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Economia Industrial, da Tecnologia e Inovação- Aula 08 Bens Públicos

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Economia industrial, da tecnologia e inovação
Aula 08: Bens Públicos
Apresentação
Na primeira parte da aula, apresentaremos características e exemplos de bens públicos. Mostraremos também as
diferenças destes para os bens privados, bens de clube e recursos de propriedade comum. Destacaremos que nem todos
os bens públicos são ofertados pelo governo e que ele produz também bens privados.
Em seguida, trataremos da oferta e�ciente de bens públicos e do efeito carona. Este último, como se verá, re�ete uma
prática muito conhecida de levar vantagem com comportamento egoísta.
A última parte da aula abordará o rent-seeking (caçadores de renda). Trata-se da política praticada por muitas empresas
de obter ganhos conseguindo vantagens do governo – ex.: proteção, subsídios –, o que compromete a alocação e�ciente
de recursos na economia.
Objetivos
Identi�car as características dos bens públicos;
Examinar os bens públicos e a e�ciência do mercado;
Discutir os problemas gerados pelo efeito carona e pelas práticas de rent-seeking.
Características dos bens públicos
Os bens (e serviços) públicos são aqueles que simultaneamente são não rivais e não exclusivos. A não rivalidade pode ser pela
ótica da produção ou do consumo. No primeiro caso, o bem público tem custo zero de produção de uma unidade adicional
(custo marginal zero).
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Na prática, é como se não houvesse custo variável, só o custo �xo de
implantação/instalação . Um farol para navios e um semáforo (sinal)
para automóveis são dois exemplos. O custo do farol/semáforo é o
mesmo se servir a um navio/carro ou a dezenas de navios/carros.
Bem não rival
Um bem pode ser também não rival no consumo.
Denomina-se rival quando o consumo de uma pessoa
diminui a oferta da mercadoria e poderia levar outra pessoa
a não a consumir.
Num show de música, por exemplo, quem chegar por último
pode �car sem ingresso. Num bem ou serviço não rival, o
estoque não se esgota, pois ele não existe. O serviço de um
farol/semáforo, por exemplo, é não rival, suas luzes
atendem a muitos e a poucos indiferentemente.
Outro exemplo é o serviço de atendimento nas emergências
de hospitais públicos. Todos são atendidos. Se houver uma
catástrofe, aumentando muito a demanda pelo serviço,
convocam-se pro�ssionais que estão de folga e até de
outras unidades do sistema de saúde para dar conta do
trabalho . Conhecimento, estatísticas o�ciais/do IBGE e tudo
que está disponível gratuitamente na internet também são
exemplos de serviços não rivais.
Bem não exclusivo
Um bem ou serviço é não exclusivo quando ninguém pode
ser excluído de seu consumo. Um exemplo é a defesa
nacional que é oferecida para todos. O mesmo vale para as
campanhas de vacinação. Outro exemplo é erradicação de
uma doença – ex.: peste suína –, em que todos são
bene�ciados, mesmo os que não moram nas regiões
afetadas diretamente.
Como os bens públicos são não rivais e não exclusivos, não
há interesse da iniciativa privada em ofertá-los. Cabe ao
governo, portanto, suprir essa lacuna com recursos
provenientes de impostos.
Cabe destacar que nem sempre os bens públicos são
produzidos pelo governo. Um exemplo é o ar gerado pela
natureza. Em contrapartida, nem tudo que o governo produz
é bem público. A Petrobras é uma empresa do governo que
produz petróleo, um bem privado.
É possível não pagar pela
defesa nacional?
A cantora americana Joan Baez, pouco conhecida
atualmente, foi muito popular nos anos sessenta quando
era considerada a principal do gênero folk e suas canções
de protesto eram muito ouvidas. Foi a primeira artista de
peso a gravar canções de Bob Dylan (Prêmio Nobel de
Literatura de 2016), o que foi muito importante para a
carreira do compositor.
Baez sempre foi uma paci�sta e opositora à participação
dos EUA na Guerra do Vietnam (1963-1975) e, por conta
disso, vivia um dilema. Pagando impostos, estava
fornecendo recursos para a guerra – um bem público
(defesa nacional).
Ela resolveu, então, sonegar 60% de seu imposto de renda,
percentual que, segundo seus cálculos, iria para gastos
militares (veja a sessão Explore +). Essa prática durou dez
anos.
Sua atitude só teve efeito simbólico, a�nal ela teve que
pagar tudo. Não houve jeito, funcionários da Receita Federal
americana compareciam a seus shows e con�scavam a
receita de ingressos.
Combinação de bens, bens de clube e bens semipúblicos
Alguns bens são exclusivos, mas não são rivais. Um exemplo é o sinal de uma TV por assinatura. O custo marginal de atender
a mais um cliente é nulo. Portanto, é uma mercadoria não rival, ou seja, o fato de muitas pessoas receberem o sinal não impede
que outras tantas também o recebam . Entretanto, o sinal é exclusivo, é preciso pagar para ter o receptor. Também são
chamados de bens de clube, pois só os associados podem ter acesso.
Algumas mercadorias são rivais, mas não exclusivas. Todos podem ter acesso, mas só até o limite do estoque. O acesso aos
recursos marinhos é não exclusivo . Mas esses recursos são rivais. Se a pesca, por exemplo, for excessiva, pode não haver
pescado para todos.
Outro exemplo são as exposições gratuitas em museus. A princípio, todos podem visitar, mas, se a procura for grande, pode
haver necessidade de limitar o acesso, permitindo visitas só com agendamento. Caso contrário, as �las �cam longas demais e
muitos desistem. Se o estoque de agendamentos for preenchido, pessoas podem �car de fora. O Quadro 1 resume o que foi
apresentado até aqui.
Exclusivos Não exclusivos
Rivais Bens privados, Comida,carros Recursos de propriedade comum, Estoque de peixes
Não rivais Bens de clube, TV por satélite, internet por assinatura Bens públicos, Defesa nacional, ar
Quadro 1 - Tipos de bens
O governo oferta também bens semipúblicos, chamados de meritórios. Eles poderiam ser ofertados pelo setor privado, mas o
governo assume essa responsabilidade por uma questão de justiça social, com objetivo de favorecer a população de menor
renda e, no caso do Brasil, também para seguir o que determina a Constituição: Gratuidade de educação e saúde.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
E�ciência e bens públicos
No caso de um bem comum, a oferta e a demanda
determinam o quanto será produzido e a que preço, e essa
solução é considerada e�ciente. No caso dos bens públicos,
é diferente, pois não existe preço.
A curva de demanda de um bem público é chamada curva
de benefício marginal. Ela informa a cada unidade
demandada (eixo horizontal) o valor correspondente de seu
benefício marginal (eixo vertical). Não buscamos aqui a
demanda individual ou a de um mercado, e sim a
social/total. Essa última será o somatório das curvas de
demandas individuais, que são curvas de benefício marginal
individuais.
Como vemos no Grá�co 1, a curva de demanda social D é a
soma das curvas de demandas individuais do consumidor 
 e do consumidor por um bem público. A quantidade
e�ciente é determinada quando a curva de benefício social
corta a de custo marginal de produção do bem público. No
caso, a quantidade é 2 e o benefício marginal = custo
marginal = $ 5,50.
D1 D2
 Gráfico 1 - Quantidade Eficiente Ofertada de um bem Público | Fonte: Pindyck e
Rubinfeld, 2013.
O efeito carona e o desvio de e�ciência
Vamos supor que, no Grá�co 1, o consumidor A se recusasse a participar. Restaria, portanto, apenas a curva do consumidor B,
que �caria como curva de demanda social. O bem público seria ofertado, mas não de forma e�ciente, pois a curva de demanda
social não representaria a soma das referências.
Veremos, a seguir, que, dentro de uma lógica que privilegia o indivíduo em detrimento do coletivo e que essa prática
compromete a oferta de serviços públicos, faz sentido o consumidor �car de fora.
Digamos que o governo queira trazer eletricidade a uma comunidade de baixa renda. Você acha que uma empresa privada se
interessaria? Certamente não, a não ser que recebesse grandes subsídios do governo. É fácil entender o motivo. O custo �xo de
implantar a redeé elevado. Mas o custo de ligação de cada residência à rede geral é baixo.
O que frequentemente acontece é que poucos vão se dispor a pagar a conta de luz e, portanto, ter o direito legal de ligar seu
domicílio à rede geral. A maioria vai preferir fazer um gato (ligação clandestina), pegando carona no fato de que já existe uma
rede geral.
A saída é, portanto, o governo oferecer o serviço, cobrando uma tarifa social
mais barata, visando a diminuir a ocorrência de ligações ilegais e arcando
com o prejuízo. Essa prática é denominada efeito carona, pois o usuário
usufrui da vantagem (fazer a viagem), mas não arca com seu custo (pois vai
de carona).
Rent-seeking (caçadores de renda) e o setor público
A corrupção diminui a e�ciência da economia e afeta a oferta de bens públicos. Na Microeconomia, esse tema é abordado na
teoria dos caçadores de renda (rent-seeking).
Segundo essa visão, a maximização de lucros em algumas atividades está muito associada a manter ou conseguir algum tipo
de privilégio – monopólio em algum setor, medidas protecionistas, subsídios, regulamentação favorável etc. Quando essa
busca de renda, por meio de privilégios, tem muito peso na vida de uma empresa, isso caracteriza a existência do rent-seeking e
causa distorções na economia.
Certos privilégios podem se justi�car – ex.: menor carga tributária sobre microempresas –, mas há os obtidos sobretudo
devido à pressão política junto ao governo (lobby) e/ou por meio de corrupção , portanto sem justi�cativa técnica.
A prática de rent-seeking provoca distorções nas atividades das empresas e na economia.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Existem �rmas que dedicam boa parte de seus recursos à prática de
lobby e corrupção e não à produção de bens e serviços, o que é um
desvio de �nalidade. Não há estímulo para aprimoramento de
produtos ou processos, pois isso pouco pesa para vencer uma
concorrência, mas se gasta (e muito) no salário dos lobistas, em
publicidade – para ganhar apoio da opinião pública – e em reuniões
com parlamentares e membros do governo.
No caso do governo, o rent-seeking acarreta alocação ine�ciente de recursos públicos. Em muitos contratos de obras públicas,
não se privilegia a empresa mais e�ciente, e sim a que fez o melhor lobby ou pagou a maior propina.
Existe a possibilidade, inclusive, de essa prática levar à realização de compras ou obras desnecessárias ou superfaturadas,
dado que o principal objetivo passa a ser simplesmente atender a pressão política ou gerar propina.
O lobby pode ser praticado dentro da lei. Nos EUA, há legislação especí�ca
para isso  e é uma atividade muito transparente, mas esse não é o caso do
Brasil.
Quando é realizado à margem da lei, �ca caracterizada a prática de corrupção e, quando há corrupção, o dano é maior, pois leva
ao descrédito nas instituições – ex.: o poder legislativo e executivo.
Quando o lobby é muito bem-sucedido, ocorre captura da agência governamental por empresas privadas. Esse seria o caso, se,
por hipótese, a Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) fosse administrada por representantes das empresas de
planos de saúde, a quem ela deveria �scalizar. Equivaleria a colocar a raposa tomando conta do galinheiro.
Corrupção e Desenvolvimento
 (Fonte: Andrey_Popov / Shutterstock.)
Corrupção e pobreza tendem a caminhar juntas. Os casos extremos são os de países africanos onde, com frequência, a ajuda
internacional serve apenas para enriquecer os chefes de Estado e seu entorno, e não a população carente.
Há autores que se referem à existência de aspectos positivos na corrupção – mas, evidentemente, de menor importância que
os negativos.
Em países cuja burocracia é muito grande e ine�ciente, a corrupção seria a única forma de fazer funcionar o setor público.
Como se diz, criam-se di�culdades (burocracia) para gerar facilidades (propina).
Para combater esse desvio ético, é importante que os processos administrativos do governo sejam e�cientes e transparentes.
A propina faz a máquina pública andar, mas é na direção que interessa ao país?
A corrupção pode ser medida de forma indireta. Essa mensuração é realizada pela organização não governamental (ONG)
Transparência Internacional, que, com base em entrevistas com especialistas e empresários, levanta a percepção da corrupção
por país. Com essas informações, elaboram um índice de 0 (país extremamente corrupto) a 100 (país extremamente íntegro).
Segundo os dados de 2018, os países menos corruptos do mundo são Dinamarca (índice 88) e Nova Zelândia (87). O Brasil (35)
está em 105° lugar, bem abaixo do Chile (67) e Uruguai (70), mas melhor que a Venezuela (18). Segundo essa pesquisa, os
países mais corruptos do mundo seriam Somália (10), Síria (13) e Sudão do Sul (13).
Atividade
1.No Brasil, paga-se pelo uso de um farol, pois existe a Tarifa de Utilização de Faróis (TUF). Por conta disso, o serviço oferecido
pelo farol deixaria de ser um bem público? Responda apresentando dois argumentos, um fundamentando a resposta sim e outro
a resposta não, à pergunta apresentada. Diga ao �nal qual seria a resposta correta.
2.As estatísticas do IBGE não são um bem público, pois só tem acesso a elas quem tem um computador, tablet ou celular com
acesso à internet. Você concorda ou discorda dessa a�rmação? Justi�que sua resposta.
3.O ensino do 2° grau não é um bem público, pois há escolas em que o ingresso não é automático, é necessário um exame,
sorteio ou entrevista. Você concorda ou discorda dessa a�rmação? Justi�que sua resposta.
4.Um morador que não pague o condomínio é um exemplo do efeito carona. Você concorda ou discorda dessa a�rmação?
Justi�que sua resposta.
5.A corrupção contribui para afastar empresas estrangeiras. Apresente três argumentos que fundamentam essa a�rmação.
Notas
Referências
BIDERMAN, C.; ARVANTE, P. Economia do Setor Público no Brasil. 1. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 8 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. cap. 18, p. 653-692.
VARIAN, H. Microeconomia Princípios Básicos. 9 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2015.
Próxima aula
Informação Assimétrica.
Explore mais
Leia o artigo de Silva, M. F. G., Corrupção e produção de bens públicos na coletânea Economia do Setor Público no Brasil,
organizada por Ciro Biderman e Paulo Arvante para a editora Elsevier, 2005, para saber mais sobre rent-seeking.
Leia, ainda sobre rent-seeking, o interessante artigo de Marcelo Mendes O que é rent-seeking do site Brasil – economia e
governo.
Leia artigos da economista Cristina Pinotti, colunista do jornal eletrônico Nexo, sobre o impacto da corrupção na
economia e nas instituições, em especial: Corrupção de pobreza e O Brasil na armadilha da corrupção. Neste último
artigo, Pinotti aborda como se pode medir a corrupção e faz comparações internacionais.
Leia o artigo de Ramsey, N., When Joan Baez de�ed the IRS, para mais informações sobre o episódio da sonegação da
artista.
Assista a Joan Baez cantando Blowin' in the Wind, uma das músicas mais famosas de Bob Dylan.
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