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PRÁTICAS DE ENSINO PARA LICENCIATURAS Débora Martins de Souza Maria de Lourdes Cardoso da Silva Santos CURSO DE EXTENSÃO EM EAD http://unar.info/ead2 1 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................. 2 Plano de Ensino .............................................................................................................................. 7 Unidade 1 - Considerações sobre Interdisciplinaridade ..................................................... 9 Unidade 2 – Práticas Interdisciplinares .................................................................................. 14 Unidade 3 – Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica: Unidade Unidade 4 – Da crítica à Proposição: Formulação e Execução ...................................... 20 Unidade 5 – Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica: Unidade 6 – Elaborações de Questões: dos princípios aos objetivos do ensino. .... 26 Unidade 7 – Elementos constitutivos da organização curricular da educação básica ............................................................................................................................................................31 Unidade 8 – A formação da identidade da escola: o Projeto Pedagógico ................ 35 Unidade 9 – Organização Curricular: Conceito, Limites, Possibilidades. .................... 38 Unidade 10 – Como considerar a cultura do aluno no ensino: do diagnóstico aos objetivos do ensino ..................................................................................................................... 41 Unidade 11 – Formas para a organização curricular ......................................................... 45 Unidade 12 – A organização do percurso formativo: os espaços e os tempos pedagógicos .................................................................................................................................. 50 Unidade 13 – Formação Básica Comum e Parte Diversificada ....................................... 55 Unidade 14 – Legislação comentada sobre a parte diversificada do currículo ....... 59 Unidade 15 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil .................. 63 Unidade 16 – Práticas Institucionais na educação infantil: o educar e o cuidar ....... 66 Unidade 17 – Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental ............ 69 Unidade 18 – A articulação entre os princípios, objetivos e os saberes dos alunos72 Unidade 19 - Os aspectos estruturantes da organização curricular do ensino fundamental ................................................................................................................................... 76 Unidade 20 – Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio ........................ 80 APRESENTAÇÃO 2 “A experiência é muito importante, mas a experiência de cada um só se transforma em conhecimento através da análise sistemática das práticas. Uma análise que é a análise individual, mas que é também coletiva, ou seja, feita com os colegas, nas escolas e em situações de formação”. Antonio Nóvoa “A análise das práticas é uma forma de investigação, sem vítimas e sem suspeitos, que se esforça, como toda investigação para estabelecer os fatos, explorando e confrontando diversas interpretações.” Philippe Perrenoud “As mudanças educativas, entendidas como uma transformação ao nível das ideias e das práticas, não são repentinas nem lineares. A prática educaiva não começa do zero: quem quiser modificá-la tem de apanhar o processo ‘em andamento’. A inovação não é mais do que uma correcção de trajectória” J. Gimeno Sacristán Caro aluno, O trabalho do professor precisa ser construído como um processo que articula, de forma indissociável, o pensar e o fazer. Para isso, as Práticas de Ensino se anunciam como locus privilegiado para o profissional em educação conceber seu trabalho de forma historicamente contextualizada, buscando, sempre, processos qualitativos de aprendizagem. Sob essa premissa, os programas aqui propostos devem atender às necessidades colocadas pela dinâmica do currículo do Curso e às da Instituição onde serão desenvolvidos, favorecendo o conhecimento e a integração do aluno com a realidade social, educacional e profissional da área da Prática de Ensino. 3 As Práticas de ensino têm como foco formativo o trabalho pedagógico que se realiza em instituições escolares e não escolares, ou seja, nos diversos espaços onde se exerçam práticas educativas. Nessa perspectiva, concebe-se um conjunto de atividades de natureza prático-teórica, que visa a propiciar ao aluno a formação de uma imagem, a partir das múltiplas realidades educacionais encontradas, que lhe sirva como referência para o desenvolvimento de sua prática profissional. Tal formação implica o estudo, a problematização, a reflexão e a proposição de caminhos para o processo de ensino. Busca-se, dessa forma, o desenvolvimento de competências para atuação no ensino, na organização e gestão de sistemas, unidades e projetos educacionais e na produção e difusão do conhecimento, em diversas áreas da educação, tendo a docência como base obrigatória de sua formação e identidade profissional. Ao formular uma proposta para as Práticas de ensino, considera-se um conjunto de competências e habilidades que devem compor o processo formativo do professor. Ressalta-se a importância do conhecimento e análise dos espaços institucionais e não institucionais onde ocorre o ensino e a aprendizagem, assim como das comunidades e culturas em que se inserem. Implica, ainda, a leitura das teorias e práticas pedagógicas presentes nestes espaços educacionais, bem como envolve o conhecimento, a utilização e a avaliação de objetivos, conteúdos, técnicas, métodos e procedimentos pedagógicos referentes ao processo de ensinar e aprender em situações distintas. Na formação de professores, segundo o modelo reflexivo, a Prática de Ensino assume papel de destaque, representando um espaço privilegiado não apenas de aprendizagem, mas de construção do pensamento prático do professor, pois o aluno-mestre tem a oportunidade de observar, analisar, atuar e refletir sobre a realidade com a qual interage. A Prática de Ensino é o eixo central do currículo da formação de professores, ao contrário do modelo da racionalidade técnica que situa a prática 4 no final do currículo. Na perspectiva reflexiva e artística, a prática é o núcleo e a sua volta gira todo o currículo. Ela é mais do que um contexto de aplicação, representa um processo de investigação na ação, onde a complexidade do real direciona a compreensão, o questionamento, a experiência alternativa e a reconstrução da realidade escolar. Objetivos As Práticas de Ensino têm como objetivos: Conhecimento e análise dos espaços institucionais e não institucionais onde ocorre o ensino e a aprendizagem; Leitura das teorias e práticas pedagógicas presentes nos espaços educacionais; Conhecimento, uti l ização e avaliação dos objetivos, conteúdos, técnicas, métodos e procedimentos pedagógicos referentes ao processo de ensino/aprendizagem em situações diversas; Construção de conhecimentos experiências contextualizados e de instrumentos para a intervenção pedagógica; Tematização da prática pedagógica, a partir dos recursos teóricos e experiências, de forma a contemplar a complexidade e a singularidade da natureza da atuação do professor, favorecendo o desenvolvimento de um esti lo pedagógico próprio, mediante a reflexão sobre vivências pessoais, sobre a implicação com o próprio trabalho, sobre as diferentes formas de sentir , sobre as relações estabelecidas na prática educativa; Prática de observação e análise com vistas à compreensão e atuação em situaçõescontextualizadas; Desenvolvimento de parcerias com instituições não governamentais e governamentais em projetos integrados de estágio na formação inicial e na formação continuada; 5 Integração e conhecimento do aluno com a realidade social , econômica e do trabalho de sua área/curso – interlocução com os referenciais teóricos do currículo / aproximação entre as ações propostas pelas discipl inas / áreas / atividades; Iniciação à pesquisa e ao ensino, articulando teoria e prática, na perspectiva de vincular a formação profissional à prática investigativa; Iniciação profissional através da observação, participação em projetos e regência como um saber-fazer orientado pelas teorias práticas pedagógicas; Contribuição para o movimento ação-reflexão-ação, na medida em que oferece elementos para serem discutidos nas discipl inas do currículo. Metodologia As práticas estão organizadas em: leituras de textos; planejamento da ação docente; análise da execução de atividades práticas, de modo que o licenciando possa articular o trabalho teórico com o trabalho prático, reflexivo e investigativo da prática docente. Dado o fato de essa disciplina ser oferecida na modalidade à distância (EAD), incentiva-se a formação de grupos de estudo autônomos, orientados pelo tutor, privilegiando-se a aplicação prática dos pressupostos teóricos desenvolvidos, com vistas à formação de um educador crítico, reflexivo e capaz de interpretar a diversidade e complexidade do contexto escolar. Avaliação Pretende-se avaliar: 6 a expressão escrita nas atividades programadas; o trabalho com a pesquisa bibliográfica e a socialização de estudos e vivência; o empenho na execução das tarefas, de planejamento, elaboração de planos e projetos de ensino; domínio de conteúdos e teorias pedagógicas; No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, sem, entretanto, se caracterizar como a única forma possível e recomendada. Na avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e espaço pré-determinados, diferentemente, a avaliação a distância permite que o aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente, a necessidade de estabelecimento de prazos. A avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os seguintes instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem: Trabalhos individuais, ou a partir da interatividade com seus pares; Provas bimestrais realizadas presencialmente; Trabalhos de pesquisa bibliográfica. As estratégias de aprendizagem dos alunos: Retomada eventual dos conteúdos abordados nas unidades, quando não satisfatoriamente dominados pelo aluno; Elaboração de trabalhos com o objetivo de auxiliar a vivência dos conteúdos. Plano de Ensino 7 Currículo e Interdisciplinaridade: Bases Conceituais e Legais Ementa: Atividades interdisciplinares para articulação entre os conhecimentos estudados na academia e a realidade socioeducacional. Contexto socioeconômico e cultural do entorno escolar. Investigação e interferências das concepções e condições sociais e educacionais da escola. O processo do ensino e da aprendizagem. Programa da Disciplina Currículo e Interdisciplinaridade Condicionantes sociais do diferentes contextos escolares O processo do ensino e da aprendizagem. Bibliografia Básica FAZENDA, I. (org.). Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. SP: Papirus, 2007. VILLA BOAS, B. M. de F. Portfólio, Avaliação e Trabalho Pedagógico. Campinas: Papirus, 2004. ZABALA, A. A prática educativa- como ensinar. PA: Artmed, 2007. Bibliografia Complementar CASTRO, A. D. e CARVALHO, A. M. P. (orgs.). Ensinar a ensinar. SP: Pioneira, 2001. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa, SP, Paz e Terra, 1997. FREITAS, L. C. de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da dialética. Campinas: Papirus, 1996. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. SP: EPU, 1986. . . TARFIF, M. Saberes Docentes e Formação profissional. RJ: Vozes, 2002. 8 Unidade 1 - Considerações sobre Interdisciplinaridade CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Identificar as atividades interdisciplinares que poderão contribuir para articulação entre os conhecimentos estudados na academia e a realidade socioeducacional. ESTUDANDO E REFLETINDO A origem epistemológica da disciplinaridade encontra sua base na ciência moderna, que se sustentou nos princípios das especializações como forma de obtenção da verdade e da autonomia. Essa base histórica do conhecimento científico incorporou-se aos fundamentos da pedagogia moderna e referenciou a organização, predominantemente, arbórea ou radicular dos currículos escolares. Essa visão monolítica e compartimentada dos conhecimentos científicos e escolares começou a receber algumas influências questionadoras a partir dos estudos iniciados em fins do século dezenove e início do século vinte, nos quais se propunha a inclusão de princípios como da indeterminação, da incerteza e da relatividade nas orientações dos processos de elaboração do conhecimento científico. Novas orientações levam a estudos interdisciplinares no campo da ciência, como uma tentativa de recompor as conexões perdidas nos processos de especializações. Sobre esse processo, Gallo afirma que [...] a interdisciplinaridade complexifica-se: fala-se em diversas modalidades, além de uma pluridisciplinaridade, de uma transdisciplinaridade, como forma de conectar os mais diversos campos de saberes e possibilitar sua comunicação, inclusive com a criação de novos campos, não mais disciplinares, mas efetivamente interdisciplinares (GALLO, 2001, p. 19). No campo pedagógico esses debates surgem na forma de se procurar atribuir sentido e conexões entre as diversas disciplinas. Assim, a 9 interdisciplinaridade passa a ser pensada como uma possibilidade de novas organizações do trabalho educativo, com planejamentos coletivos envolvendo professores das diferentes áreas do conhecimento. Muitas definições surgem com o propósito de promover conexões entre os diferentes campos do conhecimento. No espaço concernente aos debates científicos, temos presentes algumas definições para essas terminologias. Nicolescu (2000) nos oferece algumas definições que consideramos contribuições significativas. Por pluridisciplinaridade esse autor define como sendo "o estudo de um objeto de uma mesma e única disciplina por várias disciplinas ao mesmo tempo". Segundo essa interpretação, o tratamento pluridisciplinar não confere transformações à estrutura disciplinar, uma vez que sua contribuição não excede a fronteira da disciplina propositora do estudo; "em outras palavras, a abordagem pluridisciplinar ultrapassa as disciplinas, mas sua finalidade continua inscrita na estrutura da pesquisa disciplinar" (NICOLESCU, 2000, p. 14). Já a interdisciplinaridade tem um propósito diferente, "ela diz respeito à transferência de métodos de uma disciplina para outra". Nela, é possível distinguir três níveis de ação: aplicação (utilização de métodos de uma área do conhecimento em outra), epistemológico (Ex: "a transferência de métodos da lógica formal para o campo do direito produz análises interessantes na epistemologia do direito") e geração de novas disciplinas (Ex: "a transferência de métodos da física de partículas para a astrofísica gerou a cosmologia quântica"). A interdisciplinaridade promove transposição de métodos de análise, porém permanece circunscrita à condição de pesquisa disciplinar. No caso da transdisciplinaridade, propõe-se uma superação da estrutura disciplinar, uma vez que, como afirma Nicolescu, ela "diz respeito àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinase além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento" (2000, p. 15). 10 No caso da escolarização institucionalizada, é necessário ter certa cautela no que diz respeito às diferentes interpretações que se apresentam para as terminologias que dizem respeito à interdisciplinaridade. A simples transposição dos debates existentes no campo da ciência para os processos de organização e operacionalização dos currículos escolares pode promover interpretações pouco úteis para o avanço das práticas pedagógicas. BUSCANDO CONHECIMENTO Nesse sentido, Follari (1995, p.137-139) aponta alguns desafios que podemos adotar como referências para se promover uma ação interdisciplinar no âmbito escolar: 1. manter claro o processo de des-fundamentação pelo qual vem passando a ciência contemporânea e, consequentemente, a concepção de conhecimento escolar; 2. mostrar que a interdisciplinaridade não implica, necessariamente, homologações conceituais de alta coerência; 3. manter viva a ideia de que a interdisciplina é etapa superior das disciplinas e não negação supostamente superadora delas; 4. apoiar-se progressivamente em grupos de pesquisas interdisciplinares; 5. aprender a definir previamente os papéis dos grupos de trabalho; cada detentor de uma profissão deve restringir-se a trazê-la a debate e estar aberto para colocar-se em sintonia com outros saberes, mas não pode extinguir sua própria especificidade; 6. definir os temas socialmente mais relevantes em que o interdisciplinar possa operar e buscar vias institucionais para colocá-las em prática; 7. ter consciência da anarquia epistemológica que percorre a época para entender o pluralismo radical no qual a tarefa deverá ser enfrentada; 11 8. estar disposto ao fracasso momentâneo e à espera, sendo negativo o discurso apologético sobre a interdisciplina que motiva a expectativa de resultados prontos e positivos. Projetando ainda as implicações de uma visão interdisciplinar na dimensão operacional do currículo escolar, destacamos do pensamento de Etges (1995) algumas referências que, na nossa compreensão, poderão conferir racionalidade prática ao trabalho docente, com vistas a uma ação responsável e comprometida com um projeto verdadeiramente consequente e formativo. A interdisciplinaridade na escola não pode consistir na criação de uma mistura de conteúdos ou métodos de diferentes disciplinas. Este procedimento não só destrói o saber posto, mas acaba também com qualquer aprendizagem. Só depois de aprendido e dominado o construto, o educando deve ser encorajado a transcodificá-lo para sua vida cotidiana, para seus irmãos menores, para o grupo de trabalho na escola, para as imagens do computador. (ETGES, 1995, p.81). Sob essa perspectiva, acreditamos ser fundamental para a ação do professor da Educação Básica a compreensão da necessidade de se dotar sua prática de algumas referências macroestruturais que atribuam sentido político e consistência teórica para a efetivação do processo educativo. Unidade 2 – Práticas Interdisciplinares CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Identificar as atividades interdisciplinares que poderão contribuir para articulação entre os conhecimentos estudados na academia e a realidade socioeducacional. Elaborar práticas interdisciplinares em sala de aula, mediadas por jogos; a fim de motivar os alunos e potencializar a aprendizagem. ESTUDANDO E REFLETINDO Após os estudos dos conceitos apresentados na unidade anterior, desenvolva as propostas aqui apresentadas e comunique-se por meio do fórum e do chat, a fim de estruturar uma argumentação própria sobre a temática da interdisciplinaridade. BUSCANDO CONHECIMENTO Questão 1 Leia o texto e responda a questão objetiva a seguir. A resposta supõe o conhecimento sobre o funcionamento da Língua Portuguesa. Portanto, ela tem a dimensão disciplinar, isto é, supõe o domínio apenas um campo disciplinar. Retrato de uma princesa desconhecida Para que ela tivesse um pescoço tão fino Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos Para que a sua espinha fosse tão direita E ela usasse a cabeça tão erguida Com uma tão simples claridade sobre a testa Foram necessárias sucessivas gerações de escravos De corpo dobrado e grossas mãos pacientes Servindo sucessivas gerações de príncipes Ainda um pouco toscos e grosseiros Ávidos cruéis e fraudulentos Foi um imenso desperdiçar de gente Para que ela fosse aquela perfeição Solitária exilada sem destino ( ANDRESEN, S. M. B. Dual. Lisboa: Caminho, 2004. p. 73.) No poema, a autora sugere que: (A) os príncipes e as princesas são naturalmente belos. (B) os príncipes generosos cultivavam a beleza da princesa. (C) a beleza da princesa é desperdiçada pela miscigenação racial. (D) o trabalho compulsório de escravos proporcionou privilégios aos príncipes. (E) o exílio e a solidão são os responsáveis pela manutenção do corpo esbelto da princesa. (Questão do Enade/Pedagogia/2011) Unidade 3 – Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica: Objetivos CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Conhecer as políticas públicas no que se refere à organização curricular, identificando os princípios e os objetivos, bem como a relação entre eles. O aluno deverá compreender as implicações das diretrizes no que se referem ao trabalho do professor em sala. Conhecer as publicações institucionais da organização curricular do Sistema Nacional de Educação. ESTUDANDO E REFLETINDO O aluno deverá realizar a leitura do texto que define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica para, em seguida, desenvolver a questão proposta. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010 (*)1 Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais, e de conformidade com o disposto na alínea “c” do § 1º do artigo 9º da Lei nº 4.024/1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131/1995, nos artigos 36, 36-A, 36-B, 36-C, 36-D, 37, 39, 40, 41 e 42 da Lei nº 9.394/1996, com a redação dada pela Lei nº 1.741/2008, bem como no Decreto nº 5.154/2004, e com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 7/2010, homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado da Educação, publicado no DOU de 9 de julho de 2010. RESOLVE: Art. 1º A presente Resolução define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para o conjunto orgânico, sequencial e articulado das etapas e modalidades da Educação Básica, baseando-se no direito de toda pessoa ao seu pleno desenvolvimento, à preparação para o exercício da cidadania e à qualificação para o trabalho, na vivência e convivência em ambiente educativo, e tendo como fundamento a responsabilidade que o Estado brasileiro, a família e a sociedade têm de garantir a (*) Resolução CNE/CEB 4/2010. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de julho de 2010, Seção 1, p. 824. democratização do acesso, a inclusão, a permanência e a conclusão com sucesso das crianças, dos jovens e adultos na instituição educacional, a aprendizagem para continuidade dos estudos e a extensão da obrigatoriedade e da gratuidade da Educação Básica. TÍTULO I OBJETIVOS Art. 2º Estas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica têm por objetivos: I - sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da Educação Básica contidos na Constituição, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e demais dispositivos legais, traduzindo-os em orientações que contribuam para assegurara formação básica comum nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola; II - estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação, a execução e a avaliação do projeto político-pedagógico da escola de Educação Básica; III - orientar os cursos de formação inicial e continuada de docentes e demais profissionais da Educação Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram, indistintamente da rede a que pertençam. Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais específicas para as etapas e modalidades da Educação Básica devem evidenciar o seu papel de indicador de opções políticas, sociais, culturais, educacionais, e a função da educação, na sua relação com um projeto de Nação, tendo como referência os objetivos constitucionais, fundamentando-se na cidadania e na dignidade da pessoa, o que pressupõe igualdade, liberdade, pluralidade, diversidade, respeito, justiça social, solidariedade e sustentabilidade. BUSCANDO CONHECIMENTO Questão 1 3.1. Leia agora um texto complementar a respeito das Diretrizes Curriculares Nacionais Propósito – elaborar uma síntese sobre os principais objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). As novas diretrizes curriculares nacionais para a educação básica e suas implicações na educação profissional técnica de nível médio Fonte Bibliográfica: Cordão, Francisco Aparecido (B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof., Rio de Janeiro, v. 37, nº 3, set./dez. 2011. “(...) No histórico do Parecer CNE/CEB no 07/2010,48 que estabeleceu as bases para a definição das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, o Conselho Nacional de Educação ressaltou que a necessidade de definição de Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica está posta pela emergência da atualização das políticas educacionais que consubstanciam o direito de todo brasileiro à formação humana e cidadã e à formação profissional, na vivência e convivência em ambiente educativo. A Câmara de Educação Básica apresenta os seguintes objetivos para essas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica: 1. sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da Educação Básica contidos na Constituição, na LDB e nos demais dispositivos legais, traduzindo-os em orientações que contribuam para assegurar a formação básica comum nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola; 2. estimular a reflexão critica e propositiva que deve subsidiara formulação, execução e avaliação do projeto político--pedagógico da escola de Educação Básica; 3. orientar os cursos destinados à formação inicial e continuada de profissionais – docentes, técnicos, funcionários – da Educação Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram, indistintamente da rede a que pertençam. 3. a Educação Básica como direito é considerada, contextualizadamente, em um projeto de Nação, em consonância com os acontecimentos e suas determinações histórico-sociais e políticas no mundo; 4. a dimensão articuladora da integração das Diretrizes Curriculares Nacionais compondo as três etapas e as modalidades da Educação Básica, fundamentadas na indissociabilidade dos conceitos referenciais de cuidar e educar; 5. a promoção e a ampliação do debate sobre a política curricular que orienta a organização da Educação Básica como sistema educacional articulado e integrado; 6. a democratização do acesso, permanência e sucesso escolar com qualidade social, científica e cultural; 7. a articulação da educação escolar com o mundo do trabalho e a prática social; 8. a gestão democrática e a avaliação; 9. a formação e a valorização dos profissionais da educação; 10. o financiamento da educação e o controle social. (...)” 3.2. Agora – Escreva a sua própria síntese (10 linhas): Questão 2 O foco das Diretrizes Curriculares Nacionais é a democratização do ensino, a fim de viabilizar a cidadania, tendo como referência os objetivos constitucionais (1988). Com base no artigo 208 da Constituição atual (citada na questão anterior) e do texto das Diretrizes Curriculares Nacionais, discuta o papel do Estado no processo de democratização da educação. Qual a relação dos princípios das Diretrizes Curriculares como o Projeto de Nação? Unidade 4 – Da crítica à Proposição: Formulação e Execução CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Desenvolver atividades de leituras e de prática que poderão contribuir para articulação da reflexão crítica e propositiva. ESTUDANDO E REFLETINDO Retome o Título I, Dos objetivos, Inciso II, das Diretrizes Curriculares Nacionais, no que se refere ao estímulo da reflexão crítica e propositiva. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010 (*)2 Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica TÍTULO I OBJETIVOS Art. 2º Estas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica têm por objetivos: II - estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação, a execução e a avaliação do projeto político-pedagógico da escola de Educação Básica; BUSCANDO CONHECIMENTO A leitura do texto a seguir ajudará a compreender como o professor poderá desenvolver a reflexão crítica e propositiva na sala de aula: o caminho considera a problematizarão do conhecimento já estabelecido histórico- (*) Resolução CNE/CEB 4/2010. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de julho de 2010, Seção 1, p. 824. socialmente, o que desloca o sujeito para os processos de formulação dos saberes. VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de Educação AEC. Brasília: abril de 1992 (n. 83). (...) Problematização Para a construção do conhecimento, a metodologia na perspectiva dialética vai buscar sua orientação no resgate do próprio processo de construção de conhecimento da humanidade. Ao analisarmos esse processo, percebemos que a produção do conhecimento é resultado da ação do homem por sentir-se problematizado, desafiado pela natureza e pela sociedade, na produção e reprodução da existência. Na origem do conhecimento, está colocado um problema. Do ponto de vista pedagógico, quanto mais próximo for o processo de direção, por parte do educador, do processo de elaboração do conhecimento, maiores serão as probabilidades de uma assimilação eficaz. Mais próximo não significa, necessariamente, "mais concreto", no sentido vulgar (como empírico, palpável) e sim, mais concreto no sentido filosófico (síntese de múltiplas determinações). A situação pedagógica deve, tanto quanto possível, recuperar a situação de elaboração original de conhecimento, onde há uma disposição integral do sujeito (afeto e razão) para conhecer, buscar, procurar, investigar, resolver o problema, decifrar o objeto em estudo. Exige-se esforço, dedicação, atenção, abertura, levando a um prazer, a uma alegria quando se compreende, por se estar conseguindo dominar a realidade. ... a natureza intrínseca do conhecimento, a essência lógica que exprime a sua realidade como fato objetivo, é sempre a mesma: é a capacidade que o ser vivo possui de representar para si o estado do mundo em que se encontra, de reagir a ele conforme a qualidade das percepções que tem, e sempre no sentido de superar os obstáculos, de solucionar as situações problemáticas, que se opõem à finalidade, a princípio inconsciente, de sua sobrevivência como indivíduo e como espécie, mais tarde tornada plenamente consciente na representação do mais desenvolvido dos seres vivos, o homem. Percebemos, portanto, que o desafio, a problematização, é fundamentalpara desencadear a ação de constituição do conhecimento no sujeito. A educação dialética, apropriando-se dessa percepção, procura traduzi-la pedagogicamente para a situação de sala de aula, onde também se coloca a necessidade de construção do conhecimento, respeitadas as devidas diferenças. Pela problematização o educador estabelece contradição com o conhecimento parcial, equivocado, que o aluno traz, possibilitando a superação deste estágio de conhecimento. (...)” Unidade 5 – Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica: Referenciais Conceituais CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Conhecer as políticas públicas no que se refere à organização curricular, identificando os Referenciais Conceituais. O aluno deverá compreender as implicações das Diretrizes no que se referem ao trabalho do professor em sala. Conhecer as publicações institucionais da organização curricular do Sistema Nacional de Educação. ESTUDANDO E REFLETINDO Leia parte das Diretrizes Curriculares que apresenta os Referenciais Conceituais e respondas às questões a seguir: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010 (*)3 Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais, e de conformidade com o disposto na alínea “c” do § 1º do artigo 9º da Lei nº 4.024/1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131/1995, nos artigos 36, 36-A, 36-B, 36-C, 36-D, 37, 39, 40, 41 e 42 da Lei nº 9.394/1996, com a redação dada pela Lei nº 1.741/2008, bem como no Decreto nº 5.154/2004, e com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 7/2010, homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado da Educação, publicado no DOU de 9 de julho de 2010. RESOLVE: Art. 1º A presente Resolução define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para o conjunto orgânico, sequencial e articulado das etapas e modalidades da Educação Básica, baseando-se no direito de toda pessoa ao seu pleno desenvolvimento, à preparação para o exercício da cidadania e à qualificação para o trabalho, na vivência e convivência em ambiente educativo, e tendo como fundamento a responsabilidade que o Estado brasileiro, a família e a sociedade têm de garantir a democratização do acesso, a inclusão, a permanência e a conclusão com sucesso das crianças, dos (*) Resolução CNE/CEB 4/2010. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de julho de 2010, Seção 1, p. 824. jovens e adultos na instituição educacional, a aprendizagem para continuidade dos estudos e a extensão da obrigatoriedade e da gratuidade da Educação Básica. TÍTULO II REFERÊNCIAS CONCEITUAIS Art. 4º As bases que dão sustentação ao projeto nacional de educação responsabilizam o poder público, a família, a sociedade e a escola pela garantia a todos os educandos de um ensino ministrado de acordo com os princípios de: I - igualdade de condições para o acesso, inclusão, permanência e sucesso na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e aos direitos; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma da legislação e das normas dos respectivos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Art. 5º A Educação Básica é direito universal e alicerce indispensável para o exercício da cidadania em plenitude, da qual depende a possibilidade de conquistar todos os demais direitos, definidos na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na legislação ordinária e nas demais disposições que consagram as prerrogativas do cidadão. Art. 6º Na Educação Básica, é necessário considerar as dimensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilidade, buscando recuperar, para a função social desse nível da educação, a sua centralidade, que é o educando, pessoa em formação na sua essência humana. As questões abaixo se referem ao fazer docente e a importância do currículo na escola: dois elementos fundamentais para o desenvolvimento de um projeto nacional de educação. BUSCANDO CONHECIMENTO Questão 1 O fazer docente pressupõe a realização de um conjunto de operações didáticas coordenadas entre si. São o planejamento, a direção do ensino e da aprendizagem e a avaliação, cada uma delas desdobradas em tarefas ou funções didáticas, mas que convergem para a realização do ensino propriamente dito. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2004, p. 72. Considerando que, para desenvolver cada operação didática inerente ao ato de planejar, executar e avaliar, o professor precisa dominar certos conhecimentos didáticos, avalie quais afirmações abaixo se referem a conhecimentos e domínios esperados do professor. I. Conhecimento dos conteúdos da disciplina que leciona, bem como capacidade de abordá-los de modo contextualizado. II. Domínio das técnicas de elaboração de provas objetivas, por se configurarem instrumentos quantitativos precisos e fidedignos. III. Domínio de diferentes métodos e procedimentos de ensino e capacidade de escolhê-los conforme a natureza dos temas a serem tratados e as características dos estudantes. IV. Domínio do conteúdo do livro didático adotado, que deve conter todos os conteúdos a serem trabalhados durante o ano letivo. É correto apenas o que se afirma em (A) I e II. (B) I e III. (C) II e III. (D) II e IV. (E) III e IV. (Enade/Pedagogia 2011) Unidade 6 – Elaborações de Questões: dos princípios aos objetivos do ensino. CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Desenvolver atividades de leituras e de prática que poderão contribuir para articulação dos princípios aos objetivos, bem como elaborar a sequência didática dos conteúdos. ESTUDANDO E REFLETINDO Questão 1 Dando sequência ao quadro já desenvolvido na unidade 4, estabeleça uma relação entre princípios, objetivos e problematização dos conteúdos, alcançando uma prática propositiva: Princípios Objetivos organizacionais (da escola). Objetivos específicos na sala de aula. Problematização dos conteúdos ou da condição da escola Prática Propositiva – remodelação das práticas do senso comum Igualdade de condições para o acesso, inclusão, permanência e scesso na escola. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber. Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas. Respeito à liberdade e aos direitos. Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. Valorização do profissional da educação escolar. Gestão democrática do ensino público, na forma da legislação e das normas dos respectivos sistemas de ensino. Garantia de padrão de qualidade. Valorização da experiência extraescolar. Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. BUSCANDO CONHECIMENTO Questão 2 Faça a leitura do texto complementar sobre os princípios da educação indígena: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA RESOLUÇÃO Nº 5, DE 22 DE JUNHO DE 2012(*) Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica. TÍTULO II DOS PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA Art. 3º Constituem objetivos da Educação Escolar Indígena proporcionar aos indígenas, suas comunidades e povos: I - a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências; II - o acesso às informações, conhecimentos técnicos, científicos e culturais da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-indígenas. Parágrafo único A Educação Escolar Indígena deve se constituir num espaço de construção de relações interétnicas orientadas para a manutenção da pluralidade cultural, pelo reconhecimento de diferentes concepções pedagógicas e pela afirmação dos povos indígenas como sujeitos de direitos. Art. 4º Constituem elementos básicos para a organização, a estrutura e o funcionamento da escola indígena: I - a centralidade do território para o bem viver dos povos indígenas e para seus processos formativos e, portanto, a localização das escolas em terras habitadas por comunidades indígenas, ainda que se estendam por territórios de diversos Estados ou Municípios contíguos; II - a importância das línguas indígenas e dos registros linguísticos específicos do português para o ensino ministrado nas línguas maternas das comunidades indígenas, como uma das formas de preservação da realidade sociolinguística de cada povo; III - a organização escolar própria, nos termos detalhados nesta Resolução; IV - a exclusividade do atendimento a comunidades indígenas por parte de professores indígenas oriundos da respectiva comunidade. Parágrafo único A escola indígena será criada em atendimento à reivindicação ou por iniciativa da comunidade interessada, ou com a anuência da mesma, respeitadas suas formas de representação. Art. 5º Na organização da escola indígena deverá ser considerada a participação de representantes da comunidade, na definição do modelo de organização e gestão, bem como: I - suas estruturas sociais; II - suas práticas socioculturais, religiosas e econômicas; III - suas formas de produção de conhecimento, processos próprios e métodos de ensino-aprendizagem; IV - o uso de materiais didático-pedagógicos produzidos de acordo com o contexto sociocultural de cada povo indígena; V - a necessidade de edificação de escolas com características e padrões construtivos de comum acordo com as comunidades usuárias, ou da predisposição de espaços formativos que atendam aos interesses das comunidades indígenas. Art. 6º Os sistemas de ensino devem assegurar às escolas indígenas estrutura adequada às necessidades dos estudantes e das especificidades pedagógicas da educação diferenciada,garantindo laboratórios, bibliotecas, espaços para atividades esportivas e artístico-culturais,assim como equipamentos que garantam a oferta de uma educação escolar de qualidade sociocultural. Unidade 7 – Elementos constitutivos da organização curricular da educação básica CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE O aluno deverá conhecer quais são os elementos constitutivos para a operacionalização das Diretrizes Curriculares, a saber: o Projeto Político Pedagógico, o Regimento Escolar, o Sistema de Avaliação, a Gestão Democrática, a Organização da Escola, o Professor e o Programa de formação docente. Nesta unidade estaremos discutindo o Projeto Político Pedagógico, o centro da ação sistematizada na escola. ESTUDANDO E REFLETINDO Leitura MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010 (*)4 Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. TÍTULO VII ELEMENTOS CONSTITUTIVOS PARA A ORGANIZAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS GERAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA Art. 42. São elementos constitutivos para a operacionalização destas Diretrizes o projeto político- pedagógico e o regimento escolar; o sistema de avaliação; a gestão democrática e a organização da escola; o professor e o programa de formação docente. CAPÍTULO I O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E O REGIMENTO ESCOLAR Art. 43. O projeto político-pedagógico, interdependentemente da autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira da instituição educacional, representa mais do que um documento, sendo um dos meios de viabilizar a escola democrática para todos e de qualidade social. (*) Resolução CNE/CEB 4/2010. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de julho de 2010, Seção 1, p. 824. § 1º A autonomia da instituição educacional baseia-se na busca de sua identidade, que se expressa na construção de seu projeto pedagógico e do seu regimento escolar, enquanto manifestação de seu ideal de educação e que permite uma nova e democrática ordenação pedagógica das relações escolares. § 2º Cabe à escola, considerada a sua identidade e a de seus sujeitos, articular a formulação do projeto político-pedagógico com os planos de educação – nacional, estadual, municipal –, o contexto em que a escola se situa e as necessidades locais e de seus estudantes. § 3º A missão da unidade escolar, o papel socioeducativo, artístico, cultural, ambiental, as questões de gênero, etnia e diversidade cultural que compõem as ações educativas, a organização e a gestão curricular são componentes integrantes do projeto político-pedagógico, devendo ser previstas as prioridades institucionais que a identificam, definindo o conjunto das ações educativas próprias das etapas da Educação Básica assumidas, de acordo com as especificidades que lhes correspondam, preservando a sua articulação sistêmica. Art. 44. O projeto político-pedagógico, instância de construção coletiva que respeita os sujeitos das aprendizagens, entendidos como cidadãos com direitos à proteção e à participação social, deve contemplar: I - o diagnóstico da realidade concreta dos sujeitos do processo educativo, contextualizados no espaço e no tempo; II - a concepção sobre educação, conhecimento, avaliação da aprendizagem e mobilidade escolar; III - o perfil real dos sujeitos – crianças, jovens e adultos – que justificam e instituem a vida da e na escola, do ponto de vista intelectual, cultural, emocional, afetivo, socioeconômico, como base da reflexão sobre as relações vida-conhecimento-culturaprofessor-estudante e instituição escolar; IV - as bases norteadoras da organização do trabalho pedagógico; V - a definição de qualidade das aprendizagens e, por consequência, da escola, no contexto das desigualdades que se refletem na escola; VI - os fundamentos da gestão democrática, compartilhada e participativa (órgãos colegiados e de representação estudantil); VII - o programa de acompanhamento de acesso, de permanência dos estudantes e de superação da retenção escolar; VIII - o programa de formação inicial e continuada dos profissionais da educação, regentes e não regentes; IX - as ações de acompanhamento sistemático dos resultados do processo de avaliação interna e externa (Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB, Prova Brasil, dados estatísticos, pesquisas sobre os sujeitos da Educação Básica), incluindo dados referentes ao IDEB e/ou que complementem ou substituam os desenvolvidos pelas unidades da federação e outros; X - a concepção da organização do espaço físico da instituição escolar de tal modo que este seja compatível com as características de seus sujeitos, que atenda as normas de acessibilidade, além da natureza e das finalidades da educação, deliberadas e assumidas pela comunidade educacional. Art. 45. O regimento escolar, discutido e aprovado pela comunidade escolar e conhecido por todos, constitui-se em um dos instrumentos de execução do projeto políticopedagógico, com transparência e responsabilidade. Parágrafo único. O regimentoescolar trata da natureza e da finalidade da instituição, da relação da gestão democrática com os órgãos colegiados, das atribuições de seus órgãos e sujeitos, das suas normas pedagógicas, incluindo os critérios de acesso, promoção, mobilidade do estudante, dos direitos e deveres dos seus sujeitos: estudantes, professores, técnicos e funcionários, gestores, famílias, representação estudantil e função das suas instâncias colegiadas. ESTUDANDO E REFLETINDO Questão 1 O quadro abaixo apresenta os elementos constitutivos de Projeto Político Pedagógico. Descreva cada um dos itens apresentados, indicando o que a escola deverá realizar: Projeto Político Pedagógico Elementos constitutivos do Projeto Político Pedagógico Descrição do que a escola deve fazer diante dos elementos constitutivos. Diagnóstico da realidade escolar Concepção de educação. Conhecimento. Avaliação da aprendizagem. Mobilidade escolar. Perfil real dos sujeitos. Bases norteadoras da organização do trabalho pedagógico. Definição de qualidade das aprendizagens. Fundamentos da gestão democrática. Programa de acompanhamento de acesso, de permanência dos estudantes e de superação da retenção escolar. O programa de formação. Ações de acompanhamento sistemático dos resultados do processo de avaliação interna e externa (Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB, Prova Brasil etc. Concepção da organização do espaço físico da instituição escolar. BUSCANDO CONHECIMENTO Questão 2 O regimento escolar trata da natureza e da finalidade da instituição, da relação da gestão democrática com os órgãos colegiados, das atribuições de seus órgãos e sujeitos, das suas normas pedagógicas, incluindo os critérios de acesso, promoção, mobilidade do estudante, dos direitos e deveres dos seus sujeitos: estudantes, professores, técnicos e funcionários, gestores, famílias, representação estudantil e função das suas instâncias colegiadas. Pesquise na internet modelos de Regimento Escolar e faça uma síntese sobre a sua importância no cotidiano da escola: Unidade 8 – A formação da identidade da escola: o Projeto Pedagógico CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE O aluno deverá compreender os processos da formação da identidade organizacional e a elaboração do Projeto Pedagógico. ESTUDANDO E REFLETINDO Como construir a identidade da escola no seu projeto político-pedagógico? Toda escola deve ter uma alma, uma identidade, uma qualidade que a faz ser única para todos que nela passam uma parte de suas vidas... Esse vínculo cognitivo e afetivo deve ser construído a partir das vivências propiciadas a toda a comunidade escolar. E essa preocupação deve estar presente na elaboração do projeto político pedagógico, o qual deve contribuir para criar ou fortalecer a identidade da escola. Quanto a esse aspecto, a comunidade escolar deve levantar as características atuais da escola, suas limitações e possibilidades, os seus elementos identificadores, a imagem que se quer construir quanto a seu papel na comunidade em que está inserida. Esse levantamento dos traços identificadores da escola constitui um diagnóstico que servirá de base para a definição dos objetivos a perseguir, dos conteúdos que devem ser trabalhados, das formas de organização do seu ensino. Algumas questões podem conduzir à realização desse diagnóstico: - Onde está localizada a escola: na zona rural (fazenda, povoado, engenho, assentamento, agrovila, agro-indústria) ou na zona urbana (periferia, centro, condomínio)? - Quais os principais problemas dessa comunidade? - Que formas a escola tem de inserção na comunidade? - Como o seu espaço é utilizado pela comunidade? - Que limitações ou possibilidades a escola percebe nas suas relações com a comunidade? - Quem é o aluno que frequenta a escola? - Há alunos em idade escolar fora da escola na comunidade? - Existem alunos com jornada formal de trabalho? - Como se vêm dando o desempenho escolar dos alunos nos últimos dois anos? - Quais são os índices de aprovação, reprovação e evasão apresentados pela escola? - Qual a relação entre a idade dos alunos e a série que frequentam? - Quem são os profissionais que atuam na escola? - O número de professores é suficiente para atender os alunos? - Qual a qualificação dos professores? - A escola tem funcionários em número suficiente? - Há agentes de apoio pedagógico? - Quais são as condições físicas e materiais da escola? - Quais as condições de uso das dependências escolares? - Como vem sendo utilizado o tempo pedagógico? - Quantas turmas ela atende? - Como são organizadas as classes? - Como está organizado o espaço da escola? - Ele vem se constituindo em espaço de formação da cidadania? Essas e outras questões, a depender do momento e do contexto, poderão ser utilizadas tanto para identificar quanto para avaliar os avanços alcançados pela escola na construção de sua identidade e contemplar essa questão no seu projeto político- pedagógico. Aqui, vale ressaltar um dos grandes problemas que se vive, hoje, no Brasil: a dificuldade de dispor de dados confiáveis que retratem o mais fielmente possível a realidade da educação, sobretudo da educação básica, e que possam servir de apoio a um planejamento exequível. Assim, é necessário que as escolas sejam cuidadosas no levantamento de seus dados, de forma que eles possam de fato indicar como está o seu funcionamento não só para o Censo, como para seu próprio uso, no acompanhamento do seu próprio desempenho. Fonte Bibliográfica: http://www.moodle.ufba.br/mod/book/view.php?id=14550&chapterid=10908. Acesso em 28/08/2014 Questão 2 Em uma reunião do conselho escolar, os participantes definiram, como estratégia de aproximação entre escola e famílias, a realização de visitas às casas dos alunos, a fim de conhecer de perto a realidade em que vivem. Um dos professores foi à casa de Roberto, aluno que apresentava dificuldades de aprendizagem, principalmente em matemática. Lá chegando, viu que se tratava de uma moradia popular, de uma família que não teve oportunidades de estudo. O professor de Roberto, porém, ficou surpreso ao saber que o menino ajudava o pai, feirante, como “caixa” na venda de frutas. Se ele sabia calcular valores e fazer o troco, não havia motivos para ter dificuldades em matemática. Após a visita, o professor começou a pensar em estratégias para desenvolver com Roberto. a. Explique a importância de iniciativas como a desse conselho escolar, em contexto de gestão participativa. b. Descreva outra ação que favoreça uma integração maior entre escola e comunidade e argumente por que essa ação é relevante. (Enade/Pedagogia/2008 Unidade 9 – Organização Curricular: Conceito, Limites, Possibilidades. CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Identificar as atividades que poderão contribuir para recriar a cultura dentro do espaço escolar. Reconstruir as identidades culturais, de modo a valorizar as raízes próprias das diferentes regiões do país. ESTUDANDO E REFLETINDO Leia o texto da legislação sobre a organização curricular: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010 (*)5 Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica TÍTULO V ORGANIZAÇÃO CURRICULAR: CONCEITO, LIMITES, POSSIBILIDADES Art. 11. A escola de Educação Básica é o espaço em que se ressignifica e se recria a cultura herdada, reconstruindo-se as identidades culturais, em que se aprende a valorizar as raízes próprias das diferentes regiões do País. Parágrafo único. Essa concepção de escola exige a superação do rito escolar, desde a construção do currículo até os critérios que orientam a organização do trabalho escolar em sua multidimensionalidade, privilegia trocas, acolhimento e aconchego, para garantiro bem-estar de crianças, adolescentes, jovens e adultos, no relacionamento entre todas as pessoas. Art. 12. Cabe aos sistemas educacionais, em geral, definir o programa de escolas de tempo parcial diurno (matutino ou vespertino), tempo parcial noturno, e tempo integral (turno e contra-turno ou turno único com jornada escolar de 7 horas, no mínimo, durante todo o período letivo), tendo em vista a amplitude do papel socioeducativo atribuído ao conjunto orgânico da Educação Básica, o que requer outra organização e gestão do trabalho pedagógico. § 1º Deve-se ampliar a jornada escolar, em único ou diferentes espaços educativos, nos quais a permanência do estudante vincula-se tanto à quantidade e qualidade do tempo diário de escolarização quanto à diversidade de atividades de aprendizagens. § 2º A jornada em tempo integral com qualidade implica a necessidade da incorporação efetiva e orgânica, no currículo, de atividades e estudos pedagogicamente planejados e acompanhados. § 3º Os cursos em tempo parcial noturno devem estabelecer metodologia adequada às idades, à maturidade e à experiência de aprendizagens, para atenderem aos jovens e adultos em escolarização no tempo regular ou na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. (*) Resolução CNE/CEB 4/2010. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de julho de 2010, Seção 1, p. 824. BUSCANDO CONHECIMENTO Leia o texto a seguir para entender a importância do tempo na organização escolar: TEMPO DE ESCOLA E QUALIDADE NA EDUCAÇÃO PÚBLICA ANA MARIA CAVALIERE. Doutora em Educação e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) . Fonte: Tempo de escola e qualidade na educação pública Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 100 - Especial, p. 1015-1035, out. 2007 Disponível em http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em 28/08/2014 Este trabalho é o resultado da reflexão sobre as relações entre a ampliação do tempo de escola e o incremento da qualidade do trabalho educativo que se realiza dentro dela. No Brasil, cresce o número de projetos na educação básica pública que têm como característica marcante a criação da jornada integral. A partir da abertura política, na década de 1980, algumas experiências ocorreram nessa direção, sendo a de mais longa duração e repercussão a dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), no Rio de Janeiro. A partir da virada do século, com base no artigo 34 da LDB/96, intensifica se o surgimento, nos sistemas públicos estaduais e municipais, de projetos que envolvem o aumento do tempo diário de permanência das crianças e adolescentes nas escolas. Na produção acadêmica brasileira (Maurício, 2002) e também na literatura internacional (Compère, 1997; Testu & Fotinos, 1996; Husti, 1999; Sousa Pinto, 2001), o tempo escolar vem se constituindo como objeto de estudo e é apresentado como um elemento importante no conjunto das reflexões sobre a escola. Neste texto, vamos focalizar a ampliação do tempo escolar, no sentido do tempo diário de permanência dos alunos na escola. Destacamos, entretanto, a existência de outras vertentes, igualmente importantes, como a que envolve a reorganização do tempo de escola em sua lógica pedagógica, sequencial e simbólica – como, por exemplo, na criação dos ciclos de formação. A ampliação do tempo diário de escola pode ser entendida e justificada de diferentes formas: (a) ampliação do tempo como forma de se alcançar melhores resultados da ação escolar sobre os indivíduos, devido à maior exposição desses às práticas e rotinas escolares; (b) ampliação do tempo como adequação da escola às novas condições da vida urbana, das famílias e particularmente da mulher; (c) ampliação do tempo como parte integrante da mudança na própria concepção de educação escolar, isto é, no papel da escola na vida e na formação dos indivíduos. A última das alternativas acima é a que mais desafia o pensamento a uma reflexão educacional abrangente e, de certa forma, engloba as anteriores. Nela, a ampliação do tempo traz questões fundamentais a uma reflexão sobre a educação escolar brasileira, tais como: Que tipo de instituição pública de educação básica a sociedade brasileira precisa? Que funções relativas ao conhecimento cabem à escola, frente aos demais meios de informação e comunicação presentes na vida social? Qual o papel da instituição escolar na formação para a vida em sociedade e para a democracia? Reduzir as potencialidades da ampliação do tempo de escola à busca de mais eficiência nos resultados escolares ou à adaptação às rotinas da vida urbana contemporânea limita os possíveis sentidos ou significados educacionais inovadores dessa ampliação. Entretanto, parece evidente que a maior quantidade de tempo não determina por si só, embora possa propiciar, práticas escolares qualitativamente diferentes. Torna-se então necessário abordar a questão do tempo de escola de forma a ir além da tentativa de resolver os déficits da escola pública brasileira, nos moldes em que hoje ela se estrutura. Um passo inicial parece ser a análise do tempo de escola em sua dimensão sociológica, ou seja, na dimensão que o compreende como tempo social. Tempo na escola e na sociedade A organização social do tempo é um elemento que simultaneamente reflete e constitui as formas organizacionais mais amplas de uma dada sociedade. Dentre os meios de organização do tempo social destaca-se o tempo de escola que, sendo a mais importante referência para a vida das crianças e adolescentes, tem sido, no mundo contemporâneo, um pilar para a organização da vida em família e da sociedade em geral. O tempo é um elemento fundamental para a compreensão não apenas dos processos civilizatórios, num sentido mais amplo, mas também dos processos de criação, acumulação e distribuição de riquezas materiais e simbólicas nas sociedades. Na teoria marxista, ele está presente na determinação do valor da mercadoria, que é função do tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção e, também, na possibilidade de criação da mais-valia, ou seja, de apropriação do tempo excedente convertido em valor. Em Bourdieu (1998a), o tempo aparece na formulação da noção de capital cultural, sendo o elemento imprescindível ao seu processo de incorporação. Nos dois casos, a medida de tempo é parte importante na compreensão de estruturas e representações sociais complexas. Unidade 10 – Como considerar a cultura do aluno no ensino: do diagnóstico aos objetivos do ensino CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Desenvolver exercícios para compreender a relação da cultura no processo de aprendizagem e na organização escolar. ESTUDANDO E REFLETINDO Questão Leia os textos dessa unidade e destaque os principais pontos no que se refere à escola e ao contexto cultural: A cultura escolar como categoria de análise e como campo de investigação na história da educação brasileira Autores: Luciano Mendes de Faria Filho Irlen Antônio Gonçalves Universidade Federal de Minas Gerais Diana Gonçalves Vidal André Luiz Paulilo Fonte Bibliográfica: Educação e Pesquisa, São Paulo, v.30, n.1, p. 139-159, jan./abr. 2004 http://www.scielo.br/pdf/ep/v30n1/a08v30n1.pdf. Acesso em 28/08/2014 Cultura escolar: pequeno mapa de investigações Os estudos desenvolvidos pelos pesquisadores brasileiros que tomam como referência a noção de cultura escolar — seja como categoria de análise, seja como campo de investigação— têm significado, reconhecidamente,uma renovação dos estudos em história da educação brasileira. Tais estudos, no entanto, não significam apenas uma “aplicação”ad limina das teorias ou definições produzidas por pesquisadores estrangeiros. Longe disso, o que se observa aqui é uma grande riqueza de elaboração e uma criatividade acentuada nos processos de apropriação, havendo, inclusive, tentativas de sepropor definições alternativas àquelas trazidas pelos textos anteriormente analisados (Nunes, 1992;Faria Filho, 2003). Assim, o que nos propomos aqui é efetuar um pequeno inventário das pesquisas realizadas no Brasil sobre a temática, agrupando-as de maneira bastante aberta, como afirmado anteriormente, em três grandes eixos norteadores: saberes, conhecimentos e currículos; espaços, tempos e instituições escolares; e materialidade escolar e métodos de ensino.Umas das áreas da história da educação que mais direta e fortemente tem se utilizado dos diversos arcabouços teóricos subjacentes às diversas acepções de cultura escolar e, portanto, das tradições historiográficas que lhes dão suporte, é aquele que se volta para a investigação acerca dos saberes e conhecimentos escolares. Aqui, de forma interessante e criativa, as pesquisas se debruçam pelo menos sobre três grandes focos interdependentes. De um lado, há aqueles que se dedicam a investigar principalmente os impressos pedagógicos e sua importância como estratégia de difusão de modelos e idéias pedagógicos, analisando também as práticas de apropriação a que tais objetos culturais estão sujeitos (Carvalho, 1991, 1998; Biccas, 2001; Souza, 2001; Catani; Bastos,1997). Há, por outro lado, pesquisadores que se voltam mais especificamente para a análise das práticas da leitura e da escrita, sejam estas escolares ou não, interrogando desde o seu ensino e disseminação social, até a presença desses saberes e competências na constituição de subjetividades, nos modos de vida e nas diversas maneiras de estruturação dos sabres e poderes em nossa sociedade (Vidal, 2002; Esteves, 2002). Outra vertente de estudos nesse campo refere-se à história do currículo e das disciplinas escolares (Souza, 2000; Bittencourt, 2003). Um esforço importante tem sido feito para, de certa forma, retirar os estudos a respeito da história do currículo e dos programas de ensino da formalidade e do idealismo a que os mesmos foram submetidos pela tradição historiográfica educacional brasileira. De um lado, ao mostrar o currículo como um campo de forças e ao enfocar os aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos das escolhas efetivadas pelos agentes que intervêm continuamente no processo de escolarização, tais estudos têm contribuído para que tenhamos uma clara visão do quão é dinâmica a cultura escolar. De outra parte, ao lançar luzes sobre as práticas de apropriação das quais, de alto a baixo, os saberes escolarizados são produto, tais investigações nos permitem perceber os constrangimentos sociais e escolares a que os sujeitos escolares estão submetidos e, por outro lado, as artimanhas criativas postas em ação por estes mesmos sujeitos para dar conta de dar sentido às suas ações e, de uma forma mais geral, à própria escola. Noutra vertente de pesquisas, os investigadores têm, cada vez mais, posto o acento sobre as práticas escolares, a materialidade e formalidade da cultura escolar. Nessa direção,ganha relevo um número significativo de trabalhos que tem renovado de forma marcante os estudos sobre os métodos escolares ou pedagógicos no Brasil (Camargo, 1997; Bastos e Faria Filho, 1999; Valdemarin, 1998; Barra,2001; Inácio, 2003; Schelbauer, 2003; Gonçalves,2004). (...) BUSCANDO CONHECIMENTO Percebe-se que os estudos a respeito dos métodos de ensino têm se concentrado sobre a divulgação e apropriação efetuadas pelos sujeitos educacionais brasileiros e por políticos e intelectuais a respeito dos métodos mútuo — a partir da segunda década do século XIX — e intuitivo — a partir dos anos 1960. Tais estudos têm demonstrado a imensa criatividade dos sujeitos em suas práticas de apropriação e, por outro lado, a inserção do Brasil no processo de internacionalização da educação e dos sistemas de ensino. Relacionado aos métodos, importante faceta dos estudos é o fato de eles revelarem os constrangimentos e as possibilidades trazidos pelos materiais à prática escolar. Investigações como aquelas que estudam as práticas de ensino da leitura e da escrita (Vidal; Gvirtz, 1998;Inácio, 2003) estão a nos revelar que a materialidade da escola é fator às vezes preponderante na constituição de determinadas práticas escolares e, sobretudo, constrangem ou estimulam a disseminação social de certos conhecimentos ou competências. Entre as novas temáticas enfocadas pelos estudiosos da cultura escolar brasileira, aquelas relacionadas aos tempos e espaços escolares são, sem dúvida, algumas das mais relevantes. Entre nós é muito recente o interesse por essas dimensões da dinâmica escolar e foi, sem dúvida, com a emergência dos estudos sobre a cultura escolar que elas se constituíram como objetos dignos de atenção por parte dos pesquisadores em história da educação no Brasil. Nesses estudos os pesquisadores buscam jogar luz sobre aspectos das relações dos espaços e tempos escolares com outros aspectos intrínsecos da experiência escolar e, ao mesmo tempo, buscam articulá-los com os tempos e espaços sociais mais amplos (Souza, 1998; Faria Filho; Vago, 2001; Faria Filho; Vidal, 2000). Interessante articulação é feita por alguns estudos entre as culturas escolares e as culturas urbanas, tendo os tempos e espaços escolares como fios condutores da investigação (Nunes, 1992; Bencosta, 2001; Veiga, 2002; Faria Filho, 2002; Silva, 2004). Ao enfocarem a multiplicidade dos projetos, das projeções e dos sentidos instituídos ou apropriados pelos sujeitos escolares em torno dos tempos e espaços escolares e, sobretudo, ao colocarem estas dimensões em íntima relação com as representações e práticas sociais a respeito destas mesmas dimensões estruturantes da vida social e cultural, tais pesquisas têm contribuído para uma desnaturalização da própria instituição escolar no Brasil. Isto não é pouco se considerarmos que até bem pouco tempo as reflexões e pesquisas desenvolvidas em várias áreas da educação, inclusive na história da educação, acabavam por trabalhar e produzir uma representação da escola como uma instituição estática e acabada desde os tempos coloniais. É nessa linha de preocupação que se insere, pelo menos em parte, os diversos estudos que têm sido realizados sobre as relações entre culturas e instituições escolares. Tais estudos (Hilsdorf, 2001; Gatti, 2001) têm demonstrado não apenas que o espaço e o tempo são elementos estruturantes das instituições e experiências escolares, mas também que sujeitos sociais os mais diversos se mobilizam — e mobilizam conhecimentos e experiências de diversas áreas — na pretensão de dotar as instituições escolares de racionalidades ora semelhantes ora distintas de outras instituições e formas de socialização tais como a família, a Igreja e o mundo do trabalho(...) Unidade 11 – Formas para a organização curricular CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Conhecer formas para organizar o currículo, tendo como referência os princípios educacionais, de modo a contribuir para a construção da identidade sociocultural, entendendo os currículos como experiências, formais e informais, que se desdobram em torno do conhecimento acumulado historicamente. ESTUDANDO E REFLETINDO Leia o texto sobre as formas de organização curricular – legislação: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010 (*)6 Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica CAPÍTULO I FORMAS PARA A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR Art. 13. O currículo, assumindo como referência os princípios educacionais garantidos à educação, assegurados no artigo 4º desta Resolução, configura-se como o conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço social e contribuem intensamente para a construção de identidadessocioculturais dos educandos. § 1º O currículo deve difundir os valores fundamentais do interesse social, dos direitos e deveres dos cidadãos, do respeito ao bem comum e à ordem democrática, considerando as condições de escolaridade dos estudantes em cada estabelecimento, a orientação para o trabalho, a promoção de práticas educativas formais e não-formais. § 2º Na organização da proposta curricular, deve-se assegurar o entendimento de currículo como experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos educandos. § 3º A organização do percurso formativo, aberto e contextualizado, deve ser construída em função das peculiaridades do meio e das características, interesses e necessidades dos estudantes, incluindo não só os componentes curriculares centrais obrigatórios, previstos na legislação e nas normas educacionais, mas outros, também, de modo flexível e variável, conforme cada projeto escolar, e assegurando: I - concepção e organização do espaço curricular e físico que se imbriquem e alarguem, incluindo espaços, ambientes e equipamentos que não apenas as salas de aula da escola, mas, igualmente, os espaços de outras escolas e os socioculturais e esportivo recreativos do entorno, da cidade e mesmo da região; (*) Resolução CNE/CEB 4/2010. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de julho de 2010, Seção 1, p. 824. II - ampliação e diversificação dos tempos e espaços curriculares que pressuponham profissionais da educação dispostos a inventar e construir a escola de qualidade social, com responsabilidade compartilhada com as demais autoridades que respondem pela gestão dos órgãos do poder público, na busca de parcerias possíveis e necessárias, até porque educar é responsabilidade da família, do Estado e da sociedade; III - escolha da abordagem didático-pedagógica disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar pela escola, que oriente o projeto político-pedagógico e resulte de pacto estabelecido entre os profissionais da escola, conselhos escolares e comunidade, subsidiando a organização da matriz curricular, a definição de eixos temáticos e a constituição de redes de aprendizagem; IV - compreensão da matriz curricular entendida como propulsora de movimento, dinamismo curricular e educacional, de tal modo que os diferentes campos do conhecimento possam se coadunar com o conjunto de atividades educativas; V - organização da matriz curricular entendida como alternativa operacional que embase a gestão do currículo escolar e represente subsídio para a gestão da escola (na organização do tempo e do espaço curricular, distribuição e controle do tempo dos trabalhos docentes), passo para uma gestão centrada na abordagem interdisciplinar, organizada por eixos temáticos, mediante interlocução entre os diferentes campos do conhecimento; VI - entendimento de que eixos temáticos são uma forma de organizar o trabalho pedagógico, limitando a dispersão do conhecimento, fornecendo o cenário no qual se constroem objetos de estudo, propiciando a concretização da proposta pedagógica centrada na visão interdisciplinar, superando o isolamento das pessoas e a compartimentalização de conteúdos rígidos; VII - estímulo à criação de métodos didático-pedagógicos utilizando-se recursos tecnológicos de informação e comunicação, a serem inseridos no cotidiano escolar, a fim de superar a distância entre estudantes que aprendem a receber informação com rapidez utilizando a linguagem digital e professores que dela ainda não se apropriaram; VIII - constituição de rede de aprendizagem, entendida como um conjunto de ações didático- pedagógicas, com foco na aprendizagem e no gosto de aprender, subsidiada pela consciência de que o processo de comunicação entre estudantes e professores é efetivado por meio de práticas e recursos diversos; IX - adoção de rede de aprendizagem, também, como ferramenta didático-pedagógica relevante nos programas de formação inicial e continuada de profissionais da educação, sendo que esta opção requer planejamento sistemático integrado estabelecido entre sistemas educativos ou conjunto de unidades escolares; § 4º A transversalidade é entendida como uma forma de organizar o trabalho idáticopedagógico em que temas e eixos temáticos são integrados às disciplinas e às áreas ditas convencionais, de forma a estarem presentes em todas elas. § 5º A transversalidade difere da interdisciplinaridade e ambas complementam-se, rejeitando a concepção de conhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto e acabado. § 6º A transversalidade refere-se à dimensão didático-pedagógica, e a interdisciplinaridade, à abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento. BUSCANDO CONHECIMENTO Questão – Discursiva Em uma Escola de Ensino Fundamental, a professora iniciará atividades para trabalhar o conceito de representação, importante para a alfabetização geográfica e desenvolvimento do pensamento histórico. Considerando as situações que contribuem para a construção do conceito em foco, analise as atividades apresentadas a seguir. I - Os alunos devem trazer de casa suas fotos em idades diferentes, ordená-las cronologicamente e explicar as diferenças e semelhanças entre as imagens. Como o professor deverá articular as imagens com a sequência temporal? Quais as implicações dessa atividade com o desenvolvimento do pensamento histórico? II - A professora apresenta quatro fotos de uma casa em tamanhos diferentes e pede para que os alunos as recortem e as ordenem em função da proporcionalidade. Descreva os objetivos da atividade em função do trabalho com a representação, inicialmente proposto na questão. III - Os alunos observam pinturas famosas que retratam pessoas para reproduzi- las e destacar as que mais se aproximam das originais. Quais as implicações conceituais dessa atividade para o ensino de geografia? IV - A professora solicita que os alunos preencham com cores específicas figuras geométricas, as quais se remetem a conteúdos categorizados estudados. As atividades devem trabalhar a elaboração de legendas para codificar conteúdos sistematizados que, de algum modo, já foram classificados. Unidade 12 – A organização do percurso formativo: os espaços e os tempos pedagógicos CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Trabalhar com o tempo e o espaço na perspectiva da pós modernidade, de modo a dimensioná-lo circularmente nas práticas pedagógicas e na organização curricular da escola. ESTUDANDO E REFLETINDO QUESTÕES SOBRE O TEMPO NO ESPAÇO ESCOLAR Fonte Bibliográfica: http://www.ufjf.br/espacoeducacao/files/2009/11/cc07_1.pdf (Acesso em 29/08/2014) Texto foi produzido a partir do projeto Tempos na escola coordenado pela Prof. Luciana Pacheco Marques. Palavras-chave: Espaço – Tempo – Educação Os espaços educacionais se estruturam em torno de certa organização de tempo que na Modernidade foi tão bem disseminado para/em nossas escolas. O tempo demarcado nas escolas sofre subordinação e fragmentação “cíclica” a cada ano através das séries, níveis/etapas, de ciclos e graus de ensino, com o “tempo” certo de iniciar e terminar e dentro deste período com seus doze meses, seus bimestres, suas horas/aula. Intentamos falar de outro tempo, um tempo que está a ser vivido na Atualidade, o agora, o acontecimento e refletir sobre os desdobramentos que isso traria para os espaços educacionais. Trazendo esta discussão para o nosso entendimento sobre a infância, precisamos atualizar nossa maneira de compreendê-la e consequentemente de pensar junto com ela sua educação. Podemos
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