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Resenha Critica - American Factory

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INDÚSTRIA AMERICANA
 Anderson Rodrigues Pereira[footnoteRef:2] [2: Graduando em Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – 7º período] 
Mariana Aparecida Corgosinho[footnoteRef:3] [3: Graduanda em Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – 7º período] 
“Indústria Americana” (American Factory) é um documentário de 2019 dirigido por Steven Bognar e Julia Reichert e mostra, a princípio, o fechamento de uma fábrica nos EUA, que dará lugar a uma multinacional chinesa de fabricação de vidros, Fuyao, que implementa outra cultura organizacional e de condições de trabalho. Chineses e estadunidenses dividem o mesmo ambiente de trabalho, afirmando suas diferenças. 
O filme mostra um enorme choque cultural. De um lado, o líder da empresa chinesa apontando os trabalhadores americanos como improdutivos, e, de outro, os trabalhadores americanos incrédulos observando o modelo chinês, retratado no documentário através de cenas que mostravam líderes autoritários, rígida disciplina, o pagamento de salários baixos, muitas horas de trabalho, poucas folgas no mês, restrições à organização sindical, condições de segurança deficientes, tudo isso considerado “normal” na China.
Os chineses possuem obstinação e foco no trabalho, trabalham cerca de 12 horas por dia, conforme mostrado quando os supervisores vão a sede da fábrica na China e só gozam de duas folgas no ano. Enquanto isso, os americanos possuem oito folgas ao ano e trabalham mais livres, podendo se expressar e tudo mais. Os chineses são tratados de forma, digamos, “lobotomizada”, no qual os líderes trabalham o psicológico do trabalhador, onde ele precisa produzir mais e incansavelmente precisam lucrar. Os trabalhadores fazem parte da empresa com um todo e neste tipo de discurso a empresa “joga nas costas” de seus funcionários que estes precisam se empenhar para manter o emprego e a qualidade expressa do produto. Os americanos demonstram alegria a princípio, pois conseguiram um trabalho e isso é reconfortante, entretanto, ao longo da jornada vemos que o dinheiro é importante e compra um bom empenho e um bom trabalho, mas eles também precisam de garantias e segurança. 
Para que isso ocorra, e ao menos uma boa parte quer melhorias, os trabalhadores pedem para serem ouvidos mesmo que tenham que buscar programar um sindicato dentro da empresa. Neste desenrolar assistimos subjetivamente a vida de alguns dos funcionários tanto americanos quanto chineses e conseguimos nos emocionar até sobre fatos da vida de cada um. 
A primeira diferença gritante entre os modelos de trabalho de China e EUA é, portanto, a sindicalização dos trabalhadores. Enquanto os sindicatos nos Estados Unidos são fortes e apresentam uma grande história, na China as empresas odeiam a sindicalização.
Quando os sindicatos são fortes e tem uma boa base de adesão, os trabalhadores conseguem mais direitos e benefícios. Ou, nos dias atuais, de crise no mercado de trabalho em diversos países, eles conseguem, ao menos, manter os direitos adquiridos após séculos ou décadas de lutas – dependendo do histórico de cada país.
Os chineses defendem que a fábrica funcione nos moldes de seu país de origem, empregados empenhados em trabalhar muito, sem reclamar e em horas extras, com custo baixo, salários sem piso, sendo regulado pela empresa, com rapidez de produção e qualidade sendo elevada moderadamente, pois precisam atender a demanda dos clientes. Os empregados americanos, entretanto, não conseguem conceber isso, pois, estão trabalharam a vida toda em condições de trabalho em que o ordenamento jurídico dos Estados Unidos regulamenta, e não o dono da empresa, como acontece na China. Em contrapartida precisam do emprego, precisam comer e pagar as contas. Os seletores de vidros na fábrica chinesa trabalham praticamente sem proteção e dentro das muitas horas de trabalho, o que a lei americana não regulamenta. A classe de colaboradores precisaria então de um sindicato que brigasse por eles para que a segurança fosse efetivada e fiscalizada, bem como melhores salários, para que isso fosse mais bem aceito. 
Sozinho, o trabalhador dificilmente consegue mudar algo da sua realidade. Por isso, conforme os dias passam, os funcionários da Fuyao começam a pedir o direito de aderirem a um sindicato. A empresa é contra e investe pesado em uma consultoria para que esta ideia não vá adiante, pois isso diminuiria a produção e com resultado de menos lucro, sustentando o argumento de que os trabalhadores possuem relacionamento direto com a fábrica e seria mais vantajoso para eles se pudessem contar diretamente com a administração e não intermediados por um sindicato que no qual os administradores seria corrupto, nas palavras dos líderes. Mas em contrapartida, na sede da empresa, na China, o Partido Comunista é quem controla tudo, inclusive o sindicato que ordena as diretrizes de trabalho aos trabalhadores e também a empresa, conforme explicado no filme, o governo Chinês (que é comunista) que garantiu o crescimento da empresa. 
Uma conexão entre a situação mostrada no filme e nosso país é que na nossa situação jurídica, nosso país possui um mesmo conceito que o americano, mesmo que lá sendo bem mais liberal, podemos dizer que existem leis que protegem o trabalhador de certa forma e movimentos trabalhistas que buscam fazer valer estas leis, querendo mais conquistas para o trabalhador. De início, percebemos que os diretores americanos da empresa apoiam a não sindicalização, provavelmente pressionados pelo cargo que ocupavam,o alto salário que ganhavam, mas conseguimos ver nitidamente os obstáculos administrativos e infra-estruturais que os mesmos passaram e no fim, Dave, um dos Diretores se viu do lado dos trabalhadores e apoiando a luta pelo sindicato. A remuneração baixa e as condições do trabalho, pode-se dizer que é paralela ao nosso contexto. Todos os anos observamos greves e manifestações, por melhores condições e salários igualmente como vimos os americanos no filme. Ao que sabemos, a economia americana é capitalista liberal onde encontramos todo tipo de empresa, desde grandes grupos econômicos presentes em diversos países, até pequenas empresas familiares. Aqui no Brasil, também temos grandes empresas e pequenas, entretanto somos baseados na produção agrícola, onde exportamos soja, frango, entre outros.
 O documentário discute, portanto, a utilização de mão de obra barata com menos direitos trabalhistas, a exploração do trabalhador, ignorando legislações que exigem condições dignas de segurança para o desempenho do trabalho. Além da tentativa de reduzir ou por um fim aos sindicatos, usando a coação de empregados e ameaças aos que lutam pelos seus direitos, situações similares a do Brasil na atualidade.
Podemos dar a certeza que somos bem diferentes dos chineses, entretanto os povos dentro do contexto empresário buscam o lucro e melhor qualificação no mercado, evoluindo o lado industrial e também o recurso humano.
Duas situações chamaram muita a atenção, no início vemos um instrutor dos trabalhadores chineses em reunião com eles, muitas reuniões separadas eram feitas, explicando o modo de vida e a personalidade dos americanos, a visão que os chineses tinham era de que os americanos eram “preguiçosos”, “espaçosos”,”lerdos”, possuíam “mãos largas” e por isso o serviço não rendia, os carros eram espaçosos e isso significava que eles gostavam de luxo e de conforto e isso significa preguiça e ostracismo e este instrutor e muitos dos líderes e além do presidente, sempre falando que eles, os chineses eram melhores que os americanos, que pode ser caracterizado como xenofobia. Enquanto que,quando os americanos foram para a fábrica da China, eles entenderam o empenho e o apelo ao foco no trabalho e a disciplina chinesa.
 Outra situação é a de Rob e do Wong, que trabalhavam nas caldeiras quentes. Wong era o engenheiro e ensinou tudo a Rob sobre vidros. Eles criaram um vínculoforte, tanto que Rob diz que Wong é com um irmão chinês para ele. De todos ali, naquela empresa, os dois foram os que mais entenderam as diferenças e os valores de cada cultura e bem como a pressão que estavam sofrendo. Wong estava longe de casa e iria ficar por dois anos sem ver a mulher e os filhos, sem contar à responsabilidade que tinham. Rob foi demitido, pois a empresa estava se automatizando e substituindo seus trabalhadores por máquinas e ainda tinha os que estavam sendo demitidos por se mobilizarem por direitos trabalhistas e segurança. 
De forma geral, o que mais prende a atenção no filme é que ele traz claramente a nova face do capitalismo que estimula a precarização do trabalho, sem garantias, sem regulamentação e sem reivindicação coletiva. 
O mundo do trabalho vive um momento de transformação. As novas tecnologias substituem empregos. Governos discutem afrouxar direitos trabalhistas e criar novas formas de contratação como forma de combater o desemprego. O papel dos sindicatos é permanentemente rediscutido a ponto de trazer aos trabalhadores o questionamento de que se eles deveriam mesmo existir.
 No Brasil não foi diferente, após a implementação da reforma trabalhista. O intuito da reforma, segundo o governo brasileiro, é de que a reformar iria aumentar o número de empregos, mas o que o brasileiro viu aumentar foi à informalidade e a precarização. Na atual  fase do capitalismo todos nós seremos ainda mais precarizados e explorados.
REFERÊNCIAS
AMERICAN Factory. Julia Reichert, Steven Bognar, Jeff Reichert, Julie Parker Benello. Estados Unidos: Higher Ground Productions, Participant Media, 2019.

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