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TENSÕES NO INTERIOR DE UMA MASSA DE SOLO ➢ Tensões em um meio particulado ➢ Tensões devidas ao peso próprio do solo ➢ Princípio das tensões efetivas(PTE) ➢ Círculo de Mohr das tensões totais e efetivas ➢ Tensões geoestáticas e estado de repouso ➢ Coeficiente de empuxo no repouso ➢ Pressão na água em meniscos capilares ➢ Água capilar nos solos MECÂNICA DOS SOLOS IIProf. ARTHUR SANTOS COELHO Solo é um meio particulado com vazios que se interconectam. Suponha que um elemento medidor de força, cubico de aresta “a”, é inserido no interior de uma massa de solo seco, sem perturbar o solo. MECÂNICA DOS SOLOS II TENSÕES EM UM MEIO PARTICULADO 𝑁𝑣 =componente normal da resultante das forças que agem sobre a face horizontal do elemento 𝑇ℎ = componente tangencial da resultante das forças que agem sobre a face horizontal do elemento 𝑁ℎ = componente normal da resultante das forças que agem sobre a face vertical do elemento 𝑇𝑣 = componente tangencial da resultante das forças que agem sobre a face vertical do elemento Prof. ARTHUR SANTOS COELHO Se cada face do elemento medidor for um quadrado de lado “a”, define-se as tensões que agem sobre o elemento medidor como: 𝜎𝑣 = 𝑁𝑣 𝑎² 𝜎ℎ = 𝑁ℎ 𝑎² 𝜏𝑣 = 𝑇𝑣 𝑎² 𝜏ℎ = 𝑇ℎ 𝑎² MECÂNICA DOS SOLOS II TENSÕES EM UM MEIO PARTICULADO Prof. ARTHUR SANTOS COELHO Suponha agora que um “plano” levemente ondulado passa pelos pontos de contato entre as partículas e pelos vazios. Isola-se uma região do “plano” cuja projeção sobre o plano z é um quadrado de lado “d”. Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II TENSÕES EM UM MEIO PARTICULADO Ne caso, temos: 𝜎𝑧 = 𝜎𝑣 = σ𝑖 𝑛𝑁𝑖 𝑑² 𝜏𝑧𝑥 = σ𝑖 𝑛𝑇𝑥𝑖 𝑑² 𝜏𝑧𝑦 = σ𝑖 𝑛𝑇𝑦𝑖 𝑑² A área de contato entre os grãos é menor que 1% da área total. Conclusão: As tensões definidas em relação à área total são muito menores que as tensões estabelecidas nos contatos grão a grão. Na mecânica dos solos: As tensões nos contatos entre partículas, “tensões microscópicas”, podem chegar a 700MPa. (Lambe e Whitman,1969) A mecânica dos solos faz uso da concepção de tensões da mecânica do contínuo. Relembrando: Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II TENSÕES EM UM MEIO PARTICULADO As tensões são definidas como “tensões macroscópicas”, ou seja, Força/área total ou Força/d² e pode variar entre 10kPa e 10MPa na grande maioria dos casos. (Lambe e Whitman,1969) Na mecânica do contínuo: As tensões em um ponto são produzidas por forças que agem sobre as faces de um cubo infinitesimal composto de material homogêneo e continuo Na Mecânica dos Solos: Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II TENSÕES EM UM MEIO PARTICULADO As tensões em um ponto são produzidas por forças que agem sobre as faces de um cubo pequeno, porém finito, composto de material que represente a massa de solo. Elemento cujo peso especifico seja o mesmo da massa de solo. Na Mecânica dos Solos: Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II TENSÕES DEVIDAS AO PESO PRÓPRIO DO SOLO h Área “A” da base da coluna. Coluna de solo com volume “V” 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜 O peso da coluna no ponto B é dado por: 𝑃𝑐 = 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜𝑉 A tensão vertical na base da coluna é dada por: 𝜎𝑣 = 𝑃𝑐 𝐴 = 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜𝑉 𝐴 = 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜ℎ𝐴 𝐴 = 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜ℎ ∴ 𝜎𝑣 = 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜ℎ Exemplo: Calcule o perfil de tensões totais do terreno mostrado na figura. Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II TENSÕES DEVIDAS AO PESO PRÓPRIO DO SOLO -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 Areia fina, fofa. Areia grossa, compacta. 𝛾𝑛 =17kN/m³ 𝛾𝑛 =19kN/m³ NA Até agora consideramos o solo seco, mas na grande maioria das vezes os vazios estão parcial ou totalmente preenchidos com água! Antes do anuncio do PTE ocorriam grandes acidentes em obras geotécnicas por desconhecimento do papel da pressão da água, que preenche os vazios, no comportamento mecânico dos solos. EX: Canal do Panamá, Estradas e Taludes nos EUA e Europa. O PTE Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II PRINCÍPIO DAS TENSÕES EFETIVAS (PTE) Foi enunciado por Terzaghi em 1925 (em alemão) e depois em 1936 (em inglês) pelo próprio Terzaghi. Mostra a importância da pressão da água que preenche os vazios para o comportamento mecânico dos solos. Sustenta toda a estrutura teórica da Mecânica dos Solos O PTE é frequentemente dividido em duas partes: 1º Parte (Definição de tensão efetiva): Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II PRINCÍPIO DAS TENSÕES EFETIVAS (PTE) “As tensões em qualquer ponto, em uma massa de solo, podem ser computadas a partir das tensões principais totais 𝜎1 𝑒 𝜎3 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑐𝑎𝑠𝑜 2𝐷 que atuam neste ponto. Se os vazios do solo estiverem preenchidos com água sob uma pressão 𝑢, as tensões principais consistem de duas parcelas. Uma parcela de valor 𝒖 que age na água e no esqueleto sólido, em todas as direções com igual magnitude. Essa parcela é denominada pressão neutra ou poropressão. As parcelas remanescentes 𝜎′1 = 𝜎1 − 𝑢 e 𝜎′3 = 𝜎3 − 𝑢 são sentidas exclusivamente pelo esqueleto sólido do solo. Estas parcelas das tensões principais totais são denominadas tensões principais efetivas” Equação fundamental: 𝝈′ = 𝝈 − 𝒖 2º Parte (Papel da tensão efetiva no comportamento dos solos) Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II PRINCÍPIO DAS TENSÕES EFETIVAS (PTE) “Todos os efeitos mensuráveis oriundos da variação do estado de tensões, tais como compressão, distorção e variação da resistência ao cisalhamento são devidos exclusivamente à variação do estado de tensões efetivas.” Ou seja: Variação do estado de tensões efetivas. Deformação volumétrica ou distorção ou ambos. Quem comanda o comportamento dos solos são as tensões efetivas! Exemplo: Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II PRINCÍPIO DAS TENSÕES EFETIVAS (PTE) 1- Dois solos com a mesma estrutura e mineralogia estão submetidos ao estado de tensões totais conforme figura. Qual será o comportamento em termos de engenharia? 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜 = 18𝑘𝑁/𝑚³ Ponto a no solo A Ponto b no solo B NA NA 1m 1m 2000m Exemplo: Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II PRINCÍPIO DAS TENSÕES EFETIVAS (PTE) 2- Calcule o perfil das tensões efetivas no terreno mostrado na figura. -1 Areia fina, fofa. Areia grossa, compacta. 𝛾𝑛 =17kN/m³ 𝛾𝑛 =19kN/m³ -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8 NA Definido o estado de tensões totais e a poropressão em um ponto, o estado de tensões efetivas está definido nesse ponto. Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II CÍRCULOS DE MOHR DAS TENSÕES TOTAIS E EFETIVAS 𝜎 𝜏 𝑢 𝜎′3 𝜎3𝜎′1 𝜎1 Círculo de Mohr das tensões efetivas Círculo de Mohr das tensões totais Os círculos de Mohr das tensão efetivas estão deslocados dos círculo de Mohr das tensões totais pelo valor de 𝑢. Quando a superfície do solo é horizontal e as propriedades não variam muito ao longo de planos horizontais, as tensões cisalhantes são nulas e as tensões 𝜎𝑣 e 𝜎ℎ são principais denominadas geoestáticas. Nesse caso o elemento de solo sofre apenas deformações verticais, ou seja, compressão unidimensional (ou edométrica). Quando as deformações horizontais são nulas, diz-se que o solo se encontra em estado de repouso. Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II TENSÕES GEOSTÁTICAS E ESTADO DE REPOUSO É a relação entre a tensão horizontal efetiva e a tensão vertical efetiva quando a deformação horizontal é nula. 𝑘0 = 𝜎′ℎ 𝜎′𝑣 𝑘0 pode ser estimado através da seguinte expressão empírica: Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II COEFICIENTE DE EMPUXO NO REPOUSO (𝑘0) 𝑘0 =1 - sen(∅′) Onde ∅′ é o ângulo de atrito interno do solo. Este parâmetro será estudado em detalhes quando chegarmos no assunto de resistência ao cisalhamento dos solos. Por agora, basta saber que através dele é possível estimar o 𝑘0 de alguns solos. 1- Num terreno arenoso, cujo peso específico natural é de 19kN/m³, o NA encontra-se a 2m de profundidade. Deseja-se estudar o estadode tensões a 6m de profundidade. Estima-se que essa areia tenha ∅ = 35°. Calcular as tensões principais totais e efetivas. Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II EXERCÍCIO DE REVISÃO Os vazios dos solos são muito pequenos, eles podem ser associados a tubos capilares. Nesse caso a pressão capilar é negativa, traduzindo-se em poropressão negativa. Portanto, assim como notamos certa resistência à separação de duas placas delgadas com uma lâmina entre elas, também sentiremos esse “efeito’ nas regiões com água capilar. Em outras palavras, o efeito da tensão superficial num capilar provoca uma tensão negativa na água. Essa poropressão negativa é denominada sucção e é traduzida em tensão efetiva positiva. Exemplo: Imaginem a construção de um castelo de areia na praia (areia úmida), nesse caso podemos assumir que a tensão total é 0 pois não existe coluna de solo, nem coluna de água sobre o castelo de areia. Se aplicarmos o PTE para esta situação, teremos o seguinte: PTE : 𝜎′ = 𝜎 − 𝑢 → 𝜎′ = −𝑢 → 𝜎′ = − −𝑢 → 𝜎′ = +𝑢, ou seja, a sucção gera tensão efetiva positiva e essa é a explicação do castelo de areia ficar em pé. Se a tensão efetiva fosse 0, não seria possível construir o castelo de areia. OBS: areia não tem cimentação natural, argilas são um caso a parte(será visto em resistência ao cisalhamento). Prof. ARTHUR SANTOS COELHO MECÂNICA DOS SOLOS II ÁGUA CAPILAR NOS SOLOS
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