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SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2 UNIDADE 2 – SERVIÇOS DE MEDICINA DO TRABALHO....................................... 7 UNIDADE 3 – DOENÇAS DO TRABALHO ................................................................ 9 3.1 DOENÇA PROFISSIONAL E DOENÇA DO TRABALHO .................................................... 9 3.2 LESÕES POR ESFORÇO REPETITIVO (LER)/DISTÚRBIO OSTEO-MUSCULAR RELACIONADO AO TRABALHO (DORT) ....................................................................... 14 3.3 DOENÇAS CAUSADAS POR RUÍDOS ....................................................................... 16 UNIDADE 4 – DOENÇAS CAUSADAS POR AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS ........................................................................................................... 26 4.1 DOENÇAS OCUPACIONAIS RESPIRATÓRIAS ............................................................ 26 4.2 DOENÇAS DA PELE .............................................................................................. 34 4.3 A SAÚDE BUCAL .................................................................................................. 37 UNIDADE 5 – DOENÇAS DO TRABALHO NA INDÚSTRIA E NO MEIO RURAL .. 44 UNIDADE 6 – ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DAS DOENÇAS DO TRABALHO .................................................................................................................................. 46 UNIDADE 7 – TOXICOLOGIA .................................................................................. 61 UNIDADE 8 – PRIMEIROS SOCORROS ................................................................. 68 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 70 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO Desde o século XIX, a história nos mostra que o caminho percorrido entre trabalho e qualidade de vida, que podemos traduzir em saúde, é uma via de mão dupla e percebeu-se uma relação forte e negativa entre o trabalho e o sofrimento que, muitas vezes, levava a morte prematura dos operários. Falamos em via de mão dupla porque embora a construção do ser humano tenha acontecido pelas relações sociais com seus pares, também aconteceu pelo trabalho, ou seja, a satisfação de suas necessidades, quer sejam pessoais, sociais ou de sobrevivência, passa necessariamente pelo trabalho. Especialistas da Organização Mundial da Saúde chamam a atenção para o seguinte fato: quando o trabalho está adaptado às condições do trabalhador e os riscos da saúde estão sob controle, este trabalho favorece a saúde, tanto física quanto mental. Muitas vezes, o impacto do trabalho sobre a saúde do trabalhador se dá de forma inespecífica. Por esse motivo, podemos inferir que o trabalho caminha junto ao conceito de doenças relacionadas com o trabalho. Doenças profissionais são aquelas enfermidades que possuem uma relação direta de causa e efeito entre risco e enfermidade. Por sua vez, as reconhecidas como outras doenças relacionadas com o trabalho são enfermidades provocadas por múltiplos fatores (multiprofissionais), desde os elementos de risco do próprio ambiente de trabalho até características pessoais do trabalhador e a influência de fatores socioculturais. Conforme Mendes (1988), a OMS reconhece que existe não só doenças profissionais, como também, doenças relacionadas com o trabalho, que são aquelas favorecidas pelas condições e ambiente de trabalho, como por exemplo, o estresse ocupacional. Voltemos um pouco às relações formadas entre os seres humanos e nos reportemos às novas formas de organização do trabalho associadas ao processo de reestruturação produtiva. Estas configuram-se como resposta à crise de realização capitalista ocorrida no modelo anterior, caracterizado pela generalização dos princípios tayloristas-fordistas. Diante do novo modelo econômico surgido nos anos 1980 nos países avançados, destacam-se, segundo Pires (1998, p. 45-46), Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 3 a grande importância do setor eletrônico; a intensa aplicação da tecnologia digital de base microeletrônica na estrutura industrial; e os progressos nos setores da química fina, dos novos materiais, da biotecnologia e da engenharia genética, beneficiados com os progressos da informática. E mais: contrapondo-se à rigidez anterior, as mudanças suportam-se “no complexo eletrônico, e a automação integrada flexível é uma de suas características mais importantes”. No entanto, as mudanças no processo de trabalho, sobretudo em formações capitalistas periféricas, caracterizaram-se pela justaposição de formas tradicionais e inovadoras, ou seja, através do que se poderia chamar de “modernização conservadora” com fortes resquícios da segunda revolução industrial e tecnológica. Daí a manutenção e/ou revitalização dos princípios tayloristas/fordistas, pela desqualificação e controle autoritário da força de trabalho (BRAVERMAN, 1977). Na realidade, a par dessas inovações tecnológicas, advieram mudanças organizacionais que causaram impactos imediatos em todo o processo de trabalho. Exemplarmente, ante a verticalização das empresas, promove-se a terceirização quando várias atividades passaram a ser externalizadas, possibilitando maiores trocas intersetoriais, a diversificação e ampliação do Setor Serviços, o enxugamento do quadro de pessoal das grandes empresas, etc. Ainda na direção do aprofundamento da divisão do trabalho social, novos segmentos, refletindo a necessidade de rever custos e reduzir pessoal, indicam uma presumível terceirização da terceirização – a chamada quarteirização – que implica o concurso de novas empresas para gerenciar atividades que foram terceirizadas, ou seja, “um maior enxugamento dos setores próprios da empresa que gerenciam o trabalho das empresas terceirizadas” (Pires, 1998, p. 47). É claro que esses processos não se restringem ao universo fabril, avançando sobre o Setor Serviços e alterando suas clássicas funções, relações e condições de trabalho (OFFE,1989). Todavia, mesmo ampliando a sua participação na estrutura ocupacional, o Setor Serviços, diante dos impactos das novas tecnologias, não tem ampliado suficientemente os postos de trabalho a fim de absorver o desemprego gerado em outros setores (POCHMANN, 1999). Ao lado da redução do emprego direto e da maior subcontratação de trabalhadores, as novas relações de produção e formas de gestão se traduzem em alterações tanto na organização da produção – “just in time, layout, logística, Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 4 redução do tamanho da planta, terceirização e parcerias com fornecedores” – como na organização interna do trabalho, “com redução de hierarquia, trabalho em ilhas, trabalho mais qualificado no núcleo estável e pouco qualificado nas atividades secundárias”(POCHMANN, 1999, p. 35-36). Paralelamente, além do declínio do trabalho na produção e das mudanças no mercado e nas relações de trabalho, entre outras, destacando-se a desregulamentação, a flexibilização e o enfraquecimento do poder sindical (Toledo, 1997 apud SALIM, 2003), vêm ocorrendo modificações profundas na natureza, significado e conteúdo do trabalho. Mais especificamente, no processo de terceirização, várias consequências podem ser apontadas. Porém, lembrando os seus possíveis impactos na saúde do trabalhador, destacamos as seguintes: a) segmentação e diferenciação dos trabalhadores quanto às condições de trabalho – por exemplo, em relação ao gradiente de afastamento desde o centro da cadeia produtiva até as diversas unidades periféricas; b) por um lado, pulverização da base e enfraquecimento do poder sindical; por outro, flexibilização dos direitos trabalhistas; c) redução dos empregos diretos e indiretos ao longo da cadeia produtiva; d) intensificação do ritmo de trabalho e aumento da pressão no ambiente de trabalho. No Brasil, particularmente nas regiões metropolitanas, tais processos se suportaram na heterogeneidade do mercado de trabalho, caracterizado pela queda do emprego no setor formal e expressiva elevação da ocupação no setor informal, que, por sua vez, inclui os “sem-carteira assinada” e os trabalhadores “por conta própria”. Esses, somados aos desempregados, indicariam não apenas o grau de precariedade do mercado de trabalho como, sem dúvida, as bases em que se assenta o próprio processo de precarização das condições de trabalho, atribuídos por exemplo, à reprodução de baixos níveis salariais, à não cobertura da seguridade social e à falta de assistência médica. Processo, hoje, que não pode ser exclusivamente imputado ao setor informal do mercado de trabalho, pois, em direções e graus variados, também tem avançado sobre o contingente de trabalhadores registrados (SALIM, 2003). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 5 Todo esse contexto discorrido serve para mostrarmos que além das novas configurações de trabalho, a pouca qualificação, a exclusão social, a falta de compromisso dos empresários em relação aos seus trabalhadores, a falta de cumprimento das leis, a não aplicação de penas são algumas das situações contingenciais que impactam as relações e levam os trabalhadores a doenças do trabalho ou doenças relacionadas ao trabalho. Em relação ao trabalho especificamente, podemos mencionar alguns pontos que têm influência decisiva sobre os efeitos na saúde dos trabalhadores. São eles: a concentração de uma substância química como um solvente orgânico presente num ambiente de pintura a revolver; ou o ácido crômico numa galvanoplastia; ou ainda a sílica cristalina sob forma de poeira numa mineração, ou numa atividade de jateamento de areia. Ainda temos a intensidade de um agente físico como é o ruído em qualquer local de trabalho ou o calor e a umidade do ar em uma atividade de forjaria ou tinturaria. No que diz respeito a substâncias químicas, por exemplo, a forma física com que se apresenta – gasosa ou vapor ou aerodispersóide (poeira por exemplo) – e o tamanho das partículas, etc. são fatores importantes que devem ser levados em conta. De uma forma geral, também são fatores que contribuem para o desencadeamento de uma doença relacionada ao trabalho a duração da exposição diária ou a duração da exposição ao longo da vida, a gravidade da lesão que pode ser causada, e outros mais. Por exemplo, a exposição ocupacional ao benzeno pode resultar em morte por câncer, se ela ocorrer de forma “leve” e crônica, mas a morte também pode resultar se a exposição for aguda e em grande quantidade ou concentração. Exposições Intermediárias, ou exposições através da pele têm consequências menores e diversas (KITAMURA, 2005). Segundo Almeida et al (2006), os riscos ocupacionais afetam diretamente a Saúde do Trabalhador, expondo-o a adoecimentos e acidentes de trabalho. A portaria nº 25 (29/12/1994) classifica os principais riscos ocupacionais: riscos químicos (poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores e substâncias compostas ou produtos químicos em geral); riscos biológicos (vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas e bacilos); riscos ergonômicos e de acidentes (esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 6 de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade, arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, entre outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico ou acidentes); riscos físicos (ruídos, vibrações, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, frio, pressões anormais, umidade e calor) (BRASIL, 2004). Trabalho, riscos, doenças, deveres e direitos de empregados e empregadores caminham juntos. Do comprometimento e da responsabilidade de cada uma das partes pode depender a manutenção da qualidade de vida de todos. Sejam bem-vindos ao módulo que tratará do ambiente e das doenças ocupacionais! Esperamos que apreciem o material e busquem nas referências anotadas ao final da apostila subsídios para sanar possíveis lacunas que venha surgir ao longo dos estudos. Ressaltamos que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 7 UNIDADE 2 – SERVIÇOS DE MEDICINA DO TRABALHO O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho é mantido, obrigatoriamente, pelas empresas privadas e públicas, pelos órgãos públicos da administração direta e indireta e dos Poderes Legislativo e Judiciário que possuam empregados registrados pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. O SESMT tem a finalidade de promover a saúde e promover a integridade do trabalhador no local de trabalho. O dimensionamento do SESMT vincula-se a gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados do estabelecimento constantes na Norma Regulamentadora de Segurança e Medicina do Trabalho, NR 4. O SESMT deve manter entrosamento permanente com a CIPA, dela valendo-se como agente multiplicador, e devem estudar suas observações e solicitações, propondo soluções corretivas e preventivas, conforme disposto na Norma Regulamentadora de Segurança e Medicina do Trabalho, NR 5. A empresa é responsávelpelo cumprimento da NR 4, devendo assegurar, como um dos meios para concretizar tal responsabilidade, o exercício profissional dos componentes do SESMT. O impedimento do referido exercício profissional, mesmo que parcial, e o desvirtuamento ou desvio de funções constituem, em conjunto ou separadamente, infrações classificadas de acordo com Norma Regulamentadora de Segurança e Medicina do Trabalho, NR 28 – Fiscalização e Penalidades, para os fins de aplicação das penalidades previstas. De acordo com essa norma, a construção civil, antes classificada como atividade econômica de grau de risco 3 (três), passa a ser classificada como grau de risco 4 (quatro) a partir da Portaria nº 1, de 12 de maio de 1995. A Portaria nº 169, de 14 de julho de 2006, suspende o prazo de entrada em vigor da Portaria de 1995, permanecendo, então, grau de risco 3 (três) para a construção civil. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 8 Grau de risco Número de empregados Técnicos 50 A 100 101 A 250 251 A 500 501 A 1000 1001 A 2000 2001 A 3500 3501 A 5000 ** 3 Técnico de Segurança do Trabalho Engenheiro de Seg. do Trabalho Aux. de Enfermagem do Trabalho Enfermeiro do Trabalho Médico do Trabalho 1 2 3 1* 1* 4 1 1 1* 6 1 2 1 8 2 1 1 2 3 1 1 1 4 Técnico de Segurança do Trabalho Engenheiro de Seg. do Trabalho Aux. de Enfermagem do Trabalho Enfermeiro do Trabalho Médico do Trabalho 1 2 1* 1* 3 1* 1* 4 1 1 1 5 1 1 1 8 2 2 2 10 3 1 1 3 3 1 1 1 *Tempo parcial mínimo de 3 horas. **Acima de 5000 para cada grupo de 4000 ou fração acima de 2000. O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em consideração o dimensionamento da faixa de 3501 a 5000. Obs: hospitais, ambulatórios, maternidades, casas de saúde e repouso, clínicas e estabelecimentos similares com mais de 500 (quinhentos) empregados deverão contratar um Enfermeiro do Trabalho em tempo integral. A NR-4 teve sua redação alterada pela Portaria nº 17/2007 de 01/08/07, com relação ao SESMT, possibilitando a formação de SESMT COMUM para empregados contratados, desde que previsto em Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 9 UNIDADE 3 – DOENÇAS DO TRABALHO 3.1 Doença profissional e doença do trabalho No último quarto do século XX, o Brasil apresentou um quadro bastante adverso em relação tanto à expansão do mercado de trabalho quanto à melhoria das condições laborais daqueles que, a expensas do número crescente de excluídos, ali se encontravam engajados. Em um contexto duplamente caracterizado pela prolongada estagnação econômica das décadas de 1980 e 1990 – também conhecidas como “décadas perdidas” – e pela abertura unilateral de mercado, observaram-se, além da inevitável “exportação de empregos” para outros países, mudanças internas de monta na organização e nos processos de trabalho, seja através da adoção de novas tecnologias, seja em nome da competitividade, por meio da racionalização da produção, sobretudo por mudanças organizacionais voltadas à redução de custos. Mais que a primeira, basicamente atrelada à inovação, a última foi tida como a principal responsável tanto pela elevação da taxa de desemprego como pela maior precarização das condições de trabalho em geral, por exemplo, por subcontratações ou terceirização. Particularmente, os anos 1990 foram piores em indicadores do mercado de trabalho. O índice de desemprego para aquela década foi, em média, de 6,1%. Vale dizer, por um lado, que a cada ano da década de 1990, cerca de 570 mil trabalhadores perderam seus postos, conforme atestam os dados da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), também realizada pelo IBGE, a mera elevação do emprego informal e da subcontratação no total de ocupados de 41,5% para 49,4%, entre 1990 e 1997, resultou no incremento de 6,4 milhões de trabalhadores sem qualquer proteção legal, ou seja, simultaneamente sob os impactos da exclusão de direitos e da precarização no ambiente de trabalho. E, como vimos rapidamente na introdução, o Setor Serviços, mesmo ampliando a sua participação relativa na estrutura geral de empregos, diante de sua nova inserção econômica, não tem sido capaz de se contrapor ao desemprego ascendente, especialmente nas regiões metropolitanas (SALIM, 2003). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 10 No entanto, como sorte de contradição, foi nesse contexto que emergiram propostas de flexibilização do mercado de trabalho voltadas à redução tanto da jornada de trabalho, por banco de horas, como de direitos trabalhistas, por regimes jurídicos diferenciados, em que, especialmente para a pequena e média empresa, aventou-se inclusive a reversão de direitos já consignados. Isso sem desconsiderar que, paralelamente às deficiências na cobertura da fiscalização, foi – e continua sendo – inexpressivo o aumento de cláusulas sobre saúde e condições de trabalho nos Acordos Coletivos de Trabalho (SALIM, 2001). Em outras palavras, um quadro caracterizado por dois aspectos: por um lado, pela retração do mercado de trabalho; por outro, pelo avanço na deterioração das condições laborais daqueles cujos postos ou ocupações se encontram em níveis diferenciados de formalidade das relações contratuais ou empregatícias. Situação, enfim, que tem trazido importantes reflexos nas variações e tendências dos acidentes do trabalho no país. Naquela ocasião, paralelamente à redefinição do Setor Serviços, ocorreram a queda dos assalariados na participação total da população economicamente ativa (PEA) e o incremento de todo o mercado informal de trabalho. O último, hoje, em muitos casos, com participação majoritária no mercado de trabalho e indícios de saturação na absorção de trabalhadores excluídos do setor formal, traduz-se, inexoravelmente, no maior número de trabalhadores à margem dos direitos sociais, como o acesso à previdência social e ao bem-estar no ambiente de trabalho, através do inalienável direito a saúde e segurança. De forma reflexa, as estatísticas disponíveis indicaram, no final da década, uma nova tendência quanto ao quadro acidentário no país. Em 1999, pela primeira vez na história laboral do país, tivemos uma maior ocorrência de acidentes do trabalho no Setor Serviços. Segundo a Previdência Social, enquanto, entre 1997 e 1999, a participação desse setor subiu de 38,7% para 44,6%, inversamente, a participação da Indústria caiu de 49,2% para 44,2%. Participação, inclusive, que se estende ao número de casos fatais, ou seja, às mortes decorrentes de acidentes do trabalho (SALIM, 2003). Nesse particular, Waldvogel (2002) ressalta que destacaram-se os grupos ocupacionais dos ramos de atividade Serviços e Comércio e Transporte e Todos os direitossão reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 11 Comunicação. Aliás, a autora, em sua criteriosa análise, aponta a emergência de se considerarem os fatores exógenos ao ambiente de trabalho na detecção dos riscos intrínsecos dos acidentes do trabalho, especialmente nos casos em que os trabalhadores têm ampliado para o espaço público o local de trabalho, incorporando, neste caso, novos riscos às suas atividades laborais como, por exemplo, a violência do cotidiano, expressa, principalmente, nas taxas de homicídios, acidentes com veículos a motor, atropelamentos, etc. Eventos, infelizmente, muitas vezes à margem das estatísticas disponíveis sobre acidentes do trabalho. Como exemplo típico temos os milhares de motoboys particulares/independentes que circulam não somente mais pelas grandes cidades do país como em todo território nacional e se acidentam em larga escala, todos os dias, muitos vindo a óbito. Razão, dentre outras, que impõe a não desconsideração dos limites intrínsecos nas fontes de dados que interferem na qualidade das informações sobre o quadro de saúde doença relacionado ao trabalho no Brasil (SALIM, 1999). Isso porque, basicamente referidas à infortunística dos trabalhadores do setor formal urbano, as estatísticas oficiais resumem-se, sobretudo, aos indicadores mínimos e de cunho burocrático – uma vez que, no geral, o são para fins dos benefícios previdenciários dos trabalhadores registrados – dos efeitos do trabalho no quadro de acidentes típicos e de trajeto, incapacidades permanentes ou temporárias e mortes provocadas. Exatamente por isso são tidas como subestimadas, retratando apenas parcialmente a realidade acidentária do mercado de trabalho brasileiro. Apesar disso, e ainda consoante dados da Previdência Social, mesmo com a queda do número total de acidentes do trabalho, incluindo aí o número absoluto de mortes, a proporção de acidentes graves e o número de mortes por acidentes registrados, cresceram no tempo, ou seja, seu grau de letalidade, especialmente até 1995, quando, à exceção de 1992, os índices foram ascendentes, voltando, no entanto, a recrudescer ao final da década de 1990 (SALIM, 2003). Por outro lado, inversamente à queda absoluta dos acidentes de trabalho, ocorreu um forte crescimento das doenças relacionadas ao trabalho durante toda a década de 1990, valendo aqui assinalar as mais diretamente relacionadas às recentes mudanças na organização do trabalho, em que as LER/DORT afiguraram- se como caso emblemático. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 12 De fato, como reflexo de novos riscos nos processos produtivos e nos ambientes de trabalho, houve uma forte elevação nos coeficientes de doenças profissionais nos anos 1990. E isso foi mais do que sintomático, na medida em que, afora outros motivos, esses coeficientes retrataram um momento – mais precisamente, o final da década de 1990 – em que se ergueu, por parte do Ministério da Previdência e Assistência Social, um verdadeiro “biombo institucional” para dificultar o diagnóstico e o reconhecimento de tais doenças, especialmente das LER/DORT, e, por conseguinte, a consignação de direitos aos lesionados (ARAÚJO, 2001). Por outro lado, ainda que eloquentes, são coeficientes que não podem ser dissociados de problemas inerentes às conhecidas dificuldades de melhoria nos sistemas de notificação das doenças do trabalho em diferentes contextos institucionais, ou seja, são calcados em inequívoca subenumeração de casos de doenças do trabalho. Pesquisa recente do Instituto Nacional de Prevenção das LER/DORT (Prevler), realizada pelo Datafolha, com financiamento do Ministério da Saúde, mostrou que, apenas na cidade de São Paulo, cerca de 310 mil trabalhadores sofrem de LER/DORT, ou seja, casos realmente diagnosticados1. Isso equivale a 4% de todos os paulistanos acima de 16 anos de idade e 6% de todos os trabalhadores da cidade. Número, aliás, muito acima dos 19 mil casos dessas doenças contabilizados pelo Ministério da Previdência no ano de 20002. E mais: a pesquisa da Prevler aponta que esse número pode estar aquém da realidade, uma vez que 4,7 milhões de trabalhadores relataram algum sintoma decorrente dessas doenças e 508 mil trabalhadores encontravam-se ocupados em situações de risco, fato que pode transformá-los em novos portadores de LER/DORT – doença, registre-se, que tem sido a responsável pelo maior número de afastamentos do trabalho em São Paulo (SALIM, 2003). Mas o que vem a ser doença do trabalho, doença profissional e acidente de trabalho? 1 Essa pesquisa ouviu 1.072 trabalhadores com mais de 16 anos e de todos os ramos de atividade na cidade de São Paulo. Os entrevistados foram selecionados por sexo, idade, renda e escolaridade (Folha de S. Paulo, 07/10/2001, Caderno C). 2 No Rio de Janeiro, pesquisa do Sindicato dos Bancários entre os seus 32 mil associados revelou que praticamente 45% da categoria tinha sintomas da doença, ou seja, cerca de 14 mil trabalhadores (Jornal do Brasil, 25/03/01). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 13 É considerado acidente de trabalho aquele ocorrido no exercício de atividades profissionais a serviço da empresa (típico) ou no percurso “casa-trabalho-casa” (de trajeto). Acidente típico: é aquele que ocorre no local de trabalho durante o exercício da função. Vale ressaltar que também são definidos como exercícios de trabalho os momentos destinados às refeições e a outras necessidades fisiológicas. Assim, qualquer acidente ocorrido nesses períodos será considerado acidente de trabalho. Acidente de trajeto: acidente ocorrido no trajeto entre a residência e o local de trabalho e vice-versa. Doença do trabalho é resultante das condições sob as quais o trabalho é realizado. Ocasiona quebra de resistência do organismo do trabalhador e aparecimento de uma doença que não tem no trabalho sua causa única e exclusiva. Doenças do aparelho respiratório, por exemplo, estão entre os males que podem ter diversas origens e não somente o ambiente do trabalho. As tendinites também são difíceis de serem classificadas como doença do trabalho por esta mesma razão. Doença profissional é aquela que tem no trabalho a sua única causa e não deixa dúvidas sobre como foi contraída. Surge exclusivamente no ambiente de trabalho, em função de insalubridade. São exemplos a silicose, doença adquirida pela aspiração de poeira de pedra, ou o saturnismo, que acomete profissionais que trabalham com chumbo. Dentre as doenças mais comuns relacionadas ao trabalho estão: Doenças originárias de movimentos repetitivos – LER (Lesão por Esforço Repetitivo), também conhecida por LTC (Lesão por Trauma Cumulativo) e por DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho). Exemplos: tendinite e tenossinovite; Doenças do aparelho respiratório – podem ser ocasionadas por agentes físicos, químicos ou biológicos. Exemplos:bronquite e silicose; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 14 Doenças de pele – podem ser ocasionadas por fatores químicos, físicos e biológicos. Exemplo: dermatite de contato e câncer de pele ocupacional (ADMIX, 2011). 3.2 Lesões por Esforço Repetitivo (LER)/Distúrbio Osteo-muscular Relacionado ao Trabalho (DORT) As relações da industrialização dos meios de produção, dos avanços tecnológicos que proporcionaram à vida moderna um conforto inimaginável em épocas anteriores provocou também um aumento significativo dos quadros clínicos decorrentes da sobrecarga estática e dinâmica do sistema osteomuscular, mas que até pouco tempo atrás não foram vistos e estudados com mais atenção, tanto que somente em 2003, o INSS adotou a terminologia de Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbio osteo-muscular relacionado ao trabalho (DORT) por meio da Instrução Normativa nº 98/2003. Segundo o INSS, as LER/DORT no Brasil foram inicialmente descritas como tenossinovite ocupacional, das quais foram apresentados casos verificados em lavadeiras, limpadoras e engomadeiras, durante o XII Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, em 1973. Na ocasião, foram recomendadas pausas de trabalho para aqueles trabalhadores cujas atividades implicassem em operar intensamente com as mãos. Só bem mais tarde, porém, mais especificamente em 1987, é que a Previdência Social passou a reconhecer a tenossinovite do digitador como doença ocupacional, resultado de uma intensa pressão das entidades sindicais representativas dos trabalhadores em processamento de dados (WAGNER, RODRIGUES, FRIESS, 2008). Agrupam-se como LER/DORT afecções que podem acometer tendões, sinovias, músculos, nervos, fáscias, ligamentos, de forma isolada ou associada, com ou sem degeneração de tecidos, atingindo, principalmente, mas não tão somente, os membros superiores, região escapular e pescoço, com origem ocupacional. Os quadros clínicos dessas doenças são caracterizados pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como dor, parestesia, sensação de peso e de fadiga. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 15 Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites, compressões de nervos periféricos podem ser identificadas ou não, sendo comum a ocorrência de mais de uma dessas entidades neuro-ortopédicas e a concomitância com quadros mais inespecíficos como a síndrome miofascial (BRASIL, 1999; HOEFEL, 1996). Frequentemente são causas da incapacidade laboral temporária ou permanente. Vários fatores associados ao trabalho concorrem para a ocorrência de LER/DORT como a repetitividade de movimentos, a manutenção de posturas inadequadas, o esforço físico, a invariabilidade de tarefas, a pressão mecânica sobre determinados segmentos do corpo, o trabalho muscular estático, impactos e vibrações. A intensificação do ritmo, da jornada e da pressão por produção e a perda acentuada do controle sobre o processo de trabalho por parte dos trabalhadores (fatores relacionados à organização do trabalho), têm sido apontados como os principais determinantes para a disseminação da doença (ASSUNÇÃO; ROCHA, 1995). A partir de um dos estudos precursores realizado por Kern e Schumann (1984 apud MERLO, JACQUES, HOEFEL, 2001) na Alemanha, muito tem sido falado sobre as transformações no mundo do trabalho. Sem entrar nas extensas polêmicas sobre o nome a dar-se a essas novas formas de organizar o trabalho, é importante salientar que tais modificações ainda se apresentam no Brasil como um tendência, pois o que se encontra são empresas implementando alguns aspectos dessas propostas. Assim, o que se constata, em geral, é o que se poderia chamar de modelo Frankstein (Merlo, 1999), onde são incorporados alguns instrumentos usados pelas chamadas japonizações da organização do trabalho, tais como Programas de Qualidade Total e Kanban, dentro de políticas de gestão que se mantém verticalizadas, autoritárias e muito hierarquizadas e, em geral, em ambientes insalubres. O que vem se constatando, segundo Merlo, Jacques e Hoefel (2001), é uma superposição de agressões, umas oriundas das formas tradicionais de gestão, outras impostas pelo processo de reestruturação produtiva. As evidências epidemiológicas apontam para uma associação de fatores causais interagindo sinergicamente nos processos agudos e na cronificação dessas patologias agrupadas como LER/DORT. Não existe, ainda, conhecimento Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 16 acumulado que permita quantificar a parcela de cada fator na determinação do esquema global dessas afecções, assim como o evento precipitante de cada caso clínico, visto a intersecção de vários fatores na história de cada trabalhador. E, embora as condições objetivas de trabalho sejam explicações consensuais sobre a etiologia dos sintomas, reconhecidas pelos órgãos previdenciários e referidas nas denominações da doença, mantém-se, ainda, a continuidade do debate em torno desta questão. Todos os fatores descritos e característicos da LER/ DORT concorrem para seu difícil diagnóstico e tratamento; ainda, seus portadores, em geral, apresentam quadros clínicos onde os sintomas e a dor crônica não condizem com os resultados do exame clínico. Por outro lado, a falta de melhora e a grande incapacidade associada aos casos têm demonstrado a pouca eficácia dos tratamentos isolados, portanto, é um campo rico de estudo para os Enfermeiros, uma vez que pela observação cotidiana e o fato de sempre lidarem com trabalhadores pode aguçar a curiosidade e o desejo de pesquisar mais sobre os quadros clínicos das LER/DORT. 3.3 Doenças causadas por ruídos Entende-se por ruído um agente contaminante de tipo físico; é um som indesejável e, desta forma, incômodo. É definido como o som ou grupo de sons de tal amplitude que pode ocasionar adoecimentos ou interferência no processo de comunicação. Quanto à diferença entre som e ruído, sabe-se que o primeiro pode ser quantificado, enquanto que o segundo é considerado um fenômeno subjetivo (GANIME et al, 2010). De modo objetivo, é considerado todo sinal acústico aperiódico, originado da superposição de vários movimentos de vibração com diferentes frequências, as quais não apresentam relação entre si, de modo subjetivo é considerado toda sensação de desagrado, desconforto e/ou de intolerância decorrente de uma exposição sonora (TELES, MEDEIROS, 2007). O ruído está por toda parte, mas prevalece no ambiente industrial, onde encontramos relação direta com doenças que acometem os trabalhadores. Segundo Ganime et al (2010), o ruído industrial existe em todas as indústrias em detrimento do funcionamento de várias máquinas dos mais variados tipos, algumas máquinas, principalmente as dotadas de menos tecnologia, produzem Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitosautorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 17 ruídos excessivos, acima do tolerável. Este tipo de ruído está em conflito com as condições de vida humana e contrapõe-se ao aumento da produtividade do trabalho e qualidade da saúde do trabalhador, ou seja, se o empregado é obrigado a trabalhar em ambientes ruidosos diminui sua produtividade por efeitos psicofisiológicos, que vão desde a simples irritação até a perda de audição. A questão da salubridade acústica agrava-se quanto maior e mais complexo for o processo industrial, pois as exigências acústicas diversificam-se mais. Como o ser humano tem uma alta capacidade de adaptação aos ambientes diversos, o desenvolvimento de um estado de fadiga e fuga de energia pode ocorrer sem que a pessoa perceba, esgotando os limites de sua resistência. Mas não é só no domínio físico que o ruído atua; sua influência no domínio intelectual, principalmente na capacidade de atenção reduz o rendimento do trabalho do indivíduo, tanto intelectual como físico. Acredita-se até a presente data que um ruído de 80 dB não provoque surdez para a maioria dos indivíduos, desde que a duração da exposição diária não exceda a 16 horas. Entretanto, um ruído de 92 dB (A) pode causar surdez profissional ao longo do tempo, se a exposição do trabalhador exceder a três horas por dia (GANIME, 1993). A ideia de que o ruído é um problema exclusivo do trabalhador leva a não valorização do tempo e capital investidos na produção. A empresa deve entender que dar atenção ao ruído significa mais do que “cumprir a lei” “ou atender à fiscalização”, pois os seus efeitos danosos podem resultar em um ônus financeiro e doença ocupacional. Segundo Campanhole e Campanhole (1993), há um contraponto existente no mundo onde tanto se deseja “produtividade” e “competitividade”, causando estranheza o fato de um administrador “não querer” encarar o ruído como inimigo comum que afeta tanto a saúde da sua empresa como a de seu empregado. Através de uma análise cuidadosa, ficam claras as ações que devem ser tomadas para buscar uma melhoria de condição de trabalho e, consequentemente, um aumento na produtividade dos trabalhadores. Efeitos da exposição ao ruído sobre o trabalhador A exposição ao ruído pode provocar diferentes respostas nos trabalhadores de ordem auditiva e extra-auditiva a depender das características do risco, da Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 18 exposição e do indivíduo exposto. São efeitos auditivos reconhecidos: o zumbido de pitch agudo, a mudança temporária do limiar (MTL) e a mudança permanente do limiar (MPL) (trauma acústico agudo e crônico) e são efeitos extra-auditivos: distúrbios no cérebro e nos sistemas nervoso, circulatório, digestório, endócrino, imunológico, vestibular, muscular, nas funções sexuais e reprodutivas, no psiquismo, no sono, na comunicação e no desempenho de tarefas físicas e mentais (TELES, MEDEIROS, 2007). A exposição ao ruído pode ocasionar efeitos à saúde como estresse, irritabilidade, hipertensão arterial e pode estar associado a outras situações de risco. A pessoa pode também perder o apetite, ser vítima de aerofagia (deglutição de ar), de insônia, de distúrbios circulatórios ou respiratórios e pode emagrecer. Há anos, pesquisas indicavam a presença de hipersensibilidade auditiva, associada a outras alterações, como paralisia do nervo facial, pós-estapedectomia, zumbido, síndrome de Williams. Atualmente, sabe-se que a hiperacusia pode ser causada ou acompanhar diversas condições patológicas periféricas ou centrais. Embora as causas da hiperacusia ainda não estejam determinadas com exatidão, a exposição prolongada a ruído intenso é um fator desencadeante importante (GANIME et al, 2010). A hiperacusia pode impedir ou dificultar a utilização plena das habilidades auditivas, prejudicando não só o trabalho, mas também a qualidade da vida social dos trabalhadores. É caracterizada pelo constante incômodo a sons de intensidade fraca ou moderada, independente da situação ou ambiente. Há uma amplificação anormal da atividade neural evocada por um som na via auditiva, que sofre uma ativação secundária do sistema límbico. Existem parâmetros tais como a anamnese detalhada e a realização do teste do limiar de desconforto (Loudness Discomfort Level – LDL), para a identificação deste problema. Há também a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), que pode apenas ser prevenida eliminando-se ou diminuindo-se os níveis de exposição sonora. Esta é considerada uma das mais comuns das doenças ocupacionais e a segunda lesão ocupacional autorreferida mais comum. Este problema é permanente e irreversível e inexiste tratamento efetivo quando é resultante de exposição excessiva (EL DIB et al, 2007 apud GANIME et al, 2010). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 19 A perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) relacionada ao trabalho é uma diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada a elevados níveis de pressão sonora. A PAIR é passível de prevenção e pode ter como consequências prejuízos de diferentes naturezas, podendo levar à incapacidade auditiva, disfunções auditivas – como zumbidos e alterações vestibulares – e mesmo dificultar a inserção no mercado de trabalho. No Brasil, apesar da evolução dos conhecimentos e da legislação sobre a PAIR, ainda ocorrem casos de trabalhadores lesionados. Segundo Neuberger et al (1992 apud OGIDO, COSTA E MACHADO, 2009), os zumbidos são o primeiro alerta de exposição a um estímulo sonoro excessivo e podem indicar maior susceptibilidade à lesão pelo ruído. Este é um sintoma importante na prevenção da PAIR e um dos principais fatores preditivos de desvantagens geradas para os trabalhadores expostos a ruído. As condições de saúde auditiva no ambiente de trabalho tem sido objeto de muitos estudos no campo da saúde pública, uma vez que, a exposição a elevados níveis de ruído pode provocar danos irreversíveis à audição como a Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevado (PAINPS). Além da alteração na função auditiva devido à exposição ao ruído ocupacional, o ruído e a PAINPS compromete a comunicação e a qualidade de vida dos trabalhadores. O ruído é considerado como o agente físico nocivo à saúde mais frequente no ambiente de trabalho, sendo caracterizado como o fator de maior prevalência das origens de doenças ocupacionais (PADOVANI et al, 2004). A PAINPS, por sua vez, é a segunda maior causa de perda auditiva no homem, além de ser a mais frequente das doenças ocupacionais (MANUBENS, 2001). De acordo com o Ministério do Trabalho (artigo 168 da Consolidação das Leis do Trabalho, na NR 7) (3) e Portaria SSST/MTb nº 5, publicada em 25 de fevereiro de 1997, foram estabelecidos diretrizes e parâmetros mínimos para a avaliação e o acompanhamento da audição dos trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora elevados. Definiram a PAINPS como perda auditiva gerada por níveis de pressão sonora elevados, com alterações dos limiares auditivos,do tipo neurossensorial, decorrente da exposição ao ruído ocupacional, apresentando como características principais à irreversibilidade e a progressão gradual com o tempo de exposição ao risco. Gatto et al (2005) definiram a PAINPS como uma patologia Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 20 cumulativa e insidiosa, que progride ao longo dos anos de exposição ao ruído associado ao ambiente de trabalho. Os sinais iniciais da PAINPS mostram o acometimento dos limiares auditivos em uma ou mais frequências entre faixa de 3000 a 6000 Hz. De acordo com Hanger, Barbosa-Branco (2004), as frequências mais altas e mais baixas poderão levar maior tempo para serem comprometidas. Alguns estudos verificaram que a frequência de 6000 Hz é a mais acometida nas audiometrias sugestivas de PAINPS (RUGGIERI et al 1991; CORRÊA FILHO et al, 2002), enquanto outros estudos, referiram que a frequência de 4000 Hz é a mais comprometida nos estágios iniciais (KÓS; KÓS, 1998; ARAÚJO, 2002). Além da perda auditiva, o zumbido é uma queixa comum em profissionais que atuam em ambientes ruidosos, com níveis de 85 dB NPS ou maiores e sua prevalência aumenta de acordo com a evolução do dano auditivo. Considerando que a PAINPS é uma doença passível de prevenção e sua prevalência ainda é alta no meio de trabalho, e esta perda da audição pode prejudicar a qualidade de vida afetando as relações sociais, de comunicação e de trabalho, evidencia-se a importância de ações preventivas e coletivas que visem a conservação da audição e da saúde em geral (LOPES et al, 2009). Efeitos sobre o sistema auditivo A surdez profissional é o efeito mais conhecido do ruído excessivo sobre o homem. Sua ocorrência depende de características ligadas ao homem, ao meio e ao agente agressor. Perdas auditivas causadas pelo ruído excessivo podem ser divididas em três tipos: 1. Trauma acústico, que é a perda auditiva de ocorrência repentina, causada pela perfuração do tímpano, acompanhada ou não da desarticulação dos ossículos do ouvido médio; 2. Surdez temporária, também conhecida como mudança temporária do limiar de audição, ocorre após uma exposição a um ruído intenso, por um curto período de tempo; e, 3. Surdez permanente, que é a exposição repetida, cotidianamente, a um ruído excessivo, que pode levar o indivíduo a uma surdez permanente. Caso esta Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 21 exposição ocorra durante o trabalho, a perda auditiva recebe o nome de Surdez Profissional. Efeitos sobre sistemas extra-auditivos Segundo estudos de Ganime et Al (2010), os efeitos do ruído traduzem-se em tensão, tendo sido descritas alterações psíquicas, fisiológicas e até anatômicas em vários órgãos de animais e no próprio homem. As principais reações do organismo ao ruído encontradas nas literaturas pesquisadas foram os seguintes sistemas: a) Circulatório Reações no sistema circulatório ocorrem sobre os vasos sanguíneo, acontecendo redução de seu diâmetro (vasoconstrição) e sobre o coração, que pode bater mais rapidamente (taquicardia) e mais forte, o que parece ser consequência de um estímulo glandular (aumento de catecolaminas). Como reação à vasoconstrição aparece alterações na pressão arterial que representam uma ação compensatória do coração (ROCHA et al, 2002). Indivíduos expostos a situações de ruído intenso e prolongados apresentam maior prevalência de hipertensão arterial sistêmica, bem como da frequência cardíaca e doenças cardiovasculares, além de maiores variações pressóricas. O organismo humano prepara-se para poder responder a um desejo ou situação de medo, frente a uma tensão, ativando suas glândulas que liberam os hormônios, aumentando a adrenalina. Trabalhadores em metalurgias barulhentas tinham uma incidência relativamente grande de alterações cardiovasculares, como bradicardia, conforme o National Institute of Ocupational Safety Health (NIOSH) (FUSCO, 1981). b) Respiratório Apesar de escassas as comprovações e pesquisas científicas, as alterações do sistema nervoso central em trabalhadores expostos ao ruído de baixa frequência (RBF, <500 Hz, incluindo infrassons) foram observadas pela primeira vez há 25 anos, em técnicos de aeronaves. Ao mesmo tempo, foi também identificada patologia respiratória nos mesmos trabalhadores, mais tarde reproduzida em modelos animais sob exposição a ruído de baixa frequência. Atualmente, a doença vibroacústica define-se como patologia sistêmica causada por exposição excessiva a ruído de baixa frequência. Em indivíduos expostos a ruído no trabalho, as queixas brônquicas aparecem nos primeiros 4 anos de atividade e, nesta fase, reduzem ou Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 22 desaparecem quando de férias ou removidos do seu local de trabalho por outros motivos. Com a exposição prolongada, poderão surgir situações mais graves, como derrames pleurais, insuficiência respiratória, fibrose pulmonar e carcinomas do aparelho respiratório (GANIME et al, 2010). c) Gastrointestinal Há redução de secreção gástrica e salivar o que causa certa diminuição da velocidade de digestão. A exposição mais prolongada pode levar as alterações da função intestinal e cardiovascular e mesmo, a lesões teciduais dos rins e do fígado. A queda de resistência a doenças infecciosas e disfunções na função reprodutora tem sido descritas na literatura. d) Neurológico Há maior incidência de irregularidades circulatórias e neurológicas entre os metalúrgicos trabalhando em locais ruidosos, quando comparados com outros grupos que trabalham em locais menos ruidosos. Exames neurológicos de tecelões italianos expostos diariamente ao ruído intenso mostram reflexos hiperativos e, em alguns poucos casos, mostram um traçado eletroencefalográfico de dessincronização, semelhante àqueles encontrados nas alterações de personalidade (GANIME et al, 2010). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 23 e) Psíquico Há queixas de irritabilidade, fadiga e mal-ajustamento incluindo também conflitos sociais entre os trabalhadores expostos ao ruído. Evidências reais de alterações psíquicas causadas pelo barulho ainda carecem de estudos mais detalhados e prolongados. Há alterações no estado de ânimo, modéstia e afetividade, dado que o trabalhador deverá aumentar seu nível de concentração, aumentando a fadiga (GANIME et al, 2010). f) Comunicação Sabe-se que a comunicação é uma das principais ferramentas para se ter êxito na realização do trabalho em variados locais, a eficácia de uma boa comunicação está intimamente ligada ao sucesso na execução do trabalho.Dentre as variadas formas de comunicação encontramos a oral, a qual tem sido uma das mais afetadas com a exposição excessiva ao ruído. Um dos efeitos do ruído é a sua influência sobre a comunicação oral. O barulho intenso provoca o mascaramento da voz. Os sons nas frequências de 500, 1000 e 2000 Hz são os que mais interferem na comunicação. Este tipo de interferência atrapalha a execução ou o entendimento de ordens verbais, a emissão de aviso de alerta ou perigo. Paralelamente, o ruído pode diminuir a eficiência das comunicações pela conversação, telefone, rádio, etc. Sabe-se também que o número de acidentes na indústria aumenta com nível de ruído, justamente pela diminuição da eficiência nas comunicações (GANIME et al, 2010). A associação entre exposição ao ruído e perda auditiva ocupacional tem sido descrita há mais de um século, porém, somente a partir da década de 1960, pesquisadores mostraram preocupação com os efeitos da música sobre a audição. Segundo Maia e Russo (2008), no caso dos músicos, por exemplo, o risco de perda auditiva não existe somente após longa exposição à música amplificada. Curtas exposições a níveis sonoros excessivamente elevados, como em concertos de rock, também podem causar perda auditiva e zumbido. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 24 Medidas de Redução do ruído Há três métodos principais para a redução do ruído: a - Na fonte – é o método mais eficiente, porque permite obter-se a redução do ruído interno no parque industrial, melhorando assim a qualidade dos ambientes; b - Pelo planejamento físico – isolando os edifícios ou máquinas. A disposição apropriada dos equipamentos, dos setores e das estruturas de vibração, pode levar a níveis acústicos sob a égide da legislação pertinente; c - Pelo controle sistemático dos níveis de ruído – não permitindo que estes se elevem, pelo desgaste ou falta de manutenção, a níveis excessivos. Caso não se consiga o resultado desejado na redução do nível de ruído, cabe ao empregador, como alternativa, o fornecimento de equipamentos de proteção individual, dando melhor condição para o empregado, além de resguardar legalmente a empresa, estando o enfermeiro do trabalho responsável juntamente com as demais equipes por sensibilizar os trabalhadores da necessidade do uso através de ações educativas e implementações de programas que ao invés de punitivos precisam ser sempre educativos. Todo protetor auricular, seja em forma de concha, abafadores, plugues de inserção, atenua o ruído criando uma barreira para reduzir o som que chega por via aérea à membrana timpânica, porém o nível de proteção obtido depende do grau de vedação do protetor, de forma que qualquer vazamento permite que o som passe pelo protetor. Porém, há inexistência de estudos sobre a importância do tamanho do protetor auditivo ser pequeno, médio ou grande na eficácia da proteção do ruído ocupacional. Além disso, a utilização de protetores auriculares enquanto medida principal no controle dos efeitos do ruído não tem se mostrado suficiente para evitar o agravamento da PAIR. As distintas técnicas de controle de ruído baseiam-se, fundamentalmente, nos diferentes tratamentos que podem efetuar-se com as ondas sonoras. O controle sempre deve ser feito quando os padrões utilizados na avaliação são ultrapassados. Pode-se seguir um, ou vários, dos processos: controle na fonte; controle sobre a via de transmissão; controle no pessoal, diminuindo o tempo de exposição ou uso de protetores auriculares. Quando se pretende a redução na geração do ruído, substituindo equipamentos ou componentes ruidosos por outros, seguem-se os “Procedimentos Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 25 Ativos de Controle”. No caso de tratamentos e acondicionamentos acústicos dos locais ou estudo da ordenação e disposição de equipamentos ruidosos nos recintos, o termo usado é “Procedimentos Passivos de Controle”. Estes não evitam a geração do ruído, mas atenuam suas consequências sobre os receptores. O quadro abaixo apresenta as doenças do ouvido relacionadas com o trabalho – grupo VIII da CID-10* Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 26 UNIDADE 4 – DOENÇAS CAUSADAS POR AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS 4.1 Doenças ocupacionais respiratórias Uma grande diversidade de agentes ambientais e ocupacionais pode causar doenças nas vias aéreas superiores. Entre as principais funções das vias aéreas superiores, destacamos: a de filtro, removendo agentes infecciosos, alérgicos e tóxicos do ar inalado; defesa, através da mucosa que identifica, metaboliza e remove uma série de elementos xenobióticos; condução, aquecimento e umidificação de 10.000 a 20.000 litros de ar por dia; e, contribuição importante para a audição, olfação, visão, gustação e fonação (BAGATIN; COSTA, 2006). Embora medidas clínicas para avaliação dessa parte do aparelho respiratório seja função de um médico especialista, que detém o conhecimento adequado para analisar, investigar, examinar sintomas e diagnosticar a melhor terapêutica para as doenças respiratórias, cabe aos profissionais da segurança e saúde ocupacional conhecer as doenças que mais acometem os trabalhadores nessa área, bem como o ambiente característico onde podem surgir, com vistas à prevenção de doenças. Existem vários métodos para uma boa abordagem diagnóstica, indo desde a história do paciente, a visualização das cavidades nasal e bucal com luz direta, até medidas objetivas de avaliação funcional e estrutural como a rinomanometria, rinometria acústica, medidas do pico de fluxo nasal, complacência nasal, provocação nasal com metacolina ou histamina, timpanomanometria, avaliação do fluxo de sangue da mucosa, quantificação da eficácia do sistema mucociliar, swab ou lavado da secreção nasal e biópsia nasal, entre outros exames disponíveis (DIAS et al, 1995 apud BAGATIN; COSTA, 2006). Em uma recente revisão publicada com o título de Guia das Doenças Ocupacionais Otorrinolaringológicas (DELLA GIUSTINA et al, 2003), pode-se observar uma extensa relação de doenças das vias aéreas superiores relacionadas com o trabalho e seus agentes causais associados com a ocupação, ambiente e operações executadas. Essa revisão foi idealizada para auxiliar no diagnóstico Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 27 dessas enfermidades e para subsidiar o estabelecimento do nexo causal entre a exposição e os sintomas referidos. Na região do nariz e seios paranasais, destacamos as rinossinusopatias, tumores, anosmias, perfuração do septo nasal e rinolitíase; na cavidadeoral, as inflamações, metaplasias, leucoplasias, alterações da cor e erosões dentárias, estomatites, gengivites, ulcerações crônicas e alterações do paladar; na faringe, laringe e traqueia as disfonias funcionais, as inflamações e as neoplasias, bem como as doenças da orelha interna e média que interferem na via respiratória. Dependendo das características do aerossol inalado pode haver irritação primária por ação citotóxica direta ocasionando inflamação da mucosa. Entre os principais irritantes primários temos os compostos de amônia, cloro e ácidos fortes (sulfídrico, clorídrico, muriático). Gases como os derivados do nitrogênio, enxofre, oxigênio, ozônio, fosgênio, dependendo da concentração e tempo de exposição, além de provocarem lesões nas vias aéreas superiores podem determinar alterações respiratórias bronquíolo-alveolares. Uma extensa relação de substâncias químicas consideradas como irritantes das vias aéreas superiores a partir das suas concentrações, em partes por milhão, pode ser consultada para uma melhor caracterização da exposição. Alguns metais como o berílio, tungstênio, selênio, vanádio, antimônio, zinco, manganês, cromo e níquel podem provocar laringites, traqueites, ulcerações e até perfurações do septo nasal. Uma série de substâncias sensibilizantes pode estar presente nos ambientes domésticos, de lazer e de trabalho, sendo as mais frequentes as proteínas animais e vegetais, enzimas, substâncias químicas de baixo peso molecular como o ácido plicático, anidridos ácidos e isocianatos, entre outros elementos. As exposições aos metais já citados, poeira de madeiras, compostos de hidrocarbonetos aromáticos e benzopireno apresentam elevada associação com as neoplasias da vias aéreas superiores, principalmente da cavidade nasal, dos seios paranasais e da laringe. As ulcerações e as perfurações do septo nasal, lesões da cavidade oral, rinossinusopatias alérgicas ou irritativas, rinolitíase, disfonias, laringites, traqueítes e as neoplasias são os agravos de maior ocorrência. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 28 Rinite alérgica ocupacional A rinite é qualquer processo inflamatório da mucosa nasal. Quando ela é eosinofílica e mediada pela imunoglobulina IgE, é chamada rinite alérgica. Primeiramente, ela é promovida por um mecanismo de sensibilização e posteriormente é desencadeada por contatos subsequentes, através de uma resposta imune. Se ela for produzida por alérgenos do ambiente de trabalho ou, mesmo sendo preexistente, se seus sintomas forem desencadeados por agentes do ambiente do trabalho, ainda que não alergênicos, é caracterizada como rinite alérgica ocupacional. Epidemiologia - A rinite alérgica é de grande ocorrência na população e, dentre as rinites, sua prevalência só é menor que a das virais. Embora se disponha de farta literatura epidemiológica sobre a rinite alérgica, sabe-se pouco sobre sua ocorrência quando relacionada com o trabalho. Ao contrário da asma ocupacional, que muitas vezes acomete os portadores de rinite alérgica, não há muitos estudos disponíveis sobre esta e sua importância não tem sido muito valorizada. Mas a incidência é grande e tende a ser crescente, tanto quanto sua importância para a saúde do trabalhador. Estima-se que 20% da população tenha rinite alérgica e 5% não alérgica. Na área ocupacional, ela tanto pode ser desencadeada pelas condições de trabalho, quanto pode ser exacerbada por elas, nas situações em que é preexistente. Em um estudo realizado na Finlândia cerca de 20% dos casos de rinite alérgica eram de origem ocupacional, sendo que as exposições na agricultura predominaram, especialmente no trabalho com algodão, madeiras, fibras vegetais e farinha (KANERVA; VAHERI, 1993 apud BAGATIN; COSTA, 2006). Pesquisas em muitos países apontam o aumento da rinite alérgica em trabalhadores rurais, por se submeterem a sensibilização crescente a agentes alergênicos, geralmente de alto peso molecular. Outros estudos destacam maior incidência em trabalhadores urbanos, pelo aumento dos poluentes ambientais. Alguns alérgenos são de ocorrência sazonal, fazendo com que as crises de rinite alérgica ocorram predominantemente em determinadas épocas do ano. Outros são de manifestação perene, com intercursos de agravamento (MELLO; MION, 2003). São inúmeros os agentes causais listados na literatura: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 29 os acrilatos afetam os trabalhadores fabricantes de têxteis, revestimentos, filtros, resinas e adesivos; amprolina e cloretos estão presentes em frigoríficos avícolas e aviários; anidridos ácidos, em plastificação e fábricas de poliéster, pesticidas e essências; carbonetos metálicos (de tungstênio, cobalto, titânio) estão presentes na fabricação e afiação de ferramentas; corantes (azoquinona, antroquinase), em tinturarias, cabeleireiros, fabricação de alimentos e tecidos; cromo e compostos, em galvanoplastias, decapagens, soldas, fabricação de ligas metálicas, cimento, refratários, pigmentos, couro e mordentes; diisocianatos, em fabricação de poliuretano (espumas, revestimentos, vedantes), têxteis e tintas; enzimas, em padarias, fábricas de detergentes e produtos farmacêuticos; formaldeído, na preservação de tecidos, embalsamamentos, curtumes, fabricação de resinas, látex e produtos de borracha; gomas vegetais, em cabeleireiros, gráficas, e fabricação e comércio de tapetes e carpetes; grãos, em depósitos e comércio de alimentos, estiva e zona rural; níquel e compostos, na sua extração, fundição e refino, galvanoplastias, joalherias, fabricação de pilhas, baterias, eletrodos, borracha sintética e mordentes; pentóxido de vanádio, em catalisadores, limpeza de óleo, laboratórios fotográficos e de coloração; pirólise de plástico, no fechamento de embalagens; poeiras de algodão, linho, cânhamo e sisal, na fabricação de óleo vegetal, padarias, carda e fiação de algodão e cordas; poeira de cimento, na produção de cimento e construção civil; poeira de madeira, em fábricas de móveis, serrarias, carpintarias, marcenarias e construção civil; poeiras industriais de mamona e café, nas indústrias de óleo de rícino e de café; proteínas animais, na fabricação de alimentos, granjas, criadouros, laboratórios e clínicas veterinárias; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 30 proteínas vegetais, nas fábricas de alimentos, látex, padarias e fazendas; e, tabaco, presente em sua plantação e na indústria de fumo (BRASIL, 2001; DELLA GIUSTINA et al, 2004; BAGATIN; COSTA, 2006). Rinite não alérgica de origem ocupacional A doença inflamatória das mucosas nasais geralmente se caracteriza por obstrução nasal e rinorreia, eventualmente com irritação, prurido e espirros. Pelo seu alto grau de exposição ambiental e por ter mecanismos de defesa mais limitados, as fossas nasais constituem um dos sistemas orgânicos maisvulneráveis a poluentes ambientais. As rinites podem ser agudas ou crônicas e estas, não sendo alérgicas, podem se manifestar como hipertróficas, atróficas, vasomotoras, poliposas, supurativas, granulomatosas ou ulceradas. Fatores de risco – condições preexistentes podem facilitar a instalação das rinites, como: desvios de septo nasal, hipertrofias de cornetos, presença de pólipos nasais, estenoses de fossas nasais, atresia de coanas, presença de corpos estranhos, tumores e rinites crônicas ou recidivantes; distúrbios de transporte mucociliar; algumas afecções sistêmicas (alergia, diabetes, endocrinopatias, colagenoses, imunodeficiências e outras); uso de drogas ou medicamentos nasais; contato com irritantes domésticos (detergentes, inseticidas, tintas e outros); e, contato com irritantes ambientais (fumaça, tabaco, ar condicionado e outros). São muito numerosos os agentes causais referenciados na literatura. Os mais citados são: compostos de cromo, níquel, manganês, antimônio, titânio, selênio, vanádio e arsênico, presentes na solda, galvanização, conservação de madeira, indústria petroquímica, de acumuladores, pilhas e baterias e outros locais; compostos de flúor, iodo, bromo e cloro, na indústria química, farmacêutica, plástica, siderúrgica, cerâmica, de fertilizantes e outras; cimento, às vezes com formação de rinólitos nasais ou sinusais; ácidos fórmico, hidroclorídrico e hidrofluorídrico, fenol, amônia e anidridos, nas indústrias plásticas, de borracha, fertilizantes, tintas, corantes, resinas e outras; óxido de enxofre, na queima de resíduos, caldeiras, geradores, fornos e solda; e fumos emanados da fabricação de borracha, plásticos, óleos, solventes orgânicos e névoas ácidas ou alcalinas (BRASIL, 2001; DELLA GIUSTINA et al, 2004; BAGATIN; COSTA, 2006). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 31 Sinusite de origem ocupacional As inflamações da mucosa sinusal são consideradas de origem ocupacional quando o exercício da atividade laboral de seu portador teve um papel contributivo ou adicional em seu desenvolvimento, pois sua etiologia geralmente é multicausal (ARRAIS, 1999). Elas podem ser agudas ou crônicas, estas quando duram mais de quatro semanas. Por sua natureza, podem ser de origem alérgica ou provocadas pela inalação de agentes irritantes ou contaminantes (vírus, bactérias e fungos). Podem ainda atingir cavidades sinusais isoladas ou grupamentos delas. Fatores de risco – da mesma forma que nas rinites não alérgicas, muitas condições preexistentes podem facilitar a instalação da doença sinusal, como: desvios de septo nasal, hipertrofias de cornetos, pólipos nasais, estenoses de fossas nasais, atresia de coanas, presença de corpos estranhos, tumores e rinites crônicas ou recidivantes; distúrbios de transporte mucociliar; algumas afecções sistêmicas (alergia, diabetes, endocrinopatias, colagenoses, imunodeficiências e outras); uso de drogas ou medicamentos nasais; contato com irritantes domésticos (detergentes, inseticidas, tintas e outros); irritantes ambientais (fumaça, tabaco, ar condicionado e outros). Os agentes causais mais referenciados na literatura são: compostos de cromo, zinco, níquel, cádmio, manganês, selênio e arsênico – presentes na indústria, solda, galvanização, conservação de madeira e outros locais; compostos de flúor, iodo, bromo e amônia – presentes na indústria química, farmacêutica, siderúrgica, cerâmica, de fertilizantes e outras; cimento, às vezes com formação de rinólitos nasais ou sinusais; sílica, em fundições, cerâmicas, mineração, pedreiras; fibra de vidro; e fumos emanados da fabricação de borracha, plásticos, óleos, solventes orgânicos e névoas ácidas ou alcalinas (BRASIL, 2001; DELLA GIUSTINA et al, 2004; BAGATIN; COSTA, 2006). Perfuração do septo nasal As perfurações de septo nasal de origem ocupacional ocorrem por ação local dos aerodispersóides irritantes, que provocam processo inflamatório crônico, Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 32 ulcerações na mucosa nasal e necrose isquêmica da cartilagem septal. Elas não costumam acometer o septo ósseo (GOMES, 1993; BRASIL, 2001). Fatores de risco – as perfurações são provocadas pela ação de agentes irritantes, em alta concentração no ar inspirado, sobre a mucosa septal, onde predomina a secreção serosa sobre a secreção mucosa, o que a torna naturalmente mais vulnerável à agressão. Além disso, devem ser consideradas: higiene nasal precária, provocação de microtraumas para remoção de crostas e suscetibilidade individual (BRASIL, 2001; DELLA GIUSTINA et al, 2004; BAGATIN; COSTA, 2006). Muitos agentes ocupacionais têm sido relatados como causais: cromo e derivados, presentes em galvanoplastias, curtume, fabricação de cimento, soldas, impressão fotográfica e outros locais; níquel, em galvanoplastias, fábrica de baterias e metalurgia; cádmio, em galvanoplastias, fundição de ligas metálicas, soldas, fabricação de acumuladores e outros locais; arsênico e compostos, na metalurgia, fabricação de parasiticidas, tintas, material eletrônico, vidro e semicondutores, conservação de madeira, empalhamento de animais e outros locais; manganês, na extração e na fabricação de ligas, pilhas e acumuladores, corantes, vidros, cerâmica, tintas, fertilizantes, soldas e outras; ácido cianídrico e derivados, em galvanoplastias e combustão de espumas de poliuretano; antimônio; berílio; selênio; vanádio; silicato de alumínio e outros. Existem também agentes não ocupacionais que podem atuar isoladamente ou como concausas (microtraumas, traumas cirúrgicos, aspiração de drogas, infecções e outros). Alterações do olfato de origem ocupacional As disosmias, do ponto de vista quantitativo, são assim chamadas: hiposmias as reduções parciais da capacidade olfatória e anosmias as incapacidades totais, que podem ser temporárias ou permanentes. Sob o aspecto qualitativo, fala-se em agnosia olfatória (dificuldades para identificar odores), aliosmias (sensações desagradáveis para odores agradáveis) e parosmias (sensação de odores fantasmas). As cacosmias, que são sensações de odores desagradáveis pelo próprio paciente (subjetivas) ou por outras pessoas próximas (objetivas), são muito frequentes nas rinossinusopatias (BAGATIN; COSTA, 2006). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 33 De modo geral, as reduções parciais ou temporárias refletem problemas de condução do fluxo aéreo até a área olfatória, situada na parte alta das cavidades nasais. As alterações totais, qualitativas ou permanentes estão mais ligadas a transtornos dos nervos olfatórios ou das vias olfatórias centrais (DELLA GIUSTINA, et al, 2004). Fatores de risco – para as hiposmias de condução, são fatores predisponentes as rinossinusites crônicas, poliposes, presença de corpos estranhos, tumores, deformidades e desvios nasais, assim como o uso continuado de medicação tópica nasal. Para as disosmias,
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