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1 PERSONALIDADE JURÍDICA E PESSOA JURÍDICA

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DIREITO CIVIL 
 
PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1. CONCEITO .................................................................................................................................. 3 
2. PESSOA FÍSICA OU NATURAL ...................................................................................................... 3 
2.1 O NASCITURO .......................................................................................................................... 4 
2.1.1 Conceito ............................................................................................................................ 4 
3. A CAPACIDADE E OS CONCEITOS CORRELATOS ................................. Erro! Indicador não definido. 
3.1 INCAPACIDADE ...................................................................................................................... 13 
4. EXTINÇÃO DA PESSOA FÍSICA OU NATURAL .............................................................................. 18 
5. EMANCIPAÇÃO ........................................................................................................................ 20 
6. PESSOA JURÍDICA .................................................................................................................... 25 
6.1 CONCEITO ............................................................................................................................. 25 
6.2 TEORIAS EXPLICATIVAS E NATUREZA JURÍDICA ...................................................................... 26 
6.3. SURGIMENTO DA PESSOA JURÍDICA (COMENTÁRIOS AO ART. 45 DO CC) .............................. 26 
6.4 PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO ....................................... 28 
7. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO ............................................................................ 39 
8. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA......................................................................................................... 40 
 
 
3 
ATUALIZADO EM 25/03/20191 
 
PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
1. CONCEITO 
 
A personalidade jurídica é a aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações na 
órbita jurídica. Segundo Clóvis Beviláqua, em sua Teoria do Direito Civil, mais do que um processo psíquico é 
um conceito jurídico fundamental. Tanto a pessoa física quanto a jurídica é dotada de personalidade. É atributo 
e não qualidade de todo ser humano, já que as pessoas jurídicas também são dotadas de personalidade. 
 
2. PESSOA FÍSICA OU NATURAL 
 
Inicialmente, antes de aprofundarmos essa temática, uma pergunta se impõe: em que momento a 
pessoa física ou natural adquire personalidade jurídica? Essa resposta, aparentemente, encontra-se na primeira 
parte do artigo 2º do Código Civil, que diz: “a personalidade civil da pessoa começa no nascimento com vida”. 
Vale dizer, a partir do funcionamento do aparelho cardiorrespiratório. Nascendo, portanto, com vida, 
considerar-se-ia adquirida a personalidade. Todavia, a segunda parte do artigo 2º torna a matéria mais 
complexa, ao considerar que o nascituro (aquele ainda não nascido) teria direitos desde a concepção. Ora, 
nesse contexto, não teria o nascituro também personalidade jurídica? 
 
*#OUSESABER: O que se entende por estado civil da pessoa natural? Segundo Orlando Gomes, o estado da 
pessoa natural é a noção técnica destinada a caracterizar as situações jurídicas dos indivíduos nos mais 
diversos contextos sociais. Há três modalidades básicas de estados civis, são elas: (i) estado político: considera 
a situação jurídica do indivíduo em face do Estado nacional, ou seja, se ele é nacional, estrangeiro ou apátrida; 
(ii) estado individual: é definido de acordo com características físicas, psicológicas, etárias e comportamentais, 
classificando-os em: maiores e menores, do sexo feminino e masculino, capazes e incapazes; (iii) estado 
familiar: analisa a posição ocupada pelo indivíduo em uma família, não somente sob a perspectiva do 
matrimônio, mas também em relação ao parentesco. Cumpre destacar que essa modalidade de estado civil 
deve ser definida sob a perspectiva de um conceito de família aberto e eudemonista. 
 
 
1
 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de 
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, 
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do 
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas 
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos 
eventos anteriormente citados. 
4 
2.1 O NASCITURO 
 
2.1.1 Conceito 
 
Lembrando a Doutrina de Limongi França, o nascituro é aquele que está por nascer, mas já concebido 
no ventre materno (é o ente com vida intrauterina). O embrião congelado não. Só quando ele é colocado no 
útero. 
 
OBS.: Natimorto e concepturo. O nascituro não pode ser confundido com o natimorto, ou seja, o nascido morto, 
assim como não pode ser confundido com o concepturo, ou seja, aquele que nem concebido foi ainda (prole 
eventual). O enunciado diz que não se pode lançar no lixo o natimorto porque isso viola a sua imagem. Mesmo 
nascido morto ele goza de proteção jurídica. 
 
Art. 2º: a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da 
personalidade, tais como nome, imagem e sepultura. (Enunciado nº 1 da 1ª Jornada de Direito Civil) 
 
Afinal de contas, qual a natureza jurídica do nascituro? Ele tem ou não personalidade jurídica? Trata-se 
de questionamento que desafia uma acesa polêmica. Fundamentalmente, três teorias tentam explicar a 
natureza jurídica do nascituro: 
 
a) Teoria Natalista (Vicente Ráo, Sílvio Rodrigues, Eduardo Espínola): a personalidade somente seria adquirida a 
partir do nascimento com vida independentemente da forma humana e de um tempo mínimo de sobrevida, de 
maneira que o nascituro, por não ser considerado pessoa, teria mera expectativa de direto. 
 
OBS.: Ainda que se adote a primeira teoria, é importante frisar, à luz do princípio da dignidade da pessoa 
humana e na perspectiva da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, que a aquisição da personalidade 
independe da forma humana e de um tempo mínimo de sobrevida (pela mesma razão, o art. 30 do Código Civil 
da Espanha experimentou uma recente reforma para afastar esses requisitos violadores da dignidade humana). 
O antigo artigo dizia que só teria vida se houvesse forma humana e 24 horas de vida. 
 
b) Teoria da personalidade condicional (Serpa Lopes): o nascituro gozaria de uma personalidade material para 
efeito de titularizar direitos personalíssimos (a exemplo do direito à vida), mas somente consolidaria direitos 
materiais, econômicos ou patrimoniais sob a condição de nascer com vida. Em outras palavras, o nascituro 
somente consolidaria a sua plena personalidade sob a condição de nascer com vida. O nascituro seria pessoa no 
que tange o direito à vida (direitos personalíssimos), mas não seria para adquirir direitos materiais. 
 
5 
*Maria Helena Diniz diz que o nascituro tem uma personalidade material (mantém relação com 
direitos patrimoniais e o nascituro só a adquire com o nascimento com vida) e uma personalidade formal 
(relacionada com os direitos da personalidade, o que o nascituro já tem desde a concepção). 
 
Na prática, se o nascituro morre dentro do ventre não adquire direitos sucessórios. Ele tem direito à 
vida, pré-natal. É mais aplicada na jurisprudência. Ela é confusa, pois considera o nascituro pessoa para certos 
direitos e para outros não. 
 
c) Teoria concepcionista (Clóvis Beviláqua,Silmara Chinelato): A terceira teoria, ao longo do tempo, vem 
ganhando mais espaço no Brasil. É a mais corajosa. Considera o nascituro pessoa desde a concepção, inclusive 
em face de direitos materiais2. Essa teoria ganhou grande força a partir da aprovação da Lei n.º 11.804/08 – Lei 
dos alimentos gravídicos – na medida em que o nascituro é, expressa e imediatamente, contemplado por um 
importante direito material, mesmo não tendo ainda nascido com vida. Você pode fazer uma doação ao 
nascituro, e quando ele nasce essa doação é consolidada. O nascimento apenas consolida direitos que já 
existem. Nos últimos anos, a Teoria Concepcionista vem ganhando ainda mais força, conforme podemos notar 
nas decisões do STJ que admitem em favor do nascituro o reconhecimento do dano moral (REsp 399028/SP). 
Exemplo: perdeu o pai e não pode conhecê-lo. Recebe indenização no mesmo valor que os irmãos que 
conheceram o pai (Nancy). Reforçando ainda mais a linha concepcionista, o STJ também tem admitido o 
pagamento da indenização do seguro DPVAT (independente de culpa) em favor dos pais pela morte do 
nascituro (noticiário de 15 de maio de 2011, REsp 1120676 de Santa Catarina). 
 
OBS.: Qual Teoria foi adotada pelo CC? Trata-se de um questionamento ainda permeado por uma acesa 
polêmica. A regra do Código Civil que trata do nascituro (art. 2º) é extremamente semelhante à regra do código 
anterior (art. 4º). Clóvis Beviláqua, em seus comentários ao Código Civil dos Estados Unidos do Brasil (Ed. Rio, 
1975, pág. 178), afirmava que a Teoria Concepcionista teria os melhores argumentos, mas o CC teria adotado a 
Natalista “por parecer mais prática”. Em nosso sentir, esta abalizada opinião ainda é atual: o código pretende 
adotar a natalista, mas sofre inequívoca influência concepcionista. 
 
*#ATENÇÃO: Em nosso sentir, mesmo após o julgamento da ADI 3.510 (Lei de Biossegurança – Lei n.º 
11.105/2005), a polêmica quanto à natureza do nascituro e as suas teorias ainda continua. No âmbito da ADI em 
questão, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional o art. 5º da lei de Biossegurança, o qual permite a 
pesquisa com células-tronco embrionárias humanas (para fins de pesquisa e terapia), produzidas através da 
fertilização in vitro, desde que inviáveis ou congeladas há três anos ou mais, sendo necessária a prévia 
autorização dos genitores. O STF adotou a Teoria Natalista para justificar a constitucionalidade do art. 5º da Lei 
de Biossegurança, pois com base nela o embrião fertilizado in vitro não é considerado nascituro e, portanto, não 
 
2
 Há doutrinadores que entendem em sentido contrário. 
6 
tem direitos e deveres, podendo ser manipulados (respeitados os termos da lei). O que infelizmente a lei não 
tratou foi a natureza jurídica que esses embriões possuem. 
 
c.1) A teoria Concepcionista e a jurisprudência brasileira 
 
Especialmente nos últimos anos a Teoria Concepcionista (que considera o nascituro pessoa) vem 
ganhando força no direito brasileiro: 
 
1. O nascituro é titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida, à proteção pré-natal, etc); 
2. Pode receber doação; 
3. Pode ser beneficiado por legado e herança; 
 
#DEOLHONOEXEMPLO: Um rapaz vai para o carnaval de Salvador, se encanta por uma moça, tem relação sexual 
com ela. Volta para o Paraná e 5 meses depois, descobre a gravidez. Ia visitá-la e no caminho para o aeroporto, 
morre. O Rapaz era muito rico. Quem herdará a herança dele? O filho (o nascituro pode ser beneficiado por 
herança). Acontece que no oitavo mês de gestação, ocorre um aborto espontâneo. Quem herda? No atual 
estágio do nosso direito, é necessário nascer com vida para consolidar o direito à herança, eventualmente 
transmitindo-o. Como foi dito, a Teoria Concepcionista AINDA está ganhando força. Assim, ainda não se admite 
a transmissibilidade direta para a mãe do nascituro, de modo que ocorrendo o aborto, os pais do jovem 
paranaense serão os herdeiros. 
 
4. Pode-lhe ser nomeado curador para a defesa de seus interesses. É o que prevê o art. 1.779 do CC: “dar-
se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar”. Esse tipo de 
curatela visa garantir os direitos do nascituro assim como propõe o art. 2º do CC, porém não existe um motivo 
claro para a nomeação de curador visto que o nascituro é menor incapaz e seria mais adequado nomear um 
tutor. Apesar de o artigo não expressar com detalhes, não é necessário o pai falecer, bastando ser ele 
desconhecido, ausente ou incapaz para caber nomeação, e, no caso da gestante se encontrar interditada, seu 
curador será também o curador do nascituro (Art. 1.779, parágrafo único); 
5. Código Penal tipifica o crime de aborto (tutela a vida do nascituro); 
6. Nascituro tem direito à realização do exame de DNA, para efeito de aferição da paternidade; 
7. Lei dos “alimentos gravídicos” (Lei n.º 11.804/2008) confere ao nascituro o direito aos alimentos, que 
não é meramente personalíssimo, mas também tem seu condão econômico3. 
 
3
 Art. 2º. Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do 
período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, 
assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições 
preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. Parágrafo 
único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, 
considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos 
7 
8. Reconhecimento do dano moral ao nascituro (REsp. 399028/SP, REsp. 931556/RS). 
9. A possibilidade de indenização pelo seguro DPVAT em razão da morte do nascituro (REsp. 1120676/SC, 
Info. STJ de 15/05/11). 
 
Vale acrescentar ainda que no REsp. 1415727/SC, o relator Ministro Luiz Felipe Salomão salienta o 
crescimento da importância e da influência da Teoria Concepcionista no Brasil (recomenda-se leitura). 
 
*#AJUDAMARCINHO: DIZER O DIREITO – É cabível indenização do DPVAT por morte do feto em acidente de 
trânsito: mais um passo rumo à teoria Concepcionista. 
 
Em que consiste o DPVAT? 
 
O DPVAT é um seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por 
sua carga, a pessoas, transportadas ou não. 
 
Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um veículo automotor, ou por sua 
carga, em vias terrestres, tem direito a receber a indenização do DPVAT. Isso abrange os motoristas, os 
passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os seus respectivos herdeiros. 
 
Ex: dois carros batem e, em decorrência da batida, acertam também um pedestre que passava no local. No 
carro 1, havia apenas o motorista. No carro 2, havia o motorista e mais um passageiro. Os dois motoristas 
morreram. O passageiro do carro 2 e o pedestre ficaram inválidos. Os herdeiros dos motoristas receberão 
indenização de DPVAT no valor correspondente à morte. O passageiro do carro 2 e o pedestre receberão 
indenização de DPVAT por invalidez. 
 
Para receber indenização, não importa quem foi o culpado. Ainda que o carro 2 tenha sido o culpado, os 
herdeiros dos motoristas, o passageiro e o pedestre sobreviventes receberão a indenização normalmente. 
 
O DPVAT não paga indenização por prejuízos decorrentes de danos patrimoniais, somente danos pessoais. 
 
Qual é o valor da indenização de DPVAT prevista na Lei? 
 
• no caso de morte: R$ 13.500,00 (por vítima) 
• no caso de invalidez permanente: até R$ 13.500,00 (por vítima)[...]Art. 6º - Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o 
nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. Parágrafo único. Após o 
nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma 
das partes solicite a sua revisão. Art. 7º - O réu será citado para apresentar resposta em 5 (cinco) dias. 
8 
• no caso de despesas de assistência médica e suplementares: até R$ 2.700,00 como reembolso a cada vítima. 
 
Desse modo, a Lei n.º 6.194/74 (Lei do DPVAT) afirma que somente deverão ser pagas indenizações nas 
situações de morte, invalidez permanente e despesas de assistência médica e suplementares. 
 
Em se tratando de morte, quem receberá a indenização serão os herdeiros do falecido, na forma do art. 792 do 
Código Civil: “Art. 792. Na falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se por qualquer motivo não 
prevalecer a que for feita, o capital segurado será pago por metade ao cônjuge não separado judicialmente, e o 
restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da vocação hereditária”. 
 
Morte de nascituro 
 
A Lei do DPVAT prevê que a indenização será paga aos herdeiros em caso de morte, não falando 
expressamente em situações de morte de nascituro (feto). Isso sempre gerou intensas polêmicas: quando a lei 
fala em morte, inclui o aborto, ou seja, o fim da existência do feto? 
 
Imagine que Maria estava dirigindo seu carro quando se envolveu em um acidente que ocasionou o aborto do 
feto de 4 meses que estava esperando. Maria terá direito de receber a indenização do DPVAT pela morte do 
nascituro? 
SIM. O STJ decidiu que a beneficiária legal de seguro DPVAT que teve a sua gestação interrompida em razão de 
acidente de trânsito tem direito ao recebimento da indenização prevista no art. 3º, I, da Lei 6.194/1974, devida 
no caso de morte. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.415.727-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/9/2014 (Info 547). 
 
OBS.: já havia outro precedente do STJ no mesmo sentido: 
 
(...) 1 - Atropelamento de mulher grávida, quando trafegava de bicicleta por via pública, acarretando a morte do 
feto quatro dias depois com trinta e cinco semanas de gestação. 2 - Reconhecimento do direito dos pais de 
receberem a indenização por danos pessoais, prevista na legislação regulamentadora do seguro DPVAT, em face 
da morte do feto. 3 - Proteção conferida pelo sistema jurídico à vida intrauterina, desde a concepção, com 
fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana. 4 - Interpretação sistemático-teleológica do conceito 
de danos pessoais previsto na Lei nº 6.194/74 (arts. 3º e 4º). (...) (STJ. 3ª Turma. REsp 1120676/SC, Rel. p/ 
Acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 07/12/2010) 
 
A resposta a essa indagação passa pela discussão sobre a natureza jurídica do nascituro. 
 
9 
O art. 2º do CC/2002 estabelece o seguinte: “Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com 
vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. 
 
Podemos destacar três teorias principais que tentam explicar esse dispositivo: 
 
NATALISTA PERSONALIDADE CONDICIONAL CONCEPCIONISTA 
A personalidade jurídica só se inicia 
com o nascimento. O nascituro não 
pode ser considerado pessoa. Só 
será pessoa quando nascer com 
vida. 
A personalidade civil começa com 
o nascimento com vida, mas o 
nascituro titulariza direitos 
submetidos à condição suspensiva 
(ou direitos eventuais). 
A personalidade jurídica se inicia 
com a concepção, muito embora 
alguns direitos só possam ser 
plenamente exercitáveis com o 
nascimento. 
O nascituro é pessoa desde o 
momento em que ele é concebido 
(o nascituro é um sujeito de 
direitos). 
O nascituro tem apenas 
expectativas de direitos. 
O nascituro possui direitos sob 
condição suspensiva. 
O nascituro possui direitos. 
Sílvio Rodrigues, Caio Mário, Sílvio 
Venosa. 
Washington de Barros Monteiro, 
Arnaldo Rizzardo. 
Silmara Chinellato e a grande 
maioria da doutrina 
 
No REsp 1.415.727-SC, o Min. Relator Luis Felipe Salomão (sempre genial) afirmou expressamente que, em sua 
opinião, “o ordenamento jurídico como um todo – e não apenas o Código Civil de 2002 – alinhou-se mais à 
teoria concepcionista para a construção da situação jurídica do nascituro, conclusão enfaticamente sufragada 
pela majoritária doutrina contemporânea”. 
 
Para o Ministro, mesmo que se diga que a personalidade jurídica se inicia com o nascimento, ainda assim é forço 
concluir que o nascituro já deve ser considerado como pessoa. Caso contrário, não se vislumbraria nenhum 
sentido lógico na fórmula “a personalidade civil da pessoa começa” (art. 2º), se ambas – pessoa e personalidade 
civil – tivessem como começo o mesmo acontecimento. 
 
Portanto, o aborto causado pelo acidente de trânsito subsume-se ao comando normativo do art. 3º, I, da Lei 
6.194/74, haja vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma vida 
intrauterina. 
 
Trata-se de mais um passo rumo à plena adoção da teoria CONCEPCIONISTA pelos Tribunais brasileiros. 
 
10 
3. A CAPACIDADE E OS CONCEITOS CORRELATOS 
 
Grande parte do que aprendemos na faculdade deve ser rasgado e jogado no lixo. A matéria foi 
reescrita a partir do Estatuto da Pessoa com Deficiência, sendo algo ABSOLUTAMENTE NOVO. 
 
Inicialmente, vale lembrar a distinção existente entre capacidade e legitimação. 
 
A capacidade é conceito mais amplo, que nos conduz a uma aptidão geral reconhecida em lei para 
atuar na vida jurídica. Tradicionalmente, subdivide-se em capacidade de direito/gozo e capacidade de fato/de 
exercício. A capacidade de direito é a aptidão para titularizar direitos e contrair obrigações na ordem jurídica, de 
modo que toda pessoa (por ter personalidade jurídica) tem capacidade de direito. Ademais, se a pessoa tiver 
capacidade para praticar pessoalmente os atos da vida civil, terá também a capacidade de fato, possuindo 
capacidade plena. 
 
CAPACIDADE DE DIREITO+ CAPACIDADE DE FATO= CAPACIDADE PLENA 
 
Diferentemente, a legitimação é específica, traduzindo uma pertinência subjetiva (Calmon de Passos) 
para a prática de certos e determinados atos. Exemplo: Uma pessoa pode ser CAPAZ, mas não ter LEGITIMAÇÃO 
para a prática de certo ato. Seria o caso de dois irmãos que, a despeito de serem maiores e capazes, não podem 
casar entre si. 
 
*#NÃOCONFUNDIR: Legitimação é capacidade especial para determinado ato ou negócio jurídico. Já a 
legitimidade é capacidade processual, um dos pressupostos processuais, nos moldes do NCPC (art. 17, NCPC). 
 
O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n.º 13.146 de 06 de Julho de 2015) reconstruiu a teoria da 
capacidade civil. 
 
Até então, os arts. 3o e 4o do Código Civil brasileiro, dispondo sobre incapacidade absoluta e relativa, 
respectivamente, inseriam a deficiência como causa de incapacidade civil. 
 
Ainda que o título do Estatuto diga “da pessoa com deficiência”, ele diz respeito a todos nós. Antes, a 
pessoa com deficiência era direcionada a uma presunção de incapacidade. O que o estatuto fez foi desconstruir 
um paradigma, pois, a partir de sua entrada em vigor, as pessoas que eram rotuladas de incapazes, passam a 
ser consideradas LEGALMENTE CAPAZES, independente do seu grau de deficiência e ainda que necessite de um 
representante ou curador para praticar os atos da vida social. 
 
11 
O Estatuto desconstrói um paradigma! 
 
A partir do Estatuto da pessoa com deficiência, operou-se uma verdadeira desconstrução ideológica: a 
pessoa com deficiência (art. 2o do EPD) passa a ser considerada legalmente capaz, ainda que para atuar 
necessite do auxílio de institutos protetivos/assistenciais, tais como a tomada de decisão apoiada e a curatela 
(excepcional) (arts. 6º e 84 do EPD). 
 
*IMPORTANTE: REFORÇANDO:NÃO SE CHAMA MAIS, NO BRASIL, PESSOA COM DEFICIÊNCIA DE INCAPAZ. 
 
Para que se possa perceber a dimensão do Estatuto, confira-se o teor de seus artigos 2º, 6º e 84, nos 
quais a capacidade civil da pessoa com deficiência é expressamente reafirmada. 
 
Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, 
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua 
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
§ 1o A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e 
interdisciplinar e considerará: 
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; 
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; 
III - a limitação no desempenho de atividades; e 
IV - a restrição de participação. 
§ 2o O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência. 
 
Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: 
I - casar-se e constituir união estável; 
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; 
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre 
reprodução e planejamento familiar; 
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; 
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e 
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de 
oportunidades com as demais pessoas. 
 
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade 
de condições com as demais pessoas. 
§ 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei. 
§ 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada. 
12 
§ 3o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional 
às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. 
§ 4o Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração ao juiz, apresentando o 
balanço do respectivo ano. 
 
OBS.: O estatuto considera a curatela (art. 85) medida extraordinária, que só será aplicada quando 
rigorosamente necessário. Além disso, a curatela é limitada à prática de atos patrimoniais ou negociais (ex.: a 
venda de imóvel). 
 
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. 
§ 1o A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, 
à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto. 
§ 2o A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua 
definição, preservados os interesses do curatelado. 
§ 3o No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a 
pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado. 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ #OLHAOGANCHO: O art. 1.783 do CC prevê que se o curador for o cônjuge 
do curatelado e eles forem casados sob o regime da comunhão universal, em regra, ele não será obrigado à 
prestação de contas dos bens administrados durante a curatela, “salvo determinação judicial” que o obrigue a 
prestar. O STJ identificou duas situações nas quais o juiz poderá determinar a prestação de contas. Assim, o 
magistrado poderá (deverá) decretar a prestação de contas pelo cônjuge curador, resguardando o interesse 
prevalente do curatelado e a proteção especial do interdito quando: a) houver qualquer indício ou dúvida de 
malversação dos bens do incapaz, com a periclitação de prejuízo ou desvio de seu patrimônio, no caso de bens 
comuns; e b) se tratarem de bens incomunicáveis, excluídos da comunhão, ressalvadas situações excepcionais. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.515.701-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/10/2018 (Info 637). 
 
Outra novidade é a possibilidade de se nomear mais de um curador para a mesma pessoa (curatela 
compartilhada), como, por exemplo, a nomeação de pai e mãe curadores de um filho maior com deficiência. 
 
Diversos direitos foram reconhecidos, no âmbito da educação, da família, da vida política, garantias de 
mobilidade e acessibilidade, enfim, uma verdadeira CONSOLIDAÇÃO das conquistas obtidas pela convenção 
sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (Convenção de Nova York, a qual, junto com seu protocolo 
facultativo, é a uma convenção com status constitucional, aprovada pelo rito do Art.5º, §3º, da CF4). 
 
 
4
 *Importante lembrar que em 2015, o Brasil ratificou o Tratado de Marraquexe, tendo sido internalizado na forma do 
art. 5, §3º, da CF e, portanto, é o segundo tratado com status de emenda constitucional do país. 
13 
3.1 INCAPACIDADE 
 
Ora, com o reconhecimento da capacidade legal da pessoa com deficiência, os arts. 3o e 4o do CC/2002 
sofreram profunda modificação, uma vez que, como dito, a deficiência não é mais causa de incapacidade civil. 
 
CC/2002 ANTES DO EPD/2015 CC/2002 DEPOIS DO EPD/2015 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, 
não tiverem o necessário discernimento para a 
prática desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não 
puderem exprimir sua vontade. 
 
 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 
(dezesseis) anos [menores impúberes]. 
 
 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, 
ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito 
anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os 
que, por deficiência mental, tenham o 
discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental 
completo; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será 
regulada por legislação especial. 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos 
ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito 
anos [menores púberes]; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
III - aqueles que, por causa transitória ou 
permanente, não puderem exprimir sua vontade; 
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será 
regulada por legislação especial. (Redação dada 
pela Lei nº 13.146, de 2015) 
 
A partir do EPD, a única hipótese de incapacidade civil absoluta é a do menor impúbere, abaixo dos 16 
anos, e, além disso, as hipóteses de incapacidade relativa não contemplam mais a deficiência. 
 
*ATENÇÃO: O inciso III, do art. 4o foi mal posicionado (erro topográfico), uma vez que é errôneo considerar 
como apenas “relativamente incapaz” aquele que não pode exprimir vontade alguma, a exemplo de quem está 
em coma, o surdo-mudo que não consegue se expressar e o idoso com mal de Alzheimer. 
 
14 
Finalmente, observe-se que o parágrafo único do art. 4o estabelece que a capacidade dos INDÍGENAS é 
regulada por legislação especial (ver art. 8o da Lei 6.001/1973). 
 
Comentários ao art. 3º e 4º do Código Civil: 
 
Como visto, todas as hipóteses de incapacidade por deficiência desapareceram. Salientamos, nos 
termos do novo sistema normativo, a impropriedade do inciso III do art. 4º, na medida em que pessoas 
impedidas de exprimir vontade, a exemplo de quem está em coma, não poderiam ser consideradas apenas 
relativamente incapazes. Ainda tratando da incapacidade relativa, observamos que os pródigos continuam 
contemplados na norma. 
 
O que se entende por pródigo?Segundo Clóvis Beviláqua, pródigo é aquele que desordenadamente gasta o seu patrimônio, podendo 
reduzir-se à miséria. Em geral, decorre de transtorno de personalidade, uma compulsão (pessoa viciada em 
jogatinas, por exemplo). 
 
Nos termos do art. 1.782 do CC, por conta da sua relativa incapacidade, poderá ser nomeado um 
curador ao pródigo, que irá assisti-lo apenas em atos de conteúdo patrimonial (emprestar dinheiro, transigir, 
dar quitação, alienar bens, hipotecar ou agir em juízo). Vale acrescentar ainda que o pródigo tem liberdade para 
casar ou manter união estável, de maneira que o seu curador apenas deverá se manifestar quanto ao regime de 
bens escolhido. Assim, não pode o curador intervir em escolhas existenciais do pródigo. 
 
OBS.:: Não é imposto ao pródigo que se casa o regime de separação total de bens de origem legal/obrigatória, 
pois ele não consta no rol taxativo do art. 1.641 do CC. No entanto, Flávio Tartuce entende que para a realização 
do Pacto Antenupcial o pródigo deverá ser assistido, por tratar-se de ato de disposição de seus bens, sob pena 
de anulabilidade do ato (art. 171, I, do CC). 
 
*#JÁCAIUEMPROVA: Prova MP/MG – O processo de constitucionalização do direito civil resultou no 
reconhecimento de que a pessoa, e não o patrimônio, está no epicentro do sistema normativo brasileiro. Nessa 
perspectiva, à luz do princípio da dignidade da pessoa humana, o professor Luiz Edson Faquin elaborou a tese 
“Estatuto jurídico do Patrimônio Mínimo” (falou Fachin, falou patrimônio mínimo. Samba na cara do 
examinador!!), segundo a qual as normas civis devem resguardar um mínimo patrimonial para que cada pessoa 
tenha uma vida digna. Esse pensamento justifica as normas de proteção do pródigo e as normas referentes à 
impenhorabilidade do bem de família. 
 
15 
Outro ponto digno de nota é no sentido de que a idade avançada, por si só, não é causa de 
incapacidade civil. Além disso, a partir do Estatuto da Pessoa com Deficiência, se juntamente com a idade 
avançada houver deficiência mental ou intelectual, como vimos, não será caso de incapacidade civil (a pessoa 
continuará sendo legalmente capaz). 
 
Assim, por exemplo, se o pai de João, o Sr. Joaquim, tem 93 anos e é portador de uma deficiência 
mental, ainda assim é considerado legalmente capaz, embora possa ser nomeado um curador para representá-
lo quanto a atos negociais ou patrimoniais. 
 
OBS.: “restitutio in integrum” ou benefício de restituição – segundo Clóvis Beviláqua esse instituto tem origem 
romana e consiste no benefício concedido aos menores e às pessoas que se lhe equiparam, a fim de poderem 
anular quaisquer atos válidos sob outros pontos de vista, nos quais tenham sido lesadas. Não veio no CC de 
1916 nem no de 2002. A regra é a já exposta. Pablo: Essa expressão pode ser utilizada no sentido de restituição 
integral de um dano no âmbito da responsabilidade civil. Todavia, em Theoria Geral, Clóvis Beviláqua, tratava-se 
de um benefício, criado no Direito Romano, concedido a menores e incapazes, no sentido de se poder anular um 
ato válido, sob a simples alegação de prejuízo. Esse benefício, em verdade, tratando-se de um negócio válido, 
violaria a própria segurança jurídica. O CC/16 expressamente o proibia, e, embora o código de 2002 seja silente, 
a doutrina entende que esta proibição continua mantida. 
 
OBS.: o que se entende por “estado de pessoas”? Segundo Orlando Gomes, a noção de status coliga-
se a de capacidade. O status é uma qualidade jurídica decorrente da inserção de um sujeito numa categoria 
social, da qual derivam, para este, direitos e deveres. 
 
OBS.: Redução da maioridade civil: no âmbito do direito e família, não implica cancelamento 
automático da pensão alimentícia (REsp 347010/SP, REsp 442502/SP, HC 55606/SP), na medida em que deve 
acompanhar o alimentando, em regra, até a conclusão dos seus estudos. Ademais, a súmula 358 do STJ 
estabelece que o cancelamento da pensão exige o contraditório, não podendo, portanto, ser automático. 
Súmula 358, STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão 
judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos. O STJ decidiu que pós- graduação não autoriza a 
manutenção da pensão. Já no âmbito previdenciário, formou-se entendimento no sentido de que a redução da 
maioridade civil não altera os limites etários para a percepção de benefício previdenciário previsto em norma 
especial (ver nota SAJ 42/2003, e Enunciado 03 da 1ª Jornada de Direito Civil). Se a lei previdenciária manda 
pagar até 21 anos, ela prevalece e a redução do CC não se aplica. Enunciado 3: Art. 5º: a redução do limite 
etário para a definição da capacidade civil aos 18 anos não altera o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que 
regula específica situação de dependência econômica para fins previdenciários e outras situações similares de 
proteção, previstas em legislação especial. 
 
16 
Suprimento da Incapacidade5 
 
O suprimento da Incapacidade Absoluta se dá através do instituto da Representação, enquanto a 
Incapacidade Relativa é suprida através da Assistência. 
 
 
 
 
 
R I A = Representação para Incapacidade Absoluta 
 
 
R I A = Assistência para Incapacidade Relativa 
 
 
Efeitos da Redução da Maioridade Civil: 
 
O art. 5º do Código Civil estabelece que a maioridade é atingida aos 18 (dezoito) anos completos, 
quando a pessoa fica habilitada para todos os atos da vida civil. Segundo Washington de Barros Monteiro, a 
maioridade é alcançada no primeiro instante do dia do aniversário. O mesmo autor afirma que, ignorada a data 
de nascimento, deverá ser feito exame médico para a verificação da maioridade, e, havendo dúvida, pender-se-
á pela capacidade (“in dubio pro capacitate”). 
 
Redução da Maioridade Civil e Pensão Alimentícia: 
 
A redução da maioridade civil (dos 21 para os 18 anos) causou a acentuada polêmica, especialmente 
no âmbito dos alimentos. A jurisprudência do STJ já se consolidou (REsp 347.010 – SP, HC 55.606 – SP, Súmula 
358) no sentido de que o alcance da maioridade civil não implica o cancelamento automático da pensão 
alimentícia. A título de complementação de pesquisa, vale lembrar que conforme o parâmetro geral da 
jurisprudência, a pensão alimentícia é paga até a conclusão dos estudos. 
 
Em suma: O STJ entende ser vedada a exoneração automática da obrigação alimentar quando o credor 
da obrigação atinge a maioridade civil (18 anos), pois a simples maioridade não significa que o filho não irá mais 
depender do pai. Deve ser dada a oportunidade de o alimentando se manifestar e comprovar, se for o caso, a 
impossibilidade de prover sua subsistência. 
 
5
A seguinte assertiva foi considerada correta (TJPR/2017): Em algumas situações, o ato-fato jurídico praticado pelo menor 
absolutamente incapaz produz efeitos. 
17 
 
*#SELIGANASÚMULA: Nesse sentido está o Enunciado da Súmula n.º 358 do STJ: “O cancelamento de pensão 
alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que 
nos próprios autos”. 
 
OBS.: Para o STJ, nos termos do REsp 131.2706-AL, a obrigatoriedade de pagar pensão não alcança os estudos 
de pós-graduação. Finalmente, o mesmo tribunal tem defendido a tese dos alimentos transitórios (REsp 
1388955 – RS), segundo a qual os alimentos entre ex-cônjuges ou ex-companheiros, tendo o credor saúde e 
aptidão para o trabalho, são temporários (o juiz fixa prazo para o pagamento da pensão alimentícia). 
 
Redução da maioridade civil e Benefícios Previdenciários: 
 
Segundo forte entendimento doutrinário, as normas previdenciárias são especiais, de maneira que um 
eventual auxílio ou benefício deve ser pago até o limite previdenciário estabelecido (enunciado 3 da I Jornada 
de Direito Civil). Assim, a redução da maioridade civil para18 anos não influencia no âmbito previdenciário. 
 
“Enunciado 3 da I Jornada de Direito Civil: Art. 5º: a redução do limite etário para a definição da capacidade 
civil aos 18 anos não altera o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula específica situação de 
dependência econômica para fins previdenciários e outras situações similares de proteção, previstas em 
legislação especial”. 
 
“Art. 16, I, da Lei 8.213/91: São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de 
dependentes do segurado: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer 
condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou 
deficiência grave”. 
 
Redução da maioridade civil e ECA 
 
De acordo com o art. 121, §5º, da Lei 8.069/90, “a internação constitui medida privativa da liberdade, 
sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento [...] § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade”. Esse dispositivo não foi 
revogado com a redução da maioridade civil. 
 
*#IMPORTANTE: “A curatela é um encargo (múnus) imposto a um indivíduo (chamado de “curador”) por meio 
do qual ele assume o compromisso judicial de cuidar de uma pessoa (“curatelado”) que, apesar de ser maior de 
idade, possui uma incapacidade prevista no art. 1.767 do CC. Para que a curatela seja instituída, é necessária a 
18 
instauração de um processo judicial por meio de uma ação de interdição. É necessário que o juiz nomeie 
curador especial ao interditando? 
• Se a ação de interdição for proposta pelo MP: SIM. O juiz deverá nomear curador à lide (curador especial), nos 
termos do art. 1.179 do CPC. 
• Se a ação de interdição for proposta por outro legitimado: NÃO é necessária a nomeação de curador à lide 
porque o próprio MP já irá fazer a defesa dos interesses do interditando (art. 1.770 do CC)”. 
STJ 4ª Turma. REsp 1.099.458 - PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 2/12/2014 (Informativo 553, STJ – 
2015). 
 
*#CUIDADO #NCPC #ENTENDIMENTONÃOPREVALECE: Segundo comentários do Dizer o Direito no livro “Vade 
Mecum de Jurisprudência”, tal entendimento não prevalece com o NCPC. Nos termos no NCPC, o interditando 
poderá constituir advogado para defendê-lo no processo, e somente se ele não apresentar advogado, é que o 
Juiz irá nomear curador especial (art. 752, §2º, NCPC). O papel de curador especial será exercido pela 
Defensoria Pública (art. 72, par. único, NCPC e art. 4º, XVI, LC 80/94). Salienta-se que a atuação da Defensoria 
Pública como curadora especial não exige que o réu seja hipossuficiente economicamente. Nesses casos do art. 
72 do NCPC, entende-se que o réu ostenta hipossuficiência jurídica, sendo, portanto, necessária a atuação da 
Defensoria Pública. Assim, novamente, questiona-se: É necessário que o juiz nomeie curador especial ao 
interditando? O entendimento jurisprudencial exposto no REsp 1099-458/PR NÃO PREVALECE com o NCPC, 
não importando, para fins de curador especial, se a ação foi proposta ou não pelo MP.  RESUMINDO: O 
critério é a constituição ou não de advogado pelo interditando. 
 
4. EXTINÇÃO DA PESSOA FÍSICA OU NATURAL 
 
A extinção da pessoa natural se opera com a morte, nos termos do art. 6º do CC. Trata-se de um 
assunto de alta complexidade, com implicações profundas de ordem filosófica ou científica, objeto, ainda, de 
um especial ramo da medicina legal, a tanatologia. (ver Manual de Medicina Legal de Delton Croce e Delton 
Croce Jr.). O critério que a comunidade científica mundial tem utilizado para a definição do óbito é a morte 
encefálica (ver resoluções 1480/97 e 1826/2007 do Conselho Federal de Medicina6). 
 
Vale lembrar, nos termos do art. 77 da Lei de Registros Públicos, que a morte deve ser declarada por 
um médico e, onde não houver, por duas testemunhas. Essa declaração é registrada no Livro de Óbitos do 
Cartório de Registro Civil. 
 
OBS.: no contexto do tema “extinção da pessoa natural”, vale indagar: o que se entende por testamento vital 
ou obstinação terapêutica ou morte digna (living will ou declaração de vontade antecipada)? Em linhas gerais, 
 
6
http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/1997/1480_1997.htmhttp://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/
2007/1826_2007.htm 
19 
podemos conceituar o testamento vital como o ato jurídico por meio do qual o paciente manifesta, prévia e 
expressamente, o desejo de querer ou não receber determinado tratamento médico no momento em que 
estiver incapacitado para manifestar livremente a sua vontade. (ver resolução 1995/2012 do CFM). Na opinião 
de Stolze, ele salvaguarda a dignidade da pessoa humana. 
 
Morte presumida (#DICA: BASTA A LEITURA DO CÓDIGO): 
 
a) Com decretação de Ausência: a primeira hipótese de morte presumida é a ausência, regulada na segunda 
parte do art. 6º e a partir do art. 22 do CC. Ocorre quando a pessoa desaparece do seu domicilio sem deixar 
notícia ou representante que administre seus bens. Vale registar que é no momento da abertura da sucessão 
definitiva dos bens do ausente que ele é considerado presumidamente morto. A sentença de ausência é 
registrada em Livro próprio, e não no livro de óbitos, no Cartório do domicílio anterior do ausente, a teor do 
art. 94 da Lei de Registros Públicos. Não é causa de incapacidade. 
 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos 
em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado 
representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer 
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 
 
b) Sem decretação de ausência (há indícios de morte): O art. 7º do CC estabelece hipóteses de presunção de 
morte, que não se confundem com a ausência, na medida em que, não há um simples desaparecimento, mas 
também fundados elementos da morte, a despeito do corpo não haver sido encontrado. Vale acrescentar que 
tais hipóteses de morte são analisadas em um procedimento de justificação, em que o juiz deve empreender 
todas as buscas, fixando a data provável do falecimento. Há 2 hipóteses: extrema probabilidade de morte e 2 
anos após guerra. Aqui se registra do Livro de óbito. Se ele aparecer, tem que entrar com um processo novo. 
 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término 
da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de 
esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 
 
20 
#EXCEÇÃO #CUIDADO #OUSESABER: As hipóteses de morte presumida sem declaração de ausência estão 
previstas apenas no cc? NÃO, as hipóteses de morte presumida independentemente de declaração de ausência 
estão previstas no art. 7º do Código Civil. Segundo a lei, as hipóteses são as seguintes: 
 
- Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
- Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término 
da guerra. 
 
Porém, outra hipótese menos conhecida está prevista no art. 1º da Lei 9.140/95, que assim prevê: "são 
reconhecidos como mortas, para todos os efeitos legais, as pessoas que tenham participado, ou tenham sido 
acusadas de participação, em atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, 
e que, por este motivo, tenham sido detidas por agentes públicos, achando-se, desde então, desaparecidas,sem 
delas haja notícias". 
 
Assim, as hipóteses não estão apenas previstas no Código Civil, pois a Lei 9.140/95 também prevê situação de 
morte presumida sem declaração de ausência, como afirma Flávio Tartuce em seu livro de Manual de Direito 
Civil. 
 
Comoriência: 
 
Inicialmente, não podemos confundir a comoriência com a premoriência. A premoriência significa 
precedência da morte. A comoriência, por sua vez, traduz uma situação de morte simultânea, ou seja, se duas 
ou mais pessoas falecem na mesma ocasião, sem que se possa averiguar qual dos comorientes precedeu aos 
outros, presumem-se simultaneamente mortos (art. 8º, CC). 
 
*#IMPORTANTE: a presunção da comoriência somente é aplicada se não se puder indicar a ordem cronológica 
das mortes. Só há interesse se forem da mesma família, inserindo-se numa questão sucessória. A morte tem 
que ocorrer no mesmo lugar? Não. Apenas na mesma ocasião. Ex.: se um morreu primeiro, ele passa todo o 
patrimônio para o que morreu depois. Havendo morte simultânea, no entanto, abrem-se cadeias sucessórias 
autônomas e distintas, de modo que um comoriente nada herda do outro. 
 
5. EMANCIPAÇÃO 
 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os 
atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
21 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, 
independentemente de homologação judicial (VOLUNTÁRIA), ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o 
menor tiver dezesseis anos completos (JUDICIAL). 
II - pelo casamento; (16 anos) 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função 
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 
 
É instituto também previsto em diversos sistemas jurídicos do mundo, inclusive o alemão, o português 
e o suíço. A emancipação, que poderá ser voluntária, judicial ou legal (art5º, parágrafo único, CC), é instituto 
jurídico por meio do qual se antecipam os efeitos da capacidade civil plena. 
 
OBS.: segundo Washington de Barros Monteiro, a maioridade é atingida no primeiro instante do dia em que se 
completa aniversário. 
 
a) Voluntária (art. 5º, Parágrafo único, inciso I, primeira parte): é aquela concedida pelo ato de ambos os pais ou 
de um deles, na falta do outro, em caráter irrevogável, mediante instrumento público, independentemente de 
homologação judicial, desde que o menor tenha, pelo menos, 16 anos completos. 
 
OBS.: mesmo no caso em que apenas um detenha a guarda do filho, exige-se a autorização de ambos os pais, 
salvo no caso de falta de um deles. Até porque, a guarda não exclui o poder familiar daquele que não a tem. 
 
*#ATENÇÃO: embora o CC seja silente, a doutrina (Venosa), bem como a própria jurisprudência (REsp 
122573/PR, AgRg AG 123957/RJ), apontam no sentido de que na emancipação voluntária, diversamente da 
legal, os pais permanecem solidariamente responsáveis pelos ilícitos cometidos pelo filho emancipado até 
que complete 18 anos de idade. 
 
b) Judicial (art. 5º, Parágrafo único, inciso I, segunda parte): trata-se da emancipação concedida pelo juiz, 
ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos completos (art. 91 LRP - o juiz deve comunicar a emancipação 
concedida ao oficial de registro no prazo de oito dias; a partir desse registro cartorário o ato produzirá efeitos). 
 
*#ATENÇÃO: Quem emancipa o menor sob tutela não é o tutor, é o juiz. Na voluntária, se houver 
discordância o juiz também decide, mas nesse caso Pablo entende que não é judicial propriamente dita. Aqui é 
conseguida pela sentença. Na outra, mesmo com a participação do juiz, é a mãe que vai levar no cartório. 
 
22 
*Enunciado 397 Jornada de Direito Civil: “A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está 
sujeita à desconstituição por vício de vontade”. 
 
c) Legal ( art. 5º, Parágrafo único, incisos II a V): 
 
c.1) Casamento: emancipa por força de lei. As pessoas podem casar, com autorização, a partir dos 16 anos. 
 
Art. 1520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 
1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. 
 
*#NOVIDADELEGISLATIVA: Lei nº 13.811, de 12.3.20197 - Confere nova redação ao art. 1.520 da Lei nº 10.406, 
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para suprimir as exceções legais permissivas do casamento infantil.  
Art. 1º: O art. 1.520 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar com a seguinte 
redação: 
“Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o 
disposto no art. 1.517 deste Código.” (NR). 
 
OBS.: Mesmo que haja divórcio ou separação, o emancipado não retorna à situação de incapacidade, na 
medida em que tais atos projetam os seus efeitos para o futuro. Por outro lado, se o casamento for invalidado, 
o emancipado retorna à situação de incapaz? A invalidação ataca o casamento na origem. Segundo a melhor 
doutrina (Tartuce, Simão, Zeno Veloso), a sentença que invalida o casamento o atinge ab initio, de maneira 
que, por consequência, a emancipação perderá a eficácia, ressalvada a hipótese de o juiz considerar o 
casamento putativo. 
 
c.2) Emprego público efetivo: por lógica, o cargo público também emancipa. 
 
*#ATENÇÃO8: importante ressaltar a controvérsia em torno deste inciso, exposta de forma clara por 
Anderson Almeida, em publicação no Jus Brasil: 
No que diz respeito à emancipação por força do exercício de emprego público efetivo, nos termos do 
artigo 5º, parágrafo único, III, do Código Civil de 2002, esse é bastante controverso em dias atuais, pois 
apesar de haver essa possibilidade devidamente expressa em lei de um menor emancipado poder assumir 
um cargo público, atendidos os devidos dizeres constitucionais, os concursos públicos atuais em seus 
respectivos editais exigem a idade mínima para a posse de candidato, devidamente aprovado em seu 
certame público, em tese, contar com idade mínima não inferior a 18 anos. Logo, mesmo que devidamente 
 
7
 Para mais informações, vide: https://www.dizerodireito.com.br/2019/03/lei-138112019-altera-o-codigo-civil.html 
8
https://andersonmaiaalmeida.jusbrasil.com.br/artigos/111757461/emancipacao-as-duvidas-de-uma-juventude-transviada 
23 
emancipado, seja por qualquer das possibilidades previstas no artigo 5ª do Código Civil de 2002, o menor 
seria ainda considerado incapaz para o exercício de emprego público efetivo, levando em consideração as 
responsabilidades civis que acarretam o respectivo cargo. 
Mas como observamos na jurisprudência pátria, o tema comporta suas controvérsias, pois vejamos: 
MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. PRELIMINAR. LEGITIMIDADE. CONCURSO PÚBLICO. EXIGÊNCIA 
DE IDADE MÍNIMA DE DEZOITO ANOS PARA A POSSE. MENOR ANTECIPADO. SUPERVENIÊNCIA DAQUELA 
IDADE. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. SEGURANÇA CONCEDIDA. Investindo a segurança contra exigência 
feita no edital, a autoridade que o subscreve é legitimada passivamente para a causa. A emancipação de 
menor, aprovado em concurso público, atende o requisito de idade mínima de 18 anos para posse em cargo 
público, incidindo o princípio da razoabilidade. Ademais, o impetrante, posteriormente à impetração, 
completou 18 anos de idade. Segurança concedida para, afastada exigência do edital quanto à idade, 
assegurar ao impetrante o direito à posse. (MSG n. 2010.00.2.002136-5. Conselho Especial. Rel. Des. MARIO 
MACHADO. DJU de 14/07/2010. p. 58). 
Podemos destacas ainda mais: 
CONSTITUCIONAL – ADMINISTRATIVO – AÇÕES CAUTELAR E DE OBRIGAÇÃO DE FAZER - CONCURSO PÚBLICO 
– TÉCNICO LEGISLATIVO – CANDIDATOMENOR DE DEZOITO ANOS – POSSE – POSSIBILIDADE – EMANCIPAÇÃO 
- EXCEPCIONALIDADE. 1. Muito embora seja assente o entendimento de que é razoável a fixação da idade 
mínima de 18 (dezoito) anos para a investidura em cargo público, tratando-se de candidato emancipado e, 
portanto, apto ao exercício de todos os atos da vida civil, mostra-se indevida a recusa em dar-lhe posse no 
cargo para o qual foi aprovado, sobretudo quando este, por força de antecipação de tutela, vem exercendo 
suas funções há mais de 2 (dois) anos, tendo atingido a maioridade civil exigida. 2. In casu, a exoneração do 
autor implicaria mais desvantagens do que vantagens para a coletividade, se considerados especialmente os 
custos para a sua formação e aperfeiçoamento, somados aos gastos para capacitação de outro servidor. 3. 
Apelações conhecidas e não providas (APC n. 006.01.1.056287-0. 3ª Turma Cível. Rel. Desa. NÍDEA CORRÊA 
LIMA. DJU de 31/10/2008. p. 65). 
 
c.3) Colação de grau em curso de ensino superior 
 
c.4) Estabelecimento civil ou comercial ou relação de emprego + no mínimo 16 anos + economia própria: em 
regra, o estabelecimento civil é aquele para a prestação de um serviço, geralmente artístico, técnico ex.: 
professor de violão. Estabelecimento comercial está no campo da atividade do empresário ex.: feirante. A 
capacidade para o emprego começa aos 16. Mesmo que ele perca o emprego, ele não perde e emancipação, 
em razão da segurança jurídica. 
24 
 
O menor que ganha um salário mínimo é emancipado? Depende. Como sabemos, o novo Direito Civil 
inaugurou, especialmente a partir do CC 2002, um sistema aberto de normas compreensivo de inúmeros 
conceitos abertos e indeterminados, a exemplo da expressão “economia própria” e cláusulas gerais como “a 
função social e a boa-fé objetiva”, à luz do princípio da operabilidade. Nessa perspectiva, somente as 
circunstâncias do caso concreto, à luz do referido princípio da operabilidade, poderão orientar o juiz, de forma 
justa, o vago conceito de economia própria. 
 
*#IMPORTANTE: Questões especiais envolvendo o menor emancipado. 
 
EMANCIPAÇÃO E FALÊNCIA 
 
O menor emancipado que exerça atividade empresarial, na forma da Lei de Falências, poderá falir. Eventual 
ilícito penal praticado deve ser tratado como ato infracional, na forma do ECA (ver Paulo Henrique Sumariva – A 
lei de falência e a imputabilidade penal). Vale lembrar que a emancipação não antecipa a capacidade penal. 
Exatamente por isso o crime falimentar, nesse caso, será tratado como ato infracional. 
 
EMANCIPAÇÃO E ALIMENTOS 
 
O Emancipado, assim como se dá com o maior de 18 anos, pode não perder o direito aos alimentos, de acordo 
com as circunstancias do caso concreto (Apelação Cível 70011429321 - TJRS). 
 
EMANCIPAÇÃO E UNIÃO ESTÁVEL 
 
Segundo a letra da lei, o casamento emancipa e não a união estável. Mas a questão comporta discussão na 
doutrina (ver Thiago Simões – “a emancipação decorrente da união estável: uma possibilidade jurídica”). Não é 
questão pacífica. 
 
EMANCIPAÇÃO E CÓDIGO DE TRÂNSITO 
 
O menor antecipado pode dirigir? O emancipado não pode obter a Carteira Nacional de Habilitação, uma vez 
que o inciso I, do art. 140, do Código de Trânsito, exige que a pessoa seja penalmente imputável, e o 
emancipado não é (aplica-se o ECA, pois a emancipação não antecipa a capacidade penal). 
 
EMANCIPAÇÃO E PRISÃO CIVIL 
 
25 
Já se viu que o emancipado não pode ser penalmente preso. Mas embora não tenha capacidade penal, admite-
se a prisão civil do menor emancipado por débito alimentar. Isso porque não se trata de uma prisão criminal, 
mas de um meio coercitivo de cumprimento da obrigação. Nessa linha, Otávio de Oliveira Pinto sustenta a 
possibilidade de prisão civil temperada por um regime diferenciado, a exemplo da prisão domiciliar (“A prisão 
civil do menor antecipado devedor de alimentos”, editora Virtual Books). Por conta da pouca idade e pela 
principiologia do ECA, apesar de poder ser preso civilmente, o autor sustenta que o emancipado não vá para a 
cadeia. 
 
*#CUIDADO #VAICAIR #OUSESABER: a emancipação antecipa a maioridade civil? 
 
A emancipação é uma das causas de cessação da incapacidade civil, mas NÃO antecipa a maioridade. 
 
Tal afirmação, numa prova, pode vir a confundir o candidato. Com efeito, o art. 5º do Código Civil prevê que a 
"menoridade cessa aos dezoito anos completos", não havendo, portanto, influência da emancipação. Assim, a 
menoridade somente finda aos 18 anos, independentemente da emancipação, cujo efeito é somente cessar a 
incapacidade civil. 
 
Sobre o assunto, vale citar o Enunciado 530 da VI Jornada de Direito Civil: "A emancipação, por si só, não elide a 
incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente". Isso porque, como dito, a emancipação não antecipa a 
maioridade. 
 
6. PESSOA JURÍDICA 
 
6.1 CONCEITO 
 
Não nasce da dogmática jurídica, mas sim do fato associativo, da tendência humana ao agrupamento. 
A noção de pessoa jurídica, em verdade, conforme lembra a doutrina do sociólogo Machado Neto, encontra a 
sua raiz no fato associativo, ou seja, na natural tendência humana de se agrupar para o alcance de determinadas 
finalidades (Caio Mário em Instituições de Direito Civil). Sucede que, conforme observação de Orlando Gomes 
(Introdução ao Direito Civil), o Direito em determinado momento da história sentiu a necessidade de 
personificar esses grupos sociais, dotando-lhes de autonomia, surgindo, assim, a pessoa jurídica. 
 
OBS.: a denominação pessoa jurídica é a mais moderna e consagrada, embora outras expressões hajam sido 
utilizadas como pessoas morais, fictícias, místicas, universalidades e, no dizer de Teixeira de Freitas, que muito 
influenciou o direito argentino, entes de existência ideal. 
 
26 
Diante do exposto, é forçoso convir que, em um conceito básico e inicial, podemos definir a pessoa 
jurídica como um grupo humano, dotado de personalidade jurídica própria constituído na forma da lei para a 
realização de fins comuns. Vale acrescer, todavia, que as necessidades da sociedade contemporânea exigiram a 
criação de pessoas jurídicas peculiares, que escapam desse conceito básico a exemplo da fundação e da EIRELI. 
 
6.2 TEORIAS EXPLICATIVAS E NATUREZA JURÍDICA 
 
a) Corrente negativista (Brinz, Bekker, Ihering): Negava a existência da pessoa jurídica, alegando que ela não 
seria nada mais que um grupo de pessoas físicas reunidas ou que seria um patrimônio reunido. 
 
b) Corrente afirmativista: aceita a existência. Várias teorias se inserem nessa corrente. As três principais teorias 
dentro da corrente afirmativista são a da ficção, a da realidade objetiva e a da realidade técnica. Todavia, outras 
teorias de menor repercussão podem ser lembradas, como a Teoria lógico-formal de Kelsen e a Teoria 
institucionalista de Hauriou. Vejamos as principais: 
 
b.1) Teoria da ficção (Windscheid, Savigny): a pessoa jurídica teria uma existência meramente abstrata ou 
ideal fruto da técnica do direito. Pecava por não reconhecer a existência objetiva e social da pessoa jurídica. 
 
b.2) Teoria da realidade objetiva ou organicista (Cunha Goncalves, Clóvis Beviláqua): oriunda especialmente 
do cientificismo sociológico reverenciado pelos positivistas como Beviláqua, avançava ao reconhecer que a 
pessoa jurídica teria uma existência objetiva e uma dimensão social, mas incorria no exagero oposto de 
negar-lhe a influência da técnica do direito. Reduzia a pessoa jurídica a um fenômeno meramente 
sociológico. 
 
b.3) Teoria da realidade técnica (Saleilles): consegue conjugar o que há de melhor nas duas teorias anteriores. 
Para essa teoria a pessoa jurídica teria uma existência objetiva e dimensão social, mas a sua personificação 
seria fruto da técnica do direito. Foi a teoria adotada pelo art. 45, do CC. 
 
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivono respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, 
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, 
por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
 
6.3. SURGIMENTO DA PESSOA JURÍDICA (COMENTÁRIOS AO ART. 45 DO CC) 
 
27 
O registro de uma pessoa física ou natural é meramente declaratório da sua personalidade, adquirida 
pelo nascimento com vida (art. 2º, do CC). Diferentemente, nos termos do art. 45, do CC/02, o registro de uma 
pessoa jurídica é constitutivo de sua personalidade, adquirindo personalidade com o registro de seu ato 
constitutivo – contrato social ou estatuto. Deve ser registrado na Junta Comercial ou no CRPJ (Cartório de 
registro de PJ). Excepcionalmente, algumas pessoas jurídicas, para se constituírem e terem existência legal 
demandam uma autorização específica do poder executivo, a exemplo dos bancos e das seguradoras. A regra 
geral é que toda pessoa jurídica tenha CNPJ, mas o fato de ter CNPJ não implica, que à luz da Teoria do Direito 
Civil e do CC em vigor, necessariamente, o ente tratado seja uma pessoa jurídica. 
 
Nos termos do CC, não havendo registro estamos diante de um ente despersonificado, regulado a 
partir do art. 986 do CC e que a respeitável doutrina clássica de direito comercial denominava de sociedade 
irregular ou de fato (Waldmar Ferreira). Vale acrescentar que nas sociedades irregulares ou de fato, a 
responsabilidade pelas dívidas sociais recai sobre o próprio patrimônio pessoal dos sócios os administradores. 
 
Condomínio, massa falida, herança jacente, espólio (art. 12 CPC/1973 – art. 75 CPC/2015), à luz da 
Teoria Geral do Direito Civil, não são pessoas jurídicas, são entes despersonificados com capacidade 
processual (Maria Helena Diniz fala em personificação anômala). Quanto ao condomínio, aliás, tramita no 
Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 80/2011 (aguardando parecer na CCJ em 27.06.13), que pretende, 
alterando o CC, permitir os condomínios edilícios se constituírem como pessoas jurídicas. 
 
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: 
I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado; 
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores; 
III - o Município, por seu prefeito ou procurador; 
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar; 
V - a massa falida, pelo administrador judicial; 
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador; 
VII - o espólio, pelo inventariante; 
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, 
por seus diretores; 
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a 
quem couber a administração de seus bens; 
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal 
aberta ou instalada no Brasil; 
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico. 
§ 1o Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido serão intimados no processo no qual o espólio 
seja parte. 
28 
§ 2o A sociedade ou associação sem personalidade jurídica não poderá opor a irregularidade de sua constituição 
quando demandada. 
§ 3o O gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela pessoa jurídica estrangeira a receber citação para 
qualquer processo. 
§ 4o Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso recíproco para prática de ato processual por 
seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante convênio firmado pelas respectivas 
procuradorias. 
 
OBS.: Pessoa jurídica pode sofrer dano moral? De acordo com o nosso direito positivo, é assentado 
firmemente que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral (Súmula 227, STJ). Ademais, o próprio CC, em seu 
artigo 52, admite que a pessoa jurídica possa ser titular de certos direitos da personalidade compatíveis com a 
sua estrutura, a exemplo da imagem e da honra objetiva. Todavia, é digno de nota que uma parcela da doutrina 
critica a tese do dano moral à pessoa jurídica (Wilson Melo da Silva e Arruda Alvim), o que aparentemente 
ganhou reforço teórico a partir do Enunciado 286 da IV Jornada de Direito Civil. Art. 52: Os direitos da 
personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as 
pessoas jurídicas titulares de tais direitos. 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: o STJ entende que apenas pessoas jurídicas de direto privado podem sofrer 
dano moral (empresas). Pessoa jurídica de direito público não (Informativo 534). 
 
*#OUSESABER: As pessoas jurídicas são titulares dos direitos descritos na Convenção Americana de Direitos 
Humanos? Através de uma Opinião Consultiva (OC-22/16), a Corte Interamericana de Direitos Humanos, 
respondendo a uma solicitação realizada em 2014 pelo Panamá, concluiu que as pessoas Jurídicas não são 
titulares dos direitos humanos contidos na Convenção Americana de Direitos Humanos. A Corte interpretou o 
art. 1.2 da Convenção (“Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano”) para concluir que as pessoas 
jurídicas não são titulares de direitos convencionais, não podendo ser consideradas possíveis vítimas nos 
processos contenciosos do sistema interamericano. A Corte aduziu que o Direito Internacional dos Direitos 
Humanos desenvolveu-se para assegurar proteção às pessoas físicas e somente reconhecem, por dispositivos 
expressos e excepcionais, direitos a pessoas jurídicas a (i) Convenção Europeia de Direitos Humanos e (ii) a 
Convenção das Nações Unidas pela Eliminação de Toda Forma de Discriminação Racial. Mesmo diante da 
tradição constitucional de vários países da região (inclusive o Brasil) de reconhecer a titularidade de direitos 
essenciais por pessoas jurídicas, a Corte entendeu que a ausência de disposição expressa da Convenção a 
impedia de reconhecer tal titularidade às pessoas jurídicas. 
 
6.4 PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO 
 
29 
O rol do art. 44 do CC/02 não é exaustivo. 
 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações. 
IV - as organizações religiosas; 
V - os partidos políticos. 
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. 
 
Dois grandes grupos: corporações (associações e sociedades) e fundações. 
 
a) Associações: são formadas pela união de indivíduos com propósito de realizar uma finalidade ideal ou não 
econômica (art. 53). Não podem ter finalidade lucrativa. Algumas sociedades desportivas que geravam lucro 
para os seus conselheiros tiveram que se adaptar às regras do novo CC. Associações anteriores que geravam 
lucro viraram sociedades empresárias. 
 
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. 
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. 
 
O ato constitutivo é o estatuto (art. 54), devendo seu registro ser feito no CRPJ. 
 
*Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens 
especiais. 
 
#DOUTRINA: Corroborando o preceito legal, como bem observado por Flávio Tartuce9, foi aprovado o 
Enunciado 577 do CJF/STJ: A possibilidade de instituição de categorias de associados com vantagens especiais 
admite a atribuição de pesos diferenciados ao direito de voto, desde que isso não acarrete a sua supressão em 
relação a matérias previstas no art. 59 do CC. 
 
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: 
I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusãodos 
associados; 
 
9
 (Manual de direito civil: volume único. São Paulo: Método, 2018, p. 172) 
30 
III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V – o modo de 
constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI - as condições para a alteração das disposições 
estatutárias e para a dissolução. 
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. 
 
O órgão máximo de uma associação é a assembleia geral, cujas atribuições estão descritas no art. 59 
do cc. 
 
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: 
I – destituir os administradores; 
II – alterar o estatuto. 
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da 
assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os 
critérios de eleição dos administradores. 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Autonomia das entidades desportivas: a autonomia das entidades desportivas 
não é absoluta. O art. 59 do CC é compatível com a autonomia constitucional conferida aos clubes pelo art. 217, 
I, da CF/88. STF. 1ª Turma. ARE 935482/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 07/02/2017 (Info 853). 
 
Regra geral, nos termos do art. 61, dissolvida a associação, o seu patrimônio será atribuído a 
entidades de fins não econômicos designadas no estatuto ou, omisso este, à instituição municipal, federal ou 
estadual, de fins iguais ou semelhantes. 
 
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, 
as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não 
econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, 
estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. 
§ 1º Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da 
destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as 
contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. 
§ 2º Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, 
instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do 
Estado, do Distrito Federal ou da União. 
 
Nos termos do art. 55 do CC, é possível haver categorias de associados com vantagens especiais, o que 
não se permite é a discriminação dentro de uma mesma categoria. 
31 
 
Finalmente, é digno de nota o cc ter admitido em seu art. 57, desde que haja justa causa, a expulsão 
de um associado, garantida a ampla defesa10. 
 
Esse art. 57 não deve ser aplicado em face de condomínios, na medida em que, refere-se a 
associações. Todavia, existe forte corrente de doutrina (Enunciado 508 da V Jornada), bem como já há posição 
em jurisprudência (Apelação cível 957743-1/TJPR), no sentido de, à luz do princípio da função social, admitir a 
expulsão do condômino nocivo, quando as multas aplicadas se mostrarem insuficientes (art. 1337, parágrafo 
único). Vale acrescentar ainda que essa exclusão pressupõe o respeito à garantia da ampla defesa e a 
propositura de uma ação judicial com essa finalidade. A assembleia autoriza o síndico, representando a 
coletividade, a ajuizar uma ação e quem concretiza a expulsão é o juiz (obrigação de não fazer). 
 
Enunciado 508: Verificando-se que a sanção pecuniária mostrou-se ineficaz, a garantia fundamental da função 
social da propriedade (arts. 5º, XXIII, da CRFB e 1.228, § 1º, do CC) e a vedação ao abuso do direito (arts. 187 e 
1.228, § 2º, do CC) justificam a exclusão do condômino antissocial, desde que a ulterior assembleia prevista na 
parte final do parágrafo único do art. 1.337 do Código Civil delibere a propositura de ação judicial com esse fim, 
asseguradas todas as garantias inerentes ao devido processo legal. 
 
Art. 1337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o 
condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa 
correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a 
gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem. 
Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento antissocial, gerar 
incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar 
multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior 
deliberação da assembleia. 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: APELAÇÃO CÍVEL. CONDOMÍNIO EDILÍCIO VERTICAL. PRELIMINAR. 
INTEMPESTIVIDADE. INOCORRÊNCIA. APELO INTERPOSTO ANTES DA DECISÃO DOS EMBARGOS. RATIFICAÇÃO. 
DESNECESSIDADE. EXCLUSÃO DE CONDÔMINO NOCIVO. LIMITAÇÃO DO DIREITO DE USO/HABITAÇÃO, TÃO-
SOMENTE. POSSIBILIDADE, APÓS ESGOTADA A VIA ADMINISTRATIVA. ASSEMBLÉIA GERAL REALIZADA. 
NOTIFICAÇÕES COM OPORTUNIZAÇÃO DO CONTRADITÓRIO. QUORUM MÍNIMO RESPETITADO (3/4 DOS 
CONDÔMINOS). MULTA REFERENTE AO DÉCUPLO DO VALOR DO CONDOMÍNIO. MEDIDA INSUFICIENTE. 
CONDUTA ANTISSOCIAL CONTUMAZ REITERADA. GRAVES INDÍCIOS DE CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL, 
 
10
Tal temática foi objeto de questionamento da prova do TRF3/2016 em que se considerou correta a seguinte alternativa: 
“É obrigatória a inclusão de norma estatutária nas associações que preveja o direito de recorrer dos associados na 
hipótese de sua exclusão.” 
32 
REDUÇÃO À CONDIÇÃO ANÁLOGA A DE ESCRAVO. CONDÔMINO QUE ALICIAVA CANDIDATAS A EMPREGO DE 
DOMÉSTICAS COM SALÁRIOS ACIMA DO MERCADO, MANTENDO-AS PRESAS E INCOMUNICÁVEIS NA UNIDADE 
CONDOMINIAL. ALTA ROTATIVIDADE DE FUNCIONÁRIAS QUE, INVARIAVELMENTE SAIAM DO EMPREGO 
NOTICIANDO MAUS TRATOS, AGRESSÕES FÍSICAS E VERBAIS, ALÉM DE ASSEDIOS SEXUAIS ENTRE OUTRAS 
ACUSAÇÕES. RETENÇÃO DE DOCUMENTOS. ESCÂNDALOS REITERADOS DENTRO E FORA DO CONDOMÍNIO. 
PRÁTICAS QUE EVOLUIRAM PARA INVESTIDA EM MORADORA MENOR DO CONDOMÍNIO, CONDUTA 
ANTISSOCIAL INADMISSÍVEL QUE IMPÕE PROVIMENTO JURISDICIONAL EFETIVO. CABIMENTO. CLÁUSULA 
GERAL. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. MITIGAÇÃO DO DIREITO DE USO/HABITAÇÃO. DANO MORAL. NÃO 
CONHECIMENTO. MATÉRIA NÃO DEDUZIDA E TAMPOUCO APRECIADA. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS FIXADOS 
EM R$ 6.000,00 (SEIS MIL REAIS). MANTENÇA. PECULIRIDADES DO CASO CONCRETO. SENTENÇA MANTIDA. 
RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - 10ª C.Cível - AC - 957743-1 - Foro Central da Comarca da Região Metropolitana 
de Curitiba - Rel.: Arquelau Araujo Ribas - Unânime - - J. 13.12.2012) 
 
*#CUIDADO #EXCEÇÃO: as organizações religiosas e os partidos políticos, embora tenham natureza 
associativa, foram disciplinados de forma autônoma pelo legislador, com especial propósito de excluí-los do 
prazo legal de adaptação ao CC de 2002. Qual é a consequência da não adaptação ao CC? Não existe um artigo 
específico estabelecendo uma sanção única. As consequências derivam da própria interpretação do sistema. 
Nessa linha, observamos que a ausência de adaptação ao CC, poderá resultar em: impossibilidade de abertura 
de conta bancária, de obtenção e crédito ou financiamento, de participação em licitação, e, ademais, o ente 
passa a atuar de forma irregular, o que poderá resultar na responsabilidade pessoal dos seus sócios ou 
administradores. Pode até haver a desconsideração da personalidade jurídica. 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O Código Civil, ao tratar sobre a responsabilidade das sociedades simples, 
estabelece o seguinte: Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios 
pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais,

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