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DIREITO CIVIL - AULA 12/08/2020 Inadimplemento ° Significa o contrário de adimplemento >> adimplmento = cumprimneto de uma obrigação. ° Inadimplemento da obrigação = inexecução ou descumprimento da obrigação - artigos 389 a 391, CC e 402 e seguintes. INADIMPLEMENTO RELATIVO (também chamado de mora ou inadimplemento parcial): definido pelo critério da utilidade, exemplo,se atrasar o cumprmento da obrigação, mas ainda é útil para o credor receber aquilo que é devido - o atraso fará por força de lei o devedor terá que pagar a quantia com correção monetária e juros legais aqueles que existem quando o contrato não traz a previsão do juros ou o percentual de juros - as partes não convencionaram sobre o juros - Art.406, CC). °Juros convencionados - aqueles previstos no contrato °Juros Legais - aqueles previstos na lei na hipótese destes não estarem previstos no contrato. Art.397: O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor Parágrafo único: Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. >> Ato jurídico, judicial ou extrajudicial, pelo qual é declarada ao devedor a exigência do cumprimento de uma obrigação civil, sob pena de incorrer em mora. Art.395: Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. - regra pertinente ao inadimplemento relativo, parcial ou mora. INADIMPLEMENTO ABSOLUTO/TOTAL: aquele tendo em vista o atraso ocorrido torna-se inútil ao credor receber aquilo que é devido, exemplo, uma empresa é contratada para entregar bebidas em uma festa, porém, esta, não apareceu para efetuar a entrega no dia da festa, não adianta no dia seguinte a empresa querer realizar a entrega, pois, o adimplemento se tornou inútil, tendo o devedor reparar os danos ao credor frustrado. Art.395 - Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos. ° Essa inutilidade não deve ser analisada à luz do que entende o credor (o mero interesse subjetivo do credor), mas sim objetivamente analisada, não importa o interesse do credor, e sim a utilidade do credor com aquela prestação que deveria ser cumprida. >> III Jornada de Direito Civil do CJF - Enunciado 162 - “ A inutilidade da prestação que autoriza a recusa da prestação por parte do credor deverá ser aferida objetivamente, consoante o princípio da boa-fé e a manutenção do sinalagma, e não de acordo com o mero interesse subjetivo do credor”. VISÃO MAIS MODERNA (ALEMÃ) DE ENTENDER O INADIMPLEMENTO PELA BOA-FÉ OBJETIVA: começou a discutir-se se há alguma possibilidade de se considerar que alguém que tenha cumprido formalmente uma obrigação ainda ser considerado inadimplemento. Alguém que cumpriu e agiu nos termos da lei, porém, acabou sendo desleal, ela pode ser considerada como alguém que inadimpliu mesmo diantes do cumprimentos de suas obrigações? Exemplo: vendi um carro parcelado sendo o R$ 300.000,00 o valor do veículo, o devedor já pagou R$ 270.000,00 em dia (paga 70% do bem), mas ainda falta R$ 30.000,00 (10% ainda a ser pago), porém, o devedor não consegue mais pagar: >> Vide art.475,CC: o credor pode cobrar aquilo que é devido com juros (correção monetária) ou considerar extinto o contrato (resolução do contrato por inadimplemento). >> Mas não é justo resolver um contrato tendo em vista que já foi pago 70% do valor do bem e retirá-lo do devedor, considera-se desleal, VIOLA A BOA-FÉ OBJETIVA!! >> Quando se tem um adimplemento pelo devedor de uma parcela muito considerável do preço que faz com que a consequência da perda do bem por ele se torne muito mais IMPACTANTE do que reaver o bem pelo credor ou cobrar os 10%, mas, se optar pelo caminho da resolução do contrato frustrará a boa-fé objetiva, SENDO CONSIDERADO ATO ILÍCITO, assim, quando há adimplemento substancial o adimplemento de uma pequena parte (percentual elevado já pago pelo devedor) AFASTA O INADIMPLEMENTO E CABE AO CREDOR COBRAR OS 10% QUE FALTA A SER PAGO!!. >> Ademais, a boa-fé e a função do contrato exige que as partes cooperem entre si e cheguem a uma resolução do contrato (cheguem ao adimplemento). 421 e 422 (CC) surge essa teoria do adimplemento substancial que mitiga o artigo 475, CC. >> IV Jornada de Direito Civil do CJF - Enunciado 361 - “O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475”. Art.475: A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. >> O uso do art.475 é banalizado em casos de inadimplemento substancial (quando o devedor não consegue pagar apenas uma pequena quantia [critério quantitativo] de uma parcela do bem, sendo que a obrigação já está quase cumprida) em razão de ferir o princípio da boa-fé, pois, analisa apenas o interesse do credor, não preponderando a função social e econômica do contrato, da obrigação e a boa-fé. ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL Dois Filtros >> Filtro objetivo: medida econômica do descumprimento, dentro da relação jurídica vejo quanto foi cumprido entre as partes envolvidas. >> Filtro subjetivo: comportamento das partes no processo contratual (se o devedor pagou e agiu corretamente até o exato momento em que não conseguiu mais pagar ou se é um devedor que vem deixando a desejar desde o início da obrigação). >> Essa teoria do adimplemento substancial não tem sido aceita quando se fala de alienação fiduciária - devo para uma pessoa e dou a propriedade do bem para o credor como garantia, a propriedade ainda continua no meu nome, porém, se eu não cumprir a obrigação, o credor torna-se dono do bem. ° Decisão do STJ sobre o adimplemento substancial envolvendo alienação fiduciária de bens móveis - STJ - REsp: 1622555 MG 2015/0279732-8, Relator: Ministro MARCO BUZZI, Data de Julgamento: 22/02/2017, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 16/03/2017 >> Ao agir contra o que a boa-fé exige, o credor, no exemplo dado anterior, está cometendo um ato ilícito. Art.187,CC -violação da boa-fé - se do ato ilícito resultou um dano,este, já existe desde o dia que o ato ilícito já foi cometido, aquele que causou o ato ilícito tem o dever de pagar o dano a partir do momento que o dano foi causado vide Art.186,CC: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Enquanto não pagar o dano cometido no momento que ocorreu o ato ilícito fica a pessoa em inadimplemento. MORA IRREGULAR:surgequando cometeu um ato ilícito e perdura enquanto não for o dano reparado. MORA = SINÔNIMO DE INADIMPLEMENTO RELATIVO OU PARCIAL, pois, se estou em mora, ainda interessa ao credor receber aquilo que é devido. QUANDO HÁ ABUSO DE DIREITO (agiu além do seu direito, foi além do necessário), DESLEALDADE ou FOI POUCO TRANSPARENTE = cometeu ATO ILÍCITO >> surge a obrigação de reparar o dano. VÍCIOS REDIBITÓRIOS (VÍCIOS OCULTOS): quem entrega alguém com este tipo de vicio tem a obrigação de repará-lo, por exemplo, infiltração no teto que não é muito aparente e o vendedor não avisa e mais tarde o comprador passa a ter problemas com a infiltração que faz cair uma parte do teto, o vendedor deve reparar os danos causados ao comprador, mesmo prestando o devido serviço, pois, esse vício constatado no ap,é considerado algo que não reflete exatamente algo que deveria ter sido entregue, não deixou de cumprir uma obrigação, porém, cumpriu com vícios, um descumprimento que frustra a boa-fé objetiva em razão da conduta que foi desleal ou e não foi transparente tendo em vista os princípios da boa-fé. >> Esse inadimplemento ocorreu em razão de uma conduta que não foi adequada (conduta que foi desleal e não foi transparente). MORA EX RE:aquela que é marcada pelo inadimplemento de uma obrigação consistente em uma conduta positiva (fazer, pagar, dar) e líquida (definida em termos de qualidade - já sei aquilo que devo pagar),por exemplo, dívida líquida com data certa para pagamento, valor e lugar, passado a data o devedor está em mora, mas o credor não precisa notificar em razão da data certa para pagamento. >> ELEMENTOS DA MORA EX RE: obrigação positiva, dívida líquida e termo (data certa para pagamento). >> Exemplo: comprei um celular parcelado em 10x, o devedor pagou a primeira parcela, ao não pagar na data de vencimento a segunda parcela, o devedor já se encontra em mora, significa que ainda é útil para o credor receber os valores, podendo ser esses valores cobrados. MORA EX PERSONA:se não está prevista até quando o devedor tem para cumprir a obrigação (quando não há um termo no contrato especificando uma data para o cumprimento), assim, determina,a lei, que o credor deverá informe extrajudicialmente ou judicialmente que há de ser cumprida a obrigação pelo devedor. DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES Art.389: Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. >> Os honorários advocatícios são considerados como perdas e danos em razão de ter que contratar um adv. para fazer com que o devedor cumpra a obrigação e pague pelos gastos que o credor teve com o processo - esses honorários são contratuais. Art.390: Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster. >> Obrigação negativa = de não fazer, abster-se - nessa obrigação o devedor é considerado inadimplente quando executa o ato. Art.391: Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. >> Art.789,CPC - O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei. DAS PERDAS E DANOS Art.402: Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. >> Se esse dano já foi sofrido, o dano se concretizou, bateram no carro (danos emergentes) e danos cessantes ( o que a pessoa deixou de lucrar em razão do dano - a pessoa é texista e teve que deixar o arro na mecanica durante 2 semanas para ser consertado). Art.403: Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. >> Do ato ilícito ou do dolo não ocorre lucros cessantes , não deve ser reparados. Os danos (decorrente ou lucros cessantes)para serem reparáveis pelo devedor devem ter decorrido diretamente da conduta/inadimplemento (ato ilícito) daquele causou o dano. Art.404: As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional. Art.405: Contam-se os juros de mora desde a citação inicial. >> Correção monetária - desde o ato ilícito (art.404). >> Correção de juros - desde a citação (desde o momento que o credor propor a ação - art.405). COBRANÇAS DE ENCARGOS E PARCELAS EXCESSIVAS IV Jornada de Direito Civil - CJF - Enunciado 354 - “A cobrança de encargos e parcelas indevidas ou abusivas impede a caracterização da mora do devedor”. MORA DO CREDOR Art.394: Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. MORA Art.396: Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora. >> Não havendo inadimplemento do devedor. MORA DO DEVEDOR Mora ex re ou mora automática ° Obrigação positiva ° Líquida ° Com data fixada para o adimplemento Mora ex persona ou mora pendente ° Especificada no art.397,CC Mora irregular ou presumida CONTRATOS BENÉFICOS Art.392: Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. Art.393: O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único: O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Art.398: Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. Art.399: O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviveria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. 3 CASOS (EXEMPLOS) REFERENTES AO ART.399,CC 1) Acontece caso fortuito ou força maior durante o prazo em que a obrigação seria cumprida - ex: está indo entregar vasos de flor até o credor, porém, durante o caminho, uma árvore desaba e fecha a estrada em razão de uma tempestade, este vendedor (devedor) não tem responsabilidade de reparação de perdas e danos. 2) Não entregou o produto no prazo, decide entregar dois dias depois, na data que vai entregar percebe que uma árvore fechou a estrada. O devedor já se encontravainadimplente,ademais, como permitiu o atraso, mesmo havendo um caso fortuito ou força maior, este devedor fica responsabilizado por indenizar o credor, pois, se tivesse cumprido no prazo, talvez, não teria frustrado a entrega. 3) Um vendedor tem a obrigação de entregar um cavalo para um fazendeiro. O vendedor não efetua a entrega do animal na data prevista, encontrando-se em mora. Ele, então, decide efetuar a entrega do cavalo dois dias após a data prevista, porém, começa uma tempestade que inunda o local em que o animal estava e ele acaba morrendo. Analisando apenas está situação o devedor ficaria responsabilizado em indenizar por perdas e danos ao credor, mas, o sítio do credor também alaga e inunda completamente o recinto que ficaria o cavalo, assim, se o devedor comprovar isso, este, fica isento de responsabilidade por perdas e danos. MORA DO CREDOR Art.400: A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação. Exemplo: O devedor tentou efetuar a entrega da coisa, porém, o credor recusa a coisa, ficando este em mora. Assim, vide o enunciado do art.400,CC o devedor fica isento de responsabilidade de conservar a coisa, mas se este fizer o credor fica obrigado a reparar os gatos que o devedor teve para conservá-la, ademais, o credor fica obrigado em aceitar a coisa pelo valor dela no dia em que o pagamento foi feito ou pelo valor que tinha a coisa no dia que a entrega foi realizada, porém, recusada pelo credor. PURGAÇÃO DA MORA X CESSAÇÃO DA MORA Purgação da mora: mesmo estando em atraso ir e cumprir com a parte que me toca. (efeitos ex nunc - não volta) Cessação da mora: acontece quando por qualquer motivo a obrigação é extinta (ex: remissão da dívida, renúncia do credor). (retroage)
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