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Testes Toxicológicos - Avaliação e gerenciamento de risco A evolução da Farmacologia levou as agências regulatórias dos países desenvolvidos a formularem suas expectativas quanto aos estudos científicos a serem realizados pelo fabricante de um novo medicamento sob a forma de Diretrizes. Recomendações da Agência Regulatória sobre a realização dos estudos toxicológicos para avaliar os riscos que esses compostos podem implicar aos seres humanos e ao meio ambiente. Segurança/Eficácia 1. Estudos Pré-clínicos: • Estudos Pré-clínicos químico-farmacêuticos. • Estudos Pré-clínicos fármaco-toxicológicos. 2. Estudos Clínicos: • Ensaio de Fase I - realizar uma avaliação preliminar de segurança e obter dados iniciais sobre o perfil farmacocinético e farmacodinâmico no homem. • Ensaio de Fase II - demonstrar a atividade e avaliar segurança do novo ingrediente ativo a curto prazo e em um número limitado de pacientes sofrendo a doença. • Ensaio de Fase III - demonstrar a eficácia e segurança a médio e longo prazo. • Ensaios de Fase IV - Estudos de fármaco-vigilância, após-comercialização. Estudos pré-clínicos – fármaco-toxicológicos Objetivos principais: ● Obter o perfil toxicológico que possibilite a 1 a administração a seres humanos (Fase I). ● Complementar estudos clínicos de segurança que não seriam éticos em humanos (ex: reprodução, carcinogenicidade). ● Esclarecer mecanismos de ação do novo produto. Testes descritivos de toxicidade em animais Princípios em que se baseiam esses testes: 1) Os efeitos produzidos por um composto em animais de laboratório, são aplicáveis a humanos • Por área de superfície • Por peso corporal • Carcinógenos 2) A exposição experimental de animais a altas doses é um recurso necessário e válido para descobrir possíveis perigos em humanos Estudos Toxicológicos Recomendados • Toxicidade Aguda • Toxicidade de doses repetidas (sub-aguda, sub-crônica e crônica) • Toxicidade Genética • Carcinogenicidade • Toxicocinética • Toxicidade Reprodutiva Toxicidade Aguda Toxicidade que resulta de uma única dose ou de administrações fracionadas em um período de 24 horas. Delineamento do Estudo: ● Via de administração: 1 preconizada para o uso clínico e 1 alternativa. ● Espécies: 1 roedor e 1 não-roedor. ● Sexo: machos e fêmeas. ● Período de observação: 2 semanas (14 dias) ● Desfechos: morte (latência e modo) e efeitos não-letais. ● Determinações: relação dose-efeito e estimativa de dose letal (DL50 ou DLA). Toxicidade Aguda Dérmica ● Em coelhos ● O local de aplicação é raspado e a substância é aplicada e fica em contato por 24h. ● Após esse período o plástico é tirado e a pele é limpa com a finalidade de retirar qualquer substância restante. ● Os animais são observados por 14 dias, e a DL50 é calculada. ● Se não for observada toxicidade com 2g/kg, outros testes de toxicidade aguda dérmica não são realizados. Toxicidade Aguda Inalatória ● São realizados da mesma forma dos outros estudos agudos, porém a via de exposição é inalatória. ● A duração da exposição é de 4h. ● Embora os valores de DL50 e CL50 tenham significado limitado, estudos de letalidade aguda são essenciais para caracterizar os efeitos tóxicos dos químicos e o seu prejuízo para humanos. ● A principal informação desses testes vem da observação clinica e do exame pós-morte dos animais. Irritação nos olhos e na pele ● A capacidade de químicos irritar a pele e os olhos após uma exposição aguda é determinada em coelhos. ● No teste de irritação dérmica (teste de Draize), coelhos são preparados pela remoção de pêlo, o químico é aplicado na pele e protegido com gaze por 4h. ● Após isso observa-se o grau de dano a pele, que pode ser: eritema, escara, edema, e corrosão. ● Para determinar o grau de irritação ocular, o químico é instilado em um dos olhos do coelho e o outro serve de controle. Os olhos são examinados em vários períodos de tempo. Sensibilização ● Informações sobre o potencial de um químico sensibilizar a pele são necessárias além do teste de irritação para todos os materiais que entram em contato com a pele repetidamente. ● Procedimentos desenvolvidos para determinar o potencial das substâncias químicas induzirem reação de sensibilização em humanos. Toxicidade de doses repetidas Avaliar os efeitos adversos que resultam de várias doses. Objetivos: ● Identificar órgãos-alvo para ação tóxica. ● Estabelecer Relação dose-efeito. ● Determinar o NOAEL. ● Fornecer indícios do mecanismo de ação. ● Seleção de doses para estudos subseqüentes. Delineamento do Estudo: ● Via de administração: 1 preconizada para o uso humano ● Espécies: 1 roedor e 1 não-roedor. ● Sexo: machos e fêmeas. ● Duração do Tratamento ● Sub-aguda: 02 a 04 semanas. ● Sub-crônica: < 06 meses. ● Crônica: > 06 meses. O que avalia: ● Sinais de Toxicidade: ganho de peso, consumo ração ● Hematologia: leucócitos, hemácias, hemoglobina ● Bioquímica do sangue e urina: glicose, creatinina ● Peso de órgãos: fígado, rins, testículos, ovário, baço ● Histopatologia: fígado, rins, bexiga, baço, timo Também pode observar efeitos sobre o sistema imune, enzimas microssomais, níveis sanguíneos de metabólitos Toxicidade genética Se uma substância química é capaz de produzir alterações do material genético, contido em células germinativas ou somáticas, implicando em risco genético potencial para as gerações futuras e risco potencial de câncer para a geração atual, respectivamente. Carcinogenicidade - Carcinogênese Química Capacidade de substâncias químicas ou outros fatores ambientais de induzir o aparecimento de neoplasias malignas. Toxicocinética Estudo do movimento de substâncias químicas no organismo. →ADME Absorção Distribuição Metabolismo Eliminação Parâmetros: ● Cmax ● Tmax ● AUC0-∞ (biodisponibilidade) ● Clearance ● T1/2 ● Vd Metabolismo ● Metabólitos: sangue e urina ● Enzimas envolvidas na biotransformação Reação de Fase I do Metabolismo - Isoenzimas citocromo P450 Reação de Fase II do Metabolismo - Conjugação ● Polimorfismos ● Substância é substrato para enzimas polimórficas Toxicidade Reprodutiva Efeitos adversos sobre o processo reprodutivo, incluindo a fertilidade, o acasalamento, o desenvolvimento embrio-fetal, o parto e o desenvolvimento pós-natal dos descendentes até a maturidade reprodutiva. É uma das áreas mais complexas da Toxicologia Preditiva. O ciclo reprodutivo prolonga-se por grande parte da vida do indivíduo, iniciando-se com a produção dos gametas nos pais (ainda no período pré-natal), seguindo pela fertilização e desenvolvimento embrio-fetal, nascimento e desenvolvimento pós-natal até a maturidade sexual, quando o descendente adulto torna-se capaz de procriar. Toxicologia Estudo dos efeitos danosos de substâncias químicas em organismos vivos. Fornece a base de dados científicos na qual se apoia a avaliação de risco de efeitos adversos para a saúde. Avaliação de risco É o processo de se estimar a probabilidade que um composto químico apresenta de vir a produzir efeitos adversos numa dada população, em determinadas condições de exposição. Estabelece a relação entre o risco e os benefícios de produtos e serviços de saúde ou de interesse da saúde. É uma atividade de caráter estatístico, realizada em diversas etapas. Na maioria das vezes, é um processo, complexo, de alto custo, e que envolve pessoal altamente qualificado, metodologias específicas e equipamentossofisticados. Por tudo isso, a avaliação do risco é quase inviável nos países mais pobres. Nos países ricos, é realizada sob a supervisão das agências regulatórias, como a FDA, nos Estados Unidos, ou a Anvisa, no Brasil. Qualidade dos dados toxicológicos → Precisão da Avaliação de Risco Risco Subestimado Medidas de proteção não serão usadas adequadamente, e conseqüentemente uma alta incidência de efeitos adversos será observada na população exposta. Risco Superestimado Aumento no custo do gerenciamento de risco. Avaliação de Risco ● Identificação da Periculosidade ● Avaliação da Relação Dose-Efeito ● Avaliação da Exposição ● Caracterização do Risco Identificação da periculosidade A exposição a uma dada substância química causa efeitos adversos à saúde? Modelo Animal x Homem Modelo animal - a priori ● Diferenças entre sps. ● Exposição é única Homem - a posteriori ● Fator de incerteza menor ● Habitat natural Avaliação da Exposição Qual o nível de exposição está sendo vivenciado (ou pode ser previsto) pela população, em diferentes condições de exposição? Parâmetros Importantes: ● Vias de exposição (água, ar, solo, alimento) ● Duração da exposição ● No de indivíduos expostos ● Degradação biótica ou abiótica ● Persistência e acumulação no meio ambiente ● Absorção pela pele ● Bioacumulação na cadeia alimentar, etc Diferentes Cenários e.g.questões sócio-econômicas (diferenças nutricionais, exposição ocupacional, uso ilícito de etc.) Avaliação da relação dose-efeito Qual a relação entre a dose e a incidência de reações adversas no homem? NOAEL e LOAEL ● NOAEL: “No Observed Adverse Effect Level”, ou nível máximo de dose em que não observa-se efeito adverso. ● LOAEL: Lowest Observed Adverse Effect Level”, ou o menor nível de dose em que observa-se efeito adverso. Caracterização do risco Qual a incidência estimada de efeitos adversos em uma determinada população, sob determinadas condições de exposição? Fatores Arbitrários de Incerteza (ou segurança) JECFA: x 10 = Sensibilidade entre espécies (extrapolação dos resultados obtidos em animais para o homem) x 10= Heterogenicidade da população humana (extrapolação dos resultados obtidos entre indivíduos) Ingestão Diária Aceitável É o nível de ingestão diária, expresso em mg/kg de peso corpóreo, de um dado agente químico, em que não se observa risco apreciável à saúde, levando-se em consideração que a exposição ocorra por toda a vida do indivíduo. WHO,196 IDA = NOAEL ÷ FI ● IDA incondicional ● IDA não especificada ● IDA temporária ● IDA não alocada ● IDA de grupo Ingestão Diária Tolerável Para poluentes ambientais, e.g. TCDD, utiliza-se o termo IDT, partindo-se do princípio de que a adição do composto no alimento não ocorre intencionalmente. IDT = NOAEL ÷ FI Ingestão Semanal Tolerável Temporária Os efeitos adversos de algumas substâncias químicas, e.g. metais pesados, são medidos de acordo com os níveis encontrados no soro sanguíneo, ao invés da dose ingerida. É o nível de ingestão semanal, cujo o balanço entre ingestão e eliminação é alcançado, não ocorrendo então acumulação. Avaliação de Risco - Risco/Benefício (Gerenciamento de Risco) Avaliação de Risco: Exercício científico Gerenciamento de Risco: Julgamento Subjetivo, depende de condições culturais e sócio-econômicas e por isso difere enormemente entre países. Gerenciamento do risco Depois de avaliado, o risco precisa ser administrado e monitorado. É preciso tomar decisões sobre o controle do risco, confrontando-se os dados técnicos da avaliação com inúmeros fatores conjunturais de ordem cultural, econômica e política. É nesse momento que a VISA deve decidir se precisa atuar com maior ou menor rigidez. Qualidade dos dados toxicológicos → Precisão da Avaliação de Risco → Precisão do Gerenciamento de Risco → Impacto positivo sobre saúde Pública e Economia Comunicação do risco: É obrigação dos órgãos de VISA divulgar informações que melhorem a consciência sanitária do setor regulado e da população.
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