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A condição humana - Hannah Arendt Resumo -convertido (1)

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RESENHA – A Condição Humana, Capítulo II – As Esferas Pública e Privada. 
(De Hanna Arendt.) 
 
Por Isabella S. Brum. 
 
 Para Hannah, a vida e seu conjunto de diversas maneiras de ser vivida, 
necessita indispensavelmente da relação entre seres humanos, isso é: de certa 
forma, todas as atividades humanas são dadas através do fato de que todos os 
seres vivem juntos. Logo, a ação é a única atividade exclusiva dos homens, 
excluindo outros seres humanos e divinos, pois, necessita da permanente 
presença desses mesmos indivíduos. 
 Citando outros autores e pensadores filosóficos, como Aristóteles, Tomás de 
Aquino e Platão, Hannah persiste na perspectiva de que o homem não pode 
viver sem a companhia de outro homem e segue mencionando a ideologia 
grega na qual funda os princípios humanos e suas ações baseadas entre casa 
e família. Ainda nessa mesma política-grega, surge então o conceito de “polis” 
que é nada mais do que as cidades-estado criadas na Grécia Antiga. Com o 
surgimento dessas “polis” o homem passou a ter a sua vida política (bios 
politikos), que consistia numa vida de oposição entre o que é comum (koinon) 
aos cidadãos - no caso a esfera pública dessa política – e aquilo que é próprio 
(idion) – a esfera privada. 
 A partir daí, surge então as duas únicas atividades que se relacionam com a 
vida política mencionada por Aristóteles, a ação (práxis) e o discurso (lexis). 
Apesar da visível diferença entre o significado desses termos, eles se 
relacionam entre si, pois todas as ações políticas – que permanecem fora da 
violência – são realizadas através de palavras. Contudo, a práxis e lexis 
passaram a ser independentes quando ambas chegaram ao caminho da 
persuasão, onde Hannah compara os pontos de vista de Aristóteles e Tomás 
de Aquino em relação ao poder, diálogo, violência e as divergências entre 
chefe de família e chefe do reino. 
 A esfera privada tratava se de um meio aonde apenas o chefe de família 
exercia poder, não havia discursos livres nem racionais. Havia uma grande 
desigualdade, tanto que o chefe de família não era limitado pelas leis, o homem 
era privado de toda e qualquer ação política. Vencer as necessidades da vida 
privada constituía a condição para aceder à vida pública. Só o homem que 
tivesse resolvido todos os assuntos da casa e da família teria disponibilidade 
para participar num reino de liberdade e igualdade sem qualquer impedimento. 
Logo, a esfera pública se referia ao meio comum na vida política das polis, 
através do uso da palavra e persuasão. Hannah tratava a esfera privada como 
uma forma de necessidade e a esfera pública como liberdade, já que, todos 
que viviam fora da polis (mulheres, escravos, crianças e bárbaros) eram 
impedidos de falar e exporem suas opiniões em público. 
Hannah Arendt passou então a mencionar os fatos da oposição entre a esfera 
privada e pública durante a Idade Média, comparando os acontecimentos da 
Grécia com o grande poder da Igreja Católica e o surgimento do feudalismo. O 
senhor feudal aplicava justiça através das leis nas duas esferas enquanto o 
chefe da família grega dominava seus subordinados sem as limitações 
judiciais. 
O social era encontrado tanto na esfera privada de relações da casa e da 
família, como na esfera da participação política. Hannah assimila um fator 
importante que contribuiu para a promoção do social: a subordinação da esfera 
pública aos interesses privados dos indivíduos. 
 Os problemas da família e da casa que se passaram para a política anulou a 
grande oposição polis x oikos. Hannah explica o modelo de governo pós o 
liberalismo, esse modelo consistia numa espécie de “governo de ninguém”, 
onde a burocracia assumia o controle nas relações sociais, uniformizando o 
comportamento humano perante a administração pública. Ela continua 
salientando que este “governo de ninguém” era apenas uma vontade geral que 
poderia conduzir a um poder tirânico que reprimisse a minoria. 
 Deste mesmo modo, no século XX a ação individual de uma racionalidade 
discursiva foi absorvida por uma sociedade que uniformizou o público e privado 
através de uma supremacia do social. A política passou a se preocupar com a 
a esfera privada, contrariando a política grega que Arendt defendia, o social 
privado adquiriu poder político. Hannah afirmava que maior população 
significava maior probabilidade do social monopolizar a esfera pública, esta 
situação poderia conduzir ao totalitarismo, à destruição da política e da própria 
humanidade. 
 A sociedade de massas era guiada pelo labor, aonde o proletário procura a 
subsistência da vida e da família pelo consumo através do trabalho material, 
assim, a promoção social do labor conduziu o espaço público da política a um 
processo de sobrevivência biológica, logo essa promoção do labor a coisa 
pública se incorporou na práxis política. 
 Basicamente, para Hannah o respeito da propriedade privada era o único 
modo de assegurar um lugar próprio e seguro, criticando a má gerência do 
espaço público político na esfera privada denotando que as medidas do 
socialismo e comunismo acentuam mais a decadência da propriedade privada 
e da própria esfera privada. 
 Ela finaliza salientando que desde os primórdios da história até a atualidade, o 
homem buscou esconder as necessidades corporais da subsistência na esfera 
privada. Escravos, mulheres crianças e trabalhadores sempre foram 
marginalizados e mantidos fora do espaço público. Contudo, os movimentos da 
emancipação dos trabalhadores como o sindicalismo e das mulheres o 
feminismo, foram movimentos revolucionários em que as funções corporais e 
os interesses naturais pelo mundo material passaram a ser divulgados 
publicamente. Neste sentido, Arendt realçou o fato dos vestígios restritos da 
intimidade privada, modernamente transformados em interesse público, 
continuem a estar dependentes das necessidades da vida corporal.

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