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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE O controle de constitucionalidade trata-se de um mecanismo de verificação e adequação das normas infraconstitucionais com o intuito de analisar sua compatibilidade para com a Carta Magna, desta forma qualquer lei ou ato normativo que esteja em desacordo com a Constituição é considerado inconstitucional. Segundo Moraes (2017, p. 518): “A ideia de controle de constitucionalidade está ligada à Supremacia da Constituição sobre todo o ordenamento jurídico e, também, à de rigidez constitucional e proteção dos direitos fundamentais”. Formas de inconstitucionalidade Quando lei ou ato normativo é incompatível com a Constituição diz que tais dispositivos são inconstitucionais, sendo que a inconstitucionalidade pode ser comissiva (ocorre quando uma lei ou ato normativo viola o texto constitucional) ou omissiva (configura quando o Estado deixa de agir positivamente diante de um comando constitucional). A inconstitucionalidade comissiva pode ocorrer tanto por motivos formais (vício no processo de formação do dispositivo legal), quanto por motivos materiais (vício no conteúdo do dispositivo legal). A inconstitucionalidade classifica-se também como total (aquela que atinge todo o ato normativo) e parcial (aquela que atinge apenas parte do ato normativo). Classificações do controle de constitucionalidade Em relação ao órgão controlador Quanto ao órgão, o controle poderá ser classificado como político, jurídico ou misto. O controle de constitucionalidade será político quando for realizado por órgãos públicos desprovido de natureza jurisdicional. Segundo Moraes (2017, p. 520): “Ocorre em Estados onde o órgão que garante a supremacia da constituição sobre o ordenamento jurídico é distinto dos demais Poderes do Estado”. O controle realizado por órgãos integrantes do Poder Judiciário configura o controle jurídico (jurisdicional). Moraes (2017, p. 520) salienta que “é a verificação da adequação (compatibilidade) de atos normativos com a constituição feita pelos órgãos integrantes do Poder Judiciário. É a regra adotada pelo Brasil”. Por fim, quando algumas leis são controladas por um órgão político e outras por órgão jurisdicional, estamos diante do controle de constitucionalidade misto. Em relação ao momento do controle Quanto ao momento em que o controle pode ser realizado, há duas classificações possíveis: controle preventivo e o controle repressivo. O controle preventivo atinge uma norma que ainda está em fase de elaboração, isto é, no curso do trâmite legislativo, tendo efeito sobre projetos de lei e propostas de emenda constitucional. Para Moraes (2017, p. 522) “podemos vislumbrar duas hipóteses de controle preventivo de constitucionalidade, que buscam evitar o ingresso no ordenamento jurídico de leis inconstitucionais: as comissões de constituição e justiça e o veto jurídico”. Sobre as comissões de constituição e justiça, Alexandre de Moraes (2017, p. 522) discorre da seguinte forma: A primeira hipótese de controle de constitucionalidade preventivo refere-se às comissões permanentes de constituição e justiça cuja função precípua é analisar a compatibilidade do projeto de lei ou proposta de emenda constitucional apresentados com o texto da Constituição Federal. O art. 58 da Constituição Federal prevê a criação de comissões constituídas na forma do respectivo regimento ou do ato de que resultar sua criação e com as atribuições neles previstas. Esta hipótese de controle poderá ser realizada, também, pelo plenário da casa legislativa, quando houver rejeição do projeto de lei por inconstitucionalidade. Moraes (2017, p. 522) também faz uma explanação sobre o veto jurídico: A segunda hipótese encontra-se na participação do chefe do Poder Executivo no processo legislativo. O Presidente da República poderá vetar o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional por entendê-lo inconstitucional (CF, art. 66, § 1º). É o chamado veto jurídico. O controle repressivo, por usa vez, ocorre após o processo legislativo está finalizado, ou seja, a lei ou ato normativo já está pronto e acabado. Via de regra, o controle repressivo é o adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro. CONTROLE REPRESSIVO REALIZADO PELO PODER JUDICIÁRIO Ao se analisar o número de órgãos competentes para a realização do controle de constitucionalidade, observa-se uma outra classificação: controle difuso e controle concentrado. O controle difuso é exercido por qualquer juiz ou tribunal competente para o julgamento (inclusive o STF) de um caso concreto, possui eficácia inter partes e efeito não vinculante. Já no controle concentrado, que possui eficácia erga omnies e efeito vinculante, um único órgão atua sozinho na defesa da Carta Magna, tratando-se de competência originária do referido órgão, no caso do Brasil tal responsabilidade cabe ao STF. Em nosso país ambos os tipos de controle são adotados, como explica o autor Alexandre de Moraes (2017, p. 524): No Brasil, o controle de constitucionalidade repressivo judiciário é misto, ou seja, é exercido tanto da forma concentrada, quanto da forma difusa. O art. 102, I, a, da CF afirma competir ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da constituição, cabendo-lhe processar e julgar, originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. Por sua vez, o art. 97 estende a possibilidade do controle difuso também aos Tribunais, estabelecendo, porém, uma regra, ao afirmar que somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. Conclui-se que o Brasil adotou o controle de constitucionalidade misto. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE A ação direta de inconstitucionalidade possui previsão legal no art. 102, I, “a” da CF, nas palavras de Alexandre de Moraes (2017, p. 532): Haverá cabimento da ação direta de inconstitucionalidade para declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal, estadual ou distrital, no exercício de competência equivalente à dos Estados-membros, editados posteriormente à promulgação da Constituição Federal e que ainda estejam em vigor. O art. 103 da CF estabelece quem são os legitimados para propor ação direta de inconstitucionalidade de forma ativa: Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Sobre a finalidade da ADI, Moraes (2017, p. 538) afirma que: A finalidade da ação direta de inconstitucionalidade é retirar do ordenamento jurídico lei ou ato normativo incompatível com a ordem constitucional, constituindo-se, pois, uma finalidade de legislador negativo do Supremo Tribunal Federal, nunca de legislador positivo. Assim, não poderá a ação ultrapassar seus fins de exclusão, do ordenamento jurídico, dos atos incompatíveis com o texto da Constituição. O procedimento da ADI encontra-se regulado na Lei 9.868/99, Alexandre de Moraes (2017, p. 240) resume tal procedimento da seguinte forma: A petição inicial será apresentada em duas vias, devendo contercópias da lei ou do ato normativo impugnado e dos documentos necessários para comprovação da impugnação e indicará o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações. Além disso, deverá individualizar o pedido, com suas especificações. Cabe destacar a importância do amicus curiae que Moraes (2017, p. 541) define como: (...) a figura do amicus curiae, ou “amigo da Corte”, cuja função primordial é juntar aos autos parecer ou informações com o intuito de trazer à colação considerações importantes sobre a matéria de direito a ser discutida pelo Tribunal, bem como acerca dos reflexos de eventual decisão sobre a inconstitucionalidade da espécie normativa impugnada, dispondo, conforme salientado pelo STF, “da faculdade de submeter ao relator da causa propostas de requisição de informações adicionais, de designação de peritos, de convocação de audiência públicas”. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 33ª ed. São Paulo: Atlas, 2017.