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Alterações na circulação

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Alterações na circulação - Termos
ÁTEROSCLEROSE – acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos.
ARTERIOSCLEROSE – endurecimento dos vasos sanguíneos.
ANGINA – dor no peito que precede o infarto.
INFARTO DO MIOCÁRDIO – também chamado de necrose cardíaca, significa uma área de morte do músculo cardíaco.
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA – coração desempenhando a função de forma “fraca”. Pode ser causada por inúmeras agressões: lesão do miocárdio (infarto do miocárdio, miocardites); condições que levam a sobrecarga de pressão ou de volume sobre os ventrículos (hipertensão arterial sistêmica ou pulmonar, estenose ou insuficiência de valvas cardíacas); aumento da rigidez miocárdica (hipertrofia miocárdica, amiloidose e sarcoidose); alterações no ritmo cardíaco; aumento das necessidades de oxigênio e nutrientes pelo organismo. 
HIPERTROFIA DO V.E – durante o exercício, o músculo cardíaco também sofre hipertrofia, porém, em alguns casos, o volume do ventrículo fica menor do que o normal e entra em colapso.
PROLAPSO DE V. MITRAL – refluxo do sangue para o átrio direito; sopro.
COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR – influxo do sangue arterial ou venoso entre os ventrículos direito e esquerdo.
ARRITMIAS – alterações no ritmo cardíaco e no sistema de condução elétrica.
HIPERTENSÃO – aumento da tensão dentro das artérias.
OBS.: as panturrilhas funcionam como bombas periféricas, que ajudam no retorno venoso.
Resumo do capítulo 9: Alterações da circulação
BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo patologia geral. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
O sistema circulatório é formado por uma bomba (coração), por tubos de distribuição e coletores (artérias, veias e vasos linfáticos) e por uma grande rede de tubos de paredes finas, denominada microcirculação (arteríolas, vênulas e capilares), que permite a troca de substâncias entre o sangue, o interstício e as células. O controle da microcirculação é feito por mecanismos neurais (inervação), humorais (hormonais), endoteliais e metabólicos. Vale salientar que as arteríolas são um componente importante no controle da pressão arterial, aumentando-a quando há vasoconstrição e diminuindo-a se existe vasodilatação.
O sangue é uma suspensão em que células ficam dispersas em uma parte líquida, o plasma, no qual existem muitas moléculas que, junto com as células, determinam a viscosidade sanguínea e, consequentemente, as suas fluidez e velocidade dentro dos vasos. 
O sistema circulatório possui três camadas: pericárdio, miocárdio e endocárdio (tem contato com o sangue). A capacidade volumétrica do sistema circulatório é muito maior do que o volume de sangue circulante, e o seu maior compartimento é o território venoso (veias e vênulas). 
Denomina-se débito cardíaco a quantidade de sangue bombeada por cada ventrículo. O sangue flui pelo sistema arterial, passa pela rede capilar e retorna aos átrios (retorno venoso). Para o equilíbrio entre o débito cardíaco e o retorno venoso, também é necessária a impulsão intermitente do sangue pela ação dos músculos esqueléticos, do movimento respiratório e da pulsação das artérias, que constituem as outras bombas do sistema. Os músculos esqueléticos e a pulsação arterial pressionam o sangue contido nas veias em direção ao coração, como verdadeira ordenha das veias profundas, fazendo o sangue fluir em direção aos átrios. O fluxo unidirecional do sangue é favorecido ainda pela existência de valvas atrioventriculares, ventriculoarteriais e venosas, que impedem o refluxo do sangue.
O funcionamento do coração e dos vasos é regulado por centros nervosos no sistema nervoso central (centros cardiorreguladores no tronco cerebral), os quais recebem estímulos aferentes de sensores no sistema circulatório que podem ser estimulados por variações de pressão e volume ou por variações de pH ou na tensão de CO2 (quimiorreceptores). O fluxo de substâncias do sangue para a matriz extracelular e daí para as células e destas de volta ao sangue é feito principalmente na rede capilar.
· Sistema linfático: formado por um conjunto de vasos que permitem a passagem do líquido tecidual de forma unidirecional e intermitente. A linfa é formada a partir da reabsorção do líquido intersticial filtrado dos capilares sanguíneos; contém água e moléculas pequenas, mas também macromoléculas e células migradoras. Nos linfonodos, a linfa aferente contém poucas células (células dendríticas e outras células fagocitárias) que são atraídas para entrar nos linfáticos aferentes por quimiocinas liberadas pelo endotélio linfático; a linfa eferente é rica em células, pois é o meio de transporte de linfócitos dos linfonodos até o sangue, constituindo a maior parcela de linfócitos na circulação periférica.
· Hiperemia (mecanismo ativo): aumento da quantidade de sangue no interior dos vasos de um órgão/tecido, causada por uma dilatação arteriolar. São exemplos fáceis de observar: a hiperemia facial (rubor facial) de origem neurogênica, o rubor facial que acompanha o exercício físico e a hiperemia nas fases iniciais de uma inflamação aguda (rubor no tecido inflamado).
· Congestão ou hiperemia passiva: decorre de uma redução da drenagem venosa (diminuição do fluxo). Pode ser localizada (ocasionada por um trombo) ou sistêmica (ocasionada pela insuficiência cardíaca).
· Hemorragia: saída de sangue dos vasos sanguíneos para o exterior (interstício ou cavidades pré-formadas). Podem ser causadas por: perda da integridade da parede vascular; alterações dos mecanismos de coagulação sanguínea; modificações qualitativas ou quantitativas das plaquetas; mecanismos complexos e ainda mal definidos.
1. Externa: vômitos, fezes, menstruação, soluções de continuidade, urina.
2. Interna: cavidades pré-formadas.
3. Classificação: hematoma (qualquer acúmulo de sangue); petéquias (1-2 mm); púrpuras (maior do que 3 mm); equimose (cm) – trauma (roxo).
4. Consequências: depende do vaso, do local, do órgão/tecido; hipovolemia (diminuição do volume sanguíneo); isquemia local; morte.
5. Denominações: hemorragias em cavidades pré-formadas são denominadas de acordo com a topografia. Hemartro ou hemartrose para a cavidade articular, hemopericárdio, hemotórax e hemoperitônio para as respectivas cavidades serosas. Hemossalpinge, hematométrio e hematocolpo são coleções sanguíneas na luz da tuba uterina, na cavidade uterina e na cavidade vaginal, respectivamente. Hemobilia é a hemorragia no interior da vesícula biliar ou dos ductos biliares.
6. A exteriorização de hemorragias por orifícios corpóreos recebe nomes específicos. A eliminação de sangue pelas narinas é denominada epistaxe. Pela tosse e oriunda do sistema respiratório, é chamada hemoptise quando em maior volume e escarro hemoptoico quando discreta. Hematêmese é a eliminação de sangue pela boca oriundo do sistema digestório e eliminado por vômito. A eliminação de sangue pelo ânus pode ocorrer de duas maneiras: sangue digerido, que confere cor escura às fezes (semelhantes a borra de café), recebe o nome de melena; sangue não digerido, de cor vermelha, constitui a hematoquezia. Otorragia é a perda de sangue pelo meato acústico externo. Hematúria é a eliminação de sangue com a urina, podendo ser macroscópica ou microscópica.
7. Metrorragia é a perda de sangue originado do útero fora da menstruação; a perda excessiva de sangue na menstruação chama-se menorragia ou hipermenorreia; se a frequência e/ou o tempo de duração da menstruação aumentam, trata-se de polimenorreia.
OBS.: a mudança de coloração dos traumas (vermelho, arroxeado, esverdeado, amarelado) decorre das substâncias: hemoglobina, biliverdina, bilirrubina e hemossiderina. 
· Hemostasia: é a parada ou a cessação de um sangramento. Pode ser feita naturalmente (hemostasia espontânea) ou artificialmente (p. ex., ligadura ou cauterização de vasos lesados). A hemostasia espontânea envolve a parede vascular (vasoconstrição), as plaquetas (tampão plaquetário) e o sistema de coagulação sanguínea (ativação da via intrínseca, por exposição de colágeno subendotelial; e ativação da via extrínseca pelo fator tecidual – tromboplastinatecidual – liberado de células lesadas).
· Trombose: coagulação do sangue no interior do sistema circulatório do indivíduo vivo.
1. Trombo (estrutura): massa sólida de sangue no interior do sistema circulatório do indivíduo vivo. 
2. Causas: lesão endotelial (ativação da via extrínseca – cascata de coagulação), alterações no fluxo sanguíneo (aumento e diminuição), e hipercoágulo do sangue.
3. Morfologia: aspecto estriado (estrias de Zahn); adesão à superfície do vaso sanguíneo.
4. Coloração: vermelho (veias / hemácias e fibrinas), branco (artérias/ plaquetas e fibrinas) e hialino (arteríolas e vênulas / fibrinas).
5. Destino: crescimento/ propagação; embolização; dissolução; organização/ recanalização.
· Embolia: quando há presença de corpo solto sólido, líquido ou gasoso na corrente sanguínea, podendo ir para outros órgão; causa obstrução.
1. Êmbolos sólidos – correspondem a fragmentos de trombos ou de tecidos. Os mais comuns são os êmbolos trombóticos (tromboêmbolos, tromboembolia), originados da fragmentação ou do desprendimento de trombos em paredes cardíacas, valvas do coração, aorta e veias profundas.
2. Embolia pulmonar – origina-se na maioria dos casos de trombos nas veias profundas dos membros inferiores (trombose venosa profunda). Êmbolos volumosos podem obstruir o tronco da artéria pulmonar ou se alojar na bifurcação do tronco pulmonar, causando morte súbita (parada do fluxo sanguíneo pulmonar e das trocas gasosas nos pulmões).
3. Embolia cerebral – resultante de trombos cardíacos ou nas artérias que irrigam o encéfalo. Causa lesões isquêmicas de gravidade variada e é responsável por número considerável dos chamados acidentes vascular cerebral.
4. Embolia mesentérica – originada de trombos cardíacos ou da aorta, são causa frequente de isquemia e infarto intestinais, muitas vezes fatais.
5. Embolia gasosa – consiste em bolhas de gás no sangue circulante que obstruem o fluxo sanguíneo. O exemplo clássico é o da síndrome de descompressão, que resulta da formação de bolhas de ar, especialmente nitrogênio, quando um indivíduo submerso em grande profundidade retorna à superfície. O nitrogênio dissolvido volta ao estado gasoso e forma bolhas (êmbolos) que obstruem vasos na microcirculação.
6. Embolia por líquidos: a embolia de líquido amniótico resulta de contrações uterinas que forçam a passagem do líquido para o interior das veias uterinas durante o trabalho de parto. O líquido amniótico tem atividade pró-coagulante, o que favorece a formação de microtrombos disseminados (coagulação intravascular disseminada) que, juntamente com as lesões pulmonares (dano alveolar difuso), é responsável pela maioria dos óbitos. Já a embolia gordurosa pode ser provocada por: infusão inadequada de substâncias oleosas na circulação sanguínea (injeções oleosas intramusculares); esmagamento do tecido adiposo ou da medula óssea amarela em indivíduos politraumatizados; lise de hepatócitos com esteatose acentuada, o que causa migração de gorduras para as veias hepáticas.
· Isquemia: suprimento sanguíneo em algum tecido/ órgão; diminuição da oferta e aumento da necessidade.
1. Causas: diminuição da pressão sanguínea, obstrução da luz vascular (aterosclerose), obstrução venosa, aumento da viscosidade sanguínea, aumento da demanda de oxigênio (exercício físico intenso).
2. Consequências: infarto; depende do órgão, irrigação, capacidade de transporte de oxigênio existência ou não de circulação colateral, velocidade de obstrução, etc; hipóxia.
· Infarto: corresponde a área de necrose tecidual causada por isquemia prolongada.
1. Infarto branco: obstrução arterial em órgãos sólidos (preenchidos) com circulação terminal. Ex.: rim, baço, miocárdio.
2. Infarto vermelho: ocorre em órgãos frouxos e nos com irrigação dupla/colateral, levando à intensa hemorragia no local. Ex.: intestino, pulmão.
3. Consequências: muitos infartos podem ser fatais, como os infartos do miocárdio, do encéfalo e dos intestinos; podem também passar despercebidos, como acontece em infartos renais ou esplênicos ou até mesmo em pequenos infartos do miocárdio.
· Edema: acúmulo excessivo de líquido no interstício ou cavidades pré-formadas. 
1. Causas: aumento da pressão hidrostática vascular; diminuição da pressão oncótica (pressão osmótica intravascular); aumento da permeabilidade vascular; alteração da drenagem linfática; retenção de água e sódio nos rins.
2. Origem: inflamatória (exsudato – rico em proteínas); não-inflamatório (transudato – pobre em proteínas).
3. Consequências: obstrução vascular; dificulta trocas gasosas.
· Choque: é o distúrbio hemodinâmico agudo e sistêmico caracterizado pela incapacidade do sistema circulatório de manter a pressão arterial em nível suficiente para garantir a perfusão sanguínea ao organismo, o que resulta em hipóxia generalizada.
1. Pode ser provocado por: falência da bomba cardíaca (choque cardiogênico); redução da volemia (choque hipovolêmico); aumento do compartimento vascular (choque distributivo); falência no enchimento do ventrículo esquerdo (choque obstrutivo).

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