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1
Trata-se de construção histórica, milenar e que remonta à época dos caçadores coletores, que se agrupavam em bandos para obterem melhores resultados em suas buscas, protegerem-se mutuamente e prosperarem enquanto agrupamento. 
Nos dizeres dos professores Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Filho (2019), o primeiro passo para conseguir conceituar o direito é reconhecer a sua característica essencialmente humana, de “um instrumento necessário ao convívio social”. 
Porém, após aparecimento do índio, houve a necessidade social de se implantar regras de conduta, capazes de propiciar o convívio ordeiro e pacífico entre ambos. 
metáfora de Crusoé traz a reafirmação de que somos, portanto, animais sociais e nesta relação cotidiana e inevitável “com os outros”, surgem infinitas possibilidades e necessidades de regulamentação, por parte das ciências jurídicas. 
Direito neste contexto, assume função de disciplinar essas relações sociais, ao passo que o faz por meio da produção de leis (como o Código Civil e a LINDB por exemplo), eleva os fenômenos naturais e sociais à condição de fatos e relações jurídicos. 
Em razão da amplitude do tema, não se poderá abordar com profundidade as teses que explicam a origem e natureza dos Estados como conhecemos hoje, porém, não é demais frisarmos que a base das relações privadas aqui estudada tem ligação umbilical com a disposição do ordenamento público, aqui entendido pela figura estatal. 
Hobbes, Rousseau, dentre tantos outros filósofos teorizaram a existência de um “instrumento ficto”, composto de regras “pactuadas” intuitivamente em que, visando garantir liberdade, propriedade privada, segurança e tantos outros elementos indispensáveis à vida em sociedade, seus indivíduos abriam mão de uma autonomia absoluta, permitindo que o Estado passasse a tutelar por meio das relações jurídicas o cotidiano de seu mais importante elemento: o povo! 
Pode-se dizer que uma relação jurídica consiste em “vínculo intersubjetivo concretizado pela ocorrência de um fato cujos efeitos são veiculados pela lei, na qual uma relação anteriormente denominada apenas como social, passa a ser tipificada por uma norma jurídica e, portanto, elevada a condição de Relação jurídica”. 
Conforme exposto no início desta unidade, sendo o homem um ser social, necessitando de contato com seus pares, uma relação será sempre verificada entre duas pessoas ou mais – sejam elas pessoas físicas, pessoas jurídicas ou, até mesmo, entes despersonalizados como se verá mais adiante. 
Na relação jurídica, as pessoas em interação serão denominados de sujeitos, podendo ser considerados como ativos ou passivos, dependendo de sua posição na relação. 
Via de regra e, considerando a complexidade das relações humanas, o sujeito ativo tem a capacidade de agir em defesa de seus interesses (direito subjetivo) e o sujeito passivo tem a obrigação de prestar uma conduta em favor do sujeito ativo. 
Sujeito ativo seria, portanto, nas relações jurídicas obrigacionais, um “credor da prestação ou obrigação principal ou o beneficiário principal da relação” na qual o sujeito passivo passa, nessa definição, a figurar como titular do dever jurídico, de devedor daquela prestação principal (STOLZE; 
Considerando-se a obrigação de entregar o celular, Ana é o sujeito passivo – tem o dever de entregar o bem, e o vizinho é o sujeito ativo – terá o seu interesse de receber o celular satisfeito. 
Veja-se que, em uma relação jurídica obrigacional, há direitos e deveres recíprocos, de modo que a posição no polo ativo ou passivo da relação muda conforme a prestação sob análise. 
Os sujeitos, que até então não haviam estabelecido uma relação jurídica, agora têm um vínculo entre si, cujo objeto será a eficiente prestação do serviço de transporte contratado pelo passageiro (obrigação de fazer). 
O motorista, por sua vez, tornou-se, então, o sujeito passivo, ele terá a obrigação de prestar os serviços dentro dos padrões previstos na relação jurídica instalada. 
Se alguém invade o imóvel ou divulga informações falsas sobre o titular do direito em questão, haverá descumprimento do dever geral de não provocar danos a outrem, surgindo o dever de reparar o dano causado. 
Nessas situações, descreve-se a relação jurídica da seguinte forma: o sujeito ativo é o titular do direito real ou pessoal, e o sujeito passivo é a coletividade. 
direito brasileiro sempre foi filiado a escola do Civil Law, de origem germânica-romana, pela qual a lei é fonte primária do sistema jurídico. 
Deste modo, por uma tendência natural, buscou-se normatizar até mesmo alguns conceitos e referências hermenêuticas aplicadas a todo o ordenamento jurídico, tamanha necessidade do estado nacional positivar suas regras de conduta. 
1º e 2º), aplicação da norma jurídica no tempo (3º a 6º) e no que concerne à sua subsistência no espaço, em especial nas questões de direito internacional (art. 
Em linhas gerais, a LINDB aponta ainda as fontes do direito privado em completo da própria lei e, em seu artigo 4º, define o que seriam as “fontes formais secundárias”, destacando: analogia, costumes e os princípios gerais do direito. 
Importantíssimo destacar que a LINDB não faz parte do Código Civil, sendo definida na clássica obra de Serpa Lopes (1959) como uma espécie de lei anexa, publicada originalmente junto ao Código Civil para facilitar sua aplicação. 
Aprofundando em parte os estudos, apresentamos a seguir 4 (quatro) conceitos essenciais ao estudo das normas no direito brasileiro, quais sejam, a definição terminológica de lei, vigência, lacuna e antinomia legal. 
Parte da doutrina se refere à norma como resultado do processo de interpretação das fontes do direito, de modo que ela não se confundiria com o texto legal. 
As leis guardam hierarquia quanto a sua fonte e origem, devendo em todas as esferas guardar compatibilidade temática e formal para com a Constituição Federal, sob pena de caracterização de inconstitucionalidades. 
Pois bem, sendo concebida a lei como uma das fontes do direito – mas não a única – a LINDB consagra no artigo 1º regras sobre a vigência legal, dispondo que, salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. 
Trata-se da “força vinculante da norma”, elemento que a torna de observância obrigatória sob pena de aplicação da sanção legal pertinente. 
Caso venha a ocorrer nova publicação do texto legal dentro do prazo de vacatio legis previsto, o prazo do artigo adicionado ou retificado começará a correr da nova publicação. 
Porém, se a correção do texto legal for providenciada após sua entrada em vigor, será necessária a elaboração e publicação de lei nova (art. 
Este Código entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da data de sua publicação oficial.” A lei poderá entrar em vigor na data de sua publicação quando sua matéria for de menor repercussão (art. 
2º, § 1º da LINDB: “A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”. 
O jogo do bicho, por exemplo, mesmo que amplamente praticado em determinados locais, não faz com que essa prática seja considerada ilícita pelo Direito brasileiro (FARIAS; 
2.2 Antinomia jurídica Acerca das antinomias legais, mais precisamente “possíveis conflitos” entre leis, para resolver os casos que lhe são apresentados, o Poder Judiciário procura, dentro da sistemática do direito, a norma que se deve aplicar à hipótese sub judice. 
Nesse caso, haverá conflito entre qual lei deverá ser aplicada sobre os efeitos de um fato que ocorreu na vigência de uma lei passada, mas que está sendo discutido sob a égide da lei atual. 
Acerca do problema, a LINDB forneceu algumas instruções em seu artigo 6º, que apresenta a seguinte redação: “A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e coisa julgada.” 
 
Ato jurídico perfeito - é o que já produziu efeitos, segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, a exemplo de um contratojá integralmente cumprido; 
Em estreita sintonia com este artigo da LINDB, a CF/88 estabeleceu em seu artigo 5º, XXXVI, que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. 
Para além do critério cronológico de resolução da antinomia jurídica, sintetizado na máxima “lei posterior prevalece sobre lei anterior”, há outros dois: o critério hierárquico – “lei superior prevalece sobre lei inferior” e o critério da especialidade – “lei especial prevalece sobre lei geral”. 
Esta é inevitável em qualquer ordenamento jurídico, porque o legislador, por mais profícuo que seja, não pode prever todos os casos e ocorrências decorrentes das incontáveis relações humanas. 
4º da LINDB: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” Estes são os instrumentos de integração da lei, diante da sua incapacidade de regulação exaustiva das relações sociais. 
Analogia: diante da ausência de lei disciplinadora, o magistrado aplicará ao caso concreto a norma prevista para situação semelhante, dada a identidade de razões ou finalidades. 
O fundamento desse recurso reside no princípio da igualdade jurídica: deve-se conferir a mesma solução para casos iguais ou semelhantes, na medida em que se desigualarem. 
Sobre a admissibilidade do recurso especial, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça considera que, quando a arguição de ofensa ao dispositivo de lei federal é genérica, sem demonstração efetiva da contrariedade, aplica-se, por analogia, o entendimento da Súmula n. 
Nesta segunda hipótese, existe lei aplicável ao caso, apenas se estabelecem novos e legítimos limites da norma, realizando o juiz uma interpretação menos literal para alargar o alcance da regra. 
cheque é pago na data da apresentação ao banco, independentemente da data prevista no documento cambial. 
Nesse caso, aquele que antecipa a apresentação do título de crédito viola a boa-fé objetiva – a saber, a expectativa de que o cheque somente seria apresentado na data futura ali inserida. 
um dos temas mais importantes de toda a disciplina, visto que inegavelmente o homem e a condição humana representam o cerne das relações jurídicas, como visto em unidades anteriores. 
Seguindo a teoria utilizada como base para o Código Civil de 2002, podemos definir como pessoa natural o ser humano livre de qualquer adjetivação, ou seja, o ser humano independentemente de sexo, crença, idade, religião etc. 
3.1 Personalidade jurídica Clovis Beviláqua (1999), em sua teoria geral do direito civil, leciona que a personalidade jurídica tem por base a personalidade psíquica, somente no sentido de que sem essa última não poderia o homem ter elevado a condição da primeira e, certamente, o indivíduo vê na sua personalidade jurídica a projeção de suas qualidades psíquicas. 
nível conceitual, a personalidade jurídica é atributo reconhecido a determinadas pessoas que lhes confere uma aptidão geral e abstrata de ser titular de direitos e obrigações na ordem jurídica, bem como a possibilidade de reclamar uma proteção jurídica mínima – os chamados direitos da personalidade, alvo de estudos em unidade futura (FARIAS; 
tendência moderna, valendo-se de uma interpretação mais “constitucional”, busca despatrimonializar o conceito de pessoa natural, tentando não mais tratá-la como sinônimo de “pessoa física”. 
Desta forma, a normativa civil indica marco temporal específico, dispondo que, no momento em que há o nascimento com vida, adquire-se a personalidade jurídica. 
Seguindo a linha de raciocínio do legislador pátrio, “nascer com vida” significa operar-se o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório do recém-nascido (Resolução 01/88 do Conselho Nacional de Saúde), independentemente da forma humana e de tempo mínimo de sobrevida, em respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana. 
Existe uma teoria intermediária, referida por alguns autores, como a professora Maria Helena Diniz, denominada teoria da personalidade formal ou condicional, segundo a qual, o nascituro teria formalmente personalidade para titularizar direitos personalíssimos, mas, quanto aos direitos patrimoniais, estes só seriam consolidados sob a condição de nascer com vida. 
Conforme o entendimento de Limongi França, nascituro é o ente concebido, ainda não nascido, sendo, portanto, sujeito de diversos direitos, como por exemplo, direito à vida, proteção ao pré-natal, legado, dentre outros. 
renomada professora Maria Helena Diniz em construção interessante, classifica dentro da teoria adotada no código de 2002 (concepcionista), a Personalidade Jurídica em material e formal. 
Para a professora, a personalidade jurídica formal atribui ao nascituro direitos fundamentais, como a vida, alimentos, dentre outros elementares e dispostos a propiciar, justamente, seu desenvolvimento intrauterino. 
Já a “material” diz respeito aos direitos patrimoniais, que o nascituro tem a salvo desde a concepção, porém só terá efetivado após certificação do nascimento com vida! 
Alimentos: firme jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ/RS Agravo de instrumento 7000.64.29096) reforçada pela recente lei de alimentos gravídicos (lei 11.804/08), que reconhece ao nascituro o direito (patrimonial) aos alimentos. 
natimorto (nascido morto), segundo a doutrina, como se pode verificar no enunciado n° 01 da I Jornada de Direito Civil, possui proteção jurídica, como o direito ao nome, à imagem e a sepultura (memória). 
Para que se possa conceituar capacidade, deve-se desdobrá-la em capacidade de direito, genérica ou geral, na qual a capacidade de direito é aquela que toda pessoa tem. 
Contudo, com a consagração dos direitos da personalidade na legislação civil, a personalidade jurídica ganhou uma segunda conotação: conjunto de características essenciais à pessoa, como integridade física, nome, imagem, voz, dentre outras. 
Não podemos confundir, no entanto, capacidade com legitimação, uma vez que esta última é a idoneidade para o exercício de determinados direitos, ou seja, há situações em que a pessoa, mesmo sendo capaz, não terá legitimação suficiente para pleitear um determinado direito em juízo. 
legitimidade traduz, no dizer de Calmon de Passos, pertinência subjetiva para a prática de determinado ato, ou seja, mesmo capaz, uma pessoa pode estar impedida de praticar determinado ato. 
Os absolutamente incapazes são representados (vontade expressa na pessoa do representante), enquanto os relativamente incapazes são assistidos (apenas “auxiliados” mediante prática de atos da vida civil em conjunto). 
A representação ou assistência legal será prestada por um tutor – no casos das crianças e adolescentes, ou curador, para as demais hipóteses, nas quais se faz necessário o processo de interdição. 
3º do Código Civil, são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: os menores de dezesseis anos (impúberes), que são aqueles com dezesseis anos incompletos. 
Em 2015, foram suprimidos os incisos II e III, que tratavam da pessoa com deficiência e daqueles que apresentassem dificuldades em se expressar, tendo o legislador respeitado a Convenção Americana das Pessoas com Deficiência (NY) deslocando aquelas pessoas à condição de plenamente capazes, exceto se a dependência for causa de impossibilidade de manifestar vontade – hipótese transferida do art. 
Houve, portanto, significativa mudança na teoria das incapacidades, sendo importante observar que, apesar da exclusão das pessoas com deficiência do rol de incapacidades, as mesmas poderão passar por interdição ou buscar a tomada de decisão apoiada enquanto mecanismos de proteção limitados ao âmbito negocial e patrimonial. 
curatela consiste na nomeação de curador mediante procedimento judicial especial, a saber, representante legal responsável por agir em conjunto com o curatelado na prática de atos negociais e patrimoniais. 
Na tomada de decisão apoiada, por sua vez, a própria pessoa com deficiência elege duas ou mais pessoas idôneas para auxiliá-la na práticade negócio jurídico por tempo determinado (art. 
Muitos apontam que a deficiência mental pode vir a provocar incapacidade civil, a depender do quadro sob análise, de modo que pessoas capazes poderão ser interditadas – contrariando-se a lógica do sistema. 
8º do Estatuto do Índio (Lei 6.001/73), considera, regra geral, nulo de pleno direito, o ato praticado pelo índio, não representado, ressalvada a hipótese de revelar consciência e conhecimento do ato praticado. 
Menor emancipado não comete crime, e eventual conduta por ele praticada, descrita como infração penal, é reputada como ato infracional, devendo ser responsabilizado nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
extinção da pessoa natural pode ocorrer de duas maneiras: com a morte ou declaração de ausência, sendo que, a depender de sua modalidade, haverá consequências patrimoniais e afetas aos direitos da personalidade (art. 
Esta é a chamada morte real, aquela verificada quando há cessação total das atividades vitais do corpo humano e comprovada pelo atestado de óbito, que será levado a registro. 
6º do CC/02 define que “a existência da pessoa natural termina com a morte, presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”. 
Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra – esgotamento das buscas (art. 
Existem apenas reminiscências dessa espécie de morte no nosso ordenamento, como podemos notar ao analisar no direito sucessório os institutos da deserdação (art. 
8º do CC, se duas pessoas falecerem na mesma ocasião, sem que se possa precisar, se qualquer delas precedeu à outra, considerar-se-ão simultaneamente mortas. 
8º do CC/02 dispõe expressamente que, “se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”. 
Direitos da personalidade Uma das mudanças da parte geral do novo Código Civil Brasileiro (2002) consiste na inserção de um capítulo próprio, a tratar dos direitos da personalidade (arts. 
Isto porque o estudo dos direitos da personalidade representa a quebra do paradigma estritamente patrimonial que permeou a legislação privada brasileira, desde as ordenações manuelinas e filipinas. 
Mas a afirmação no diploma civil, reconhecido como espinha dorsal da regulação da vida privada, fora um avanço importante na consolidação da proteção dos direitos da pessoa. 
 “Assim, são direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio, partes separadas do corpo); 
a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística, literária) e sua integridade moral (honra, segredo pessoal, profissional, doméstico, imagem, identidade pessoal, social e familiar).” 
 
Parte da doutrina debruçou-se ao longo dos anos na análise sobre a natureza jurídica de tais direitos, desdobrando-se em uma corrente positivista e outra jusnaturalista. 
Já os adeptos da corrente jusnaturalista, como Fredie Didier Jr., Pablo Stolze e Carlos Bittar, anotam que os direitos da personalidade são inerentes à condição humana, não havendo necessidade sequer de positivação. 
Defendem os jusnaturalistas que pensar do contrário, seria legitimar, por exemplo, atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial e Alemanha Nazista, nas quais, amparados no direito positivado, suprimiu-se garantias, reduzindo pessoas a condições sub-humanas ou equiparando-se ao tratamento jurídico das “coisas”. 
Seja qual for a corrente adotada, o importante é compreender que a dimensão cultural do direito, como criação do homem para o homem, deve sempre conservar o conteúdo mínimo de atributos que preservem a sua própria condição como um valor a ser tutelado (GAGLIANO; 
Nessa linha, de acordo com Luciano Dalvi, “os direitos da personalidade transcendem a positivação, pois são direitos inerentes e indissociáveis à condição humana e, obrigatoriamente, não podem ser tachados de forma a limitá-los.” 
 
notório que a evolução da sociedade seja mais rápida do que as leis, surgindo novas formas de agressão à personalidade humana que reclamam novas formas de proteção pela legislação vigente. 
4.2 Classificação e características Como já salientamos ao longo da unidade, classificação é o meio pelo qual doutrinadores estudam e tentam explicar os mais variados institutos jurídicos. 
Assim, apesar de haver diferentes maneiras de apresentar os direitos da personalidade, vamos nos à classificação de Rubens Limongi França: direito à integridade física (à vida, ao corpo vivo e morto, a partes separadas do corpo); 
à integridade moral (liberdade civil, política e religiosa, honra, honorificência, recato, imagem, segredo, identidade pessoal/nome, familiar e social). 
Aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu, possui personalidade jurídica formal: tem direito à vida, à integridade física, a alimentos, ao nome, à imagem como já visto anteriormente. 
12 do CC/2002: “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.” 
 
13 do CC/2002, trata da integridade física e veda a disposição do próprio corpo, a não ser em casos de exigência médica e desde que tal disposição não importe em permanente diminuição da integridade física ou contrarie os bons costumes. 
Considerando a disponibilidade relativa dos direitos da personalidade, a exegese desse dispositivo não é simples, sobretudo a interpretação de quais seriam os bons costumes a serem utilizados como parâmetro em uma sociedade cada vez mais plural. 
14 do CC/2002, por sua vez, proíbe a comercialização de órgãos ou partes do corpo, sendo apenas possível sua disposição gratuita, com objetivo altruístico ou científico, sendo possível a revogação do ato de disposição a qualquer tempo. 
De acordo com o texto legal: “Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.” Todo ato médico deve ser antecedido do consentimento livre e esclarecido do paciente e/ou do seu representante legal. 
Atualmente, a jurisprudência brasileira admite uma hipótese em que é possível praticar intervenção médica contrariando a recusa de tratamento médico por parte do paciente: quando este último estiver em situação de risco iminente de morte. 
Esse entendimento foi confirmado pela doutrina, vide o Enunciado nº 533 do CJF: “O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos os aspectos concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato ou mediato, salvo as situações de emergência ou no curso de procedimentos médicos cirúrgicos que não possam ser interrompidos”. 
16 a 19 do CC/2002 confirmam a proteção do nome da pessoa natural, sinal que representa a mesma no meio social, bem como do pseudônimo, nome atrás do qual se esconde o autor de uma obra cultural ou artística. 
O STF, ao julgar a ADIN nº 4.275, estabeleceu que tal averbação no registro civil de pessoas naturais independe de prévia decisão judicial ou realização de cirurgia. 
17 do CC/2002, de acordo com o qual “o nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória”. 
Tal ensejaria dano moral in re ipsa, nos moldes como já se dá com o uso comercial de imagem sem autorização prévia (Súmula 403 STJ - “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”). 
20 do CC/2002 consagra expressamente a proteção da imagem, sub-classificada em imagem retrato (aspecto físico da imagem, a fisionomia de alguém) e imagem atributo (repercussão social da imagem). 
Em se tratando de morto que sofreu lesão à imagem por exemplo, terão legitimidade para promover a ação indenizatória os descendentes, ascendentes e o cônjuge, inseridoaqui também o convivente. 
Nada mais atual do que afirmar que a intimidade não deve ser concebida somente no plano físico, mas também no plano virtual, do ambiente da internet, sendo inviolável o domicílio eletrônico de uma determinada pessoa (TARTUCE, 2015). 
Por unanimidade, julgou-se procedente o pedido para dar interpretação conforme à Constituição aos artigos 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação artística, produção científica, declarar inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas). 
direito à integridade intelectual reúne tudo aquilo que é fruto da mente humana, a exemplo da liberdade religiosa, liberdade de expressão, liberdade sexual, direitos autorais (L. 
Por excederem a disciplina legal da parte geral do Código Civil e serem abordados de modo interdisciplinar em outros momentos do curso, lições a respeito serão aprofundadas em outros componentes curriculares. 
Ausência Valendo-se dos conceitos inicialmente trabalhados quando da análise das hipóteses de extinção da pessoa natural, tem-se na ausência uma de suas modalidades mais relevantes e que denota um estudo próprio, devido, principalmente, aos desdobramentos jurídicos do instituto. 
Passados 10 anos, da sucessão provisória, abre-se a sucessão definitiva, caso em que, os herdeiros recebem os bens em caráter definitivo, sendo o ausente, considerado nesta última fase, morto por presunção. 
sentença ou decisão judicial que reconhece a abertura da sucessão definitiva é registrada em livro especial no cartório, e não no livro de óbito. 
7º do CC não se confundem com a ausência, pois traz situações de guerra ou tragédias (acidentes aéreos, por exemplo) em que o falecimento das vítimas é extremamente provável. 
Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.Parágrafo único – A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento”. 
5.1 Curadoria dos bens do ausente Ocorrerá, no momento da constatação do desaparecimento da pessoa, quando algum interessado busca o Poder Judiciário, informando o fato. 
Nesse momento, ocorrerá a declaração da ausência e será nomeada pelo juiz uma pessoa que terá o munus público de administrar os bens do ausente, isso porque ainda há a esperança de retorno da pessoa desaparecida. 
Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.Parágrafo único – A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento”. 
Ao curador aplicar-se-á, no que couber, as regras referentes à tutela e curatela previstas nos capítulos do direito de família e sistematizadas nos arts. 
Assim, a lei estabelece cautelas no sentido de preservar o acervo patrimonial para um possível retorno do ausente ou para eventual e futura sucessão, no caso de o retorno não ocorrer em um determinado espaço de tempo. 
Entre as obrigações do representante dos bens do ausente, estão o exercício da boa guarda e conservação dos bens, a arrecadação de outros existentes, a prestação de caução, a prestação de contas ao final da gestão, além da apresentação de balancetes mensais das receitas e despesas. 
Note que a curadoria é para os bens do ausente, e não para a pessoa do ausente, ou seja, o objetivo da curadoria não é a regência de pessoas, mas a administração de seus bens. 
curatela perdura, em regra, por um ano, durante o qual o magistrado ordena publicação de editais, de dois em dois meses, convocando o ausente a reaparecer para tomar posse dos seus bens. 
curadoria cessa pelo comparecimento do ausente, do seu procurador ou de quem o represente, pela certeza da morte e pela sucessão provisória. 
27 do CC/02 requererão a abertura da sucessão provisória, uma vez que não cabe ao juiz declarar de ofício a ausência e, consequentemente, abrir, ainda que provisoriamente, a sucessão. 
Será o prazo de 01 ano na situação do desaparecimento da pessoa sem deixar representante, e de 03 anos, se a pessoa desaparecida deixar representante com poderes suficientes para gerir seu patrimônio e assim aceitar fazê-lo. 
Logo que passe em julgado, a sentença que determinar a abertura da sucessão provisória, o testamento será aberto, se existir, e ocorrerá o inventário e a partilha dos bens. 
28 do CC, a sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa. 
Doravante, os herdeiros poderão imitir-se na posse dos bens do ausente, mediante garantia da restituição deles (penhores e hipotecas), em caso de reaparecimento do ausente. 
herdeiro que tiver direito à posse provisória, mas não tiver condições patrimoniais de prestar a garantia que lhe é imposta ficará excluído da sucessão provisória, devendo o juiz nomear curador que administre os bens que lhe caberiam, ou, pode ainda se configurar a possibilidade de a administração ser exercida por outro herdeiro que lhe preste garantia. 
No entanto, atendendo aos princípios da probidade e da boa-fé objetiva, essa exclusão pode ser atenuada, uma vez que é permitida a este herdeiro justificar sua falta de meios na impossibilidade patrimonial de manutenção dos bens que lhe caberiam, garantindo, assim, pelo menos metade dos rendimentos do respectivo quinhão (art. 
Em se tratando de herdeiros necessários (ascendente, descendente e cônjuge), esses poderão entrar na posse dos bens do ausente, independentemente de garantia (art. 
Já quanto aos outros sucessores, para maior proteção dos bens no caso do retorno do ausente, deverão capitalizar metade do que lhes couber, prestando contas anualmente ao juiz (art. 
Em caso de retorno do ausente e se constatar que a ausência foi de má-fé, o ausente perde para os sucessores os frutos e rendimentos de seus bens durante o período em que esteve ausente, uma vez que se valoriza o trabalho do sucessor e a posse justa, aplicando-se consequentemente uma sanção ao que não assumiu os seus deveres, afastando, assim, a possibilidade de enriquecimento ilícito (art. 
Os herdeiros, em posse dos bens do ausente só poderão alienar ou hipotecar esses bens, com autorização judicial, no sentido de evitar perda ou ruína. 
32º, C.C.), ou seja, os sucessores provisórios são herdeiros presuntivos, por isso, estando os herdeiros empossados nos bens do ausente, possuem a representação processual, seja como autor, seja como réu. 
5.3 Sucessão definitiva Após passados dez anos do trânsito em julgado da sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas (art. 
39 do CC, “regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo”. 
parágrafo único do artigo referido determina que, se o ausente não retornar nesse período e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal. 
Logo, se o ausente reaparece após 10 anos do trânsito em julgado da decisão que concedeu a sucessão definitiva, não poderá mais reaver seu patrimônio. 
Síntese Finalizando a unidade 1 das bases das relações privadas e estudadas as linhasintrodutórias que servirão de fundamento para os mais variados ramos do direito, difícil imaginar nas ciências jurídicas uma disciplina tão ramificada e de aplicação subsidiária quanto o Direito Civil. 
Diferenciação entre Lei e norma, bem como, mecanismos de validação das leis no plano nacional e internacional, dentre outros aspectos de hermenêutica jurídica foram habilidades essenciais desenvolvidas nesta unidade. 
Compreender que o direito civil, aqui entendido como “direito do cidadão” ou que “disciplina as relações jurídicas da pessoa é, sem sombra de dúvida, a grande base do que se convencionou chamar de Direito Privado, regendo genericamente todas as relações jurídicas dos indivíduos, antes do seu nascimento até a sua morte. 
Apenas a título de ilustração, se pensarmos numa rotina básica de quem acorda em sua residência, toma café, pega um transporte para trabalhar, estuda a noite em uma instituição de ensino e retorna para o conforto do lar, poderíamos identificar incontáveis relações jurídicas típicas e que guardam regulamentação no direito civil. 
Assim, enveredar-se pelos férteis campos do Direito Civil é, antes de mais nada, propiciar correto entendimento sobre os direitos da personalidade, seus mecanismos de proteção e importância da separação entre pessoa física e patrimonial (especialmente para evitar “confusão” patrimonial). 
Por fim, após concluirmos esta unidade, será possível discernir entre as diferenças de tutela jurídica para o caso de “Ausência” de uma pessoa, com ou sem representante nomeado e os requisitos delegados pela norma civil para efetiva partilha de bens. 
Assim, em síntese final, destacamos que nesta primeira unidade observou-se que a condição humana, a proteção de sua dignidade e dos direitos a ela inerentes foram alvo de especial atenção do legislador civilista e constitucional. 
“O novo direito civil”, ou “direito civil contemporâneo” vem sendo irradiado de influência constitucional e também por disposições do plano internacional (matérias de direitos humanos, tratados internacionais, como o Estatuto da Pessoa com Deficiência) estando em franca ebulição conceitual e demandando diversas releituras, conforme serão abordadas nas unidades a seguir. 
direito como um todo vem sofrendo, ao longo dos anos, um processo de publicização no qual, independentemente da maior ou menor participação do Estado, normas e garantias constitucionais ou de ordem pública vem sendo aplicados diretamente no âmbito privado, havendo doutrinadores da lavra do professor Luiz Edson Fachin, Flávio Tartuce, Rodolfo Pamplona Filho e Pablo Stolze, referindo-se ao “Direito Civil-Constitucional” em reforço da aplicação horizontal dos direitos fundamentais nas relações privadas.

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