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Lígia Mara Boin Menossi de Araujo Análise do Discurso Sumário 03 CAPÍTULO 2 – Como pensar a leitura com as ideias da análise do discurso? .......................05 Introdução ....................................................................................................................05 2.1 O sujeito leitor .........................................................................................................06 2.2 Texto e construção de sentido ....................................................................................08 2.3 A memória discursiva ................................................................................................11 2.4 As vozes no discurso .................................................................................................15 Síntese ..........................................................................................................................18 Referências Bibliográficas ................................................................................................19 Capítulo 2 05 Introdução O título deste estudo é um convite para uma reflexão sobre questões de leitura e escrita para o ensino, mas podemos afirmar que cresce a cada dia a necessidade dos profissionais das mais diversas áreas, especialmente aquelas que implicam a comunicação em massa, de pensar sobre o que escrevem, como escrevem e quais efeitos de sentidos sua escrita produz. Além disso, pensar sobre a leitura implica alguns questionamentos, tais como: o que devemos ler? Como podemos ler? Algumas leituras são melhores que outras? Existe o leitor ideal? Para co- meçar a respondê-las diríamos que a leitura pode impactar em nossa formação profissional, em nosso posicionamento como cidadãos tanto leitores quanto produtores de textos e de conteúdos nas mais diversas esferas, nos mais diversos gêneros. Neste capítulo, objetivamos pensar essas e outras ideias a partir de uma visão discursiva que considera o exterior do texto; para tanto, mobilizaremos as ideias de Possenti (2009), Orlandi (2002; 2008) e também de alguns autores que inspiram seus trabalhos na História Cultural. Como a Análise do Discurso (AD) contribui para reflexões para a prática da leitura? De acordo com Possenti (2009), há duas grandes vertentes para se pensar a questão: a) a primeira está voltada para a investigação do modo de circulação dos textos e não tem como objetivo pensar sobre o sentido. Assim, essa perspectiva busca entender como os textos circulam, em quais lugares podem ser encontrados, porque uns podem ser encontrados com mais facilidade em uma determinada época e depois desaparecem das prateleiras. Ao mesmo tempo, pergunta-se porque alguns autores se destacam mais que outros, quem são os chamados grandes nomes da literatura, dentre outras questões do mesmo âmbito; b) a segunda tem como foco pensar o sentido, não isoladamente, mas como o modo de circular implica no significado, ou seja, algumas instituições podem, por exemplo, controlar os sentidos admitidos, por isso devemos considerar nos modos de significação a opacidade da língua, a relação do discurso com seu exterior. A leitura não significa apenas ler um texto, mas ler um discurso, já que o texto nos leva a questões como suas condições de produção, a memória discursiva, as diferentes vozes. Portanto, não se lê um texto de qualquer modo, deve-se ter em mente algumas questões: o enun- ciado pertence a uma formação discursiva que limita como iremos interpretá-lo, o enunciado aparece sob a forma de um gênero do discurso, a relação entre o texto e um autor também é uma forma de direcionar a interpretação. O que a Análise do Discurso pretendia era fornecer um conjunto de critérios para ler um texto objetivamente, uma vez que aprendemos que não se deve ler um texto isoladamente. Não podemos considerar apenas o seu material verbal, mas também relacioná-lo ao seu exterior, assim como não devemos entender a linguagem como transparente. É preciso ter em mente que um texto nunca traz todas as condições de leitura, ele suscita que se mobilizam outras informações além daquelas que estão mostradas. Segundo Orlandi (2008), a leitura, do ponto de vista da linguística imanente, pode ser vista como decodificação em que se mobilizaria o conhecimento linguístico estrito, assim o texto teria um sentido que deveria ser apreendido pelo leitor. A AD não encara a leitura do texto apenas como Como pensar a leitura com as ideias da análise do discurso? 06 Laureate- International Universities Análise do Discurso decodificação, entendimento de um sentido que já está nele; o texto não é produto, ele deve ser visto no processo de sua produção e de sua significação. Dessa maneira, enquanto leitores, não apreendemos apenas um sentido que já estaria no texto, mas é na leitura que atribuiríamos senti- do ao texto, pois neste momento de interação é que o processo de significação é desencadeado. A produção de leitura, então, pode ser entendida a partir dos seguintes itens: o autor e o leitor (os sujeitos); a ideologia; os diferentes tipos de discurso; as diferenças entre uma leitura parafrástica (que repete o que o autor diz) e a leitura polissêmica (que confere inúmeros sentidos ao texto). Dentre esses itens, a seguir abordaremos o sujeito leitor. 2.1 O sujeito leitor Em Questões para analistas do discurso, o professor Sírio Possenti (2009) trata de alguns enun- ciados (frases feitas que ouvimos com frequência em nosso cotidiano) sobre a leitura, tecendo comentários interessantíssimos sobre o que seria essa prática. Assim, o professor discute algumas questões já tomadas como verdadeiras em relação ao sujeito que lê e ao que não lê, levantando questões polêmicas sobre o tema que é nosso ponto de partida para a abordagem do assunto tratado neste tópico. Em Discurso e leitura (2008), a professora Eni Orlandi discute de modo claro e didático questões sobre a leitura, em especial ligadas ao ensino. A partir de uma perspectiva discur- siva, traz esclarecimentos sobre os conceitos de leitor, sentido, texto, discurso, entre outros. VOCÊ QUER LER? A leitura está “na moda”, é possível encontrar com facilidade propagandas publicitárias, comer- ciais e posts em redes sociais incentivando a leitura como um caminho, às vezes o único, para a educação no Brasil. Figura 1 – As diversas formas de leitura podem ser representadas por engrenagens conduzidas por sujeitos que determinam como essas ligações podem funcionar. Fonte: ESB Professional, Shuterstock. 07 Alguns enunciados passam a emergir e circulam construindo determinadas verdades e, assim, projetando uma imagem de leitor ideal. Elencaremos a seguir alguns desses enunciados – e as discussões que eles suscitam– para, em seguida, respondermos: existe um leitor ideal? • O brasileiro não lê: esta afirmativa muito recorrente está baseada em dados estatísticos, porém há outro discurso que afirma que o brasileiro lê mais do que imaginamos, principalmente se considerados como leitura não somente os grandes clássicos, mas as diversas formas de textualidade. Além disso, muitas vezes, só é considerado leitor aquele que está lendo um livro sempre, fazer da leitura um hábito diário e rotineiro em que se deve ler muitos e bons livros também é uma imagem cristalizada sobre a leitura no Brasil. De tal modo que nunca se pode dizer que “não se está lendo livro” porque há um discurso pedagógico e acadêmico de que ler precisa se tornar um costume, que as crianças e os jovens de hoje não têm o hábito da leitura, e hábito se traduz simplesmente, segundo esse discurso, como a ininterrupção da leitura, do sempre estar lendo algo. De acordo com Abreu (2001), estar lendo um livro é manter sempre contato com ele. E a presença abundante de livros espalhados pela casa ou em bibliotecas também dentro dos lares poderia ser sinônimo de leitura, inteligência e intelectualidade por parte daqueles que os possuíam, pois os sujeitos proprietários dessas obrasentrariam frequentemente em contato com o avanço das ciências e das artes (ABREU, 2001). • Só se pode chamar de leitura, a leitura dos bons livros: a única leitura “boa” seria a dos grandes clássicos, outras temáticas, por exemplo, seriam desconsideradas, como a autoajuda e as séries de bancas de jornais. Alguns tipos de leitura são mais valorizados que outros – como naquelas célebres listas divulgadas em jornais e revistas as quais os envolvidos na sua elaboração realmente acreditam que ninguém pode deixar de ler (ABREU, 2006) –; ponderamos que essas listas, de alguma maneira, possam refletir os interesses políticos, econômicos e sociais. Elas reforçariam a ideia de que a leitura é para “poucos e bons”, isto é, aqueles livros que muitas pessoas leem não servem, os realmente bons são os que poucos leem, pouco entendem e não gostam de quase nada, essa concepção brotaria do fato de muitos sujeitos ao se depararem com listas dos melhores do século, por exemplo, perceberem que ainda não leram nenhuma daquelas obras e os que se propõem a realizar a leitura é que serão vistos como verdadeiros intelectuais. Assim, os discursos convencionais sobre leitura propagam o conceito de que existem leitores de segunda categoria que não se utilizam da norma culta da língua e não leem as obras indicadas pela literatura escolar (ABREU, 2011). • Ler ajuda a ser mais crítico e participativo: essa posição enfatiza que ler torna o indivíduo melhor, porém o livro – se visto como uma mercadoria, produto de leis de consumo tal como outros produtos – não seria bom nem mau, não promoveria o bem-estar, visto assim o tomaríamos como um “profeta”, e não como propagador de conhecimento e informação. Muitas vezes, a ideia de que em uma sociedade composta por verdadeiros leitores é tida como mais bondosa seria uma sociedade mais liberta, mais engajada, por isso vemos campanhas para incentivo da leitura como forma de propagação da bondade. Outro ponto importante é que os livros podem servir como um binóculo que nos permite enxergar algo diferente, mas, ao mesmo tempo, pode limitar nossa visão para aspectos além daqueles que ele revela, ideia que não leva em conta que qualquer leitura possa ser considerada boa (diferentemente da exposta anteriormente, na qual só é considerada a leitura dos grandes clássicos), o importante seria ler, ler sem estabelecer posicionamentos críticos e reflexão sobre o que se está lendo. • A leitura é uma escolha individual e prazerosa: o que se vê hoje não é isso, é só observarmos o que circula nos blogues de leitura e nas livrarias, a leitura está condicionada por fatores históricos, socioideológicos e de classe. Essa imagem está alicerçada naquele leitor que em um ambiente ideal, em silêncio, se desliga do mundo real e participa da narrativa literária. A leitura pode ser prazerosa, sim, porém a leitura por prazer como é preconizada não pode ser vista como a única forma de tornar o sujeito um leitor mais eficiente, ou seja, mesmo sem gostar efetivamente do texto não significa que não seja um bom leitor. 08 Laureate- International Universities Análise do Discurso Essas e outras afirmativas nos levam a entender que alguns mitos sobre a leitura (BRITTO, 2003) são resultado de um discurso que não se apoia em estudos objetivos sobre o tema e não conside- ra os sujeitos inseridos em uma determinada cultura, o que ocasiona em julgamentos sobre esse leitor ser bom e aquele ser um mau leitor. Até mesmo o fato de muitos profissionais preconizarem que cada leitor tem sua interpretação, a análise do discurso pode nos explicar que cada um pode ler a partir de sua formação discursiva, inserido em um posicionamento ideológico, porém isso não implica que vale qualquer leitura já que uma leitura sempre está inserida em determinadas condições de produção, a leitura de um texto não é única e singular, é produto de diversos fato- res que funcionam em conjunto. A formação discursiva pode ser entendida como um conjunto de enunciados que em uma dispersão pode apresentar regularidades em diferentes campos do saber. “Sempre que se puder descrever, entre um certo número de enunciados, semelhante sistema de dispersão e se puder definir uma regularidade (uma ordem, correlações, posições, fun- cionamentos, transformações) entre os objetos, os tipos de enunciação, os conceitos, as escolhas temáticas, teremos uma formação discursiva” (FOUCAULT, 2000, p. 43). VOCÊ SABIA? Desse modo, concordamos com Britto (2003) quando afirma que enquanto se promover a leitura como ação política não se estará promovendo a leitura em si, mas um conjunto de valores e comportamentos já bem fundamentados em obras artísticas; em outras palavras, a leitura é uma experiência artística na qual os sujeitos entram em contato com um espaço em que constroem a sua própria identidade, e não somente um objeto de consumo que dá prazer e diversão. O sujeito é leitor do seu universo, assim devemos analisar o modo como a ideia de leitura tem sido difundida, vista como um lugar de embates ideológicos e de valorização de práticas que não contribuem para sua verdadeira democratização. Pelo viés da Análise do Discurso, a promoção de leitura é uma questão política, pois o sujeito não está isolado, mas inserido em uma formação discursiva – o que implica em diversos fatores. Além disso, a leitura seria processada dentro de determinadas condições de produção, digamos que ela se realiza em função da manipulação de sistemas específicos de referência e interpreta- ção constituídos sócio-historicamente que conduzem o indivíduo a assimilar dentro desse quadro algumas referências que farão sentido para ele justamente em virtude de seu posicionamento his- tórico e social (BRITTO, 2003). Em outras palavras, segundo a perspectiva da Análise do Discurso de orientação francesa, o indivíduo pode realizar uma leitura ou entender um discurso segundo as formações discursivas que o engendram; portanto, é possível compreender determinado dis- curso tendo como fronteira certos princípios reguladores que formam a base dos discursos efeti- vos que, nesse caso, seriam as representações discursivas já configuradas pelos discursos efetivos que circulam em diferentes meios em nossa sociedade. 2.2 Texto e construção de sentido No capítulo O Linguístico e o Sentido, da obra de Possenti (2009), o autor expõe uma discussão sobre a questão do sentido que nos parece aqui muito produtiva; nele, encontramos a questão do sentido ligado à língua, como no caso da homonímia/polissemia, dos implícitos, as posições “vazias” e as ambiguidades. De modo sucinto, apresentamos cada uma delas a seguir: 09 • A homonímia ou polissemia: para os analistas do discurso, a solução da polissemia seria a substituição de uma palavra por outra, a substituição seria conduzida por uma formação discursiva, pelo arquivo, pela memória, ou seja, o sentido de uma palavra ou expressão depende da formação discursiva em que está empregada; no caso de “economia sadia” que significará sem inflação ou com crescimento de acordo com o discurso econômico que circula. Para homonímia, o caso de “trago” em que alguém poderia dizer que não sabe se é a forma do verbo tragar ou do verbo trazer e que para saber qual o significado teria que analisar as circunstâncias, o que para analistas do discurso seria um equívoco, pois atribuir sentido seria meramente um fator linguístico, já que devemos pensar nos fatores também discursivos, do exterior. Por isso, a análise do discurso afirma que o sentido de uma expressão ou de uma palavra está ligado a uma formação discursiva, mas não necessariamente de acordo com as circunstâncias em que estiver inserido. • Os implícitos: o enunciado “são duas horas” produz, de alguma forma, o sentido de que está na hora do almoço ou que está na hora do trabalho ou que o jogo começou; a Análise do Discurso explica a recuperação dos sentidos dos implícitos por meio do discurso transverso. • As posições vazias: são um lugar da materialidadeda língua no qual, para a Análise do Discurso, é que se dão os efeitos de sentido, por isso o discurso que o sujeito produz é resultante de determinações da língua que tem uma ordem própria e, ao mesmo tempo, de um processo histórico que juntos produzem sentidos. Em um enunciado no qual o sujeito não está explícito em que se usa, por exemplo, um agente da passiva, sua intepretação seria feita a partir do lugar desse enunciado em um arquivo para que o agente possa ser recuperado. Um exemplo muito claro é o enunciado “É dando que se recebe”, os complementos de dar a receber estão vazios e podem ser recuperados, ou seja, interpretados de uma forma se estiverem inseridos no discurso religioso e de outra forma se estiverem inseridos no discurso político isto porque cada um irá implicar uma memória discursiva. • As ambiguidades: em enunciados os quais podemos subverter um sentido já suposto, mesmo que esteja na mais engessada formação discursiva, trata-se de um enunciado ambíguo. A ambiguidade, para Análise do Discurso, mostra o quanto a língua pode ser marcada pelo equívoco, ou seja, como o enunciado tem o poder de derivar para outra interpretação. Observe o exemplo de ambiguidade: Maria pede ao marido que vá ao armazém buscar cinco ovos. “Se tiver pão, traga seis”, acrescenta ela. Na volta, ele entrega seis ovos e diz: “Tinha pão”. Nessa perspectiva, podemos entender que não há sentidos literais guardados para serem aces- sados e que aprenderíamos a usá-los de uma maneira ou de outra. Os sujeitos e os sentidos se moldam em processo de deslocamentos, transferências, jogos simbólicos que não controlamos e nos quais o equívoco (o encontro da ideologia e o inconsciente) emerge, ou seja, uma mesma palavra de uma mesma língua pode significar de modo diferente, dependendo da formação dis- cursiva em que o sujeito está inscrito (ORLANDI, 2002). Mas cabe salientar que a Análise do Discurso não procura um sentido verdadeiro, mas o sentido real em sua materialidade linguística e histórica. E, nessa perspectiva, entendemos que a capa- cidade de leitura, de compreensão/interpretação e construção de sentido, no trabalho com o texto, não se restringe apenas às estratégias cognitivas ativadas no momento da leitura, ela vai além da decodificação como, geralmente, vivenciamos em nossas atividades (ORLANDI, 2002). Desse modo, podemos compreender que apreender um texto seria apropriar-se dele, e isto não se dá somente pela capacidade de leitura, mas principalmente pela capacidade de atribuir-lhe significados; portanto a construção de sentido em um texto a partir do que o leitor irá atribuir-lhe de significação. Se pensarmos que todo texto retoma outros textos e compreendermos o texto como unidades complexas que se reúnem e têm como articulação uma natureza linguístico- -histórica (ORLANDI, 2008), concluímos que o texto é um objeto linguístico e histórico quando se leva em conta que a materialidade significante é historicamente produzida. 10 Laureate- International Universities Análise do Discurso Figura 2 – O discurso, o texto e o sentido estão em constante construção e reconstrução, não podendo ser vistos como algo estático e isolado. Fonte: pedrosek, Shutterstock. Outro ponto importante da construção de sentido se dá na leitura como prática social de distintos gêneros discursivos, fazendo com que os leitores passem a interagir com o autor e outros sujeitos por meio da materialidade textual, o que permite atribuir diferentes sentidos ao que se está lendo em virtude das posições ideológicas de cada sujeito. Segundo Orlandi (2002), a relação entre o sujeito-leitor e o texto não seria direta e não seria mecânica, passaria por mediações, por deter- minações de diversas espécies que seriam sua experiência da linguagem. VOCÊ QUER VER? Central do Brasil é um filme brasileiro de Walter Salles, e foi indicado ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira 1999. A partir da história da personagem Dora (Fer- nanda Montenegro), que escreve cartas para analfabetos na estação Central do Brasil, no centro do Rio de Janeiro, é possível pensar na leitura e na produção textual nas suas mais diferentes esferas de atividade humana. Não deixe de conferir! Além disso, os sentidos podem mostrar o discurso assim como os valores que permanecem e os que se modificam a partir de determinadas coerções sociais e do subjetivismo do enunciador presentes em um determinado texto que, visto como materialização de um discurso articulado com outras releituras, pode engendrar em uma polissemia, por exemplo, a noção de interdiscur- sividade, formação ideológica, formação discursiva, pois os discursos seriam retomados e ma- terializados. Lembrando que entendemos discurso não como algo concreto, no nível puramente linguístico, mas como posicionamento de diferentes sujeitos, suas crenças, valores, atitudes, assim como as condições de produção as quais ele se produz. 11 Figura 3 – Representação de pessoas em contato permeadas por diferentes condições de produção. Fonte: ESB Professional, Shutterstock. Em suma, diríamos que a leitura não deve ser tomada como “prática neutra” já que no contato do leitor ou do autor com o texto estão sempre envolvidos aspectos culturais, políticos, históricos e sociais; assim, as diferentes leituras resultam dos diversos modos de inserção nas formas de cultura e como são condicionadas por elas (ABREU, 2001). Para entender com mais clareza alguns dos mecanismos de leitura e entendimento dos sentidos do texto, iremos estudar no item seguinte a memória discursiva e nos atentar para os seus efeitos de sentido. Devemos salientar também o papel do interdiscurso na construção do sentido como a memória que se estrutura por meio do esquecimento, diferentemente do arquivo como um discurso documental, uma memória que se acumula (ORLANDI, 2002). 2.3 A memória discursiva Vamos relembrar o que é memória discursiva? Podemos pensar que a memória discursiva são acontecimentos exteriores e anteriores ao texto que são demonstradas na sua construção material, o discurso, então, carrega uma memória na qual os sujeitos estão inseridos. Para Pêcheux (2007), a memória pode ser entendida como um acontecimento histórico que passa de um simples ato corriqueiro, aparentemente solto, sem ligações substanciais, mas também como um acontecimen- to de extrema importância, sendo este meio uma continuidade que tem sua própria coerência, suas próprias regras de funcionamento e se constitui dessas inscrições que chamaremos memória. Por isso, a concepção de memória é tomada não somente como lembrança, de “memória individu- al”; mas, como produto dessa diversidade de condições para se inscrever em um acontecimento. Assim, brota “a tensão contraditória no processo de inscrição no acontecimento no espaço da me- mória” (PÊCHEUX, 2007 p. 50), sob o que Pêcheux chama de a dupla-forma limite resultando no acontecimento que não se inscreve e o que se inscreve na memória. Pêcheux (2007) salienta que, nesta negociação entre o acontecimento histórico e o dispositivo de memória, a imagem seria um operador de memória social que admite um percurso de leitura escrito em outro lugar, um implícito. 12 Laureate- International Universities Análise do Discurso Para aprofundarmos nosso estudo sobre a questão da memória discursiva, iremos nos atentar à questão da leitura de imagens. Na contemporaneidade, os indivíduos convivem com diferentes formas de linguagem que, muitas vezes, são ignoradas pelas escolas, por exemplo. A relação dos alunos com o universo simbólico não acontece apenas por meio da linguagem verbal, mas com todas as formas de linguagem tanto dentro quanto fora da escola, e de diferentes maneiras. Recusar a linguagem oral e a linguagem não verbal é um modo de ignorar o universo discursivo no qual estamos inseridos, permeado por imagens e informações oriundas dos mais diversos suportes midiáticos. Figura 4 – Há diferentes suportes para a leitura. Fonte: sirtravelalot, Shutterstock.Retomando a questão do implícito, a memória discursiva seria o implícito que mobilizamos quan- do nos deparamos com um acontecimento, e essa mobilização torna-se condição de legibilida- de. Esse é um dos questionamentos mais frequentes na Análise do Discurso (AD): saber onde se localizam esses implícitos, que se mostram ausentes por sua presença e não estão na superfície do texto. Seria possível levantar que é a repetição, resultando num efeito de série, que carac- terizaria certa regularização, admitindo a inserção translúcida desses implícitos por meio de remissões, retomadas e efeitos de paráfrase. Porém, mesmo essa regularização discursiva, que tornaria legíveis esses implícitos, fica frágil quando se depara com um acontecimento discursivo novo que vem confundir a memória, porque ela aspira ao acontecimento quase que de maneira instintiva, ele desordena essa regularização e já lança outra, desregulando os implícitos ligados a determinada regularização. Dizendo de modo simplificado, a memória implica novos aconte- cimentos baseados em implícitos que para serem entendidos terão que rememorar outros novos acontecimentos discursivos. Pêcheux (2007) acresce sobre a questão da regularização e da repetição que permitem comu- tações, variações e, principalmente, na frase escrita, repetições literais. É recorrente também o uso da metáfora vista como possibilidade de articulação discursiva que percorre outro caminho interpretativo que exige também da memória. O chamado efeito de opacidade – trazido então pela metáfora – mostra que os implícitos não poderiam ser mais recuperados. 13 Papel da memória (2007) é uma obra organizada por Pierre Achard que, além de apresentar capítulos de sua autoria, traz textos de Michel Pêcheux e Eni Orlandi nos quais você encontrará uma discussão aprofundada sobre a memória e rica em análise e exemplos. Uma leitura singular! VOCÊ QUER LER? Assim, a análise do discurso afasta-se do que está na superfície e indaga os efeitos materiais de montagens de sequências em ter como pressuposto qualquer significado ou condições interpreta- tivas, como em imagens que não apresentam legibilidade e transparência, pois estão sempre atra- vessadas e constituídas por outros discursos. Elas serão vistas pelas lentes da AD como opacas e mudas, isto é, aquelas imagens em que a memória se perdeu no trajeto de leitura. A busca por uma leitura mais profunda da imagem e o desvendar de sua estrutura é o que move a teoria desenvolvida por Barthes (1990) sobre a retórica da imagem, pois a mensagem linguís- tica estaria continuamente vinculada a uma imagem, isto porque a imagem pode aumentar as informações trazidas pelo texto assim como o texto também acrescenta elementos à imagem. Por isso, todas as imagens estão sempre acompanhadas por alguma mensagem linguística em forma de legendas, títulos e matérias jornalísticas, enfim, de diferentes configurações. A mensagem linguística, nessa relação com a imagem, tem um papel importante porque toda imagem é polissêmica e traz um leque de significados, podendo o leitor escolher alguns e ignorar outros (BARTHES, 1990). Muitos significados brotam da imagem, e muito já se estudou para se estabelecer quais seriam os sentidos escolhidos; nesse momento, entra a mensagem linguística, que tem justamente o escopo de delimitar os significados que se possam relacionar em torno da imagem. Parceira da mensagem literal, a mensagem linguística tem uma função denominativa, isto é, ela realiza a fixação de alguns sentidos em detrimento de outros, direcionando a percep- ção; já a mensagem simbólica também estabelece barreiras para que os sentidos conotativos que brotem da imagem percorram apenas o espaço que lhes foi delimitado pela mensagem linguística. Em suma, a imagem tem o texto como um controlador de seus significados, alguns podem circular e outros não. Hoje, não é preciso que os indivíduos se preocupem em memorizar determinados acontecimentos e saberes que circulam, pois há meios de registros de som e imagem que têm esse objetivo e, quando necessário, trarão com clareza e riqueza de detalhes qualquer informação que for solici- tada. Igualmente, a memória estaria plenamente atualizada nos chamados arquivos de mídias que disponibilizam essa memória social que pode ser consultada a qualquer instante. Davallon (2007) acrescenta que a imagem contemporânea é operadora de memória social. Podemos dizer que existe memória quando um acontecimento ou o saber em uma sociedade já é algo partilhado por todos e está inserido naquele meio; ele, então, deixa o domínio da insignificância e torna-se fato de significação. É necessário também que ele mantenha a eficácia de se fazer notar e não passar despercebido, pois seu status de memória social pode ser substituído pelo do esquecimento. Isso tudo nos leva a associá-lo ao termo lembrança, como acontece nas analogias recorrentes. Outro ponto relevante é lembrar que um acontecimento – ou um saber – não é obrigatoriamente recrutar e engendrar uma memória social; muito mais do que isso, é preciso que o próprio acon- tecimento recobre seu lugar para que os diferentes membros da comunidade possam reconhecê- -lo. Capazes de retomar informações pertinentes àquele acontecimento e, portanto, previamente concebidas, há a construção de um embasamento que cria o chamado fundo comum que carac- teriza a memória coletiva. Todavia, essa memória tem barreiras, pois só se organiza com o que está vivo na consciência do grupo; por isso, quando há o desaparecimento de um grupo, vai com ele também a memória. 14 Laureate- International Universities Análise do Discurso Estes dois pontos expostos nos levam à reflexão sobre a diferença entre memória coletiva e história: a primeira estaria no foco da tradição, seria o pensamento do grupo social que não pode resistir ao tempo; a segunda encaixa-se como um quadro dos acontecimentos, e quem o conhece detém o conhecimento. Por isso, quando um acontecimento rompe os limites do grupo social que vivenciou o acontecido, ele pode perpetuar e entrar na história; enquanto histórico, ele pode tornar-se parte de uma memória coletiva. Sendo assim, podemos mencionar agora um outro viés dessa memória coletiva, a memória societal. Caracterizada não só por disseminar um acontecimento, ela é subsídio para a concretização de uma configuração de determinado fato que estará sempre colocado junto ao objeto que o representa. Figura 5 – Estamos inscritos em uma rede de memórias e de discursos. Fonte: rangizzz, Shutterstock. Essa sucinta exposição sobre memória coletiva e história permite uma reflexão sobre o fato de os objetos culturais exercerem um controle sobre a memória social por meio de seu funciona- mento formal, o que norteia a questão da imagem enquanto operadora de memória social. A imagem oferece mecanismos que podem representar a realidade de maneira que conserve a força existente nas relações sociais na qual está inserida e igualmente exercer impressão sobre o espectador. Tudo isso permite que ela esteja engajada na problemática da memória societal que irá constituir algumas configurações discursivas em que a imagem estará presente. Pensar que a imagem representa os objetos do mundo e que é informativa estará em segundo plano, pois a perspectiva que devemos ter é a de que o observador, quando se depara com de- terminada imagem, busca produzir significação, mas ela não traz o que pretende transmitir de modo pronto e direto. Ao contrário, há uma liberdade de interpretação que comporta diferentes olhares; porém, todos eles seguem um programa de leitura que aponta o lugar do espectador, já que tem a capacidade de prejulgar suas competências: semiótica e social. Davallon (2007) mostra sua visão quando diz que o entrecruzamento dessas duas competências resulta na capacidade de integralizar o que se vê, isto é, primeiro há o entendimento do sentido global da imagem e depois o do significado de cada parte que a compõe – por ele chamada significaçãodos elementos. Deste modo, o primeiro olhar nos envolve para entender o todo. Por isso, temos inicialmente a impressão de que aquela imagem é singular para a significação que objetiva transmitir o que, posteriormente, torna perceptível os contrastes e atributos entre os elementos que a formam. 15 A imagem enquanto operadora de memória social é o que condiciona o lugar que o leitor deve ocupar para poder dar sentido ao que vê, convergindo os diversos observadores e promovendo o chamado acordo de olhares, tão importante para a produção da memória. Portanto, para trazer até o momento presente como forma de lembrança um acontecimento passado, é necessário que ele seja conhecido por um grupo, por uma sociedade, e que os aspectos que o envolvem também sejam partilhados. A imagem pode atribuir ao quadro histórico a lembrança, e ela funcionaria como um registro do que aconteceu que, quando revisto, traria todos os aspectos que o envolvia. Por isso, ela é tão usada atualmente em virtude do que a tecnologia nos proporciona, podendo ser um dos mecanismos que compõem a memória societal. Jean-Jacques Courtine (1999) em O chapéu de Clémentis: observações sobre a memória e o esquecimento na enunciação do discurso político traz um grande exemplo ao refletir sobre o es- tatuto da memória no campo do discurso comunista francês endereçado aos cristãos. Courtine (1999) traz duas imagens: a primeira mostra o dirigente comunista Klement Gottwald, em feverei- ro de 1948, na sacada de um palácio barroco de Praga onde discursava para a multidão aglo- merada na praça. Gottwald estava cercado por seus camaradas e do seu lado estava Clémentis. Fazia frio e nevava, e Gottwald estava com a cabeça descoberta, e Clémentis tirou o seu chapéu de pele e o colocou na cabeça de seu camarada Gottwald. O departamento de propaganda, então, fotografou Gottwald com chapéu de pele enquanto falava ao povo, a imagem passou a circular e ficou muito conhecida. Contudo, quatro anos depois, o departamento de propaganda fez com que Clémentis desaparecesse de todas as fotografias em virtude de ter sido acusado de traição e enforcado. Gottwald agora apareceria sozinho na sacada e, no lugar de Clémentis, ficou somente o chapéu de pele na cabeça de Gottwald. Se observarmos as duas imagens no texto indicado na bibliografia (sugerimos também que seja feita uma busca na internet e será possível analisá-las), o chapéu continua lá, na segunda, há apenas o contorno, o vulto de um homem com chapéu na cabeça, que estaria atrás dos micro- fones. Se realizarmos uma leitura atenta das fotografias, observaremos então que Clémentis não fora apenas esquecido da história da Boêmia comunista, mas principalmente tirado da cena histórica e, consequentemente da cena enunciativa, ou seja, Clémentis foi (in)significado. A sua atuação como militante do partido comunista, por ser supostamente um traidor, foi interditada. As fotografias acima são um exemplo de memória discursiva, entendendo-a também como algo que possibilita que alguns discursos não sejam apenas deslocados, mas principalmente retirados da cena enunciativa, (in)significados. Em outras palavras, a memória discursiva funciona em dis- cursos que dizem contrariamente as ditaduras por um lado numa dimensão proibitiva e por outro, numa dimensão punitiva. 2.4 As vozes no discurso Quando falamos e/ou escrevemos não somente expressamos nossa opinião, mas também possi- bilitamos a emergência de inúmeras outras vozes, algumas mais facilmente identificáveis e outras menos. Essas vozes dos sujeitos revelam o lugar histórico e social nos quais está inserido. Assim o sujeito, para a Análise do Discurso, não é o centro do seu dizer, ele é polifônico, pois em sua voz manifestam-se outras vozes, heterogêneas – o sujeito é constituído por uma heterogeneidade de discursos. A noção de sujeito é muito importante para a análise do discurso e corrobora tanto para os processos de leitura na construção de sentidos quanto para a produção dos efeitos de memória. Dessa maneira, estudaremos como se dá esse entrecruzamento de vozes no discurso e como essas vozes podem ou não ser identificadas. 16 Laureate- International Universities Análise do Discurso Figura 6 – Imagem retrata como o discurso dos dois sujeitos se constituem por meio de um processo dialógico e inconscientedo “Eu” e seus outro/Outro. Fonte: pathdoc, Shuttertock. A noção de polifonia foi empreendida por Bakhtin (2008) nos estudos sobre o romance de Dos- toiévski quando então as ideias sobre dialogismo e polifonia vão sendo compiladas. O discurso seria produto da interação entre o sujeito, nas relações dialógicas entre o eu e o outro, sendo que esse outro seria o mundo social no qual o sujeito está inserido; a presença dessas diferentes vozes dos outros é denominada polifonia, e essa não homogeneidade do sujeito que se compõe por discursos diversificados foi denominada heterogeneidade enunciativa por Authier-Revuz (2004). Na terceira fase da AD, no início dos anos 1980, houve a incorporação das ideias de Jacqueline Authier-Revuz (2004). O discurso será reconhecido como um objeto hetero- gêneo, não será mais fechado nele mesmo, pois está a todo momento remetendo ao outro e a outros discursos produzidos alhures. VOCÊ SABIA? A heterogeneidade pode ser entendida como constitutiva e como mostrada, conforme a seguir: Heterogeneidade constitutiva: seria a presença velada e/ou uma alusão da fala do outro/Ou- tro no discurso que se enuncia, criando a ilusão de que o sujeito é a origem do seu enunciado, com raízes no inconsciente; e mais ainda, criando as próprias condições de produção para o dis- curso desse outro/Outro, ou seja, sem esta heterogeneidade não há constituição dos discursos. A heterogeneidade constitutiva pode ser explicitada por meio de uma heterogeneidade mostrada, em que, no fio do discurso, o sujeito produz formas que inscrevem o outro na cadeia discursiva. Ambas objetivam mostrar como o discurso ora é visto como transparente ora como opaco, fato que constataremos na sequência. 17 Figura 7 – Representação de Outros/outro que nos constituem enquanto sujeitos do discurso. Fonte: karavai, Shutterstock. A heterogeneidade mostrada traz o outro para a cadeia discursiva e se deixa ver com mais clareza pelo seu caráter de não ocultamento, esse outro pode ser recuperado de maneira explí- cita. Ela tem como característica não somente a presença do discurso do outro, mas também a percepção dessa presença e o desejo de que ela seja percebida. No entanto, ela pode também não se apresentar com marcas visíveis em um discurso, mesmo conscientemente produzida pelo sujeito, podendo, assim, constituir-se de duas formas: marcada e não marcada (AUTHIER-RE- VUZ, 2004 apud ARAUJO, 2016). A heterogeneidade mostrada marcada é da ordem da enunciação, visível na materialidade linguística, ocorre quando o sujeito, além de perceber a presença do outro em sua fala, é levado a optar por deixar claro que é o outro que está falando. A heterogeneidade mostrada marcada na forma do discurso direto e do indireto que assinala explicitamente a voz do outro na linearidade do fio do discurso ou podem ser na forma de aspas, itálico, bold (negrito), parênteses ou por uma entonação que apontam para uma alteridade enunciativa ao sinalizar um sentido especial, ou um outro sentido, que vem conotado por um outro enunciador. Assim, o locutor, mesmo não mencionando o discurso do outro, o integra à cadeia discursiva numa continuidade sintática. A heterogeneidade mostrada não marcada manifesta-se em discursos nos quais não há uma fronteira prontamente delimitada, como no discurso indireto livre, na ironia, na antífrase, na imitação, na alusão, no pastiche, na reminiscência e no estereótipo, quando instaura a pre- sença do outro de maneira mais diluída (AUTHIER-REVUZ, 2004 apud ARAUJO, 2016). SínteseSíntese Você concluiu o estudo que enfocou a questão da leitura pelo viés da Análise do Discurso. Neste capítulo, portanto,você teve a oportunidade de: • pensar os diversos enunciados sobre a leitura e as diversas formas de circulação dessas ideias e suas consequências; • conhecer alguns mitos propagados em torno de quem seria realmente um verdadeiro e bom leitor; • aprender sobre construção de sentido e sua relação com a leitura; • conhecer homonímia, polissemia, ambiguidade e outras formas de interpretar a leitura; • estudar com mais profundidade o que é memória discursiva, o que seria o chamado efeito de memória e sua recorrência no processo de intepretação; • compreender como as vozes aparecem no discurso e como elas o constituem por meio do dialogismo e do inconsciente. 19 Referências ABREU, Márcia. Diferença e desigualdade em leitura. In: MARINHO, Marildes (Org.). Ler e navegar: espaços e percursos da leitura. Campinas: Mercado de Letras, 2001, p. 139-157. ______. Literatura, leitura, cultura. In: Cultura letrada: literatura e leitura. 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