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UNIFIEO – CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO Nome aluna: Roberta Araújo Santos. Prontuário: . Turma: DIR- NA2/G4- ADAPTAÇÃO. Curso: Direito. Disciplina: DIREITO CIVIL: PARTE GERAL II. Prova: N1 Professora: Raquel Helena de Lima. Data: 08/10/2020. RESUMO – TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO. FATOS, ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS. CONCEITO Para o entendimento do âmbito jurídico, tais construções são ferramentas básicas que devem sempre ser usadas para o estudo do Direito Privado. É interessante compreender o conceito de fato, que significa qualquer ocorrência que interessa ou não ao direito, ao âmbito jurídico. Dentro desse mundo dos fatos, surgem os fatos não jurídicos, que não nos interessam como objeto de estudo, e os fatos jurídicos, qualquer ocorrência com repercussão para o direito, alias, fatos com repercussões jurídicas. O mundo jurídico confina com o mundo dos fatos (materiais, ou enérgicos, econômicos, políticos, de costumes, morais, artísticos, religiosos, científicos), ocorre as múltiplas interferências de um no outro. O mundo jurídico não é mais do que o mundo dos fatos jurídicos, sendo assim, são os suportes fáticos que ludibriam entrar no mundo jurídico. Nem todos os fatos jurídicos são iguais. O fato jurídico natural é aquele que independe da atuação humana, podendo ser conceituado também como fato jurídico stricto sensu. Mesmo não havendo o elemento volitivo, o fato natural produz efeitos jurídicos com o objetivo de criação, alteração ou mesmo extinção de direitos e deveres a) Fato jurídico natural ordinário – é o evento natural previsível e comum de ocorrer, como é o caso da morte, do nascimento, do decurso de prazo, da prescrição e da decadência. O que se percebe, portanto, é que o fato jurídico natural ordinário sofre influência do elemento tempo. b) Fato jurídico natural extraordinário – é o evento decorrente da natureza, como o caso fortuito (evento totalmente imprevisível) ou a força maior (evento previsível, mas inevitável ou irresistível). Ao lado do fato natural, ou fato jurídico stricto sensu, há o fato jurídico humano. Parte da doutrina denomina o fato humano como fato jurígeno, pela presença da vontade humana (elemento volitivo), incluindo os atos lícitos e os ilícitos A) Ato jurídico em sentido amplo ou ato jurídico lato sensu – também denominado ato voluntário e que também possui importante subclassificação. B) Ato ilícito – é a conduta voluntária ou involuntária que está em desacordo com o ordenamento jurídico. O ilícito pode ser penal, administrativo ou civil, havendo independência entre essas três esferas, (“a responsabilidade civil independe da criminal”). Essa independência, no entanto, não é absoluta, mas relativa, pois uma conduta pode influir nas três órbitas, como ocorre em um acidente de trânsito ou no dano ambiental. O conceito de ato ilícito civil, para os fins de responsabilidade civil, observando o art. 186 do atual Código, descreve que “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Ato jurídico em sentido estrito (ou ato jurídico stricto sensu) – quando houver objetivo de mera realização da vontade do titular de um determinado direito, não havendo a criação de instituto jurídico próprio para regular direitos e deveres, muito menos composição de vontade entre as partes envolvidas. O ato jurídico stricto sensu os efeitos da manifestação de vontade estão predeterminados pela lei. Podem ser citados como exemplos de atos jurídicos stricto sensu a ocupação de um imóvel, o pagamento de uma obrigação e o reconhecimento de um filho. Negócio jurídico – é o fato jurídico, com elemento volitivo qualificado, cujo conteúdo seja lícito, visando a regular direitos e deveres específicos de acordo com os interesses das partes envolvidas. Diante de uma composição de vontade de partes, que dita a existência de efeitos, há a criação de um instituto jurídico próprio, visando a regular direitos e deveres. na ideia de movimento. DO ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO OU ATO JURÍDICO STRICTO SENSU O ato jurídico em sentido estrito há uma manifestação de vontade do agente, mas as consequências são as previstas em lei e não na vontade das partes, ausente qualquer composição volitiva entre os seus envolvidos. Ademais, não há criação de um instituto jurídico próprio, visando a regulamentar interesse das partes. O ato jurídico stricto sensu é um “fato jurídico que tem por elemento próprio deste, sendo assim, fático a manifestação ou declaração unilateral de vontade cujos efeitos jurídicos são prefixados pelas normas jurídicas e invariáveis, não cabendo às pessoas qualquer poder de escolha da categoria jurídica ou de estruturação do conteúdo das relações respectivas. O pagamento direto de uma obrigação também constitui um típico ato jurídico em sentido estrito. A obrigação já existia anteriormente, cabendo ao devedor pagá-la a fim de eximir- se do vínculo dela decorrente e das consequências do inadimplemento, como a responsabilidade patrimonial consagrada no art. 391 do CC. Com o pagamento, ausente qualquer composição de vontades, o devedor livra-se desse vínculo. Por fim, a ocupação de um imóvel do mesmo modo é um ato jurídico stricto sensu. O imóvel já existe, havendo no ato de ocupação efeitos de origem puramente legal. Assim a ocupação, como tomada da posse, não constitui um ato-fato jurídico (ato real), mas um ato jurídico em sentido estrito. O ato jurídico stricto sensu constitui um fato jurídico, bem como um fato jurígeno, pela presença do elemento volitivo. Desse modo, as regras que serão expostas quanto ao negócio jurídico. DO NEGÓCIO JURÍDICO O negócio jurídico é uma espécie do gênero ato jurídico em sentido amplo (lato sensu), constituindo ainda um fato jurídico, particularmente um fato jurígeno, pela presença da vontade. A autonomia privada, com a qual os particulares regulam por si os próprios interesses, havendo uma composição de vontades, cujo conteúdo deve ser lícito. Constitui um ato destinado à produção de efeitos jurídicos desejados pelos envolvidos e tutelados pela norma jurídica. O negócio jurídico é o contrato, concebido como um negócio jurídico bilateral ou plurilateral à modificação ou à extinção de direitos e deveres, com o patrimonial. Dessa forma, o negócio jurídico é o principal instrumento que as pessoas têm para realizar seus interesses. As obrigações, os contratos, o casamento e, sobretudo, os negócios jurídicos, uma vez que profundas foram as alterações sociais e econômicas. Relativamente aos negócios patrimoniais, aquele contrato separado, concebido o pacta sunt servanda, da regra de que o mesmo sempre faz lei entre as partes, simplesmente não existe mais. Os princípios sociais contratuais, caso da função social e da boa-fé objetiva. Principais classificações dos negócios jurídicos A classificação do negócio jurídico tem como objetivo enquadrar um determinado instituto jurídico, bem como demonstrar a natureza jurídica do mesmo. Sendo assim, o que se denomina como categorização jurídica. Pelo que consta no art. 185 da atual codificação, as classificações a seguir servem tanto para os negócios quanto para os atos jurídicos stricto sensu. Vejamos os principais enquadramentos de tais institutos: I) Quanto às manifestações de vontade: Negócios jurídicos unilaterais – são aqueles atos e negócios em que a declaração de vontade emana de apenas uma pessoa, com um único objetivo. São exemplos de negócios jurídicos unilaterais o testamento, a renúncia a um crédito e a promessa de recompensa. Os negócios unilaterais podem ainda ser classificados em receptícios – aqueles em que a declaração deve ser levada a conhecimento do seu destinatário para que possa produzir efeitos – e em não receptícios – em que o conhecimento pelo destinatário é irrelevante. A promessa de recompensa está dentro dos primeiros e o testamento, dos últimos. Negócios jurídicos bilaterais – são aqueles em que há duas manifestações de vontade coincidentes sobre o objetoou bem jurídico tutelado. O negócio jurídico bilateral por excelência é o contrato. Repita-se, portanto, que os contratos são sempre negócios jurídicos, pelo menos bilaterais. Negócios jurídicos plurilaterais – são os negócios jurídicos que envolvem mais de duas partes, com interesses coincidentes no plano jurídico. O negócio jurídico plurilateral são o contrato de consórcio e o contrato de sociedade entre várias pessoas. II) Quanto às vantagens patrimoniais para os envolvidos: Negócios jurídicos gratuitos – são os atos de liberalidade, que outorgam vantagens sem impor ao beneficiado a obrigação de uma contraprestação. Não envolvem, portanto, sacrifício patrimonial de todas as partes, situações em que uma parte só tem vantagens, não assumindo deveres. Exemplo é o contrato de doação pura. Negócios jurídicos onerosos – são os atos que envolvem sacrifícios e vantagens patrimoniais para todas as partes no negócio, como é o caso dos contratos de locação e de compra e venda. No primeiro caso a remuneração é o aluguel, no segundo, o preço. Negócios jurídicos neutros – são aqueles em que não há uma atribuição patrimonial determinada, não podendo ser enquadrados como gratuitos ou onerosos, caso da instituição de um bem de família voluntário ou convencional (arts. 1.711 a 1.722 do CC). Negócios jurídicos bifrontes – são aqueles que tanto podem ser gratuitos como onerosos, o que depende da autonomia privada, da intenção das partes. Podem ser citados os contratos de depósito e de mandato, que podem assumir as duas formas, pela presença ou não da remuneração III) Quanto aos efeitos, no aspecto temporal: Negócios jurídicos inter vivos – são aqueles destinados a produzir efeitos desde logo, isto é, durante a vida dos negociantes ou interessados, como ocorre, por exemplo, nos contratos, caso da compra e venda; e no casamento. Negócios jurídicos mortis causa – aqueles cujos efeitos só ocorrem após a morte de determinada pessoa, como, para ilustrar, se dá no testamento e no legado. IV) Quanto à necessidade ou não de solenidades e formalidades: Negócios jurídicos formais ou solenes – são aqueles que obedecem a uma forma ou solenidade prevista em lei para a sua validade e aperfeiçoamento, caso do casamento e do testamento. Como se verá adiante, tecnicamente, há diferenças entre as categorias forma e solenidade. Negócios jurídicos informais ou não solenes – são aqueles que admitem forma livre, constituindo regra geral, pelo que prevê o art. 107 do CC/2002, o princípio da operabilidade, no sentido de simplicidade ou de facilitação do Direito Civil. São, por regra, negócios jurídicos a locação, a prestação de serviços e a compra e venda de bens móveis. V) Quanto à independência ou autonomia: Negócios jurídicos principais ou independentes – são os negócios que têm vida própria e não dependem de qualquer outro negócio jurídico para terem existência e validade. Exemplo a ser citado é o contrato de locação. Negócios jurídicos acessórios ou dependentes – são aqueles cuja existência está subordinada a outro negócio jurídico, denominado principal. Exemplo típico de negócio acessório é o contrato de fiança, geralmente relacionado com um contrato de locação. VI) Quanto às condições pessoais especiais dos negociantes: Negócios jurídicos impessoais – são aqueles que não dependem de qualquer condição especial dos envolvidos, podendo a prestação ser cumprida tanto pelo obrigado quanto por um terceiro. Exemplo é o contrato de compra e venda. Negócios jurídicos personalíssimos ou intuitu personae – são aqueles dependentes de uma condição especial de um dos negociantes, havendo uma obrigação infungível, como ocorre no contrato de fiança. Como outro exemplo cite-se a contratação de um pintor famoso, com talento único, para fazer o retrato de uma família. VII) Quanto à sua causa determinante: Negócios jurídicos causais ou materiais – são aqueles em que o motivo consta expressamente do seu conteúdo como ocorre, por exemplo, em um termo de separação ou de divórcio. A maioria dos negócios jurídicos assume essa forma. Negócios jurídicos abstratos ou formais – são aqueles cuja razão não se encontra inserida no conteúdo, decorrendo dele naturalmente. Exemplos que podem ser citados são um termo de transmissão da propriedade e a simples emissão de um título de crédito. VIII) Quanto ao momento de aperfeiçoamento: Negócios jurídicos consensuais – são aqueles que geram efeitos a partir do momento em que há o acordo de vontades entre as partes, como ocorre na compra e venda pura (art. 482 do CC/2002). Negócios jurídicos reais – são aqueles que geram efeitos a partir da entrega do objeto, do bem jurídico tutelado. Alguns contratos, como o comodato, o mútuo, o contrato estimatório e o depósito, assumem essa forma. IX) Quanto à extensão dos efeitos: Negócios jurídicos constitutivos – são os negócios que geram efeitos ex nunc partir da sua conclusão, pois constituem positiva ou negativamente determinados direitos, como ocorre com a compra e venda. Negócios jurídicos declarativos – são os negócios que geram efeitos ex tunc, a partir do momento do fato que constitui o seu objeto, caso da partilha de bens no inventário Os elementos constitutivos do negócio jurídico Os elementos essenciais do negócio jurídico. Constituem, portanto, o suporte fático do negócio jurídico (pressupostos de existência). Nesse sentido os substantivos, sem qualquer qualificação, ou seja, substantivos sem adjetivos. Esses substantivos são: partes (ou agentes), vontade, objeto e forma. Não havendo algum desses elementos, o negócio jurídico é inexistente. No segundo sentido, o da validade, as palavras acima indicadas ganham qualificações, ou seja, os substantivos recebem adjetivos, a saber: partes ou agentes capazes; vontade livre, sem vícios; objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita e não defesa em lei. Esses elementos de validade constam expressamente do art. 104 do CC, descreve que “A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei”. A realidade, simplesmente não consta a menção expressa quanto à vontade livre, mas é certo que tal elemento está inserido seja dentro da capacidade do agente, seja na licitude do objeto do negócio. O negócio jurídico que não se enquadra nesses elementos de validade é, por regra, nulo de pleno direito, ou seja, haverá nulidade absoluta ou nulidade. Eventualmente, o negócio pode ser também anulável (nulidade relativa ou anulabilidade), como no caso daquele celebrado por relativamente incapaz ou acometido por vício do consentimento. A nulidade do negócio jurídico estão previstas nos arts. 166 e 167 do CC/2002. Os casos gerais de anulabilidade constam do art. 171 da atual codificação material. Por fim, no plano da eficácia estão os elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos e deveres, caso da condição, do termo, do encargo ou modo, das regras de inadimplemento negocial (juros, multa e perdas e danos), do registro imobiliário, da rescisão contratual, do regime de bens do casamento, entre outros. São os efeitos gerados pelo negócio em relação às partes e em relação a terceiros, ou seja, as suas consequências jurídicas e práticas.