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Histologia Básica 
 
 
 
 
APOSTILA DE HISTOLOGIA BÁSICA 
 
 
 
 
 
 
 
1ª edição – junho/2007 
HISTOLOGIA BÁSICA www.bioaula.com.br 
 
 
 
APOSTILA DE HISTOLOGIA BÁSICA 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
Sobre a Bio Aulas ........................................................................ 02 
Introdução à Histologia .............................................................. 03 
Métodos de Estudos Histológicos................................................. 08 
Introdução à Microscopia ........................................................... 16 
Tecido Epitelial de Revestimento ................................................ 25 
Tecido Epitelial Glandular ........................................................... 31 
Tecido Conjuntivo ....................................................................... 39 
Tecido Adiposo ........................................................................... 53 
Tecido Cartilaginoso ................................................................... 56 
Tecido Ósseo .............................................................................. 61 
Tecido Muscular .......................................................................... 68 
Tecido Nervoso ........................................................................... 82 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO À HISTOLOGIA 
 
 
Histologia 
É definida como sendo a ciência, parte da biologia, que estuda os 
tecidos. O termo histologia foi usado pela primeira vez em 1819 por Mayer, 
que aproveitou o termo “tecido” que Bichat (anatomista francês) instituiu, 
muito tempo antes (por volta de 1800), para descrever macroscopicamente 
as diferentes texturas encontradas por ele no corpo animal. Mayer fez a 
conjunção do termo histos = tecido e logos = estudo. E o que é tecido? 
 
Tecido 
 Há vários conceitos para tecido. É possível encontrar alguns autores 
que definem tecido como sendo um conjunto de células que apresentam 
mesma forma, mesma função e mesma origem embrionária. Mas, este 
conceito não possui muita sustentação histológica. Se analisarmos, por 
exemplo, o sangue, veremos que a forma de uma hemácia (disco 
bicôncavo, anucleado na maioria dos animais domésticos) é totalmente 
diferente de um neutrófilo (ovóide, quando no sangue, com núcleo 
lobulado). Quanto à função destas células: a hemácia transporta oxigênio e 
gás carbono, enquanto o neutrófilo é uma célula fagocitadora. Portanto, 
vemos que apesar de pertencerem ao mesmo tecido elas não têm a mesma 
forma e tão pouco a mesma função. Ainda outro exemplo nos remete a 
raciocinar: no tecido ósseo os osteócitos são células arredondadas cuja 
função é contribuir na manutenção da matriz óssea, enquanto os 
osteoclastos são células cuja forma varia muito, pois se movem através da 
emissão de “pseudópodes” e são responsáveis pela reabsorção óssea. 
Portanto, nem possuem a mesma forma e muito menos a mesma função. 
Poderíamos discorrer muito mais, mostrando inúmeros exemplos em que se 
constata que a grande maioria dos tecidos é constituída por células que têm 
funções e forma diferentes. Já quanto à afirmação de que as células de um 
tecido apresentam mesma origem embrionária, de fato esta afirmação é 
aplicável. As células que compõem um tecido normalmente apresentam 
mesma origem embrionária. Assim, como conceituar tecido? Tecido é um 
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conjunto de células que apresentam a mesma função geral e a mesma 
origem embrionária. Diríamos a mesma função geral, pois um tecido 
apresenta uma ou mais funções gerais. Por exemplo: os epitélios de forma 
geral apresentam como função principal revestir as superfícies corpóreas, 
assim sua função geral é revestir uma superfície. No epitélio, como, por 
exemplo, o da traquéia, tem-se a células ciliadas e as células caliciformes. 
Ambas apresentam formas e funções diferentes, mas as duas realizam a 
função geral de revestir. 
 
Origem Embrionária dos Tecidos 
 Neste ponto devemos começar do início: quando o espermatozóide 
(gameta masculino) e o óvulo (gameta feminino), ambas as células 
apresentando a metade do número de cromossomos (portanto haplóides) 
de uma célula somática da espécie, encontram-se em ambiente propício – 
que pode ser o útero ou em meio de cultura – ocorre a fecundação. As duas 
células após a fecundação formam uma célula, o zigoto, que é uma célula 
diplóide (como o mesmo número de cromossomos de qualquer célula 
somática da espécie). Formado o zigoto ele passa a sofrer sucessivas 
mitoses, processo denominado de clivagem. Uma célula forma duas, as 
duas formam quatro, as quatro formam oito e assim sucessivamente. Por 
volta do sétimo dia (na maioria dos animais domésticos) pós-fecundação o 
que se vê é um amontoado de células envoltas por uma membrana 
translúcida. Cada célula é chamada de blastômero, sendo células 
totipotentes (ainda não diferenciadas e com a potencialidade de originar 
qualquer uma das células do corpo animal), e a membrana envoltória é 
chamada de zona pelúcida. Este estágio do embrião por se assemelhar 
muito a uma amora é chamado de mórula. Os blastômeros sintetizam um 
líquido, rico em ácido hialurônico, que vai se acumulando dentro do embrião 
e por volta do oitavo/nono dia forma-se uma pequena cavidade no interior 
do embrião, a blastocele. Neste momento o embrião passa a se chamar de 
blástula ou blastocisto. Posteriormente, a cavidade aumenta e pela 
expansão interna do embrião a mórula é rompida (blastocisto eclodido). 
Esta massa celular começa a se dobrar para dentro de si mesma e aí se 
forma uma cavidade central chamada de gastrocele, neste momento 
forma-se a gástrula. Nesta fase é possível identificar os dois primeiros 
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tecidos embrionários – ectoderma e endoderma. O ectoderma é folheto 
embrionário externo e o endoderma o folheto embrionário interno. Um 
pouco depois, a partir do endoderma forma-se o folheto médio, o 
mesoderma. A partir daí começa haver diferenciação celular e formação 
dos tecidos animais. Por exemplo: do ectoderma forma-se o tecido nervoso 
e alguns epitélios de revestimento; já do mesoderma origina-se a maioria 
dos tecidos conjuntivos e musculares; do endoderma alguns epitélios de 
revestimento. 
Os tecidos embrionários são três (ectoderma, mesoderma e 
endoderma) e deles se formam todos os tecidos do corpo animal, mas a 
propósito quantos e quais são os tecidos encontrados no corpo animal? 
 
Tecidos Fundamentais 
 Macroscopicamente Bichat, por volta de 1800, conseguiu identificar 
21 diferentestipos de tecidos. Mas com o advento do microscópio foi 
possível identificar muitos outros tecidos (aproximadamente 41). Mas todos 
estes tipos podem ser agrupados em quatro diferentes tecidos, chamados 
de tecidos fundamentais: os tecidos epiteliais, os tecidos conjuntivos, os 
tecidos musculares e o tecido nervoso. 
 
 
 
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Classificação Geral dos Tecidos 
1. Tecido Epitelial 
1.1. Tecido Epitelial de Revestimento 
Quanto ao número de camadas de células Quanto à forma das células superficiais 
 1.1.1.1. Pavimentoso 
1.1.1. Simples 1.1.1.2. Cúbico 
 1.1.1.3. Cilíndrico ou prismático 
 
1.1.2. Pseudo-estratificado 1.1.2.1. Cilíndrico ciliado 
 
 1.1.3. Estratificado 1.1.3.1. Pavimentoso 1.1.3.1.1. Queratinizado 
 1.1.3.1.2. Não-queratinizado 
 1.1.3.2. Cúbico 
 1.1.3.3. Cilíndrico 
 1.1.3.4. De transição 
1.2. Tecido Epitelial Glandular 
Quanto à complexidade dos ductos Quanto à forma da parte secretora 
 1.2.1.1.1. Reta 
1.2.1. Simples 1.2.1.1. Tubular 1.2.1.1.2. Enovelada 
 1.2.1.1.3. Ramificada 
 1.2.1.2. Acinar ou Alveolar 
 1.2.1.3. Túbulo-acinar 
 
 1.2.2. Composta 1.2.2.1. Tubular 
 1.2.2.2. Acinar ou Alveolar 
 1.2.2.3. Túbulo-acinar 
 
 
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2. Tecidos Conjuntivos 
2.1. Propriamente dito de propriedades gerais 
2.1.1. Tecido Conjuntivo Frouxo 
2.1.2. Tecido Conjuntivo Denso 2.1.2.1. Modelado 
 2.1.2.2. Não-modelado 
2.2. Propriamente dito de propriedades especiais 
2.2.1. Elástico 
2.2.2. Mucoso 
2.2.3. Reticular 2.2.3.1. Linfóide 
 2.2.3.2. Mielóide 
2.2.4. Adiposo 2.2.4.1. Branco ou Unilocular 
 2.2.4.2. Pardo ou Multilocular 
2.3. De sustentação 
 2.3.1.1. Hialino 
2.3.1. Cartilaginoso 2.3.1.2. Elástico 
 2.3.1.3. Fibroso 
2.3.2. Ósseo 2.3.2.1. Compacto 
 2.3.2.2. Esponjoso 
2.3.3. Cimento e Dentina 
2.4. De Transporte 
2.4.1 Sangue 
2.4.2. Linfa 
2.4. Tecido Muscular 
2.4.1. Tecido muscular estriado esquelético 
2.4.2. Tecido muscular estriado cardíaco 
2.4.3. Tecido liso 
2.5. Tecido Nervoso 
2.5.1. Tecido Nervoso propriamente dito 
2.5.2. Neuróglia 
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MÉTODOS DE ESTUDOS HISTOLÓGICOS 
 
 
 
Vários são os métodos de estudos dos tecidos, variando do estudo 
dos tecidos in vivo até aqueles que utilizam os tecidos mortos. O método 
mais utilizado em Histologia é o preparado histológico permanente (lâmina 
histológica) estudado em microscópio óptico. A seguir descrevemos as 
etapas de produção de uma lâmina histológica: 
 
1ª Etapa: Coleta da Amostra 
A primeira etapa de todo o processo de preparação de uma lâmina 
histológica consiste em coletar a amostra, ou seja, obtê-la e isto pode ser 
feito de cinco diferentes maneiras: 
 
a) Biópsia cirúrgica – obtenção da amostra de tecido ou órgão através 
de uma incisão cirúrgica; 
b) Biópsia endoscópica – usada para órgãos ocos (estômago, intestino, 
etc) através de endoscopia; 
c) Biópsia por agulha – a amostra (cilindro) é obtida pela punção do 
órgão (fígado, pulmão), sem precisar abrir a cavidade natural; 
d) Cirurgias amplas (radicais) – a amostra corresponde a peças grandes 
(ex. tumores) ou órgãos (ex. mama, útero); 
e) Necrópsia – procedimento utilizado para estudo anatômico de todos 
os órgãos ou tecidos, no animal morto. 
 
As peças cirúrgicas grandes ou de autópsia devem ser clivadas 
previamente para reduzir sua espessura permitindo a penetração fácil do 
fixador. O princípio fundamental de clivagem é que o fragmento possua em 
torno de 4 mm de espessura. 
 
2ª Etapa: Fixação 
 A base de uma boa preparação histológica é a fixação que deve ser 
completa e adequada. Para tanto é preciso tomar algumas precauções que 
são obrigatórias: 
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a) O material coletado deve ser imerso rapidamente no fixador; 
b) O volume de fixador deve ser no mínimo dez vezes (10 X) maior que 
o volume da peça coletada. 
 
Os principais objetivos da fixação são: 
a) Inibir ou parar a autólise tecidual; 
b) Coagular ou endurecer o tecido e tornar difusíveis as substâncias 
insolúveis; 
c) Proteger, através do endurecimento, os tecidos moles no manuseio e 
procedimentos técnicos posteriores; 
d) Preservar os vários componentes celulares e tissulares; 
e) Melhorar a diferenciação óptica dos tecidos; 
f) Facilitar a subseqüente coloração. 
 
 A fixação pode ser física (utilizando-se o calor ou o frio) ou química. 
A fixação em Histologia é quase exclusivamente química, onde substâncias 
(fixadores) são utilizadas com a principal função de insolubilizar as 
proteínas dos tecidos. Os fixadores podem agir precipitando as proteínas ou 
as coagulando, assim temos como principais fixadores: 
a) Que precipitam as proteínas: cloreto de mercúrio e ácido pícrico; 
b) Que coagulam as proteínas: aldeído fórmico (o mais utilizado, 
conhecido como fixador universal), tetróxido de ósmio e o aldeído 
glutárico. 
 
 Com o intuito de se conseguir o fixador ideal, os histologistas 
elaboraram diversas misturas fixadoras como, por exemplo, o líquido de 
BOUIN e o líquido de HELLY. 
 O formol a 10% para microscopia óptica e o aldeído glutárico em 
solução de 2 a 6% para microscopia eletrônica são os fixadores simples 
mais comumente utilizados. 
 O tempo de fixação varia de acordo com o tamanho da peça, 
constituição do tecido, poder de fixação do fixador, objetivos a pesquisar e 
temperatura ambiente. No entanto, de forma geral, tendo o fragmento, a 
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ser fixado, uma espessura de 4 mm o tempo mínimo de fixação é de doze 
(12) horas. 
 
Observação: Para que se possa examinar o tecido ósseo ou tecido com 
áreas de calcificação, deve-se antes de processá-lo, incluí-lo e cortá-lo, 
proceder à descalcificação que consiste na remoção dos sais de cálcio que 
se encontram depositados nos tecidos orgânicos sem alteração da sua 
estrutura celular. 
 Os ossos ou outros materiais calcificados devem ser cortados em 
pequenos pedaços (cerca de 4 mm) com serra adequada, antes da fixação. 
Depois de completada a fixação, coloca-se o material na solução 
descalcificadora. Geralmente são empregados como agentes 
descalcificadores os seguintes ácidos: nítrico, fórmico, tricloacético, 
clorídrico, pícrico, EDTA, sulfossalicílico. Não existe uma solução 
descalcificadora ideal. A única diferença entre as várias soluções é que 
umas agem mais rapidamente do que as outras. O ácido usado deve ser 
completamente removido do tecido depois de terminada a descalcificação. 
Isto é feito pela lavagem abundante e cuidadosa em água corrente ou 
álcool, conforme o descalcificador empregado. Esta lavagem deve ser no 
mínimo por quatro horas. 
 
3ª etapa: Processamento 
 Após a preservação do tecido,a etapa seguinte consiste em prepará-
lo para o exame microscópico. Com a finalidade de permitir que a luz o 
atravesse, cortes muito delgados de tecido têm que ser feitos. Infelizmente, 
embora o processo de fixação endureça o tecido, o material não se torna 
suficientemente firme ou coeso para permitir cortes delgados perfeitos. Para 
que esse grau de firmeza seja atingido, o tecido deve ser completamente 
impregnado com algum meio de sustentação que manterá juntas as células 
e as estruturas intercelulares. Os materiais de sustentação usados são 
denominados materiais de inclusão. 
 Certos materiais de inclusão, tais como “Carbowax” e a gelatina são 
solúveis em água e os tecidos não precisam ser desidratados antes do uso. 
Os materiais mais comumente usados são substâncias semelhantes à 
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parafina que não são miscíveis com água. Quando estas substâncias forem 
utilizadas os tecidos terão que ser desidratados antes da inclusão. 
 
4ª Etapa: Desidratação 
 Antes que um material de inclusão, tal como a parafina, possa 
penetrar no tecido seu conteúdo em água deve ser removido. A 
desidratação é levada a efeito imergindo o bloco de tecido em 
concentrações crescentes de álcool etílico. O álcool é o agente mais 
comumente utilizado neste processo, sendo empregado numa série 
crescente (70% - 80% - 90% - 100%) para se evitar a retração 
pronunciada do tecido ocasionando lesões estruturais da célula de caráter 
irreversível. O álcool tem a vantagem de endurecer mais o tecido. O volume 
de álcool deverá ser 10 a 20 vezes maior que o volume da peça. 
Várias são as substâncias utilizadas como agentes de desidratação: 
álcoois etílico, butílico, metílico e isopropílico, a acetona, o éter, o 
clorofórmio e o óxido propileno. O álcool etílico é o mais utilizado em 
técnica de rotina. 
 
5ª Etapa: Diafanização (Clarificação) 
A impregnação do tecido com meio de inclusão é impossível nesse 
estágio porque as substâncias semelhantes à parafina usadas para a 
inclusão não se misturam com o álcool. O tecido deve, portanto, ser imerso 
em um produto químico e que o álcool e a parafina sejam solúveis. Assim a 
diafanização consiste na infiltração do tecido por um solvente da parafina 
que seja ao mesmo tempo desalcolizante. A parafina não se mistura com 
água e nem com álcool. Ambos devem ser completamente removidos para 
que a parafina possa penetrar eficientemente no tecido. O xilol é 
comumente utilizado. Tal produto químico é muitas vezes chamado de 
agente clarificador porque torna o tecido semi-translúcido, quase 
transparente. Entre os reagentes mais utilizados na fase de diafanização 
podemos citar ainda: toluol, clorofórmio, óleo de cedro, benzol e salicilato 
de metila. 
 A quantidade de xilol (substância mais empregada) utilizada deve ser 
10 a 20 vezes o volume da peça. A duração da clarificação varia com as 
dimensões, a constituição do material e a temperatura. 
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 6ª etapa: Inclusão (Impregnação) 
 A finalidade da impregnação é eliminar completamente o xilol contido 
no material e a total penetração da parafina nos vazios deixados pela água 
e gordura, antes existentes no tecido. Este processo serve também para 
preparar o material para os cortes, removendo o clarificante e endurecendo-
o suficientemente e dando-lhe a consistência adequada para que possa ser 
cortado. 
O tecido é passado em duas trocas de parafina para assegurar a 
substituição de todo o agente clarificador pela parafina. Emprega-se a 
parafina a uma temperatura de 56 a 60º C (parafina fundida). O bloco de 
tecido permanecerá imerso na parafina fundida (em estufa) durante o 
tempo necessário para a completa impregnação. Posteriormente serão 
retirados da estufa e deixados à temperatura ambiente até que a parafina 
endureça, após isto o bloco de parafina com o tecido será retirado da fôrma 
e conduzido ao corte. Pode-se citar ainda como agentes de impregnação: 
celoidina, goma arábica, parafina plástica, polietileno glicol e parafina 
esterificada. 
 
7ª etapa: Microtomia 
 Para se obter cortes de material incluído em parafina ou por 
congelação é necessário um instrumento especial: o micrótomo. Os 
micrótomos variam de acordo com os fabricantes e tem como fundamento 
duas peças principais: o suporte ou mandril (onde é fixada a peça a cortar) 
e a navalha. O suporte é sempre encaixado a um parafuso micrométrico ou 
a uma espiral metálica que o faz adiantar segundo seu eixo, em medida 
conhecida e que pode ser regulada à vontade. Esta medida tem como 
unidade o micrômetro que corresponde à milésima parte do milímetro. 
Normalmente um micrótomo faz cortes cuja espessura varia de 1 a 50 
micrômetros, mas a espessura mais utilizada em microscopia óptica é de 4 
a 6 micrômetros. Há vários tipos de micrótomos: rotativo, tipo Minot, de 
congelação e o destinado a trabalhos de microscopia eletrônica. 
 
8ª etapa: Colagem do Corte à Lâmina 
As fitas de cortes de parafina são estiradas cuidadosamente e os 
cortes individuais são separados por um bisturi. Na superfície de uma 
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lâmina de vidro é feito um ponto de aderência (normalmente com albumina 
de ovo) e o corte de parafina é colocado em banho-maria (água morna) de 
forma que as dobras provocadas pelo corte no tecido desapareçam. Após o 
que o corte é “pescado” com a lâmina, preparada com albumina, na qual se 
adere. 
 
9ª etapa: Coloração 
 É a técnica tintorial empregada para facilitar o estudo dos tecidos sob 
microscopia. A coloração é de importância fundamental em histologia, pois 
os tecidos não tratados têm pouca diferenciação óptica. As colorações de 
um modo geral se efetuam por processos físico-químicos ou puramente 
físicos e podem ser consideradas, segundo a modalidade, a ação, o caráter, 
o grau de ação, o tempo, o número de corantes e a cromatização. 
 Quanto à cromatização, ou seja, de acordo com o número de cores 
conferidas às estruturas pelas colorações simples ou combinadas, estas 
tomam a denominação de colorações monocrômicas (uma cor), 
bicrômicas (duas cores), tricrômicas (três cores) e policrômicas (mais 
de três cores). 
 Para se corar convenientemente a célula, deve-se recorrer a um 
método de coloração sucessiva do núcleo e do citoplasma. 
 A combinação mais comum de corantes usada em Histologia e 
Histopatologia é a Hematoxilina e Eosina (HE). A hematoxilina é um 
corante natural obtido da casca de pau campeche. Ela não é realmente um 
corante e deve ser oxidada em hemateína a fim de tornar-se um corante. 
Ademais, o corante que resulta (hematoxilina-hemateína) não tem afinidade 
para os tecidos. Deve ser usado um mordente, como o alumínio ou o ferro, 
juntamente com a mistura de hematoxilina antes que ela possa corar os 
tecidos. A mistura cora em azul-púrpura. A eosina é um corante sintético 
e produz uma coloração vermelha. 
Nas células coradas com HE os ácidos nucléicos presentes no núcleo 
são corados pela hematoxilina, dando ao núcleo um tom azul-púrpura. A 
eosina é atraída pelos elementos básicos da proteína do citoplasma da 
célula, corando-o de róseo a vermelho. Os componentes dos tecidos que se 
coram prontamente com os corantes básicos são chamados basófilos; os 
que têm afinidade pelos corantes ácidos são chamados acidófilos. A 
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hematoxilina comporta-se como um corante básico e, portanto, cora o 
núcleo de modo basófilo. A eosina é um corante ácido e cora os elementosbásicos da proteína do citoplasma de maneira acidófila. 
Certos corantes reagem com os componentes do tecido e os coram 
com uma cor diferente da cor da solução corante. A mudança de cor do 
corante chama-se metacromasia. O azul-de-metileno, o azul-de-toluidina 
e a tionina são exemplos de corantes simples que exibem metacromasia. 
Com os corantes azuis a cor muda para vermelho. A coloração dos 
mastócitos com o azul-de-metileno constitui um bom exemplo. Os grânulos 
do citoplasma coram-se em vermelho-púrpura, enquanto que o resto do 
tecido fica azul. A causa da metacromasia não é totalmente compreendida, 
porém tem sido sugerido que é devido à polimerização das moléculas do 
corante. Julga-se que a presença de macromoléculas com radicais 
eletronegativos no tecido facilita a polimerização e provoca a mudança de 
cor. 
Antes que o corte seja corado, a parafina em que ele foi incluído deve 
ser removida. O corte, que já foi aderido à lâmina de vidro (pescagem em 
banho-maria), é banhado no xilol para dissolver a parafina. Devido ao fato 
de muitos corantes serem solúveis em água, torna-se necessário remover o 
xilol do tecido e substituí-lo por água (hidratação). O corte é imerso em 
uma série de concentrações decrescentes de álcool etílico até que esteja 
hidratado. Depois que o corte estiver hidratado procede-se à coloração 
propriamente dita. No caso da HE, o tecido é imerso primeiramente em 
hematoxilina, lavado com água para retirada de excedente, depois imerso 
em eosina e, após isto também se faz lavagem do tecido. 
 
10ª etapa: Montagem 
 Depois que o corte tiver sido corado com a solução apropriada, ele é 
passado através de concentrações crescentes de álcool para remover, de 
novo, a água (desidratação). Objetiva-se com esta desidratação aumentar a 
sobrevida do preparado histológico. 
Finalmente, o corte é banhado em xilol antes de ser montado em um 
meio solúvel em xilol, que é o meio de montagem (para os cortes de 
parafina é usado o Bálsamo de Canadá). Uma gota do meio de montagem é 
colocada sobre o corte e a lamínula é posicionada sobre o corte de forma 
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delicada, de uma forma tal que o meio de montagem cubra completamente 
o corte. Depois a lamínula é comprimida com firmeza sobre o corte e o meio 
de montagem se espalha formando uma delgada película entre a lâmina e a 
lamínula que posteriormente vão estar firmemente aderidas uma à outra 
pela estabilização do meio de montagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO À MICROSCOPIA 
 
 
O estudo da Histologia depende da utilização da microscopia. Na 
realidade para se conhecer a “anatomia microscópica” dos tecidos e órgãos 
é necessário fazer uso do microscópio. Portanto, o aluno de Histologia deve 
necessariamente conhecer os fundamentos básicos da microscopia. Assim 
sendo, passaremos à descrição mais detalhada de um microscópio óptico, 
depois citaremos alguns conceitos ligados à microscopia óptica e finalizando 
descreveremos outros tipos de microscópicos, além do microscópio óptico. 
 
1. Microscópio Óptico 
Um microscópio óptico pode ser simples ou composto: o microscópio 
simples possui uma única lente e só fornece uma imagem moderadamente 
aumentada do objeto que se está estudando; o microscópio composto 
consiste de uma série de lentes e fornece um aumento muito maior. 
 
Partes de um microscópio óptico composto 
Um microscópio composto consiste de partes mecânicas e ópticas. A 
parte mecânica tem uma base que estabiliza o microscópio, uma coluna ou 
canhão que se estende da base para cima, e uma platina na qual é colocado 
o objeto a ser examinado. As partes ópticas estão presas à coluna acima e 
abaixo da platina e são elas: oculares, objetivas, condensador e espelho. 
Em muitos microscópios o espelho e a lâmpada estão alojados, com 
segurança, na base do instrumento. 
 A ocular consiste de uma combinação de lentes que estão embutidas 
na extremidade superior do tubo do microscópio. O valor gravado tal como 
12,5 x indica o aumento da ocular. As objetivas (pode haver três, quatro ou 
cinco) são uma combinação de lentes presas à extremidade inferior do tubo 
do microscópio. O valor gravado tal como 10x, indica o aumento da 
objetiva. Uma objetiva 10x usada em combinação com uma ocular 12,5x dá 
um aumento total de 125x. As diferentes objetivas atarraxam-se ao 
revólver, que por sua vez está preso à extremidade inferior do tubo do 
microscópio. Troca-se uma objetiva por uma outra pela rotação do revólver, 
de modo que quando uma objetiva é substituída outra entra em seu lugar. 
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 O condensador é uma combinação de lentes situada abaixo da 
platina. Ele projeta um cone de luz sobre o objeto que está sendo 
observado. O condensador pode ser levantado ou abaixado por um 
mecanismo de cremalheira, de sorte que a luz pode ser focalizada no 
objeto. A passagem de raios marginais no condensador é impedida pelo 
diafragma – íris. 
 O espelho que está situado abaixo do condensador reflete os raios 
luminosos emanados da fonte de luz. Situado entre o espelho e o 
condensador existe um porta-filtro móvel. 
 
Como Funciona o Microscópio Óptico? 
O objeto a ser estudado é montado em uma lâmina de vidro, que é 
colocada na platina do microscópio. O objeto é posto em posição sob a 
objetiva seja manualmente ou usando a platina mecânica. Faz-se o foco 
correto do objeto levantando ou abaixando a platina e levantando ou 
abaixando o tubo do microscópio, ao qual estão atarraxados a ocular e as 
objetivas. Os raios luminosos aqui são defletidos e convergem para o 
objeto. Então passam através das lentes da ocular e são novamente 
defletidos. Emergindo da ocular, os raios luminosos são dirigidos para a 
pupila do olho, após o que eles incidem sobre a retina. Se o olho está em 
repouso, como na visão a longa distância, deve-se obter uma clara imagem 
do objeto quando a objetiva estiver no foco exato. A posição das lentes do 
microscópio em relação ao objeto pode ser mudada ajustando os focos fino 
e grosso. A focalização grossa produz movimentos amplos, enquanto que a 
fina é um mecanismo delicado que se faz com pequenos movimentos 
(pequenos e grandes aumentos). 
 Um microscópio óptico composto é, assim, um sistema de aumento 
em dois estágios. Primeiro o objeto é aumentado pelas lentes da objetiva e 
depois novamente pelo segundo conjunto de lentes da ocular. O aumento 
total é o produto dos aumentos da objetiva pelo da ocular. Um microscópio 
composto produz uma imagem de cabeça para baixo e invertida 
lateralmente. A inversão é facilmente demonstrada: se o espécime é 
movido para um lado, a imagem move-se no sentido contrário. 
 
 
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Aumento, Definição, Resolução e Profundidade do Foco 
Grandeza (Aumento) – é o aumento do tamanho da imagem 
comparada com o objeto. O aumento total de um microscópio composto, 
como anteriormente explicado, é o grau de aumento da imagem produzido 
pelas lentes objetivas multiplicado pelo aumento dado pelas lentes da 
ocular. Usar sempre uma objetiva de pequeno aumento quando se começar 
o exame de um preparado; ele lhe permitirá observar um campo mais 
amplo e é útil para uma visão panorâmica. 
Definição – é a nitidez da imagem quando o sistema de lente foi 
corretamente ajustado. A imagem borrada geralmente significa que as 
lentes foram incorretamente ajustadas ou que elas estãosujas. Outra 
ocorrência comum é colocar inadvertidamente a lâmina de vidro na platina 
com o lado errado para cima. 
 Limite de Resolução – é a capacidade de um sistema óptico de 
separar detalhes. Mais precisamente, o limite de resolução é a menor 
distância que deve existir entre dois pontos para que apareçam 
individualizados. Por exemplo: duas partículas separadas por 0,3 
micrômetros aparecerão individualizadas quando examinadas num sistema 
de 0,2 micrômetro. Mas, se forem examinadas num sistema com limite 
resolutivo de 0,5 micrômetro, aparecerão fundidas, como se fossem uma só 
partícula, de maior tamanho. O limite de resolução das melhores lentes 
utilizadas nos microscópios ópticos comuns é de 0,2 micrômetro. 
 Portanto, o que determina a riqueza de detalhes da imagem fornecida 
por um sistema óptico é seu limite resolutivo e não seu poder de aumentar 
de tamanho os objetos. A propriedade de aumentar só tem valor prático se 
for acompanhada de um aumento paralelo do poder resolutivo. O limite 
resolutivo depende essencialmente da objetiva. A ocular apenas aumenta 
de tamanho a imagem projetada no seu plano de foco pela objetiva. 
 Uma das características mais importantes de uma objetiva é a sua 
abertura numérica, pois o limite resolutivo depende principalmente desta 
e do comprimento de luz utilizada. A abertura numérica vem gravada nas 
objetivas e sua determinação cabe ao fabricante das lentes. Ela é igual ao 
menor índice de refração (n) interposto entre o corte e a lente objetiva, 
multiplicado pelo seno do semi-ângulo de abertura (u). Teremos 
então: Abertura Numérica (AN) = n x seno de u. 
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Já o Limite de Resolução da objetiva é dado pela fórmula: 
LR = K x Y , 
 AN 
onde K é uma constante estimada em 0,61 e Y o comprimento de onda. 
Geralmente toma-se o comprimento da onda da faixa verde-amarelo (0,55 
micrômetro) para o cálculo do limite resolutivo, por ser o olho humano mais 
sensível a essas cores do que as quaisquer outras. Então, substituindo-se as 
letras pelos seus respectivos valores, temos: 
LR = 0,61 x 0,55/AN 
A análise da fórmula mostra que o limite de resolução é diretamente 
proporcional ao comprimento de onda e inversamente proporcional à 
abertura numérica da objetiva. 
 O exemplo abaixo nos dará a exata compreensão da importância da 
abertura numérica e também que a utilização de oculares de grane 
aumento não traz qualquer vantagem. Admitamos as duas seguintes 
combinações de lentes: 
A – objetiva de 10x de AN 0,15 com ocular 20x. Aumento de 200x. 
B – objetiva de 40x de AN 0,65 com ocular 5x. Aumento de 200x. 
 Fazendo-se os cálculos, verifica-se que, no exemplo A, o limite de 
resolução será de 2,2 micrômetros, enquanto que no exemplo B será muito 
mais rica em detalhes, pois o seu limite de resolução é de 0,5 micrômetro. 
 Profundidade de foco – é a propriedade da lente de revelar 
estruturas que estão relacionadas umas às outras, mas que se encontra em 
diferentes níveis no espécime. A profundidade do foco diminui à medida que 
o poder de aumento e abertura numérica aumentam. 
 
Manejo do Microscópio Óptico 
 
1. Segurar o microscópio pelo braço ou coluna; 
2. Acender a lâmpada; 
3. Girar o revólver de maneira que a objetiva de menor aumento fique no 
eixo óptico; 
4. Colocar o condensador em sua posição mais alta; 
5. O diafragma deve estar completamente aberto; 
6. Olhar através da ocular e regular a intensidade de luz; 
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7. Colocar a lâmina a ser examinada na platina, presa ao charriot. A face 
da lâmina provida de lamínula ou esfregaço deverá ficar voltada para 
cima. 
8. Focalizar o objeto usando inicialmente o parafuso macrométrico para 
abaixar a objetiva, olhando para ela, até que a mesma toque ou se 
aproxime bastante da lâmina. Então olhando pela ocular guiar o 
parafuso em sentido contrário, deslocando a objetiva para cima, 
lentamente, até focalizar; 
9. Melhorar o foco usando o parafuso micrométrico; 
10. Para trocar as objetivas, guiar o revólver e mudar para uma objetiva de 
maior aumento com cuidado para que a mesma não atinja a lâmina ou 
quebre a lamínula. De modo geral, as objetivas secas são parafocais, 
isto é, se o objeto está focalizado com uma estará muito perto de sê-lo 
com as outras. No entanto para evitar danos, o melhor é elevar um 
pouco o tubo (com o parafuso macrométrico) antes de mudar para 
outra objetiva de maior aumento; 
11. Se for necessário abaixar ou levantar o condensador, abrir ou fechar o 
diafragma para obtenção da melhor imagem possível. Existe um 
parafuso geralmente abaixo da platina para regular a distância entre o 
condensador e a platina e um dispositivo para aumentar e diminuir a 
abertura do diafragma; 
12. Para o uso da objetiva de imersão (quando determinado) deve-se 
observar o seguinte: 
a) Colocar o detalhe a ser examinado no centro do foco com o auxílio da 
objetiva de médio aumento; 
b) Aumentar a distância entre a platina e a objetiva (use o parafuso 
macrométrico); 
c) Deposite uma gota de óleo de cedro sobre a preparação, no foco 
iluminado; 
d) Tocar a gota com a objetiva de imersão, olhando lateralmente com 
muita cautela; 
e) Olhando pela ocular procure lentamente o foco com o parafuso 
micrométrico; 
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f) Após o uso, limpar a objetiva de imersão com xilol que deve ser 
prontamente removido para evitar o deslocamento das lentes. E tenha 
cuidado para evitar que o óleo de imersão toque outras objetivas; 
g) Quando trabalhando com um só olho (microscópio monocular) manter os 
dois olhos abertos, pois permitirá maior atenção e evitará fadiga. 
 
O Que Nunca Deve Ser Feito 
1. Nunca mergulhe as objetivas em líquido para limpá-las, isto pode 
danificá-las permanentemente; 
2. Nunca troque para uma objetiva de maior aumento sem antes baixar a 
mesa; 
3. Nunca tente fazer consertos no seu microscópio. Isto exige pessoa 
qualificada; 
4. Nunca tente desmontar as oculares e objetivas; 
5. Nunca se retire do laboratório sem “guardar” seu microscópio; 
6. Nunca troque peças do seu microscópio por outras de outro microscópio. 
 
2. Outros Tipos de Microscópios 
Microscópio de Contraste de Fase 
Quando um fragmento de tecido não corado é examinado com um 
microscópio óptico comum, a estrutura minuciosa não pode ser visualizada. 
A razão disto reside no fato de que os índices de refração dos componentes 
celulares são muito semelhantes, resultando em falta de contraste. O 
microscópio de fase é um instrumento que converte diferenças do índice de 
refração que não podem ser vistas, em diferenças de intensidade que se 
tornem visíveis. 
As ondas de luz que atravessam os componentes celulares de 
densidades ópticas diferentes assim o farão em diferentes velocidades. 
Desse modo, as ondas luminosas que atravessam núcleos, mitocôndrias e 
inclusões celulares emergirão em tempos diferentes e em fases diversas, de 
um elemento em relação ao outro. 
Existem aberturas especiais em placas que absorvem e mudam as 
fases situadas dentro do condensador e das lentes objetivas do microscópio 
de contraste de fase que convertem diferenças de fases em intensidade 
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diferentes. O microscópio de fase é particularmente útil no estudo dos 
tecidos não-corados e de células vivas. 
 
Microscópio de Interferência 
O microscópio de interferência usa dois feixes de luz, que passam 
atravésdo espécime. Um feixe passa através do objeto que está sendo 
estudado, o segundo passa através de um outro, uma área neutra. Os 
feixes separados são então combinados em uma imagem plana. Devido ao 
fato de o objeto estudado ter uma densidade óptica maior do que a área 
neutra, o feixe que o atravessa terá que ser retardado ou interferido em 
menor extensão do que o feixe que atravessou a área neutra. O grau de 
interferência pode ser usado para medir o índice de refração, a refração e a 
massa seca por unidade de área do projeto. 
 
Microscópio de Polarização 
Polarização é um fenômeno que ocorre quando a luz passa através de 
certas substâncias, tais como os cristais, e é dividida, de modo que 
emergem dois raios luminosos derivados de um só. Essas substâncias têm 
dois índices de refração que são chamados de birrefrigentes. No microscópio 
de polarização a luz é polarizada embaixo da platina do microscópio por um 
prisma de quartzo Nicol chamado polarizador. A luz polarizada passa então 
através do espécime. Um segundo prisma, chamado analisador, está 
localizado perto da ocular dentro do tubo do microscópio. Quando a posição 
do analisador e polarizador é ajustada, de modo que os feixes luminosos 
tenham um trajeto paralelo, uma imagem normal pode ser vista através da 
ocular. Se o analisador é então rodado de modo que o seu eixo fique em 
ângulo reto com o polarizador, nenhuma luz alcança a ocular e nada pode 
ser visto. Colocando-se um objeto amorfo (não refrigente) na platina do 
microscópio, com os prismas na mesma posição em ângulo reto, nada será 
visto, porque os raios de luz não foram divididos pelo objeto. Porém, se for 
colocado um objeto cristalino ou birrefringente na platina, uma imagem 
luminosa aparecerá em fundo escuro. Assim a fim de que materiais 
biológicos alterem a direção da luz polarizada e seja visualizada com luz 
polarizada, sua estrutura submicroscópica deve ser de moléculas 
assimétricas orientadas. Fibras musculares, fibras de tecido conjuntivo e 
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gotículas de gordura exibem birrefrigência e têm sido estudadas 
intensivamente com microscópio de luz polarizada. 
 
Microscópio de Fluorescência 
Neste tipo de microscópio a luz ultravioleta é usada para iluminar o 
espécime. Certas substâncias biológicas permitem luz visível quando 
absorvem luz ultravioleta e diz-se que existe fluorescência. A imagem 
observada aparenta ser auto-luminosa. A fluorescência pode ter lugar com 
compostos que ocorrem naturalmente, tais como a vitamina A ou corantes 
fluorescentes introduzidos no espécime. 
 
Microscópio Eletrônico de Transmissão 
O Microscópio Eletrônico de Transmissão (MET) difere do microscópio 
óptico pelo fato de usar feixe de elétrons em vez de um feixe visível de luz. 
Uma das grandes desvantagens do microscópio óptico é o longo 
comprimento da onda da luz que limita o poder de resolução máximo a 
cerca de 0,2 micrômetro. Uma corrente de elétrons tem um comprimento 
de onda muito curto e resolução de 0,2 nanômetro pode ser obtida com 
microscópios modernos. 
No microscópio eletrônico, os elétrons são emitidos por um filamento 
aquecido de tungstênio chamado catódio. Em virtude de os elétrons serem 
partículas carregadas que poderiam colidir com moléculas de ar e assim ser 
absorvidas e defletidas, todo sistema óptico do microscópio eletrônico deve 
operar no vácuo. O anódio é uma peça metálica com um pequeno furo no 
centro. Uma diferença de potencial entre e 40 e 100 KV entre o catódio e o 
anódio acelera os elétrons à medida que eles passam do catódio para o 
anódio. Atingindo o anódio, muitos elétrons passam através do furo do seu 
centro para formar um feixe. O feixe de elétrons passa através de uma 
série de lentes eletromagnéticas iguais às lentes de vidro do microscópio 
óptico. As lentes eletromagnéticas servem para focalizar o feixe de elétrons 
e a força do campo magnético produzido pelas lentes pode ser mudada 
alterando a quantidade de corrente que passa através dos espirais de fio 
das lentes. Dessa maneira, o condensador focaliza o feixe sobre o objeto. À 
medida que os elétrons abandonam o preparado, eles são focalizados na 
lente objetiva e se obtém uma imagem aumentada. A imagem é mais 
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aumentada por uma ou duas lentes projetoras. Em virtude de os feixes de 
elétrons serem invisíveis ao olho, a imagem é revelada fazendo com que os 
elétrons sejam projetados sobre uma tela fluorescente ou uma película 
fotográfica. 
Infelizmente, os feixes de elétrons possuem um poder de penetração 
muito fraco, de modo que tem que ser feitos cortes muito delgados do 
espécime (0,02 – 0,1 micrômetro). Por serem muito finos os cortes, estes 
têm um contraste muito pequeno; assim eles precisam ser corados com 
metais pesados que absorvem elétrons (tais como o urânio e o chumbo) 
para aumentar o contraste. 
O poder de penetração dos elétrons é aumentado elevando a 
voltagem de aceleração. É possível agora, com voltagens de aceleração de 
um milhão de volts, usar cortes mais espessos (1 – 5 micrômetros) e, ao 
mesmo tempo, obter maior resolução. 
 
Microscópio Eletrônico de Varredura 
O Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) examina a superfície do 
tecido; o feixe de elétrons não atravessa o espécime. Um feixe eletrônico 
estreito é dirigido sobre a superfície do espécime, varrendo-a de um lado 
para outro regularmente. Quando o feixe atinge a superfície do espécime 
esta emite elétrons secundários. Os elétrons secundários são captados por 
detentores, os quais criam um sinal elétrico, que é projetado em uma tela 
de televisão. O feixe de varredura, atingindo a superfície, desloca-se em 
sincronia com o feixe que produz a imagem no écran de televisão. Desse 
modo, uma imagem tridimensional da superfície do espécime pode ser 
construída no vídeo. Podem obter-se micrografias fotografando a imagem. 
 O tecido é preparado para o MEV primeiro fixando-o e depois por 
desidratação cuidadosa. A superfície do espécime é então revertida com 
uma delgada camada de metal, como o ouro, ouro-pálido, ou carbono, para 
ajudar a dispersão de elétrons. 
 
 
 
 
 
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TECIDO EPITELIAL DE REVESTIMENTO 
 
 
1. Introdução 
 Um dos quatro tipos básicos de tecido que forma o corpo, constitui as 
superfícies externas e internas do organismo animal, com suas células 
fortemente aderidas uma às outras com escassa substância intercelular. 
Além de formar uma cobertura superficial, as células epiteliais proliferam 
para o interior do tecido subjacente e formam as glândulas. 
 
2. Origem embrionária 
 Todas as três camadas germinativas embrionárias tomam parte na 
formação dos epitélios. Por exemplo: do ectoderma origina-se o epitélio da 
pele (epiderme), o epitélio da boca e das fossas nasais; do endoderma a 
maior parte do epitélio do sistema digestório e respiratório; do mesoderma 
o revestimento das cavidades corpóreas fechadas (mesotélio) e partes do 
sistema urogenital. 
 
3. Funções 
 São funções gerais dos epitélios de revestimento: 
 Revestimento das superfícies; 
 Exercer proteção para o organismo (barreira para a permeabilidade 
seletiva); 
 Realizar absorção; 
 Promover excreção de algumas substâncias; 
 Atuar, conjuntamente com outros tecidos, na função sensorial e na 
secreção de algumas substâncias. 
 
4. Características Gerais dos epitélios 
 Os tecidos epiteliais são variados e apresentam, em termos de 
morfologia e funções, uma variação grande. No entanto, algumas 
características são comuns aos epitélios: 
4.1. Forma edimensões das células epiteliais – as células dos epitélios 
variam muito quanto à forma e dimensões. Os epitélios apresentam desde 
células achatadas até células cilíndricas. 
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4.2. Ausência de substância intercelular – entre as células epiteliais 
encontramos apenas uma fina camada glicoprotéica, que é o glicocálix, 
que, acredita-se, seja sintetizada pelas próprias células epiteliais. 
Desempenhando importantes funções em fenômenos como pinocitose, 
imunologia e mesmo na adesividade entre as células epiteliais. 
4.3. Presença da membrana basal – presente na maioria dos epitélios, 
representa uma fina camada de material mucopolissacarídeo que é 
produzida pelas células epiteliais. Sua natureza extremamente permeável 
permite a difusão de metabólitos dos capilares sanguíneos para as células 
epiteliais. A lâmina basal une-se à lâmina reticular, uma rede de fibras 
reticulares e colágenas fina numa matriz de mucopolissacarídeo. Estas duas 
lâminas compõem a membrana basal, que pode ser visualizada na 
microscopia óptica com a reação PAS (Ácido Periódico de Schiff) e diversas 
colorações de prata. 
4.4. Coesão entre as células – as células epiteliais são relativamente 
resistentes à tração e quanto maior for o atrito a que determinado epitélio 
está sujeito, maior será a coesão entre suas células. Esta coesão se 
justifica pela presença da glicocálix, dos íons de cálcio e, sobretudo, pela 
presença de estruturas como os desmossomos e o complexo unitivo 
(zônula de oclusão e zônula de adesão). 
4.5. Ausência de vasos sanguíneos (avascularização) – entre as células 
epiteliais da maioria dos epitélios de revestimento não existe nem vasos 
sanguíneos e nem linfáticos. A nutrição das células epiteliais se dá por 
difusão de líquido tissular dos vasos do tecido conjuntivo subjacente. 
 
5. Especializações da Membrana Superficial das Células Epiteliais 
 
Alguns epitélios que desempenham funções especiais apresentam 
suas células superficiais com especializações na membrana superficial. 
Essas especializações podem ser: 
a) Microvilosidades – são evaginações da membrana sob a forma de 
dedos de luva, observados em células epiteliais com função de absorção. Os 
microvilos aumentam a eficiência dos processos de absorção, ampliando 
muito a superfície de contato com o ambiente. Encontrados por exemplo 
nas células do epitélio intestinal e de partes do rim. Estima-se que uma 
célula intestinal pode ter 3.000 microvilosidades e que em um milímetro 
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quadrado de revestimento intestinal existam 200.000.000 de 
microvilosidades. 
b) Cílios – são estruturas alongadas, cilíndricas, revestidas pela membrana 
celular e que apresentam dois túbulos centrais mais dezoito periféricos 
agrupados dois a dois. Os cílios são encontrados em epitélios como, por 
exemplo, o da traquéia e das trompas uterinas. Calcula-se que uma célula 
ciliada tenha, em média, 250 cílios na sua superfície apical. 
c) Estereocílios – são prolongamentos longos e imóveis que podem ou não 
se anastomosar entre si. São encontrados na região apical das células de 
revestimento do túbulo seminífero (célula de Sertoli), do epidídimo e do 
ducto deferente. Os estereocílios aumentam a área de superfície da célula, 
facilitando o movimento de moléculas para dentro e para fora da célula. 
 
6. Classificação dos Tecidos Epiteliais de Revestimento 
 Os epitélios de revestimento são classificados de acordo com critérios 
essencialmente morfológicos e sua classificação se baseia em dois aspectos: 
o número de camadas que possuem e a forma das células da camada mais 
superficial. 
 
a) Epitélio Simples Pavimentoso 
O epitélio simples pavimentoso consiste em uma única camada de 
células delgadas, planas e semelhantes a escamas. É encontrado, por 
exemplo, no epitélio que reveste as cavidades corporais fechadas (pleural, 
pericárdica e peritoneal) e é denominado mesotélio; o que reveste os 
vasos sangüíneos e linfáticos é conhecido como endotélio. 
b) Epitélio Simples Cúbico 
É uma camada única de células cuja largura e altura são 
aproximadamente iguais. Pode ser cúbico alto ou cúbico baixo. É 
encontrado nos ductos e unidades secretoras das glândulas exócrinas. O 
epitélio ovariano também é simples cúbico. 
c) Epitélio Simples Cilíndrico 
Consiste num epitélio formado por uma única camada de células altas 
e estreitas, com a altura consideravelmente maior do que a largura. 
Encontrado em órgãos que realizam funções secretoras e absortivas como, 
por exemplo, o do estômago e intestino delgado. 
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d) Epitélio Pseudo-Estratificado Cilíndrico Ciliado 
Neste tipo de epitélio todas as células repousam sobre a lâmina 
basal, mas devido a diferenças de alturas, nem todas atingem a superfície. 
Portanto o epitélio numa primeira observação parece ter mais de uma 
camada, mas na realidade só apresenta uma. Normalmente as células mais 
altas ou são as ciliadas ou as caliciformes (produtoras de muco). Esse tipo 
de epitélio é encontrado no sistema respiratório e reprodutor. 
e) Epitélio Estratificado Pavimentoso 
Formado por diversas camadas de células, com as células superficiais 
pavimentosas. Há duas formas: o queratinizado que apresenta as células 
superficiais cheias de queratina (proteína impermeabilizante) e perderam o 
núcleo; e o não queratinizado, onde as células superficiais mantêm seus 
núcleos e não apresentam queratina. 
f) Epitélio Estratificado Cúbico 
Duas ou mais camadas de células com uma camada superficial de 
células cúbicas típicas. Freqüentemente, ele ocorre como um epitélio de 
duas camadas distintas que reveste os ductos excretores das glândulas 
exócrinas. 
g) Epitélio Estratificado Cilíndrico 
Várias camadas de células com a camada superficial de células altas e 
prismáticas. É raro; só está presente em poucas áreas do corpo humano, 
como na conjuntiva ocular e nos grandes ductos excretores de glândulas 
salivares. 
h) Epitélio de Transição 
É um epitélio estratificado cuja forma das células superficiais varia de 
acordo com o estado de repleção do órgão. Está limitado ao sistema 
urinário, sendo o epitélio típico da bexiga. Quando o epitélio está sob 
pequena tensão, as células superficiais são grandes e “em forma de 
raquete”. Quando o epitélio é distendido, as células superficiais tornam-se 
achatadas e alongadas, e a altura total do epitélio diminui. 
 
 
 
 
 
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Exemplos de Tecidos Epiteliais de Revestimento. 
 
Epitélio Simples Pavimentoso Epitélio Simples Cúbico 
Epitélio Simples Cilíndrico Epitélio Pseudo-Estratificado 
Cilíndrico Ciliado com Células 
Caliciformes 
Cílios Célula Caliciforme 
 
 
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Epitélio Pseudo-Estratificado 
Cilíndrico Estereociliado 
Epitélio Estratificado Pavimentoso 
Não Queratinizado 
Epitélio Estratificado Pavimentoso 
Queratinizado 
Epitélio de Transição 
Estereocílios 
 
 
 
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TECIDO EPITELIAL GLANDULAR 
 
 
1. Introdução 
 
1.1. Importância 
 O tecido epitelial glandular desempenhando funções de secreção e 
excreção encontra-se muito bem distribuído em todo o organismo. Esse 
tecido, derivado do epitelial de revestimento, é fundamental no equilíbrio 
interno do corpo animal, participandodos mecanismos de excreção como, 
por exemplo, suor e a urina, bem como do controle das atividades orgânicas 
através de substâncias tais como hormônios. 
 
1.2. Conceito 
Esse tecido é formado por células que apresentam como atividade 
característica a produção de secreções fluidas de composição diferente da 
do plasma sanguíneo ou fluido tecidual. Essas secreções contêm substâncias 
como muco, enzimas ou um hormônio. Na maioria das vezes os processos 
de secreção são acompanhados da síntese intracelular de macromoléculas, 
cuja natureza é variável (proteínas – pâncreas; lipídeos – adrenal e 
glândulas sebáceas; complexo de carboidratos e proteínas – glândulas 
salivares). 
De modo geral as células glandulares se caracterizam por elaborarem 
e eliminarem para o meio interno ou externo produtos que não serão por 
elas utilizados, mas que terão importância funcional para outros setores do 
organismo. 
 
2. Origem das Glândulas 
 As glândulas originam-se sempre dos epitélios de revestimento, pela 
proliferação de suas células, com a invasão do tecido conjuntivo subjacente 
e posterior diferenciação. Se as células que invaginaram no tecido 
conjuntivo continuarem o contato com o epitélio, estará formada uma 
glândula exócrina. Caso o contato seja perdido, estará formada uma 
glândula endócrina. 
 
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Formação de glândulas a partir de epitélios de revestimento. 
 
3. Classificação das Glândulas 
As glândulas são classificadas de acordo com várias características 
diferentes que facilitam a discussão e refletem suas características 
estrutural e funcional. Portanto, classificaremos as glândulas, de forma 
geral, de acordo com os seguintes critérios: quanto ao número de células e 
quanto à presença ou não de ducto. Diferenciaremos as glândulas 
endócrinas de acordo com o arranjo celular; já para as glândulas exócrinas 
levaremos em consideração o modo de eliminação da secreção, o tipo de 
secreção e por último seu aspecto morfológico. 
 
3.1. Quanto ao número de células 
De acordo com este critério há duas diferentes modalidades de 
glândulas: 
 
 
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a) Unicelulares 
Consiste de uma única célula secretora num epitélio não secretor. O 
exemplo típico é a célula caliciforme, que produz mucinogênio que é 
liberado sobre a superfície epitelial, encontrada no intestino e na árvore 
respiratória. 
 
Secção de intestino grosso que mostra células caliciformes (setas) secretando muco no 
espaço extracelular. 
 
b) Pluricelulares 
São compostas por mais de uma célula secretora. A essa classificação 
pertence a maioria das glândulas. As glândulas pluricelulares podem ser: 
intraepiteliais – agrupamento de células secretoras no interior de um 
epitélio superficial; e extra-epiteliais – grande aglomerado de células 
secretoras que proliferam para o interior do tecido conjuntivo subjacente. 
As glândulas pluricelulares não são apenas aglomerados de células, 
mas órgãos definidos com arquitetura ordenada. 
 
 3.2. Quanto à presença ou não de ducto 
Uma glândula pode apresentar ou não ducto ou ductos, portanto 
considerando este critério podemos encontrar dois diferentes tipos de 
glândulas: 
 
 
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a) Endócrinas 
São glândulas desprovidas de ducto ou sistema de ductos e a 
secreção (geralmente um hormônio) é lançada diretamente no interior dos 
vasos sanguíneos. Estas glândulas de acordo com o arranjo de suas células 
podem ser classificadas em: 
Cordonais – são aquelas cujas células se dispõem em cordões maciços que 
se anastomosam entre si e ficam separados por capilares sangüíneos 
dilatados. Como exemplo, podemos citar: a hipófise, a paratireóide e 
adrenais. 
Vesiculares – suas células (cúbicas) se agrupam formando vesículas, 
constituídas por uma só camada de células, limitando um espaço no qual é 
armazenado o produto de secreção. Por exemplo: a tireóide. 
 
Glândula Endócrina Cordonal 
(Adrenal) 
Glândula Endócrina Vesicular 
(Tireóide) 
 
 
 
 
 
 
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b) Mistas - Possuem atividades endócrinas e exócrinas ao mesmo tempo. 
Apresentando unidades secretoras exócrinas e endócrinas. Por exemplo: 
fígado e pâncreas. 
 
Pâncreas – glândula mista, mostrando 
uma ilhota pancreática ou de Langerhans 
(no centro da figura), menos corada, a 
qual constitui a parte endócrina e os 
ácinos serosos, mais corados, ao redor 
da ilhota, os quais constituem a parte 
exócrina do pâncreas. 
 
 
c) Exócrinas 
Apresentam ductos que levam o produto de secreção para o 
exterior do corpo ou lúmen de um órgão cavitário. Exemplo: salivares, 
sudoríparas, tubulares intestinais. 
 As glândulas exócrinas são classificadas de acordo com os seguintes 
critérios: 
I. De acordo com o modo de liberação de sua secreção: 
Merócrinas – a secreção é liberada para a superfície livre através de 
vesículas, recobertas por membrana, pelo processo de exocitose, não 
resultando em perda de citoplasma. Exemplos: parte exócrina do pâncreas 
e lacrimais. 
Apócrinas – a secreção é liberada com uma parte do citoplasma da célula. 
A parte celular restante, então, regenera a porção perdida. Exemplos: as 
glândulas mamárias e sudoríparas axilares. 
Holócrinas – a célula inteira morre e destaca-se formando a secreção da 
glândula. As células perdidas são substituídas a partir da divisão de células 
vizinhas. Exemplo: glândula sebácea da pele. 
 
II. De acordo com o tipo de secreção 
Serosa – produz um produto fino e aquoso. As células da unidade 
secretora dessa glândula possuem no seu citoplasma apical pequenos 
grânulos de secreção (precursores de enzimas), são os grânulos de 
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ziminogênio. Exemplos: parte exócrina do pâncreas e glândula salivar 
parótida. 
 
Células secretoras do 
pâncreas organizadas em 
ácinos. A região basal da 
célula é basófila por ser rica 
em RNA, enquanto o ápice 
cora fracamente e contém 
grânulos de secreção. 
Pararrosanilina-toluidina. 
 
 
Mucosa – produz uma secreção espessa e viscosa (muco) que forma 
uma camada protetora sobre os órgãos ocos que se comunicam com o 
exterior do corpo. As células das unidades secretoras estão cheias de 
mucinogênio que é precursor do muco, fracamente corado com a 
hematoxilina-eosina (H.E.). Exemplos: glândulas caliciformes da traquéia. 
 
Glândulas esofágicas de secreção mucosa 
com característico citoplasma claro, 
levemente basófilo, e núcleos basais (setas). 
Ao lado das glândulas há um pequeno ducto 
formado por um epitélio simples cúbico. Todo 
este conjunto é circundado por tecido 
conjuntivo, corado em rosa. 
 
Mista ou Seromucosa – contém tanto células mucosas como serosas nas 
unidades secretoras. A forma de organização desses dois tipos de 
células varia de uma glândula para outra. Exemplos: glândula salivar 
mandibular e sublingual. 
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Glândula salivar submandibular 
constituída por dois tipos de células 
epiteliais secretoras: as células claras 
são mucosas e as escuras são 
serosas. Pararrosanilina-toluidina. 
 
 
III. De acordo com o aspecto morfológico 
A classificação das glândulas de acordo com a morfologia se baseia 
em dois diferentes aspectos: a complexidade dos ductos e a forma da partesecretora. 
 
 
Quanto à complexidade 
dos ductos 
Quanto à forma da 
parte secretora 
Exemplos 
Simples 
 
Reta 
Tubular 
Enovelada 
Ramificada Alveolar 
(Acinar) 
Túbulo-Alveolar (Acinar) 
Do intestino 
grosso 
Sudoríparas da 
pele 
Do estômago 
Sebáceas 
Salivares 
menores 
 Compostas Tubular 
Alveolar 
Túbulo-Alveolar 
Rins e testículos 
Mamária 
Salivares 
maiores 
 
 
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4. Estrutura Macroscópica de uma Glândula Composta 
Uma glândula composta é formada por: 
Parênquima – denominação que se dá ao conjunto formado pelas unidades 
secretoras e ductos. 
Estroma – inclui a cápsula e a estrutura interna de sustentação. A cápsula 
que circunda completamente a glândula dá origem aos septos ou trabéculas 
de tecido conjuntivo que se estendem para o interior do parênquima. Tais 
septos definem claramente os lobos e lóbulos e fornecem sustentação para 
os vários ductos. 
 
5. Controle da Função Glandular 
A atividade de uma glândula depende principalmente de dois fatores: 
genético e exógeno. O fator genético depende da desrepressão de um 
ou mais genes, que, conseqüentemente, iniciarão os processos de secreção 
de determinados compostos na célula. Isto ocorre na diferenciação que se 
processa na embriogênese da glândula. 
O fator exógeno se processa através do controle nervoso, pelos 
neurotransmissores; e pelo controle hormonal, através dos hormônios. 
 
 6. Células Mioepiteliais 
São células epiteliais modificadas com propriedades contráteis, 
presentes em algumas glândulas simples e compostas. A contração dessas 
células força o produto de secreção para o interior do sistema de ductos, 
uma vez que se localizam ao redor da unidade secretora. São especialmente 
desenvolvidas nas glândulas sudoríparas e mamárias. 
 
Elétron-micrografia de uma secção 
de glândula salivar que mostra 
células secretoras e uma célula 
mioepitelial abraçando as células 
secretoras. A contração da célula 
mioepitelial comprime o ácino e 
ajuda a expulsar os produtos de 
secreção. 
 
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TECIDO CONJUNTIVO 
 
 
1. Conceito 
Um dos quatro tipos fundamentais de tecidos se caracterizando 
principalmente por apresentar uma grande quantidade de substância 
intercelular. Na verdade, agrupa um conjunto de tecidos que varia de 
função, proporção entre células e substância intercelular, bem como a 
natureza e organização desses elementos. 
 
2. Origem Embrionária 
A maioria dos tecidos conjuntivos se forma a partir do mesoderma. 
No entanto, o ectoderma da região da cabeça também participa da 
formação dos tecidos conjuntivos. O tecido conjuntivo embrionário ou 
mesênquima surge dos somitos mesodérmicos e das camadas laterais do 
mesoderma somático esplâcnico. Posteriormente, os demais tecidos 
conjuntivos se derivam de mesênquima. 
 
3. Componentes 
 Os tecidos conjuntivos são formados por: células, fibras e 
substância fundamental amorfa ou matriz extracelular. 
 Com relação às células, em cada modalidade de tecido conjuntivo 
encontramos células específicas cujas funções estão relacionadas com o 
tecido a que pertence. 
 Antes de falar especificamente sobre cada um dos tecidos 
conjuntivos, veremos uma descrição de cada uma das principais células, 
das fibras e da substância fundamental amorfa, encontradas principalmente 
no tecido conjuntivo frouxo e denso. 
 
3.1. Células 
3.1.1. Fibroblastos 
 Célula fixa, alongada, com inúmeros prolongamentos citoplasmáticos, 
núcleo fusiforme ou oval e contém um ou mais nucléolos evidentes. A 
cromatina é espessa e está freqüentemente agrupada na periferia. Quando 
inativos, os prolongamentos são menores ou inexistentes, apresentam-se 
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fusiforme com núcleo menor e mais escuro e passam a se chamar 
fibrócitos. A principal função do fibroblasto é sintetizar colágeno e 
proteoglicanas da substância fundamental amorfa sendo, portanto, o 
principal responsável pela formação das fibras e do material extracelular 
amorfo. Havendo um estímulo adequado, como ocorre nos processos de 
cicatrização, o fibrócito pode voltar a sintetizar fibras, reassumindo o 
aspecto de um fibroblasto jovem. 
 
Desenho esquemático de fibroblastos ativos (esquerda) e fibroblastos quiescentes (direita), 
mostrando a morfologia externa e a ultra-estrutura dessas células. Os fibroblastos que estão 
ativamente envolvidos na síntese de moléculas possuem maior quantidade de mitocôndrias, 
gotas de lípides, complexo de Golgi e retículo endoplasmático rugoso do que os fibroblastos 
quiescentes, freqüentemente chamados fibrócitos. 
 
3.1.2. Macrófagos 
 Podem ser fixos ou móveis. Os fixos são também denominados de 
histiócitos. Os móveis se deslocam por movimento amebóide e, portanto 
apresentam uma morfologia variável conforme o estado funcional e a 
localização da célula. Os histiócitos são fusiformes ou estrelados, núcleo 
ovóide e cromatina condensada. O macrófago móvel tem um núcleo com 
cromatina condensada e geralmente em forma de rim. Sua função principal 
é fagocitose. Os macrófagos fagocitam bactérias, partícula estranhas, 
leucócitos neutrófilos (em reações inflamatórias) e eritrócitos velhos ou 
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danificados (no baço). Portanto, possuem um papel protetor importante sob 
condições normais e anormais. Quando encontram corpos estranhos de 
grandes dimensões, fundem-se uns com os outros, constituindo células 
muito grandes, com 100 ou mais núcleos, são as células gigantes de 
corpo estranho. Os macrófagos se originam a partir dos monócitos, 
células do sangue, que por diapedese chegam ao tecido conjuntivo 
ganhando a forma de macrófago. 
 
Micrografia eletrônica de um macrófago. Observe lisossomos secundários (L), núcleo (N) e 
nucléolo (Nu). As setas indicam vacúolos de fagocitose. 
 
3.1.3. Mastócitos 
 Células livres, grandes e que se caracterizam pela presença, em seu 
citoplasma, de inúmeros grânulos metacromáticos que chegam a mascarar 
o núcleo que é esférico e central. São de difícil detecção nos preparados 
corados com Hematoxilina e Eosina (HE), destacando-se naqueles corados 
com azul-de-toluidina que cora os grânulos dos mastócitos de vermelho. Os 
grânulos contêm heparina (anticoagulante), histamina (vasodilatador), 
serotonina, o fator quimiotático dos eosinófilos na anafilaxia (ECF-A, 
Eosinophil Chemotactic Factor of Anaphylaxis). Os mastócitos secretam 
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também a substância de ação lenta (SRS-A, Slow-Reacting Substance of 
Anaphylaxis. Além do mais a superfície dos mastócitos contém receptores 
específicos para imunoglobulina E (IgE) produzida pelos plamócitos. A maior 
parte das moléculas de IgE se fixa na superfície dos mastócitos e dos 
granulócitos basófilos. A liberação de mediadores químicos armazenados 
nos mastócitos promove reações alérgicas denominadas “reações de 
sensibilidade imediata” porque têm lugar pouco minutos após a penetração 
do antígeno em indivíduo sensibilizado previamente ao mesmo antígeno ou 
antígeno muito semelhante. O choque anafilático é um exemplo deste tipo 
de reação. 
 
Corte histológico de língua de rato. Observar vários mastócitos no tecido conjuntivo que 
envolve as células musculares e vasos sangüíneos. Coloração: Pararrosanilina e azul de 
toluidina. 
 
3.1.4. Plasmócitos 
 São células ovóides com citoplasmamuito basófilo, graças à sua 
riqueza em retículo endoplasmático granular. O núcleo é excêntrico e 
apresenta cromatina disposta em forma de raios de uma roda. Originam-se 
a partir dos linfócitos B do sangue. Estes linfócitos entram no tecido 
conjuntivo e diferenciam-se em plasmócitos. Os plasmócitos são 
abundantes nos órgãos linfáticos, no tecido conjuntivo frouxo da lâmina 
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própria e submucosa do trato gastro-intestinal e no aparelho genital 
feminino (útero), mas são menos numerosos no tecido conjuntivo frouxo de 
outras áreas do corpo. Aumentam de número nas áreas de inflamação 
crônica. 
 Sua principal função é sintetizar os anticorpos circulantes do sangue. 
Os anticorpos são proteínas específicas, da classe das gamaglobulinas, 
fabricadas em resposta à penetração de moléculas estranhas que recebem o 
nome de antígeno. Apesar de estar demonstrado experimentalmente que 
certos antígenos necessitam entrar em contato com o macrófago para 
determinar uma resposta antigênica pelos plasmócitos, sabemos que há 
antígenos que atuam diretamente sobre os plasmócitos. Neste último caso, 
o plasmócito produz anticorpos sem necessitar da cooperação do 
macrófago. 
 
Ultra-estrutura de um plasmócito. A célula contém um retículo endoplasmático bem 
desenvolvido, com cisternas dilatadas contendo imunoglobulinas (anticorpos). Nos 
plasmócitos a secreção protéica não forma grânulos de secreção. Nucléolo (Nu). 
 
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3.1.5. Célula Mesenquimal Indiferenciada 
 Também denominada de célula adventícia, semelhante aos 
fibroblastos embora menor com núcleo alongado e cromatina condensada. 
Situa-se normalmente ao redor de capilares e pequenos vasos sanguíneos 
no tecido conjuntivo frouxo, sendo também conhecida como pericito ou 
célula perivascular. Sua denominação provém do fato de que ela retém a 
multipotencialidade das células mesenquimais embrionárias. Parecem ser 
importantes na formação de novos fibroblastos durante o processo de 
cicatrização de feridas e podem, em determinadas circunstâncias, formar 
outros tipos de células como os condroblastos e osteoblastos. Esta 
capacidade explicaria o ocasional aparecimento de osso na cicatrização de 
uma ferida. 
 
3.1.6. Células Adiposas 
 São células arredondadas que armazenam grande quantidade de 
gordura apresentando praticamente todo o seu citoplasma ocupado por uma 
substância de reserva. Com isso, o núcleo é deslocado para a periferia da 
célula e o restante do citoplasma fica como uma delgada camada ao redor 
da gota de gordura. Essas células podem ocorrer isoladas ou em pequenos 
grupos nos tecidos conjuntivos frouxos ou, então, agrupadas em grande 
número, formando o tecido adiposo. As células adiposas maduras são 
incapazes de se dividir e acredita-se que novas células adiposas derivem 
das células mesenquimais. 
 
3.1.8. Leucócitos 
São células do sangue que chegam aos tecidos conjuntivos por 
diapedese. Esse mecanismo se torna mais intenso nas inflamações. No 
conjuntivo normal os leucócitos mais freqüentemente encontrados são os 
eosinófilos e linfócitos. 
 
3.2. Fibras 
3.2.1. Fibras Colágenas 
São as mais freqüentes no tecido conjuntivo e apresentam coloração 
branca no seu estado fresco. São constituídas da proteína colágeno. 
Apresentam grande resistência à tração e são inelásticas. Dos três tipos de 
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fibras são as mais calibrosas. Nos cortes corados pela hematoxilina e eosina 
(HE) elas se coram em rosa-claro pela eosina; coram-se em vermelho pelo 
tricrômico de Van Gieson, em azul pelo tricrômico de Mallory e em verde 
pelo tricrômico de Masson. As fibras possuem de 1 a 10 micrômetros de 
espessura e são de comprimento indefinido. Ocorrem isoladas ou em feixes 
e apresentam um curso retilíneo ou levemente ondulado. Cada fibra 
colágena é composta de agregados paralelos de várias fibrilas. Por sua vez, 
cada fibrila é composta por feixes de microfibrilas paralelas. As microfibrilas 
só podem ser vistas ao microscópio eletrônico e possuem entre 20 a 100 
nanômetros de espessura. Estas mostram faixas transversais maiores, 
características, com uma periodicidade de 64 nanômetros; várias faixas 
transversais menores podem ser vistas entre as faixas maiores. Cada 
microfibrila é composta quimicamente por moléculas de tropocolágeno. A 
molécula de tropocolágeno é formada por três cadeias polipeptídicas, 
chamadas unidades alfa que apresentam uma configuração helicoidal e 
estão enroladas uma em torno da outra da esquerda para direita. As três 
cadeias são conectadas por ligações cruzadas. O colágeno é produzido por 
diversos tipos celulares como fibroblasto, osteoblasto, odontoblasto, 
condrócito e célula muscular lisa. 
 
 
Corte histológico de pele. Observar os espessos feixes de fibras colágenas orientados em 
diferentes sentidos. Vêem-se ainda núcleos de fibroblastos (cabeças de setas) e alguns vasos 
sangüíneos pequenos (setas) Coloração: Hematoxilina-eosina. 
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3.2.2. Fibras Elásticas 
São mais delgadas (1 a 5 micrômetros de diâmetro), não apresentam 
estriações longitudinais, apresentam coloração amarelada no seu estado 
natural, apresentam grande elasticidade cedendo facilmente a trações 
mínimas e voltando à forma inicial tão logo cessem as forças deformantes. 
O componente principal das fibras elásticas é a proteína elastina. Essas 
fibras são formadas por fibrotúbulos (fibra ocas) com 10 nanômetros de 
espessura, envolvendo uma parte central amorfa. A elastina constitui o 
material amorfo dessas fibras, sendo os fibrotúbulos formados por outra 
proteína, cuja composição difere muito da elastina. Coram-se em rosa-claro 
nos cortes corados por HE, em marrom pela orceína e em azul-avermelhado 
pela resorcina-fucsina. As fibras elásticas são formadas por fibroblastos e 
por células musculares lisas. 
 
Mesentério de rato jovem mostrando os feixes de fibras de colágeno corados em vermelho e, 
as fibras elásticas coradas em escuro pela orceína. As fibras elásticas aprecem como 
estruturas finas e retilíneas. 
 
3.2.3. Fibras Reticulares 
 Nas preparações histológicas de rotina as fibras reticulares não são 
visíveis. Somente com determinadas impregnações pela prata (daí o termo 
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argirofílicas ou argentafins) ou com o método do ácido periódico de Schiff 
(PAS) é que estas fibras podem ser observadas como uma rede em 
determinados órgãos. São fibras muito delicadas (diâmetro de 0,5 a 2 
micrômetros) e quimicamente formadas por colágeno do tipo III associado 
a elevado teor de glicoproteínas. As fibras reticulares formam redes flexíveis 
e delicadas ao redor de capilares, fibras musculares, nervos, células 
adiposas e hepatócitos, e servem como uma rede para a sustentação de 
células ou de grupos de células nos órgãos endócrinos e linfáticos. São 
especialmente abundantes e estão sempre associadas a um tipo celular 
especial, a célula reticular, que ocorre no tecido conjuntivo reticular, o 
qual forma o arcabouço dos órgãos hemopoéticos (baço, linfonodos, medula 
óssea vermelha, etc). Essas fibras são sintetizadas por fibroblastos, 
condroblastos, osteoblastos e por células epiteliais. 
 
 
Corte histológico do córtex da glândula adrenal corada pela prata para mostrar as fibras 
reticulares. Os núcleos das células aparecem em negro e o citoplasma não está

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