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Titulagem
Fundamentos do Jornalismo – Profª. Me. Suelen D’arc
AULA 23 – 24 de Abril de 2015 
Título 
É a parte textual de maior impacto da matéria e deve ser tratado como tal. 
Nunca use caixa alta (maiúsculas) em títulos, intertítulos, legendas ou texto.
 Não os formate com negritos, itálicos ou sublinhados. 
Não use ponto final ao fim do título.
 Não exceda 65 toques. Seja claro, direto, objetivo — e também atraente e criativo (como em “Brasil-Bolívia: o império contra-ataca com a Alca”). 
Nunca use títulos enigmáticos, particularmente indesejáveis na internet.
Não deixe todo o título entre aspas. 
Evite chamadas genéricas e óbvias, sem informações adicionais. 
Exemplo: “Lula anuncia candidatura e é ovacionado em convenção do PT”.
Instruções gerais
1) O título deve, em poucas palavras, anunciar a informação principal do texto ou descrever com precisão um fato: Governo desiste de aumentar impostos / Assaltantes roubam 500 mil e prendem 12 reféns
2)Procure sempre usar verbo nos títulos: eles ganham em impacto e expressividade. 
3 - Para dar maior força ao título, recorra normalmente ao presente do indicativo, e não ao pretérito: Israelenses e palestinos assinam (e não assinaram) acordo de paz / Reitor chama (e não chamou) polícia para poder trabalhar.  
4 - Nos textos noticiosos, o título deverá obrigatoriamente ser extraído do lead; se isso não for possível, refaça o lead, porque ele não estará incluindo as informações mais importantes da matéria. 
5 - Use inicial maiúscula apenas na primeira palavra do título e nos nomes próprios: Ministro pode ser indiciado / Pacifistas fazem protesto diante da Casa Branca. 
6 - Nenhuma palavra do título poderá ser separada no fim da linha (nem mesmo as ligadas por hífen). 
7 - Evite igualmente partir nomes próprios constituídos de dois ou mais vocábulos. Exemplos: Protesto diante da Casa Branca termina em tumulto / Novo LP de Roberto Carlos bate recorde. 
8 - Não repita palavras na mesma página (à exceção de artigos e preposições).
9 - Evite fórmulas semelhantes de títulos na mesma página (a não ser intencionalmente, para fazer jogo de títulos): O Brasil vai bem, afirma o presidente / Os Estados precisam de recursos, diz o governador.  
10 - Esteja atento para que o título da chamada de primeira página e o da mesma notícia colocada no interior do jornal não sejam rigorosamente iguais. 
11 – Não usa títulos com ponto. Assim, estão vetados exemplos como estes: O Metrô reconhece que errou. E pune seus funcionários / O Brasil joga. Para buscar a classificação.  
12 - A não ser que você faça um título propositadamente centrado, evite deixar muito branco nas linhas (no máximo um ou dois sinais). Da mesma forma, procure tornar o conjunto das linhas harmônico e agradável. 
Instruções específicas
Abreviaturas
Evite abreviar nomes próprios: P. Ferreira, P. Alegre, E. Santo, J. Paulista, C. Verde, R. Carlos, F. Henrique 
Exceção: S. (de São e Santo), como em S. Caetano, S. Catarina, S. Amaro, etc.
Mas, quando possível, use São e Santo por extenso. 
E não abrevie a indicação dos cargos das pessoas, principalmente como recurso para ganhar sinais nos títulos: gen. Almeida, gov. Pereira, alm. Valença. Só são admitidas reduções das formas de tratamento, como dr. Jatene, d. Eugênio, pe. Eurico.
Adjetivação
Adjetivo por mais forte que seja, não substitui a informação específica: Comissão propõe profundas mudanças no IR / Realizado o maior assalto a banco do ano. / Governo baixa medidas duras para tentar conter o déficit. / Média de mortes teve aumento brutal. 
 
Artigo
Pode ser dispensado, na maior parte dos casos, para economizar sinais: Deputado acusa CUT / Peso do pacote divide governo. Conserve obrigatoriamente o artigo, porém, nas formas de valor absoluto, como o maior, o menor, o máximo, o mínimo, os mais velhos, o mais novo, o único, os menos culpados, o menos instruído, o principal, etc.
Artista pelo personagem
Redação que se preze não admite que se use o nome do artista pelo personagem que esteja representando no momento. Exemplos: Cuoco morre no fim / Tarcísio Meira casa com Bruna Lombardi.
Atípicos 
Há títulos atípicos que podem ser jornalísticos e criativos.
Lembre-se, porém, de que são exceção e não a regra: Não, não chega de saudade / A difícil vida fácil / A morte do homem do Brasil / O incrível caso dos encapuzados que atacaram a polícia / Adeus, Joel; bem-vindo, Joel.
Auxiliar
Título auxiliar deve complementar o principal, e não repetir informações nele contidas. 
Veja alguns exemplos de títulos auxiliares bem-feitos (entre parênteses está o título auxiliar): O templo da segurança nacional abre suas portas a Lula e Covas (Com isso, a ESG rompe um comportamento de décadas)
  Vereador paulista renuncia (Câmara triplicou seu salário e ele achou a decisão incorreta) / Museus descobrem fraude (Arte pré-colombiana não passa de obra de artista mexicano). Em contraste, veja um caso em que o título auxiliar repete o principal: Medidas vão reduzir a liquidez (O CMN aprovará amanhã medidas para reduzir o excesso de dinheiro em circulação).
Causa Efeito 
Em alguns casos, especialmente nos relativos a fenômenos meteorológicos, acidentes e outros, admite-se o emprego do efeito pela causa em títulos como: Acidentes matam 20 nas rodovias paulistas / Chuva interrompe o trânsito na Anhangüera / Mau tempo adia a rodada do campeonato / Crise impede a viagem do presidente / Frio eleva preço das verduras. / Coração aposenta jogador aos 20 anos.
Evite, no entanto, casos em que essa relação se torne forçada ou ininteligível: Turbina derrubou o avião do ministro / Ferrovia Norte-Sul já prepara canteiro de obras / Meteorologia antecipa jogo do Santos / Junho pode dar o gatilho, diz assessor do ministro.
Confusão
Os títulos devem ser claros para não provocar nenhum tipo de confusão no espírito do leitor. 
Veja os exemplos seguintes: Em comício de Pedro Almeida lança Gomes para a Presidência / Presos acusados de roubo 
Correção 
É indispensável nos títulos, para evitar exemplos (reais) como: Pernambuco pede DPF para apurar morte de vereador / São Paulo relaxa e permite Juventus empatar por 2 a 2. / Portos parados ameaçam falta de combustível. / Horário de verão começa 6 de outubro em 12 Estados e no DF. /
Dizer
Não use o verbo (nem declarar e afirmar) para entidades, como em: Eletropaulo diz que contas de luz podem estar erradas. Substitua-o por admite, nega, contesta, etc.
E 
Está vetado o uso da conjunção e no início dos títulos, sejam eles principais ou auxiliares: E o governo já admite que vai demitir mais servidores. / As propostas de desapropriação de terras não têm valor jurídico (...) E até a lei do meio ambiente foi desrespeitada. / E a CLT afinal vai mudar.
Encampação 
A menos que o jornal as tenha apurado, as informações devem ser atribuídas a alguém e não encampadas nos títulos. Veja os exemplos: Uruguai não está nem um pouco preocupado / A Terra é um organismo vivo / Lucro já não atrai tanto as empresas. / Renato não pensa em ser o artilheiro. Em todos os casos, obviamente havia alguém dizendo o que consta dos exemplos. Os títulos, porém, fazem que as afirmações passem a ser do jornal.
Excesso
Se os títulos muito telegráficos são condenáveis, da mesma forma produzem má impressão os que têm o efeito contrário: excesso de palavras. Veja como a falha fica patente nos exemplos seguintes, em que detalhes absolutamente secundários tiveram de ser incluídos para que o título satisfizesse a contagem exigida: 
O Brasil é favorito no Torneio de Novos que se inicia hoje em Toulon, na França / Traficante Celsinho da Vila Vintém é preso de madrugada em casa em Padre Miguel / Centro vai ganhar outra rede de varejo, a Luzes Shopping, no local onde ficava a Casa Sloper / Ministério inicia Programa Bom Menino com a presença da primeira-dama do País.
Fato previsto
Mesmo nos fatos previstos,você pode fugir do óbvio. No dia da posse dos governadores, por exemplo, em vez de simplesmente anunciar Governadores tomam posse, há opções como: Governos mudam, ficam as dívidas / Estados falidos dão posse a governadores hoje.
Foi 
Evite o uso de foi nos títulos: é ruim e já está subentendido nos casos em que se recorre ao particípio. Veja como ele é totalmente dispensável: (Foi) Aprovada a estatização dos bancos no Peru / (Foi) Iniciada a corrida aos cargos no governo.
Fracos 
Há títulos fracos para o que pretendem expressar. Eis alguns exemplos: Vaticano divulga seu balanço / Plenário rejeita proposta do PFL / A decisão final do caso dos tratores. 
No primeiro caso, havia a informação de que o Vaticano tivera prejuízo no ano anterior; no segundo, não se diz qual é a proposta do PFL; no terceiro, igualmente, não se revela ao leitor em que consiste a decisão final do caso dos tratores.
Futuro do pretérito 
O antigo condicional não deve ser empregado nos títulos por transmitir ao leitor idéia de insegurança, eventualidade e falta de convicção: Aids teria sido a causa de chacina em SP / Curto-circuito teria causado o incêndio na Paulista / Excesso de informação causaria estresse. 
Uma saída é recorrer a palavras como pode, deve, possível, provável, ameaça, espera e outras que contornem a situação. Há um caso, porém, em que se admite o uso do futuro do pretérito. É quando ele formula uma hipótese: Antecipação agradaria aos vereadores / Ex-ministro afirma que reeditar o Plano Cruzado seria até hilariante.
Gerundio 
Evite o gerúndio nos títulos, seja de notícias, seja de reportagens, artigos, comentários, críticas, crônicas, etc. 
Eis alguns exemplos que mostram não ser essa uma boa fórmula para os títulos: Cartel de Medellín invadindo o Brasil / Uma cidade refazendo seu passado / Chileno corta pulsos a bordo de avião dizendo-se perseguido / Deputado apresenta relatório propondo 4 anos / Desmistificando a onda de violência. 
Ter 
Use o verbo ter nos seus verdadeiros significados, em vez de transformá-lo em mais um curinga dos títulos. Veja exemplos do seu mau emprego: Médicos ingleses têm controvérsias sobre a aids / Crianças têm campanha no colégio sobre eleições / Assassinos de Joana têm 15 anos de cadeia / Fiscais têm 50 denúncias por dia / Senador tem aplauso dos eleitores.
Telegráfos 
Evite ao máximo as formas telegráficas constituídas por um substantivo mais uma data ou sigla. Prefira sempre Copa de 94, e não Copa-94,etc. 
Veja outros exemplos a evitar: Mundial-98, eleições-92, orçamento-SP, déficit-RJ, campanha-89, Campeonato-91, carros GM, etc.
Singular pelo plural 
Há casos em que se pode usar um termo no singular para designar toda uma classe ou categoria. 
Exemplos: Greve de servidor termina hoje / Deputado já ganha mais em São Paulo/ Contribuinte paga mais imposto.
Em muitas ocasiões, porém, o uso do singular poderá dar a idéia de que a notícia se refere a uma só pessoa da classe ou categoria e não a toda ela.
 Veja exemplos reais de títulos que se devem evitar (em todos eles as notícias se referiam à categoria ou a grupos de pessoas): Comissário da Vasp decide manter greve / Passageiro queima ônibus em Itaquera / Camelô dobra os preços de açúcar e sal/ Militar argentino pede anistia ampla/ 
Marginal quebra e incendeia um automóvel/ Banco dispensa acordo com FMI/ Militar cubano desertou em massa, diz general / Jogador faz greve no Fluminense (era o time todo)/ Motorista de táxi ameaça parar/ Menina brasileira se prostitui no Paraguai/ Apoio de governador vira estigma de candidato (o apoio era dos governadores e o estigma, dos candidatos nos Estados) / Estoque de concessionária supera 100 mil (o número é a soma do estoque de todas as concessionárias do País).
Rimas 
Cuidado com as rimas, especialmente em ão, mais notadas pelo som forte: Ministro nega pressão política para demissão / Advogado toma cuidado para não ser incriminado / Barulho na cidade revela insensibilidade.
Sem sujeito 
Em alguns casos, a supressão do sujeito não torna o título enigmático e pode ser aceita: Assassinado ao lado do filho menor / Mordido pelo rival / Condenado a 12 anos sem provas.
Pronome oblíquo 
Evite o pronome oblíquo nos títulos, para não dar ao leitor idéia de sofisticação: Escritor inglês ganha ação contra jornal que o difamou / Ladrões esperam família acordar para assaltá-la.
Muito obrigada!

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