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28/08/2017 1 Fisioterapia Cardiovascular Prof Msc. Alexandre do Nascimento Justiniano • Especialista em Análises Clínicas (UNIRIO) • Pós-Graduado em Terapia Intensiva(UNESA) • Mestre em Clínica Médica em Terapia Intensiva (HUCFF/UFRJ) • Professor do Curso de Graduação em Fisioterapia da UNESA • Professor do Curso de Pós Graduação em Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em UTI da UNESA, IDOR, IEES ISECENSA, INTERFISIO, UNIVERSO • Fisioterapeuta da Policlínica Militar da Praia Vermelha • Coordenador da Câmara Técnica de Terapia Intensiva CREFITO-2 Objetivos da Disciplina Possibilitar ao graduado a associação dos conhecimentos morfológicos, fisiológicos, cinesiológicos e fisiopatológicos à clínica, semiologia e tratamento das situações cardiovasculares clínicas e/ou cirúrgicas, enfatisando a importância do Fisioterapeuta na equipe multiprofissional em reabilitação cardiovascular. 28/08/2017 2 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA DOENÇA CARDIOVASCULAR As Doenças Cardiovasculares (DCV) representam importante problema de saúde pública em todo o mundo, visto que constituem a principal causa de mortalidade, uma das mais importantes causas de morbidade e demandam altos custos em assistência médica. Não existe uma única causa para a doença coronariana, ou pelo menos ainda não foi encontrado uma. Doenças Coronarianas A pesquisa médica mostrou, por outro lado, que uma gama de fatores pode torná-lo mais suscetível a desenvolver DCV os quais são chamados “ fatores de risco ”. Os estudos epidemiológicos permitiram identificar os Fatores de Risco (FR) associados às doenças cardiovasculares, mais especificamente à Doença Arterial Coronariana (DAC). Foi a partir deste conhecimento, que se passou a utilizá-los com enfoque epidemiológico, tendo como meta a prevenção da DAC. 28/08/2017 3 Fatores de Risco para Doenças Coronarianas Modificáveis Tabagismo Colesterol elevado CE HAS Diabetes Obesidade Stress Falta de exercício Não Modificáveis Fatores genéticos (Por exemplo, um colesterol elevado herdado) Sexo – (Mais homens que mulheres desenvolvem DCV) Idade 28/08/2017 4 Fatores de Risco para Doenças Coronarianas TABAGISMO As estatísticas americanas estimam que o fumo é responsável por 350.000 mortes prematuras a cada ano, a maioria delas por doenças das artérias coronárias. Além disto, o cigarro é a causa primária de câncer de pulmão e de bronquite crônica e está fortemente associado a derrames cerebrais, úlcera péptica, cânceres de laringe, esôfago, bexiga, entre outros. Portanto, o fumo é a maior causa de morte prevenível em todo o mundo. A nicotina e o monóxido de carbono são, dos agentes liberados pelo cigarro, os mais implicados na gênese das doenças coronarianas e suas manifestações. O turbilhonamento do fluxo coronariano causado pela nicotina e a isquemia induzida pelo monóxido de carbono são responsáveis por lesões da camada endotelial, que permitem a entrada de gorduras para as camadas mais internas da parede dos vasos, desencadeando todo o processo. 28/08/2017 5 Fatores de Risco para Doenças Coronarianas HIPERCOLESTEROLEMIA/DISLIPIDEMIA (COLESTEROL ELEVADO) A hipercolesterolemia é muito mais do que uma das causas da aterosclerose , que leva ao estreitamento e ao entupimento das artérias coronárias. O colesterol/triglicerídeos em excesso é o alicerce de todo este processo. Qualquer um pode vir a ter níveis elevados de colesterol no sangue, independente de idade, sexo, ou raça. Mas como esta alteração não determina sinais ou sintomas , as pessoas se surpreendem com este diagnóstico. Doenças Arteriais 28/08/2017 6 Fatores de Risco para Doenças Coronarianas HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA(HAS) Ao lado da hipercolesterolemia e do fumo, os níveis elevados de arterial são um dos mais importantes fatores de risco para doença coronariana. A relação entre os níveis de pressão arterial, principalmente a diastólica (ou mínima), e a incidência de doença coronariana é linear, isto é, quanto mais alta a pressão, maior é o risco do aparecimento da doença. É importante ressaltar que , assim como ocorre com o colesterol, níveis elevados de pressão não necessariamente produzirão sintomas, sendo aconselhável aferições periódicas da pressão arterial. A Organização Mundial da Saúde considera como elevadas as pressões sistólica (ou máxima) maior ou igual a 160mmHg e diastólica maior ou igual a 95mmHg. 28/08/2017 7 Fatores de Risco para Doenças Coronarianas DIABETES Esta é uma doença comum que afeta aproximadamente oito em cada cem pessoas no Brasil. O objetivo do tratamento é manter o nível de glicose no sangue o mais próximo do normal. Entretanto apesar do tratamento, a diabetes pode aumentar o risco para várias doenças circulatórias, incluindo as doenças coronarianas, Isto é particularmente importante para as mulheres porque parece neutralizar o efeito protetor dos hormônios femininos, fazendo com que praticamente a mesma proporção de mulheres e homens com diabetes desenvolvam as DCV. Um bom controle da diabetes, torna os problemas cardíacos e circulatórios menos comuns. Um controle ruim freqüentemente resulta em níveis muito anormais de colesterol, fazendo com que as pessoas com diabetes necessitem de medicações adicionais para controlar este problema. 28/08/2017 8 Fatores de Risco para Doenças Coronarianas OBESIDADE É um fator de risco que , quando associado com colesterol alto e diabetes, ganha grande importância do ponto de vista do desenvolvimento de doenças cardiovasculares e como tal deve ser levado a sério. Perder peso pode ser uma medida de muita importância para o controle de doenças como Diabetes e Hipercolesterolemia, doenças estas intimamente relacionadas ao desenvolvimento e progressão de doenças cardiovasculares. Fatores de Risco para Doenças Coronarianas STRESS (TENSÃO EMOCIONAL) O stress , ou tensão emocional, é um mal que faz muitas pessoas sofrerem. Para as pessoas que têm problemas cardiovasculares ou HAS , o stress pode agravar a doença e dificultar o tratamento. Como não podemos eliminá-lo, devemos aprender a administrá-lo, procurando sempre uma qualidade de vida melhor, para nossos pacientes. 28/08/2017 9 Fatores de Risco para Doenças Coronarianas SEDENTARISMO A maioria das pessoas realiza pouco exercício físico vigoroso durante suas horas de trabalho ou lazer. Atualmente, somente algumas profissões requerem atividade física. A maioria das pessoas andam de carro ou coletivo ao invés de caminhar, andam de elevador ao invés de usar escadas, e permanecem sentadas durante a maior parte de seu tempo livre ao invés de praticarem alguma atividade física. Os benefícios que o exercício nos proporciona vão desde nos sentirmos melhor, aparentarmos fisicamente melhor, realizar melhor nossas atividades diárias, até proteger-nos contra doenças cardiovasculares. Doenças Cardiovasculares 28/08/2017 10 Doenças Cardiovasculares Doenças Cardiovasculares 28/08/2017 11 Síndrome Metabólica A síndrome metabólica é caracterizada por um somatório de distúrbios, sendo diagnosticada quando estão presentes pelo menos três dos seguintes fatores: Hipertensão arterial Resistência a insulina Hiperinsulinemia Intolerância a glicose Diabetes tipo 2 Obesidade Dislipidemia 21 Síndrome Metabólica 28/08/2017 12 Para a prevenção e tratamento desta síndrome, tem sido demonstrada a necessidade de mudança no estilo de vida, por meio de uma alimentação equilibrada e prática regular de atividade física. A inatividade físicapossui uma forte relação com a presença dos componentes da síndrome metabólica, sendo que o exercício físico é um importante fator na prevenção e tratamento desta síndrome, pelo fato de provocar modificações em uma série de respostas fisiológicas como será demonstrado a seguir. 23 Síndrome Metabólica O exercício físico ocasiona diversos efeitos fisiológicos que podem ser classificados como agudos imediatos, agudos tardios e crônicos. Os efeitos agudos são aqueles que ocorrem em associação direta com a sessão de exercício sendo subdivididos em imediatos, quando ocorrem imediatamente após a sessão, ou tardios, quando ocorrem nas 24 a 72 horas após o exercício. Os efeitos crônicos, ou adaptações, são os resultantes da exposição freqüente e regular às sessões de exercício. 24 Adaptações Metabólicas no Exercício Físico 28/08/2017 13 As adaptações ao treinamento são dependentes do tipo, intensidade e duração da atividade desenvolvida: Exercícios aeróbios Melhoria da capacidade de realização de exercício submáximo prolongado Aumento da capacidade aeróbia máxima (VO2máx) Número de capilares, Volume sistólico Hipertrofia do ventrículo esquerdo Quantidade, eficiência e tamanho das mitocôndrias 25 Adaptações Metabólicas no Exercício Físico Exercício de resistência Ganho de força ↑ Resistência e potência muscular ↑ da massa magra ↑ do metabolismo basal e gasto energético Estas adaptações decorrentes dos exercícios promovem impactos diretos nos componentes da síndrome metabólicos. 26 Adaptações Metabólicas no Exercício Físico 28/08/2017 14 ↑ Hormônio do crescimento (GH) ↑ Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) ↑ endorfinas(estão relacionadas à maior tolerância à dor, ao controle do apetite, à redução da ansiedade, da raiva e da tensão) ↓ ganho de gordura visceral Prevenção e tratamento da obesidade Combate à dislipidemia(↑ HDL-c e ↓ triglicerídeos, LDL-c e VLDL-c) Como medida não farmacológica no tratamento da Hipertensão Arterial ↑ Gradual da concentração plasmática de glucagon ↓ Concentrações de insulina 27 Adaptações Metabólicas no Exercício Físico Promove benefícios psicológicos ↑ da captação de glicose (aumento do transporte de glicose na célula muscular) ↓ da resistência à insulina (aumento da sensibilidade da célula à ação da Insulina) 28 Adaptações Metabólicas no Diabetes 28/08/2017 15 Estratificação de Risco para Doenças Coronarianas O teste RISKO apresenta um inventário de risco popular, elaborado pela Michigan Heart Association para orientar os indivíduos segundo a probabilidade de desenvolverem doenças cardiovasculares. Pesquisas mostram que um programa moderado de restrição alimentar, exercícios e modificação comportamental, conseguem reduzir de maneira significativa o risco coronariano dos indivíduos obesos. Sendo que o exercício regular moderadamente intenso é a intervenção mais possante capaz de induzir alterações no perfil dos fatores de risco. Estratificação de Risco para Doenças Coronarianas RISKO - TESTE DE ÍNDICE CORONARIANO Fonte: Michigan Heart Association (livro: Exercício e Treinamento para Saúde e Aptidão). 28/08/2017 16 Idade 10-20 = 1P 21-30=2P 31-40=3P 41-50=4P 51-60=6P 61-70=8P Hereditariedade Nenhuma história reconhecida 1p 1 parente com + de 60 anos com doença cardiovascular 2p 2 parentes com + de 60 anos com doença cardiovascular 3p 1 parente com - de 60 anos com doença cardiovascular 4p 2 parentes com - de 60 anos com doença cardiovascular 6p 3 parente com - de 60 anos com doença cardiovascular 8p Peso + de 2,3kg abaixo do peso padrão 0p - 2,3kg a +2,3kg do peso padrão 1p excesso de peso padrão de 2,7kg-9kg 2p excesso de peso padrão de 9,1kg- 15,8kg 3p excesso de peso padrão de 16,2 kg- 22,6 kg 5p excesso de peso padrão de 23,0 kg- 29,5 kg 7p Fumo Não Fumante 0p Charuto e/ou cachimbo 1p 10 cigarros ou menos por dia 2p 20 cigarros por dia 4p 30 cigarros por dia 6p 40 cigarros ou mais por dia 10p Exercício Esforço Ocupacional e recreacional intenso 1p Esforço Ocupacional e recreacional mo derado 2p Trabalho sedentário e esforço recreacional intenso 3p Trabalho sedentário e esforço recreacional moderado 5p Trabalho sedentário e esforço recreacional leve 6p Ausência completa de qualquer exercício 8p Colesterol ou % de gordura na dieta Colesterol abaixo de 180mg% Ausência de gorduras animais ou sólidas na dieta 1p Colesterol de 181- 205 mg% 10% de gordura animal ou sólida na dieta 2p Colesterol de 206- 231 mg% 20% de gordura animal ou sólida na dieta 3p Colesterol de 231- 255 mg% 30% de gordura animal ou sólida na dieta 4p Colesterol de 256- 280 mg% 40% de gordura animal ou sólida na dieta 5p Colesterol de 281- 330 mg% 50% de gordura animal ou sólida na dieta 7p Pressão arterial Limite superior de 100 1p Limite superior de 120 2p Limite superior de 140 3p Limite superior de 160 4p Limite superior de 180 6p Limite superior de 200 ou mais 8p Sexo Mulher com menos de 40 1p Mulher com 40-50 2p Mulher com mais de 50 3p Homem 5p Homem atarracado 6p Homem careca e atarracado 7p Obs: Para calcular o Peso Padrão: IMC = Peso (kg) / alt x alt (m) Calcular o excesso na Tabela INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DO TESTE 6-11 pontos.........................Risco bem abaixo da média para desenvolver doenças coronarianas 12-17 pontos.........................Risco abaixo da média para desenvolver doenças coronarianas 18-24 pontos.........................Risco na média geral para desenvolver doenças coronarianas 25-31 pontos.........................Risco moderado para desenvolver doenças coronarianas 32-40 pontos.........................Risco em nível perigoso para desenvolver doenças coronarianas 41-60 pontos.........................Risco avançado para desenvolver doenças coronarianas - procurar urgentemente um cardiologista e iniciar mudança de hábitos alimentares e de vida, iniciando um bom programa de atividades físicas regulares. http://fmail3.uol.com.br/cgi-bin/webmail.exe/fisio2.htm http://fmail3.uol.com.br/cgi-bin/webmail.exe/fisio2.htm 28/08/2017 17 Estratificação de Risco para Doenças Coronarianas Estratificação de Risco para Doenças Coronarianas 28/08/2017 18 Recomendações A mudança da lógica assistencial para a promoção da saúde e prevenção de doenças se baseia no conhecimento de agravos prioritários à saúde de determinada população. O Brasil vivenciou na década de '60 evidente mudança no perfil das principais causas de mortalidade quando as Doenças Crônicas Não Transmissíveis passaram a ocupar a posição de principal causa de morte. Dentre as chamadas Doenças Crônicas Não-Transmissíveis destaca-se a Doença Cardiovascular que além da principal causa de morte em nosso meio, constitui-se numa das principais causas de incapacidade e demanda os mais altos custos em assistência médica. Recomendações No tocante a Doença Cardiovascular, experiências postas em prática em outros países demonstram que os melhores resultados são obtidos com ações de saúde pública baseadas em estratégias de Prevenção Primordial e Primária, ou seja, o estímulo a adoção dos chamados hábitos saudáveis de vida prevenindo desta forma o desenvolvimento dos FR e a adequada identificação e controle dos FR para DAC nos indivíduos que já os apresentem. Com o objetivo de reduzir esses altos índices, torna-se necessáriauma ampla conscientização dos profissionais de saúde no sentido de priorizar a integralidade das ações de saúde, que se acrescente aos procedimentos clínicos de rotina medidas de promoção à saúde e de prevenção de doenças. 28/08/2017 19 Recomendações Além disso, é indispensável que se promovam interfaces com as áreas educacional, de políticas de alimentação, de Assistência social e cidadania, legislativa e também com as diferentes formas de mídia, que devem aliar-se na busca deste objetivo comum, uma melhor qualidade de vida para a população. Referências 1.SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA – III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 1998. 2.SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA – II Consenso Brasileiro sobre Dislipidemia, 1996. 3.AMERICAN DIABETES ASOCIATION – The Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes Melitus, 1997. 4.ACHUTTI A, ACHUTTI VR – Fatores de risco para aterosclerose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Vol. 63, N.º 5, 1994.
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