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AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE LIMINAR

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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
PEDIDO DE LIMINAR 
AUTOS Nº XXXXXXX
MANOEL OLIVEIRA SANTOS, brasileiro, casado, inscrito no CPF/MF sob o nº XXXXXX,
e-mail XXXXXXX, portador do RG sob o nº XXXXXXX, residente e domiciliado na Rua X,
nº X, na cidade de Maringá, Estado do Paraná, por intermédio de seu advogado que este
subscreve, constituído conforme instrumento de procuração em anexo, vem
respeitosamente a presença de Vossa Excelência, não se conformando, data vênia com a
r.decisão de seq X, na forma do Art. 1.015 do Código de Processo Civil, interpor o
presente 
AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE LIMINAR 
em face de TELEFULL SA, pessoa jurídica de direito privado, inscrito ao CNPJ/MF sob o
nº XXXXXXX, localizado na Rua X, nº X, na cidade de Maringá, Estado do Paraná.
I – DA TEMPESTIVIDADE 
O presente Agravo de Instrumento é tempestivo, nos termos do Art. 1.003, § 5º do
Código de Processo Civil, visto que a publicação de intimação ocorreu em XX/XX/XX.
Assim o prazo de 15 dias úteis para interposição do recurso termina no dia XX/XX/XX.
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os
advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria
Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os
recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
Assim sendo, requer que seja recebido o presente recurso, para ao final, serem
providas as suas razões.
II – DA SINTESE DA AÇÃO 
O Agravante possuiu contrato com a TELEFULL SA por 10 anos, quando o serviço
se tornou insatisfatório solicitou cancelamento contratual, pagando o residual do contrato
e cancelando totalmente o vínculo com a empresa. 
Na época do cancelamento, agosto de 2018, a empresa TELEFULL SA, além de
receber o residual contratual, ainda, retirou todos os aparelhos da casa de seu ex-cliente,
consumidor.
Ocorre que, em janeiro de 2019 o Agravante foi realizar uma compra na loja Manu
Car e teve sua compra negada diante da existência da inscrição na SERASA pelo
Agravado. Ficou surpreso com a informação, pois desconhecia qualquer inscrição em seu
CPF. 
Dirigiu-se até a SERASA solicitando extrato de seu CPF para saber do que
realmente se tratava. Afinal, a negativa de compra poderia ser indevida e ele precisava
saber para poder tomar providências perante Manu Car. 
Na Serasa, o Agravante foi informado que a inscrição se dera pela empresa
TELEFULL SA, concorrente da empresa TELENET SA, ainda, informou que o Agravante
tinha contrato de serviços antes de contratar a TELENET AS e que a inscrição já possuía
mais de quatro meses. 
Indignado com o ocorrido e a humilhação que foi submetido, o Agravante propôs a
demanda postulando liminarmente pela baixa da restrição indevida.
Apesar dos alegados, da impossibilidade deste produzir provas negativas e da
ausência de qualquer prejuízo ás partes em caso de deferimento da medida, a decisão
negou seu pedido de tutela antecipada.
Contudo, pugna então o Agravante pela retomada da decisão, nos termos do que
abaixo razoar-se-á.
III – DO MÉRITO
III.1 – DA TUTELA ANTECIPADA
Conforme preceitua o Art. 300, do Código de Processo Civil de 2015:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.”.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após
justificação prévia.
No presente caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados, em virtude de
que a cada dia sem o amparo vital, a agravante vai sofrendo danos cada vez maior,
privando de exercer seu direito.
Portanto a demora do resultado desta lide poderá acarretar danos que serão mais
difíceis de reparar já que o agravado também demonstrou seu desinteresse em auxiliar a
agravante até o momento.
Conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para aguardar o desfecho do
processo, diante de direito inequívoco:
"Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em obrigar o autor a
esperar o tempo necessário à produção da provas dos fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos, uma vez que o autor já se desincumbiu do ônus da
prova e a demora inerente à prova dos fatos, cuja prova incumbe ao réu
certamente o beneficia." (MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de Urgência e Tutela
da Evidência. Editora RT, 2017. p.284)
Quanto ao RISCO DA DEMORA, fica caracterizado, já que a parte Agravante está
privado de desfrutar de seus direitos tendo em vista a inclusão indevida de seu nome nos
órgãos de proteção ao crédito. 
Conforme leciona Humberto Theodoro Júnior:
"um risco que corre o processo principal de não ser útil ao interesse demonstrado
pela parte", em razão do "periculum in mora", risco esse que deve ser
objetivamente apurável, sendo que e a plausibilidade do direito substancial
consubstancia-se no direito "invocado por quem pretenda segurança, ou seja, o
"fumus boni iuris" (in Curso de Direito Processual Civil, 2016. I. p. 366).
Deste modo, o presente pedido NÃO caracteriza conduta irreversível, não
conferindo nenhum dano ao Agravado, uma vez que tais circunstâncias, é inegável a
existência de fundado receio de dano irreparável, sendo imprescindível concessão do
pedido liminar, nos termos do Art. 300 do Código de Processo Civil.
Verifica-se nos presentes autos que a parte Agravada não teve qualquer precaução
nas atividades de sua empresa, que pelo risco da atividade, deveria tomar os devidos
cuidados para evitar tal tipo de ocorrência.
O risco inerente à atividade exige da empresa maior agilidade e cautela em seu
gerenciamento, gerando no entanto o dever de ressarcir todos os prejuízos ao agir com
imprudência e negligencia.
Insta salientar, por relevante, que o fato da Agravante não conseguir usufruir de
seus diretos de compra, passando por constrangimento por ter seu nome inscrito
indevidamente nos órgãos de proteção de crédito, por si só já configura dano mora, pois
teve o desgosto de passar por uma situação que jamais imaginou passar, bem como ter
seu nome negativo ser motivo.
Trata-se portanto de responsabilidade objetiva do Agravado, respondendo pelos
danos causados aos seus clientes.
Neste sentido, leciona o ilustre Desembargador Sérgio Cavalieri Filho: 
"Todo aquele que se disponha a exercer alguma atividade no mercado de
consumo tem o dever de responder pelos eventuais vícios ou defeitos dos
bens e serviços fornecidos, independentemente de culpa. Esse dever é
imanente ao dever de obediência às normas técnicas e de segurança, bem
como aos critérios de lealdade, que perante os bens e serviços ofertados,
quer perante os destinatários dessas ofertas. A responsabilidade decorre do
simples fato de dispor-se alguém a realizar atividade de produzir, estocar,
distribuir e comercializar produtos ou executar determinados serviços. O
fornecedor passa a ser o garante dos produtos e serviços que oferece no
mercado, respondendo pela qualidade e segurança dos mesmos."
(Programa de Responsabilidade Civil, 8ª ed., Ed. Atlas S/A, pág.172).
Para configurar o dever de indenizar, deve estar presente os pressupostos da
responsabilidade civil, quais sejam: ato antijurídico, dano, nexo causal, responsabilidade
objetiva e por fim, norma jurídica prescrevendo o dever de indenizar o dano causa. Deste
modo, independente da existência de culpa, se torna responsabilidade do Agravado
responder pelos danos causados.
III.2 – DO DANO MORAL
Conforme se demonstra pelos fatos narrados, a Agravada além do constrangimento
de não poder realizar a compra por seu nome estar escrito indevidamente ao órgão de
proteção ao crédito, esta poderá ter seu nome atingido e manchado na praça, restando
evidente e presumível o dano moral provocado peloAgravado, sem causa, sem motivo,
de forma injusta e ilegal. 
Cabe informar, que a obrigatoriedade de reparar o dano, esta consagrado no Art. 5º
da Constituição Federal, onde toda pessoa física ou jurídica é "assegurado o direito de
resposta, proporcionalmente ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou
à imagem" (inc. V) e também pelo seu inc. X, onde "são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente da sua violação.” 
No que diz respeito ao quantum a ser fixado a título de indenização por danos
morais, vale lembrar que o critério a ser utilizado para apuração do valor da indenização
deve estar baseado no que diz respeito à capacidade econômica dos causadores do dano
e o segundo e às circunstâncias do caso em concreto. Deve ainda ser suficiente para
compensar a vítima pelo dano sofrido, bem como sancionar os causadores do dano, de
modo que se abstenham de praticar novamente atos danosos.
Assim, o quantum indenizatório fica ao arbítrio do Juízo, seguindo como sugestão
do Agravante, caso Vossa Excelência decida pela condenação da Requerida, o valor de
90 salários mínimos e demais consectários legais, a serem aplicados desde a data do
evento danoso, a teor das Súmulas 43 e 54 do Superior Tribunal de Justiça, restando tais
pleitos requeridos desde já.
“CARLOS ALBERTO BITTAR, in Reparação Civil por Danos Morais:
Tendências Atuais, ressalta que, “” INTERESSA AO DIREITO E À
SOCIEDADE QUE O RELACIONAMENTO ENTRE OS ENTES QUE
CONTRACENAM NO ORBE JURÍDICO, SE MANTENHA DENTRO DE
PADRÕES NORMAIS DE EQUILÍBRIO E DE RESPEITO MÚTUO. ASSIM,
EM HIPÓTESE DE LESIONAMENTO, CABE AO AGENTE SUPORTAR AS
CONSEQUÊNCIAS DE SUA ATUAÇÃO, DESESTIMULANDO-SE, COM A
ATRIBUIÇÃO DE PESADAS INDENIZAÇÕES, ATOS ILÍCITOS
TENDENTES A AFETAR OS REFERIDOS ASPECTOS DA
PERSONALIDADE HUMANA. Mais adiante assinala que, NESSE
SENTIDO É QUE A TENDÊNCIA MANIFESTADA, A PROPÓSITO, PELA
JURISPRUDÊNCIA PÁTRIA, É A DA FIXAÇÃO DE VALOR DE
DESESTÍMULO COMO FATOR DE INIBIÇÃO A NOVAS PRÁTICAS
LESIVAS. TRATA-SE, PORTANTO, DE VALOR QUE, SENTIDO NO
PATRIMÔNIO DO LESANTE, O POSSA FAZER CONSCIENTIZAR-SE DE
QUE NÃO DEVE PERSISTIR NA CONDUTA REPRIMIDA, OUENTÃO
DEVE AFASTAR-SE DA VEREDA INDEVIDA POR ELE ASSUMIDA. DE
OUTRO PARTE, DEIXA-SE PARA A COLETIVIDADE, EXEMPLO
EXPRESSIVO DA REAÇÃO QUE A ORDEM JURÍDICA RESERVA PARA
INFRATORES NESSE CAMPO, E EM ELEMENTO QUE, EM NOSSO
TEMPO, SE TEM MOSTRADO MUITO SENSÍVEL PARA AS PESSOAS,
OU SEJA, O RESPECTIVO ACERVO PATRIMONIAL. Finalmente, ressalta
o Autor que, COMPENSAM-SE COM ESSAS VERBAS, AS ANGÚSTIAS,
AS DORES, AS AFLIÇÕES, OS CONSTRANGIMENTOS E, ENFIM, AS
SITUAÇÕES VEXATÓRIAS EM GERAL A QUE O AGENTE TENHA
EXPOSTO O LESADO, COM SUA CONDUTA INDEVIDA. A atribuição
do quantum in casu, FICA A CRITÉRIO DO JUIZ, QUE, RELACIONADO
DIRETA E ESPECIFICAMENTE A QUAESTIO SUB LITEM, SE
ENCONTRA APTO A DETECTAR O VALOR COMPATÍVEL ÀS LESÕES
HAVIDAS””.
Deste modo, resta comprovado o dano sofrido pelo Agravante, ensejando o dano
que deverá ser reparado.
IV – DOS PEDIDOS 
Por estas razões REQUER: 
a) o recebimento do presente agravo de instrumento nos seus efeitos ativo e
suspensivo, nos termos do parágrafo único do Art. 995 do CPC;
b) a concedendo tutela provisória, liminarmente, seja realizado a retirada do nome
da Agravante do órgão de proteção ao crédito;
c) a intimação do agravado para se manifestar querendo, no prazo legal;
Requer-se mais, por ocasião do julgamento definitivo, seja dado provimento ao
recurso. 
Termos em que, pede deferimento.
Maringá, 07 de outubro de 2020.
ADVOGADO
OAB/PR

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