Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Texto complementar Novos tempos, novos instrumentos, novos olhares O texto de Maria Cristina Bonomi BARUFI (seção 5.5) de A construção/negociação de significados no curso universitário inicial de Cálculo Integral e Diferencial. [Tese de Doutorado] São Paulo, FEUSP, 1999, p. 168-169) faz um convite à reflexão acerca do papel do professor e do uso de tecnologias no ensino de Cálculo Diferencial de uma variável. Imaginemos o estudante diante da tela do computador onde aparece o gráfico de uma função. Com a ajuda do cursor, controlado através do mouse, o estudante seleciona determinado ponto ou intervalo do domínio da função, que imediatamente muda de cor, enquanto aparece seu nome na tela (por exemplo, ponto de inflexão). Em seguida, a um novo clicar do mouse, a tela inteira é ocupada com a seleção, através de um zoom poderoso. O estudante escolhe no menu a opção “explicação”. Um filme didático em câmera lenta, passa a mostrar várias propriedades de um ponto de inflexão. Ao mesmo tempo, uma voz vai fornecendo explicações, relacionando a derivada segunda da função com a concavidade do gráfico. No menu, há uma opção “mais...” e, ao clicar do mouse, aparece uma nova tela onde a questão do ponto de inflexão é mias explorada, com outros exemplos, inferências verdadeiras ou falsa, questionado o estudante. Sempre no menu, o estudante tem a opção “voltar”, que, se escolhida, faz voltar á tela anterior. Há também a opção “dados históricos”, que, se escolhida, mostrará na tela uma sequência das gravuras referentes á época na qual o assunto foi estudado e uma voz vai falando sobre os matemáticos que trabalharam o assunto. Sucessivamente, a tela vai mudando, mostrando problemas por eles enfrentados. Ao desejar, o estudante pode voltar ao início, e escolher outra opção, por exemplo, o intervalo onde a variável tende ao infinito. Selecionado esse intervalo, a tela mostrará esse intervalo ampliado com o comportamento da função. No menu, o estudante poderá escolher a opção “cálculo”, “mais...”, “dados históricos”. Na opção “cálculo”, aparece uma nova tela com o cálculo do limite, possivelmente utilizando a Regra de L’Hopital, e enquanto os cálculos estão sendo efetuados, uma voz vai detalhando o que acontece. Na opção “mais...”, um filme didático explora a questão do limite no infinito, com exploração da regra de L’Hopital e outros exemplos, tantos quantos o estudante achar interessante, podendo ele mesmo interagir e fazer perguntas pertinentes. A elaboração de um tal hipertexto, é perfeitamente viável na atualidade. O professor é substituível? Sob alguns aspectos, sim, mas são exatamente aqueles aspectos onde o professor exerceria de maneira menos nobre as suas funções, ou seja onde ele se mostraria como um grande depósito de informações. A capacidade de questionar, de propor problemas, de buscar onde estão as informações, de estar próximo, de estar presente, de ser gente, de perceber onde estão as dificuldades, essas características a máquina não possui. É ela que o torna tolerante e disponível, aberto para as necessidades e dificuldades de seus alunos, buscando sempre novas maneiras de concretizar seus objetivos. A sensibilidade possibilita ao professor observar o brilho nos olhos de seu aluno quando este conseguiu construir o significado. No cruzamento de olhares e possível perceber todo o prazer propiciado pela compreensão, que, aliás, somente ocorre quando emerge a significação.
Compartilhar