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PLACENTA PRÉVIA − A placenta prévia e o acretismo placentário são causas clinicamente importantes de hemorragia. − Essas condições estão associadas a mortalidade e morbidade perinatais, por: • Aumento de prematuridade • Baixo peso ao nascer • Distúrbios respiratórios • Óbitos perinatais DEFINIÇÃO − Precenta prévia: é a presença de tecido placentário que recobre ou está muito próximo do orifício interior do colo uterino, após 28 semanas CLASSIFICAÇÃO − Placenta prévia: a placenta recobre total ou parcialmente o orifício interno do colo uterino • Antes era denominada placenta centrototal ou centroparcial − Placenta de inserção baixa: a borda placentária se insere no segmento inferior do útero, não chega a atingir o orifício interior e se localiza em um raio de 2cm de distância do orifício interior do útero • Antes era denominada placenta prévia marginal − OBS: o ultrassom transvaginal avalia com mais precisão a distância da placenta do colo uterino − Geralmente, se a placenta recobriu o colo uterino até o segundo semestre, ela não o recobrirá mais no termo. Por isso, o diagnóstico de placenta prévia no segundo trimestre em gestantes assintomáticas deve ser feito com cautela − Durante o trabalho de parto, a posição da placenta em relação ao colo uterino muda. Assim, depois de completar a dilatação, a placenta, antes previa, pode se apresentar de inserção baixa MORBIDADE E MORTALIDADE COMPLICAÇÕES RISCO RELATIVO Histerectomia 33,26% Transfusão sanguínea 10,05% Hemorragia anteparto 9,81% Sepse 5,5% Tromboflebite 4,85% Hemorragia intraparto 2,48% Hemorragia pós-parto 1,86% − Complicações que a placenta prévia trás: • Prematuridade • Restrição do crescimento fetal (RCF) – geralmente é moderada e associada a outros fatores (como etilismo, tabagismo, etc) • Hipóxia e anemia fetal • Há correlação inversa entre a idade gestacional do início do sangramento vaginal e a probabilidade de parto prematuro (quanto mais precoce for o sangramento, maior será o risco de prematuridade) • Há chances de malformações congênitas, embora não se conheça os mecanismos que levam a isso INCIDÊNCIA E FATORES DE RISCO − A incidência da placenta prévia é de 1/200 partos aproximadamente − E um achado ultrassonográfico → 16 – 20 semanas − Fatores de risco • Idade materna avançada • Múltiplas paridades • Gestações múltiplas – 40% a mais de chance • Cesárias prévias o 1 cesária: 4,5% a mais de chance o 2 cesárias: 6,5% o 3 ou mais: 45% • Intervenções uterina anteriores (miomectomia, curetagem) • Tabagismo – dobra as chances FISIOPATOLOGIA − A fisiopato ainda não é totalmente compreendida, mas alguns fatores foram determinados. • A má vascularização do da parte superior do útero pode levar a uma implantação baixa • Deciduação diferente: força o óvulo fecundado a buscar outros locais para sua implantação, oxigenação e nutrição • Interferências no processo de nidação, tornando-a tardia e mais baixa • A cicatriz uterina, resultante de histerectomias anteriores, principalmente cesáreas, pode O acretismo placentário é uma condição caracterizada pela invasão anormal do tecido placentário no miométrio. Esta condição está fortemente associada ao antecedente de cesáreas prévias e à inserção baixa da placenta, chamada placenta prévia Previa lateral Implantação baixa – próxima ao colo do útero, sem atingi-lo (até 07cm do colo) Previa Marginal – atinge o orifício interno do colo do útero, sem recobri-lo Previa centro total – recobre totalmente o orifício. Previa centro parcial – recobre parcialmente o colo uterino predispor a uma implantação placentária na parte inferior do útero • Trofotropismo: A placenta também se aloja mais em locais vascularizados (fundo uterino) • Vasa prévia: A porção do trofoblasto que recobre áreas de menor vascularização (colo uterino) costuma sofrer atrofia e isso permite que vasos sanguíneos fiquem em contato direto com as membranas fetais, sem tecido placentário ou cordão. Se a atrofia for incompleta, pode-se ter uma placenta sucenturiada • Rotura prematura de membranas ovulares (RPMO) • Apresentações fetais anômalas − Com o avanço da gestação, 90% das placentas baixas identificadas no início da gestação “migram” para regiões distantes do colo uterino • A placenta, em si, não se move • O que ocorre é a diferença de crescimento entre os segmentos uterinos superior e inferior o A porção inferior pode aumentar de 0,5cm com 20 semanas de gestação para mais de 5cm no termo • Placentas na porção anterior do útero migram mais frequente e rapidamente que placentas na porção posterior do útero o A velocidade de migração ~2,6mm/semana anteriormente e 1,6mm/semana posteriormente DIAGNÓSTICO − Deve-se sempre suspeitar de placenta prévia em gestantes com sangramento indolor após 24 semanas • A ausência de dor e contrações uterinas são usadas para diagnóstico diferencial com o descolamento prematuro de placenta (DPP) − Caso a paciente apresente dor e contrações, o ultrassom pode ajudar na definição do diagnóstico • Ultrassom é fundamental para o diagnóstico correto DIAGNÓSTICO CLÍNICO Sinais e sintomas − Sangramento vaginal indolor (70-80%) no final do 2° ou início do 3° trimestre, sem motivo aparente, de inicio súbito e cor vermelho vivo • O sangramento se repete, agravando-se a cada episódio − Palpação: útero de consistência normal e indolor − Contrações uterinas (10-20%): são encontradas após episódio hemorrágico, com tônus da musculatura normal dos intervalos − Exame especular: colo uterino normal, com tampão mucoso sanguinolento, coágulo na vagina ou sangramento da cavidade uterina − O toque vaginal deve ser evitado, pois pode ocasionar hemorragias − Índices: • 10% das mulheres são assintomáticas → necessitam de ultrassom para diagnóstico • 33% das gestantes tem sintomas entre 30-36 semanas; outras, somente após 36 semanas • 10% das mulheres atingem o termo sem sangramentos • 90% dos casos de placenta prévia se resolvem sozinhos • Pode-se predizer a persistência da placenta prévia no termo de acordo com duas características observadas nos dois primeiros trimestres: o Se a placenta recobre ou não o orifício interno do colo e. em caso positivo, por qual extensão − A causa de hemorragia está relacionada com formação do segmento inferior do útero, contrações uterinas e dilatação do canal cervical, levando à separação coriodecidual • O sangramento pode ser contínuo ou intermitente • No parto, o sangramento pode aumentar, devido as contrações uterinas • O sangramento costuma ocorrer depois de 20 semanas ULTRASSONOGRAFIA − A maioria dos casos de placenta prévia é diagnosticado por ultrassom − A ultrassonografia transvaginal é superior à transabdominal para o diagnóstico U. Transabdominal U. transvaginal pode ter muitos falso- positivo e falso-negativo, mas é o método mais seguro Maior acurácia para diagnóstico, segura e bem tolerada requer enchimento da bexiga, a qual aproxima a parede anterior e posterior da parte inferior do útero, isso pode resultar em falso diagnóstico A imagem obtida tem melhor resolução Não visualiza adequadamente orifício interior do colo do útero e a borda da placenta Evita que o transdutor tenha contato direto com o colo do útero, evitando sangramentos; OBS: o toque vaginal encosta no colo do úterno, aumento as chances de sangramento A cabeça do feto pode prejudicar a visualização da placenta inferior se for no ultrassom abdominal e uma placenta posterior pode deixar de ser reconhecida como prévia OUTROS MÉTODOS − O eco doppler obstétrico, como já dito anteriormente, está indicado em caso de acretismo, para pesquisa de invasão de estruturas adjacentes, ou se a placenta se inserir sobre cicatrizde cesárea prévia − Ressonância magnética é uma alternativa para diagnóstico de placenta prévia, quando o ultrassom transvaginal é inconclusivo CONDUTA − Em casos de sangramento vaginal ou contrações → internação imediata da gestante + monitorização fetal e materna − Acesso calibroso para manter estabilidade hemodinâmica e debito urinário adequado − Medição de PA e FC a cada 15-60 minutos, a depender da intensidade do sangramento − Exames laboratoriais: • Concentração de hemoglobina e hematócrito a cada 4-6 horas • Tipo sanguíneo • Função renal • Dosagem de eletrólitos • Provas de coagulação caso sangramento abundante − Em mulheres Rh-negativo, deve-se administrar imunoglobulina anti-D − Caso o sangramento ocorra acima de 37 semanas, recomenda-se a interrupção da gestação e parto − Se for anterior a 37 semanas, pode-se adotar uma conduta expectante CONDUTA EXPECTANTE − Uma conduta expectante é menos intensiva que uma conduta rotineira. − Sabe-se que 75% dos sangramentos são autolimitados, sem risco imediato para mãe ou feto. Por isso, em alguns casos, pdoe-se realizar conduta expectate Nesta outra imagem, de um feto mais desenvolvido, observamos a extremidade da placenta se aproximando, mas não recobrindo o orifício interno do colo uterino, o que configura uma placenta prévia baixa ou marginal Nesta imagem, observamos a placenta recobrindo todo o orifício interno do colo uterino, o que configura uma placenta prévia centro-total. Vale ressaltar que o feto, neste ultrassom, não está totalmente desenvolvido, o que pode sugerir que esteja com menos de 28 semanas e que a placenta pode migrar para o fundo uterino antes de chegar a termo Por: Jaleko • Gestante permanece em repouso relativo • Suplementação de ferro elementar (60mg por via oral, 3-4x por dia) • Pode-se realizar acompanhamento domiciliar • Sem atividade sexual • A conduta expectante pode ser realizada caso não haja mais sangramentos por 48hrs • Em 50% dos casos, o parto não precisa ser feito imediatamente, podendo ser postergado por pelo menos mais 4 semanas • Em gestações entre 25 e 34 semanas, na vigência de hemorragia, devem.se administrar conicosteroides de forma individualizada para o amadurecimento pulmonar do feto − A circlagem não é recomendada para tratamento de placenta prévia, por falta de evidências cientificas e estudos conflitantes sobre o assunto • A cerclagem uterina é um procedimento realizado por meio de uma cirurgia, em que costura o colo uterino para evitar o nascimento antes da hora prevista, e é indicada para mulheres que possuem uma insuficiência do colo do útero, que se trata de uma dilatação que pode começar ainda no primeiro ou no segundo trimestre CONDUTA ATIVA − A conduta ativa é sugerida quando há: • Sangramento intenso - O risco de anemia fetal também é maior, devido aos sangramentos • Vitalidade fetal prejudicada • Maturidade fetal comprovada • Idade gestacional acima de 37 semanas − Com o avanço da idade gestacional, há risco aumentado de sangramento vaginal significativo que leve ao parto. • Por esse motivo, é preferível realizar uma cesárea eletiva, interrompendo a gestação acima de 37 semanas − O risco de sangramento durante cesária é alto (>2500ml) em casos de: • Idade materna >35 anos • Cesária anterior • Colo uterino semelhante a esponja (mais de 5 áreas hipoecoicas) o Hipoecoico – reflete com pouca intensidade as ondas advindas do ultrassom CASOS DE FETO MORTO − Em óbito fetal, a cesária esta indicada quando a placenta estiver em contato com o orifício interno do colo do útero – centro total − Nos demais casos, deve-se avaliar alguns itens para se definir a viabilidade do parto vaginal: • Idade gestacional • Número de cesárias prévias • Tempo de óbito • Hemorragia • Alterações do sistema de coagulação • Condições do colo uterino − → placenta prévia não é causa significativa de óbito fetal CUIDADOS NO PARTO − Deve-se fazer ultrassonografia transvaginal pré- operatório − Evita-se cortar a placenta durante a histerectomia ACRETISMO PLACENTÁRIO DEFINIÇÃO − Acretismo placentário é usado para designar 3 condições: 1. Placenta Acreta – esta aderida de forma anômala ao útero 2. Placenta Increta – invade o miométrio 3. Placenta Percreta – invade serosa e órgão adjacente − Fatores de risco • Cesária anterior • Idade materna > 35 anos • Múltiplos partos • Doenças endometriais • Placenta prévia FISIOPATOLOGIA − Os danos endometriais e miometriais provocados por cesárias anteriores são responsáveis pela implantação anormal da placenta − Assim, o trofoblasto invade o miométrio ou perimetrio, podendo seguir para órgãos adjacentes − Sinais e sintomas • O acretismo placentário causa hemorragia profusa, com risco de óbito materno, o qual ocorre após tentativa de separação da placenta • Toda a placenta, ou parte dela, permanece aderida ao útero, não havendo espaço para seccionar e separar a placenta do tecido endometrial • O volume da hemorragia depende da área da placenta que descolou do endométrio • Caso a placenta tenha invadido a bexiga, pode haver hematúria, facilitando diagnóstico DIAGNÓSTICO − O diagnóstico pré-natal é feito por ultrassom, na maioria − Pode-se usar ressonância magnética e doppler como exames alternativos − OBS: • É importante que o diagnóstico seja feito o quanto antes, diminuindo riscos de morte materna e fetal por hemorragia • Gestantes com placenta previa e antecedentes de cirurgia uterina são consideradas de alto risco para acretismo placentário COMPLICAÇÕES − Hemorragia intensa → pode levar a coagulação intravascular disseminada (CIVD) − Síndrome do desconforto respiratório do adulto − Insuficiência renal − Histerectomia periparto e morte materna − Hematúria variável, em casos de invasão da bexiga − Infecção CONDUTA − Histerectomia total abdominal → tratamento ideal • Deve-se evitar ter que fazer histerectomias de emergência, por isso, é importante planejar quando será realizado o procedimento • Pode-se fazer com 36 semanas de gestação, o que diminui possíveis complicações − Não se deve tentar deslocar a placenta, pois isso pode causar hemorragias
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