas (Exemplos: Lupas manuais, lupa eletrônica, aplicativos para celulares com retorno de voz,leitor autônomo); 13 Auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo (Exemplos: Aparelho auditivo; celular com mensagens escritas e chamadas por vibração, aplicativo que traduz em língua de sinais mensagens de texto, voz e texto fotografado); Mobilidade em veículo (Exemplos: Adequações no automóvel para dirigir somente com as mãos e elevador para cadeiras de rodas); Esporte e lazer (Exemplos: Cadeira de rodas/basquete, bola sonora, auxílio para segurar cartas e prótese para escalada no gelo). Cada uma dessas categorias são TA que auxiliam e “contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover vida independente e inclusão. (BERSCH, 2013, p. 2 apud BERSCH & TONOLLI, 2006). Assim sendo, elas trazem facilidades e principalmente mobilidades para as pessoas que antes não poderiam realizar tarefas simples por falta de auxílio tecnológico. Radabaugh (1993), afirma que: “para as pessoas sem deficiência a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis”. (BERSCH, 2013, p. 2 apud RADABAUGH, 1993). Resumo da aula 2 Nesta aula o foco foi nas Tecnologias Assistivas, evidenciando como e quando as mesmas podem ser aplicadas no ambiente escolar. Atividade de Aprendizagem Discorra a respeito das Tecnologias Assistivas aplicadas no ambiente escolar. 14 Aula 3 – Recursos pedagógicos adaptados Apresentação da aula 3 Nesta aula o foco será nos Recursos Pedagógicos Adaptados e nos Recursos para a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), como ferramentas de mediação pedagógica e da vida diária das pessoas com deficiência. 3 – Recursos pedagógicos adaptados Quando paramos para nos colocarmos no lugar do outro, percebemos que somos todos iguais. Iguais, perante a Lei, iguais nos direitos constituídos, iguais nos sentimentos e emoções, porque todos somos todos da raça humana e como todos ser humano, temos características iguais. Porém, algumas pessoas nascem ou adquirem algum tipo de deficiência que podem limitá-las de algumas atividades, mas, não barrá-las. É com esse intuito que lhe convido a conhecer os recursos pedagógicos adaptados, que são recursos utilizados não somente na escola, mas, também no dia a dia da pessoa com deficiência. 3.1 Recursos pedagógicos adaptados Pessoa com deficiência Fonte: ©Freepik 15 Para que a inclusão aconteça de fato é preciso observar alguns fatores e, uma vez que a inclusão escolar também é socioafetiva, a afetividade é um deles, mas para isso, é preciso que haja uma consciência de todos os envolvidos no processo socioeducacional e afetivo, pois, só assim, começaremos a pensar a inclusão como ela realmente deve ser. Conforme o Catálogo de Materiais Pedagógicos Adaptados da Fundação Catarinense de Educação Especial material pedagógico adaptado é: [...] um recurso capaz de acolher a singularidade dos educandos que frequentam o sistema regular de ensino ou instituições especializadas, possibilitando ao educador e ao educando condições necessárias e, mecanismos que favoreçam uma construção rica do processo seletivo, no tocante às mediações realizadas em sala de aula, contribuindo, dessa forma, para a ampliação das possibilidades de organização da estrutura de ensino e de interação social destes indivíduos. (SANTA CATARINA, 2009, p. 10) Considerando que as ajudas técnicas permitem compensar uma ou mais limitações do estudante com necessidades educativas especiais; que a decisão da escolha desses recursos deve acontecer entre professor e estudante e que, “o educando deve sentir-se acolhido e perceber que a diversidade não se constitui um obstáculo e sim um estímulo para a formação de consciência de todos os envolvidos no processo socioeducacional e afetivo” (BRASIL, 2002, p. 3), podemos dizer que a definição apresentada trata da afetividade e da tentativa de compensação ou diminuição de limitações das funções motoras, sensoriais ou mentais da pessoa com deficiência, além da interação socioeducacional entre professor e estudante. Para um maior entendimento sobre os recursos pedagógicos propriamente ditos, faz-se importante o entendimento do que são as “ajudas técnicas”, as quais são contempladas na Constituição da República Federativa do Brasil/1988, especificamente no inciso IV, do artigo 208, no artigo 59 inciso I da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96) e nas Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica (Resolução número 2/2001). Conforme Brasil (2002, p. 4): [...] consideram-se ajudas técnicas os elementos que permitem compensar uma ou mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou 16 mentais da pessoa com deficiência, com o objetivo de permitir-lhe superar as barreiras da comunicação e da mobilidade. Por isso, o principal objetivo é a busca por recursos pedagógicos adaptados a situações educativas, que possam minimizar e/ou auxiliar o estudante com relação às limitações funcionais, físicas, motoras e sensoriais. Para Brasil (2002, p. 3): A decisão de escolher um recurso é bilateral, deve auxiliar ao aluno e ao professor. Essa decisão pode ser totalmente diferente em se tratando de dois alunos com a mesma deficiência, ou seja, para um a decisão sobre a ajuda técnica pode recair sobre o ato de escrever e para outro, a importância pode focalizar o ato de ler. Devemos procurar entender primeiramente como o estudante aprende, quais são seus anseios e o que é melhor para ele, pois: Entendemos que o fato de a pessoa ter deficiência física, não significa que o “outro” detenha o “poder” de lhe “completar ou assistir” na limitação que apresenta. Significa que o aluno com deficiência física deve participar na escolha daquilo que lhe for “assistir”. (BRASIL, 2002, p. 3). Assim sendo, antes de se pensar em recursos pedagógicos adaptados, deve-se pensar e compreender os maiores interessados nisso tudo, os estudantes com Necessidades Educativas Especiais, procurando entender primeiramente como o estudante aprende, quais são seus anseios e o que é melhor para ele. 3.2 Os recursos Cada indivíduo é um ser único e principalmente quando se trata da sala de aula, é preciso ter um olhar clínico para tentar-se compreender as necessidades dos estudantes. Nesse caso, as necessidades estão diretamente ligadas ao caráter pedagógico em geral, ou seja, os estudantes com Necessidades Educativas Especiais (NEE) ou não, apresentam especificidades inerentes de cada um deles. Por isso: Cada necessidade é única e, portanto, cada caso deve ser estudado com muita atenção. A experimentação deve ser realizada muitas vezes, pois permite observar como a ajuda técnica desenvolvida está contemplando as necessidades percebidas. (BRASIL, 2006, p. 8). 17 Nesse contexto, é perceptível que a situação que deve-se compreender (e entender), é a situação do estudante. Para isso, o professor deverá ouvir seus desejos, identificar suas características tanto físicas quando psicomotoras, observar como o estudante se comporta no ambiente escolar. Porém o professor também deve reconhecer o contexto social em que esse estudante vive. Para isso, é indispensável que o professor siga os seguintes passos: Gerar ideias: esse item está relacionado basicamente à pesquisa do professor com relação à busca de recursos e, conhecimentos para saber trabalhar melhor com o estudante com necessidades educativas especiais, em sala de aula; Escolher alternativas viáveis: nem sempre as escolas têm condições de fornecer materiais didáticos e/ou recursos pedagógicos, por isso, se faz necessário: “considerar as necessidades à serem atendidas (questões do educador/aluno)” além da disponibilidade de recursos materiais para a construçãodo objeto – materiais, processo para confecção, custos. (BRASIL, 2006, p. 9); Representar a ideia: dar exemplos por meio de desenhos, modelos e ilustrações, definindo dimensões, espessuras etc. Construir o objeto para experimentação: o professor deve averiguar se o objeto indicado para o trabalho em sala de aula, de fato é viável. Para isso, ele deve construir um modelo e experimentar para averiguar sua viabilidade; Avaliar o uso do objeto: nesse caso o professor irá verificar se o objeto atende ao seu objetivo fim, principalmente se esse atendeu as necessidades do estudante facilitando a ação do mesmo e do professor; Acompanhar o uso: essa parte do processo serve para que o professor verifique “se as condições mudam com o passar do tempo e se há a necessidade de fazer alguma adaptação no objeto”. (BRASIL, 2006, p. 9). 18 Um dos objetivos dos recursos pedagógicos adaptados é contribuir para a diminuição das limitações do aluno, além de: contribuir com o trabalho do professor; ampliar possibilidades tanto para o professor quanto para o aluno com NEE; ampliar possibilidades de melhorias educativas, sociais, emocionais e inclusivas. Para que os recursos pedagógicos adaptados sejam de fato viáveis, devem ser pensados de acordo com a necessidade educativa do aluno, porém deve atender aos dois atores do ensino/aprendizagem (o aluno e o professor), pois o objetivo principal é que os alunos de fato aprendam e que o professor possa trabalhar com seus alunos tanto na sala de aula quanto na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM). A elaboração e a confecção dos recursos pedagógicos adaptados só atenderão as necessidades educativas dos alunos se houver a parceria de outros profissionais, como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, professores, diretores, coordenadores e vários outros profissionais que devem ser incluídos de acordo com as necessidades dos alunos. 3.3 Recursos da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) Todos os seres vivos têm uma forma de se comunicar, sejam racionais ou irracionais, há uma necessidade de comunicar-se. No nosso caso, utilizamos a fala, os gestos corporais, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS); a música, a dança etc. Sabemos que a comunicação é o agente de ligação entre ideias, sensações e o meio, permitindo uma melhor interação entre os sujeitos, bem como uma mudança constante em nossa aprendizagem, pelas trocas que nos proporciona. (SCHIRMER & BERSCH, 2007, p. 57). Porém, quando essa comunicação não é possível, é necessário utilizar recursos alternativos para que ela se restabeleça. Para as mesmas autoras: 19 Pessoas são consideradas não-falantes em duas situações: quando apresentam um comprometimento severo na fala por problemas físicos, neuromusculares, cognitivos ou déficits emocionais e não possuem prejuízos na audição; quando, no presente tempo usam fala independente como primeira forma de comunicação, porém não são compreendidos por outras pessoas que não são de convívio muito próximo. Nesse podemos incluir pessoas com prejuízos sensoriais. (SCHIRMER e BERSCH, 2007, p. 57). Para Refletir Qual o conceito de CAA? Para Bersch e Schirmer (2005): A Comunicação Aumentativa e Alternativa - CAA é uma das áreas da Tecnologia Assistiva (TA) que atende pessoas sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever. Sintetizadores de voz, softwares com comando de voz, dentre outros são exemplos de tecnologias que facilitam essa comunicação. (BERSCH & SCHIRMER, 2005, p. 89). Schirmer (2007, p. 57 apud American Speech-Language-Hearing Association) considera que a CAA “se propõem a compensar (temporária ou permanentemente) a incapacidade ou deficiência do indivíduo com desordem severa de comunicação expressiva.” Cujo objetivo é valorizar e ordenar todos os sinais expressivos do indivíduo para o estabelecimento de uma comunicação rápida e eficiente. A CAA é utilizada em pessoas que tem paralisia Cerebral; deficiência intelectual; Transtorno do Espectro Autista (TEA); pessoas que sofreram AVC/TCE/TRM; pessoas com problemas respiratórios; pessoas que necessitam de complemento para suas habilidades de comunicação. Isso engloba todas as idades. Os sistemas de CAAs podem ser divididos em duas partes, os que precisam e os que não precisam de recursos externos. Nesse caso os recursos externos são: sinais; manuais, gestos, apontar, piscar de olhos, sorrir, vocalizar. 20 Os sujeitos que necessitam de auxílio externo irão utilizar objeto real, miniaturas, retratos, símbolos gráficos, letras e palavras, que podem ser recursos de baixa e alta tecnologia. Amplie Seus Estudos Os vocalizadores são recursos de alta tecnologia. Esses são mais sofisticados, que contém as pranchas de comunicação com voz e que ajudam a comunicação das pessoas em seu dia a dia. (SCHIRMER e BERSCH, 2007, p. 81). Saiba Mais Para saber mais sobre recursos de baixa tecnologias, leia o artigo Atendimento Educacional Especializado (p. 61). Disponível no acesso: portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_df.pdf Por ser um sistema multimodal a CAA utiliza os recursos de comunicação de forma organizada e personalizada. Vocabulário Sistema multimodal é aquele que utiliza e valoriza todas formas expressivas do usuário, como: os gestos, expressão facial, olhar, vocalizar, apontar, entre outras possibilidades. Na comunicação de indivíduos não oralizados os CAAs são importantes, porém mais importante que esses, são os interlocutores que estão interessados mais na comunicação do que nos recursos. Com isso, conclui-se que a 21 participação da família é importantíssima para o desenvolvimento das pessoas não oralizadas. Vale reforçar a importância da acessibilidade, das tecnologias assistivas e da comunicação alternativa e aumentativa, enfatizando que a acessibilidade tem como característica ajudar as pessoas a se locomoverem livremente por espaços públicos e privados. Entenda “livremente” como espaços que proporcionam mobilidades sem que seja preciso a ajuda de outras pessoas. Para isso, as tecnologias assistivas dão suporte para que a acessibilidade aconteça com qualidade, além de ajudarem na comunicação, na interação e na ajuda técnica para pessoas com necessidades especiais. Acessibilidade é um atributo essencial do ambiente que garante a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Por isso, acessibilidade é o direito de usar os espaços e serviços que a cidade oferece independente da capacidade de cada um. A acessibilidade começa a partir de nós, ou seja, precisamos nos conscientizarmos quando estacionamos em frete a uma rampa de acesso às calçadas, quando estacionamos nossos veículos em vagas destinadas para pessoas com deficiência (mesmo que ela esteja vaga) e principalmente quando nos colocamos no lugar do outro. Resumo da aula 3 Nesta aula o foco foi nos recursos pedagógicos adaptados, evidenciando como e quando as mesmos podem ser aplicados no ambiente escolar Atividade de Aprendizagem Discorra sobre os recursos pedagógicos adaptados, evidenciando a sua importância e suas aplicabilidades no ambiente escolar. 22 Resumo da disciplina Nesta disciplina evidenciaram-se a importância da acessibilidade, das tecnologias assistivas e da comunicação alternativa e aumentativa, enfatizando que a acessibilidade tem como característica ajudar as pessoas a se locomoverem livremente por espaços públicos e provados. Abordaram-se os conceitos de Acessibiliade, Tecnologias Assistivas e a Comunicação Alternativa e Aumentativa, evidenciando como e quando a aplicá- los no ambiente escolar. 23 Referências BRASIL. Casa Civil. Subchefias para assuntos jurídicos.Lei nº 10.048 de 08 de novembro de 2000. Da prioridade para as pessoas que especifica e da outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10048.htm. Acessado em: Mar/2017. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Portal de Ajudas Técnicas. Equipamentos e material pedagógico especial para a educação. Capacitação e recreação da pessoa com deficiência física. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ajudas_tec.pdf. Acessado em: Mar/2017. BRASIL. Ministério da Educação. Portal de ajudas técnicas. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12681:portal-de-ajudas- tecnicas Acessado em: Mar/2017. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto Nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2004/decreto/D5296.htm. Acesso em: Mar/2017. BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Acessibilidade. Direitos da pessoa com deficiência. Disponível em: http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/acessibilidade-0. Acessado em: Mar/2017. BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas. Tecnologia Assistiva. – Brasília: CORDE, [2008] 2009. 138, p.9. 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