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Conhecendo a ansiedade: 
os seus transtornos, os cuidados 
relacionados e seu tratamento. 
 
 
 
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito 
debaixo do céu. 
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de 
arrancar o que se plantou; 
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de 
edificar; 
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; 
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, 
e tempo de afastar-se de abraçar; 
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de 
lançar fora; 
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de 
falar; 
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz 
 
 
 
Dedicado ao meu pai Samuel Rodrigues Polakiewicz 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autor: 
 
Rafael Rodrigues Polakiewicz 
Doutorando em Ciências do Cuidado em Saúde. Mestre em Ciências do Cuidado em Saúde 
pela Universidade Federal Fluminense (2018), Especialista em Saúde Mental e Psiquiatria 
pela FAFIA (2014) e Graduado em Enfermagem pela Universidade Federal Fluminense 
(2012). Conteudista na Empresa PEBMED. Tem experiência na área de Enfermagem, 
atuando principalmente nos seguintes temas: Saúde e Direito, Saúde Mental e Psiquiatria, 
saúde coletiva e Pública. Cursando Bacharelado em Direito pela UNESA.(2021). 
 
 
 
1. Introdução 
Não é de hoje que a ansiedade é uma realidade em nossas vidas. No entanto, com o aumento 
da necessidade de se provar eficácia e eficiência diariamente (devido às lógicas de 
produção), os diagnósticos positivos para a ansiedade e seus transtornos tornaram-se uma 
realidade cada vez maior. 
O fenômeno da ansiedade pode aparecer em qualquer área de nossas vidas: no trabalho, na 
escola, nos relacionamentos, dentre outros. Ou seja, em qualquer situação em que haja 
potencial para conflitos. Mas o que é de fato a ansiedade? Muitas pessoas têm essa dúvida 
e, às vezes, é difícil compreender se ela está se apresentando apenas como um sintoma 
natural ou se já está em uma fase em que pode ser caracterizada como doença. 
Quando a ansiedade se apresenta apenas como uma resposta fisiológica aos transtornos do 
meio, ela é entendida como uma medida preparativa de resposta aos conflitos. Já quando 
contempla um conjunto de sinais e sintomas que a definem, é considerada uma doença. Logo, 
para que seja possível ir além nessa diferenciação, um maior entendimento sobre os medos 
também se faz necessário. 
A ansiedade fisiológica deve ser diferenciada do medo. Na ansiedade fisiológica, temos um 
fenômeno que nos prepara para uma situação ainda não vivida. Ou seja, o corpo se prepara 
para responder a um estímulo estressor. É normal as instituições, a família e os 
relacionamentos gerarem este estímulo em nós. Por exemplo, um teste de faculdade ou 
vestibular, uma entrevista de emprego, um encontro amoroso etc. 
O nosso corpo nos gera sensações como sudorese, urgência urinária, angústia, tremor, rubor 
facial, entre outros sinais e sintomas que revelam certa apreensão quanto ao acontecimento 
futuro. Assim, a ansiedade é a presentificação do futuro. Ou seja, uma vez que um 
acontecimento tem uma vaga possibilidade de acontecer, na maioria das vezes, o cérebro 
antecipa os transtornos negativos desse acontecimento no nosso corpo. 
Dessa forma, indubitavelmente, a ansiedade é um fenômeno de preparação. Mas, no que ela 
se diferencia do medo? O medo também é um fenômeno vivido por todos nós e se assemelha 
muito com a ansiedade até nos sinais e sintomas, em situações idênticas. No entanto, no 
medo, a situação necessariamente precisa já ter sido vivenciada pela pessoa. 
O medo está ligado aos transtornos pós-traumáticos. Uma vez que a pessoa passa por uma 
situação crítica, posteriormente, de forma inconsciente, ela não deseja passar por ela 
novamente. É comum, por exemplo, pessoas que se acidentaram de carro terem dificuldade 
 
 
de dirigir o veículo novamente. Outros gatilhos frequentes são filmes e noticiários. Quando os 
assistimos ou ouvimos, nos colocamos na dada situação. Logo, quando existe a possibilidade 
de algo que nos causou estranhamento naquela experiência acontecer na realidade, 
desenvolvemos o medo. 
Na ansiedade, projetamos resultados e experenciamos sensações ruins até o momento do 
acontecimento, às vezes, nunca presenciado por nós anteriormente. E por isso, apesar da 
ansiedade, de certa forma, ser uma sensação preparadora para conflitos, ela pode ser tornar 
um grande problema em nossas vidas. Quando sintomas como sudorese, tremor, 
hiperagitação acontecem, podemos ter simples sintomas de ansiedade. Mas, caso 
atrapalhem a vida cotidiana e apareçam de forma múltipla, temos um transtorno de 
ansiedade. 
Os transtornos de ansiedade foram constituídos a partir de uma conjectura de sinais e 
sintomas bem estabelecidos. Cada transtorno de ansiedade possui uma característica 
comportamental da pessoa em sofrimento psíquico. Podemos ter a ansiedade de forma 
generalizada, compulsiva, obsessiva, entre outras que serão descritas neste material. 
Todos esses transtornos acontecem pelo comportamento de resposta da pessoa ao meio. 
Por esse motivo, temos a prevalência e a incidência da ansiedade muito maior no meio 
urbano do que no rural. Principalmente nos grandes centros, onde a velocidade de resposta 
do ser humano deve ser maior, assim como o estado de vigília e a competitividade. 
Cuidar de si e de pessoas com ansiedade também é um grande desafio. Principalmente, 
porque as necessidades são altamente psíquicas e, por isso, invisíveis. Cuidar do que é 
invisível é muito mais difícil do que cuidar do visível. Dessa maneira, compreender as diversas 
doenças relacionadas à ansiedade e a singularidade do outro pode ser um caminho. 
A ansiedade pode ser um severo transtorno e é possível que esteja relacionada a vários 
problemas de saúde, à internação, à obtenção de diagnóstico, à notícia de adoecimento de 
um familiar ou à morte, entre outras condições. Por isso, os cuidados são específicos e devem 
ser discutidos com todos os profissionais de saúde. 
Sendo assim, buscaremos nesse e-book trazer um pouco do conhecimento sobre os diversos 
tipos de transtorno e os possíveis cuidados que podem ser realizados com pessoas em 
sofrimento psíquico relacionados à ansiedade. É muito importante, desde já, compreender 
que o sofrimento psíquico é subjetivo e que cada pessoa deve ser tratada de uma maneira e 
cuidada sob um olhar específico. 
 
 
A ansiedade é um fenômeno que pode ser tratado, assim como seus transtornos e suas 
complicações. Nesse e-book, disponibilizamos alguns instrumentos com o objetivo de 
identificá-los em diversas fases da vida ou em situações diversas. 
2. Definições sobre Ansiedade 
A ansiedade pode ser um sintoma psíquico severo (como visto anteriormente) ou uma reação 
emocional a vários contextos vividos. No entanto, em qualquer uma dessas possibilidades, 
ela está ligada a diversos sintomas físicos e psíquicos e é considerada um sinal de alarme 
diante de um estímulo perigoso. 
 
Dessa forma, podemos compreender a ansiedade como um mecanismo evolutivo, ou seja, 
que nos ajuda a reconhecer o perigo e a criar possibilidades de defesa. Caso esse 
mecanismo esteja alterado ou desregulado, temos então prejuízo no desempenho social, 
familiar e profissional. 
 
Considerações sobre a Ansiedade e sua Identificação 
 
 Quando a ansiedade deixa de ser um transtorno, ocorrem sentimentos 
desconfortáveis que não se justificam ou que aparentemente não possuem um 
estímulo externo adequado à situação, mas não são um conjunto de sinais e sintomas 
caracterizadores de um transtorno; 
 Na maioria dos casos, não há uma causa específica e clara sobre o transtorno. 
Fatores determinantes de saúde modificam completamente os dados 
epidemiológicos, elevando-os quando em declínio; 
 Sintomas de ansiedade podem estarassociados a diversos transtornos psíquicos. A 
ansiedade, geralmente, precede a instalação do quadro psiquiátrico ou mesmo da 
crise que a antecede; 
 Os transtornos psíquicos ansiosos são os quadros mais comuns entre todos os 
transtornos mentais, seja em adultos ou em crianças. Enquanto sintoma, eles estão 
presentes na maioria dos sofrimentos psíquicos. 
 
Para saber mais: 
 PEBMED: Ansiedade 
 
 
3. O Diagnóstico de Ansiedade 
O diagnóstico de ansiedade é, principalmente, clínico e está relacionado à duração dos 
sintomas, à gravidade do sofrimento, a antecedentes de saúde e ao uso de substâncias ou 
medicamentos. Um diagrama consistente pode ser seguido para que se possa diferenciar a 
conduta diante da ansiedade fisiológica e patológica. 
 
Diagrama de Diagnóstico de Ansiedade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A avaliação diagnóstica deve ser realizada por um profissional competente, e toda a equipe 
de saúde pode desvelar informações para contribuir com a definição de tal problema, visto 
que diversos tipos de acolhimento são realizados por diversos tipos de profissionais. Após a 
pessoa possuir uma orientação sobre seus sintomas, é importante que a equipe fique atenta 
a: 
 Risco de suicídio; 
 Apresentação de outras doenças associadas; 
 Apresentação de sintomas relacionados; 
 Efeitos adversos de medicamentos. 
Doenças associadas aos sintomas de ansiedade 
 Cardiovascular: arritmias, insuficiência cardíaca e síndrome coronariana; 
 Pulmonares: asma, apneia do sono, DPOC e embolia pulmonar; 
 Endocrinologia: hipertireoidismo, hipotiroidismo e hipoglicemia; 
 Neurologia: epilepsia, demência, encefalopatias e cefalalgia; 
 Outras doenças: feocromocitoma, menopausa, anemia, gastrite insônia, entre outros. 
Medicamentos que podem levar ao sintoma de ansiedade 
 Corticoides; 
 Broncodilatadores; 
 Dopaminérgicos: levodopa, metoclopramida e amantadina; 
 Simpaticomimético: adrenalina, efedrina; 
 Anti-histamínicos; 
 Estimulantes, como a cafeína; 
 Digitálicos; 
 Anticolinérgicos, como a meperidina; 
 Antidepressivo; 
 Retirada de antidepressivo ou outras substâncias; 
 Bloqueadores do canal de cálcio; 
 Anticonvulsivantes. 
 
 
 
 
 
 
 
4. Tipos de Transtorno de Ansiedade 
Alguns transtornos de ansiedade são mais comuns, mas se relacionam com outros 
transtornos de ansiedade, agravando o referente quadro. 
 
Transtornos Fóbico-Ansiosos 
 
É um grupo de transtornos que apresenta ansiedade aumentada diante de situações que não 
apresentam nenhum problema ou perigo real, como tremor e preocupações excessivas; 
palpitações; síncopes; sentimento de morte, de diminuição do autocontrole ou de loucura. 
Dentre esses transtornos, podemos encontrar: 
 
● Agorafobia: a pessoa não consegue sair de casa e é acometida por um sentimento 
de medo diante de multidão ou locais movimentados (ônibus, trens, locais, entre 
outros); 
● Fobias sociais: dificuldade de exposição a situações sociais. A pessoa apresenta 
diminuição da autoestima e receio a críticas. Rubor, tremor, náusea e vômito são 
alguns dos sintomas; 
● Fobias específicas: muitas fobias são isoladas e direcionadas a animais, altura, 
alimentos, a certos profissionais, entre tantas outras coisas, mesmo que estas não 
causem risco à pessoa. Diante da situação, há um alto nível de ansiedade. 
Outros Transtornos Ansiosos 
Essencialmente, são caracterizados por uma manifestação ansiosa. A presença de sintomas 
de depressão e obsessão é comum e alguma ansiedade fóbica também pode estar 
relacionada, mas a gravidade é baixa. 
● Transtorno de pânico: caracteriza-se por uma ansiedade grave, denominada ataque 
de pânico. A pessoa sente palpitações, angústia, dores no peito, dificuldade de 
respirar, sensação de morte e necessidade de se proteger; 
 
● Ansiedade generalizada: não ocorre apenas em uma situação, mas em todos os 
momentos praticamente. Os sintomas são tensão muscular, tremor, angústia, 
sudorese, acatisia, desconforto gastrointestinal, náusea, vômitos, taquicardia, 
sensação de vazio existencial. 
 
 
 
 
● Transtorno misto e depressivo e outros transtornos: quando a pessoa apresenta 
ansiedade e depressão ao mesmo tempo. A sintomatologia é branda e, caso os 
sintomas da doença aumentem, a ansiedade ou a depressão deve ser avaliada como 
fonte primária. Transtornos relacionados à histeria e fobia podem estar relacionados; 
● Transtorno obsessivo-compulsivo: um alto nível de ansiedade está ligado a ideias 
obsessivas, com impulsos que tomam a inconsciência e a consciência, gerando um 
comportamento repetitivo e estereotipado. A pessoa sofre muito e, geralmente, tenta 
resistir, mas não consegue êxito. Não há prazer em realizar o comportamento 
repetitivo, por mais que o objetivo seja evitar um possível mal. A esse tipo de 
transtorno, a ansiedade está sempre ligada. Pode haver dificuldade de tomar decisões 
cotidianas, de se relacionar com a limpeza excessiva e outras condições. 
Outros Transtornos Que Se Associam Diretamente Com A Ansiedade 
Diversos transtornos ligam-se diretamente com os transtornos de ansiedade, como transtorno 
afetivo bipolar, transtornos diversos de personalidade, esquizofrenia, transtornos 
relacionados ao uso de substâncias psicoativas, transtornos sociais relacionados à utilização 
de games e internet, ao trabalho, à alimentação, a problemas sexuais, etc. 
5. Tratamento da Ansiedade 
São muitas as condições que podem levar ao desenvolvimento de quadros com sintoma ou 
transtorno de ansiedade. Logo, as opções de tratamento são variadas. Desde psicoterapias 
até tratamento medicamentoso, passando por medicina alternativa e atividade física. 
 
Dentre as muitas psicoterapias que existem, a cognitivo-comportamental é uma das mais 
usadas. Seus principais tipos são: psicanálise freudiana, psicanálise junguiana, terapia 
cognitivo-comportamental, terapia de Gestalt, constelação familiar, behaviorismo, escola de 
reich, terapia transpessoal e mindfulness. 
 
O mais importante destas terapias é que elas podem ajudar os pacientes a encontrar os 
motivos reais para o seu atual estado. Muitas vezes, um acontecimento na infância, no 
ambiente laboral ou na escola desenvolve uma série de eventos que acabam levando a 
pessoa um quadro permanente de ansiedade. De acordo com a sua especialidade, então, o 
profissional responsável pode conduzir o seu paciente a um possível caminho de 
esclarecimento e resolução das questões desencadeadoras de toda a patologia. 
 
 
 
O corpo e as terapias alternativas são um caminho para a diminuição da ansiedade. Estudos 
revelam que atividade física se comparam ao uso de medicamentos. As terapias alternativas 
também revelam ótimos resultados. A medicina oriental, por exemplo, é muito antiga e possui 
numerosas evidências científicas que mostram ótimos resultados quando aplicada para 
ajudar neste tipo de tratamento. Artes marciais, acupuntura, ioga e outras atividades são 
alguns exemplos. 
Em ambientes hospitalares ou institucionalizados, algumas medidas podem ser tomadas por 
profissionais para ajudar no tratamento da ansiedade. No entanto, uma delas é muito pouco 
desenvolvida: a comunicação terapêutica. A pessoa hospitalizada já se encontra em um 
ambiente, muitas vezes, considerado hostil, rodeado de estranhos. Logo, o esclarecimento 
da situação de saúde, da rotina, dos procedimentos que serão utilizados, o acolhimento e a 
empatia são ótimos aliados do enfermeiro no processo de cuidado a pessoas em sofrimento 
psíquico relacionado à ansiedade. 
 
Por exemplo, a pessoa que recebe um diagnóstico de câncer ou outra doença, 
conjuntamente, pode desenvolver ansiedade. O uso de substâncias e até mesmo a ansiedade 
sem comorbidade necessita de um acolhimento diferenciado do profissional. As doenças 
psíquicas, para serem trabalhadas, necessitam da compreensão subjetiva do profissional. 
 
TratamentoFarmacológico 
O tratamento farmacológico para os transtornos de ansiedade é completamente diferente do 
tratamento para os sintomas de ansiedade. Devemos considerar que o tratamento 
farmacológico para os transtornos de ansiedade considera um conjunto de sinais e sintomas. 
Os medicamentos para esse fim, buscam gerar conforto e alívio dos múltiplos sintomas. Isso 
difere de cuidar de sintomas isolados da doença que podem ser remediados sem a presença 
de medicamentos por exemplo. 
 
No tratamento medicamentoso, deve ser considerada a resposta do fármaco a cada 
organismo, a tolerância do paciente, a história familiar do uso do fármaco e o custo do 
medicamento. Efeitos adversos e a adaptação ao fármaco devem ser avaliados, 
periodicamente, pela a equipe de saúde. Sempre é possível buscar a diminuição da utilização 
de medicamentos. Sempre que possível terapias substitutivas podem ser inseridas. 
 
O uso de inibidores seletivos da recaptação de serotonina são os mais utilizados pois além 
de reduzirem a ansiedade, aumentam níveis de serotonina, aumentando a sensação de bem-
estar, são exemplos desses medicamentos: paroxetina, sertralina, citalopram, escitalopram, 
 
 
etc. Outros medicamentos podem ser utilizados como a venfalexina e buspirona. Geralmente, 
teremos que realizar cuidados em relação aos medicamentos, mas os principais são relativos 
aos benzodiazepínicos, como clonazepam, diazepam, alprazolam e bromazepam. 
 
Alguns transtornos como agorafobia, transtorno do pânico (TP), transtorno de ansiedade 
generalizado (TAG) ou transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), são os diagnósticos que 
levam ao uso dos medicamentos. Os benzodiazepínicos (BZD) são medicamentos muito 
utilizados nestes casos. As diversas prescrições podem ser consideradas e, atualmente, são 
os medicamentos mais utilizados em todo o Brasil. Inclusive, sem prescrição médica. No 
entanto, eles não são a primeira linha de tratamento. Ainda que reduzam os sinais e sintomas 
da ansiedade, o paciente acaba sofrendo com efeitos adversos. 
 
Os benzodiazepínicos podem ser ansiolíticos ou sedativos e/ou hipnóticos e até epiléticos. 
Diversos outros medicamentos também podem ser usados para o tratamento do transtorno 
de ansiedade, como os inibidores da monoaminas oxidase (IMAO). Contudo, tanto os 
antidepressivos como os ansiolíticos, de forma geral, apresentam muitos efeitos adversos. 
Inclusive, esses são os principais problemas enfrentados pela enfermagem no seu dia a dia. 
 
6. Cuidados da Enfermagem nos Transtornos de 
Ansiedade 
 
Após realizado o diagnóstico de transtorno de ansiedade, algumas intervenções podem 
acontecer. Objetivos podem ser definidos pela equipe de enfermagem com a finalidade de 
criar cuidados efetivos para a pessoa que possui sintomas de ansiedade ou mesmo um 
transtorno com uma gravidade maior. Sendo assim, cabe ao enfermeiro: 
 
 Promover tranquilidade à pessoa que sofre de ansiedade. O profissional deve tentar 
diminuir estímulos em setores fechados e orientar a pessoa a diminuir estímulos em 
ambiente pessoal; 
 
 Criar estratégias para diminuir a frequência e a duração da ansiedade em ambiente 
hospitalar ou pessoal; 
 
 
 
 Promover o autocontrole, esclarecendo sobre os sinais e sintomas. O objetivo é que 
a própria pessoa em sofrimento psíquico possa identificá-los; 
 
 Identificar os estímulos ambientais, sociais, institucionais e familiares que levam a 
pessoa em sofrimento à ansiedade; 
 
 Gerir o ambiente físico 
 Ajustar o ambiente de acordo com as necessidades da pessoa; 
 Reduzir estímulos ambientais; 
 Eliminar precursores de ansiedade; 
 Controlar e prevenir ruídos ou incômodos; 
 Controlar a iluminação; 
 Providenciar objetos e visitas que transmitam segurança; 
 Individualizar as visitas, satisfazendo apenas as necessidades da pessoa em 
momentos de crise; 
 Criar empatia e providenciar meios que possibilitem acesso ao enfermeiro; 
 
 Disponibilizar presença e criar empatia 
 Ser disponível sem estimular dependência; 
 Fazer uma escuta qualificada; 
 Mostrar preocupação com a pessoa em sofrimento psíquico; 
 Proporcionar segurança; 
 Manter falas positivas e realistas quanto à situação de saúde; 
 Identificar temas predominantes que estejam no discurso. 
 
 Promover suporte emocional 
 Permanecer com a pessoa, apresentando sentimentos de segurança em 
períodos de crise; 
 Realizar motivação direcionada a mecanismos de defesa; 
 Auxiliar no reconhecimento de sentimentos; 
 Buscar junto à pessoa possíveis causas do problema; 
 Discutir os possíveis problemas do não enfrentamento da doença; 
 Identificar situações de ansiedade; 
 
 Gerir comunicação e proporcionar conforto; 
 Manter fala calma e segura; 
 Manter postura de serenidade, respeitando o silêncio; 
 Manter contato visual com a pessoa; 
 
 
 Não insistir na tomada de decisão; 
 Apoiar os mecanismos de resolução de conflitos. 
 
 Encorajar a pessoa no relacionamento interpessoal; 
 Elogie e facilite a execução de técnicas de relaxamento; 
 Estimule música ambiente e lugar calmo, limitando o contato indesejado; 
 Estabeleça limites junto à pessoa. 
 
 Avaliação da ansiedade; 
 Avalie a ansiedade por meio de um instrumento de avaliação de ansiedade 
validado ou constitua uma abordagem mais aberta, utilizando o registro em 
todas as situações. 
 
 Realizar cuidados relativos aos medicamentos; 
 Atentar-se aos efeitos adversos dos benzodiazepínicos; 
 Atentar-se aos efeitos adversos dos antidepressivos; 
 Cuidados com a administração dos fármacos 
 Hora certa; 
 Paciente certo; 
 Medicamento certo; 
 Dose certa; 
 Via certa; 
 Registro certo. 
 
 Avaliação periódica 
 Realize sempre a avaliação periódica sobre as intervenções; 
 Discuta com a pessoa sobre o progresso das atividades. 
7. Instrumentos de Avaliação 
Ao realizar uma avaliação, seja no hospital ou na rede ambulatorial, é muito importante que 
a equipe de enfermagem utilize instrumentos validados. No entanto, em busca da melhora de 
um quadro, pode-se realizar entrevistas abertas (de forma não objetiva) e consultas de 
enfermagem para avaliação. 
 
 
 
Abaixo, seguem alguns instrumentos que podem ser utilizados durante a avaliação da 
ansiedade. Alguns foram retirados do estudo de DESOUSA (2013) e podem ser utilizados 
com diversos grupos: crianças, adolescentes, adultos, idosos, entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
8. Considerações Finais 
Os conhecimentos apresentados nesse e-book tentam esclarecer melhor o saber dos 
profissionais sobre a ansiedade. Outros textos de relevância para essa discussão podem ser 
encontrados no Portal PEBMED. 
 
Para o tratamento da ansiedade, diversas terapias podem ser realizadas, assim como 
diversos cuidados. Os profissionais de enfermagem são gestores do processo de 
enfermagem e devem abordar todas as áreas de constituição de saúde da pessoa. 
 
Logo, estratégias diversas que diminuam a ansiedade devem ser realizadas. O enfermeiro 
não deve ficar preso apenas às condutas ligadas à prática medicamentosa assistencial. Ele 
deve se capacitar para cuidar do corpo e da mente de maneira indissociável. 
 
Para que boas condutas sejam realizadas, bem como a edificação das práticas assistenciais, 
é importante que a capacitação seja sempre uma realidade para a equipe de enfermagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9. Autoria 
 Rafael Rodrigues Polakiewicz: Doutorando em ciências do cuidado em saúde. Mestre 
em Ciências do Cuidado em Saúde pela Universidade Federal Fluminense (2018), 
Especialista em Saúde Mental e Psiquiatria pela FAFIA (2014) e Graduado em 
Enfermagem pela Universidade Federal Fluminense (2012). Conteudista na Empresa 
PEBMED. Tem experiência na área de Enfermagem, atuando principalmente nos 
seguintes temas: Saúde e Direito, Saúde Mental e Psiquiatria, saúde coletiva e 
Pública. CursandoBacharelado em Direito Pela UNESA. (2021). 
 
10. Referências Bibliográficas: 
 
1. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos 
mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed; 2014. 
 
2. Azevedo DSS, Lima EP, Assunção AA. Fatores associados ao uso de 
medicamentos ansiolíticos entre bombeiros militares. Rev. bras. Epidemiol 2019; 
22: e190021. 
 
3. Azevedo AJP, Araújo AA, Ferreira MAF. Consumo de ansiolíticos 
benzodiazepínicos: uma correlação entre dados do SNGPC e indicadores 
sociodemográficos nas capitais brasileiras. Ciência & Saúde Coletiva 2016; 
21(1):83-90. 
 
4. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Boletim de Farmacoepidemiologia 
do SNGPC 2011; 2:9. 
 
5. Castillo ARGl, Recondo R, Asbahr FR et al. Transtornos de ansiedade. Rev. Bras. 
Psiquiatr 2000; 22(2): 20-23. 
 
6. Cordioli Av, Gallois Cb, Isolan L (org.). Psicofármacos: consulta rápida. 5. ed. Porto 
Alegre: Artmed; 2015. 
 
 
 
7. Costa CO, Branco JC, Vieira IS et al. Prevalência de ansiedade e fatores 
associados em adultos. J Bras Psiquiatr. 2019;68(2):92-100. 
 
8. Machado MB, Ignácio ZM, Jornada LK et al. Prevalência de transtornos ansiosos 
e algumas comorbidades em idosos: um estudo de base populacional. J Bras 
Psiquiatr 2016; 65(1):28-35. 
 
9. DeSousa DA, Moreno AL, Gauer G et al. Revisão sistemática de instrumentos para 
avaliação de ansiedade na população brasileira. Avaliação Psicológica 2013; 
12(3):397-410. 
 
10. Quarantini LC, et. al. Ansiolíticos Benzodiazepínicos. In: Sena ED, Miranda-Scippa 
AMA, Quarantini LC, Oliveira IR. Psicofarmacologia Clínica. 3. ed. Rio de Janeiro: 
MedBook; 2011. p. 261- 272. 
 
11. Rebelo S, Carvalho JC. Ansiedade: Intervenções de enfermagem. Rev Presencia 
2014; 10(20). 
 
12. Núcleo de Telessaúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul [homepage 
na internet]. Porto Alegre: TelessaúdeRS-UFRGS; 2017.

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