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HISTÓRIA DO POSITIVISMO

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HISTÓRIA DO POSITIVISMO
Com a transição da industrialização (século XIX), surge na França o positivismo que traz consigo uma ideia de nova organização da sociedade com intuito de estabelecer controle, ordem e racionalidade. A sua origem é atribuída ao filosofo Auguste Comte, que devido ao contexto histórico social em que estava inserido de pós Revolução Francesa e Industrial, sente a necessidade de reorganizar a sociedade e o homem.
Baseado nos pensamentos de Condorcet de que para uma ordem social é preciso primeiro reformular o intelecto humano, ele então desenvolve o fundamento da filosofia positiva, no qual consiste uma reflexão sobre a ciência como forma de explicação racional da natureza, segundo Giannotti:
A obra de Condorcet traça um quadro do desenvolvimento da humanidade, no qual os descobrimentos e invenções da ciência e da tecnologia desempenham papel preponderante, fazendo o homem caminhar para uma era em que a organização social e política seria produto das luzes da razão. Essa ideia tornar-se-ia um dos pontos fundamentais da filosofia de Comte (GIANNOTTI, J. A. p. 10).
Com base na reflexão acima, Comte hierarquiza as ciências buscando explicações praticas de modo a planejar e desenvolver a sociedade e o homem por meio de referenciais das ciências exatas e biológicas. Desenvolve também a sociologia que busca a reformulação das instituições através da pratica.
Comte então sistematiza o progresso da filosofia positiva em três estados, sendo eles teológico, metafísico e o positivismo com os quais o homem deixaria de explicar os fenômenos por meio da religião e passaria a explicar por meio da ciência os fenômenos sociais, denominando em último momento a fase positiva visando sua praticidade.
HISTÓRIA DO POSITIVISMO NO BRASIL
Em meados do século XIX, o Brasil estava atravessando um momento conturbado em sua história. O país havia acabado de sair de uma guerra contra o Paraguai resultando no seu endividamento, havia também uma parcela da população que estava em crise com a monarquia e buscava seu fim, propagando diversos movimentos pré-republicanos e antiescravagistas. Cenário propícios para a instalação de uma nova ordem social, o positivismo.
Benjamim Constant, Michel Lemos, Raimundo Teixeira Mendes e Julio de Castilho, são alguns dos responsáveis pela implantação do positivismo no solo brasileiro diante do cenário social, político e econômico no país, cada um em um momento de desenvolvimento.
Membros da Escola Politécnica, Michel Lemos e Teixeira Mendes inseriram se no positivismo quando estudavam ciências exatas, sendo figuras importantes na fundação da primeira sociedade positivista do Brasil em 1876 e após uma viajem a Paris em 1877 fundam também a Sociedade Positivista do Rio de Janeiro, adepto da religião da humanidade, Michel Lemos funda também a primeira Igreja Positivista do Brasil, mas não obtém êxito já que culturalmente o catolicismo era a religião predominante brasileira.
Importante professor da academia militar e integrante da primeira sociedade positivista do Brasil, Benjamim Constant disseminou o positivismo entre seus alunos, além de estar a frente do movimento militar que resultou no fim da monarquia, exercendo papel importante durante o período da proclamação da República. 
Os membros da ortodoxia positivista foram responsáveis por uma forte militância a favor da instalação de um regime ditatorial que eles consideravam o ideal: a “Ditadura Republicana”. A divisa “Ordem e Progresso” presente na Bandeira Nacional é fruto do positivismo comtiano e foi idealizada a partir do lema Amor por princípio a Ordem por base; e o Progresso por fim. A bandeira inclusive foi toda idealizada por Raimundo Teixeira Mendes, e desenhada por Décio Villares que foi um pintor, escultor e desenhista carioca que tornou-se positivista em sua viagem à França (MELLO, R.R.P.B, 2010). 
No âmbito político, a figura importante foi Júlio de Castilhos, na qual tornasse influente por instaurar o positivismo no estado do Rio Grande do Sul colocando os pensamentos de Comte em prática com a ditadura republicana. 
Com todas essas características, juntos influenciaram em uma das transições mais importantes da história brasileira, a proclamação da República em 1889 e a elaboração da Constituição de 1891. O resultado dessa influência positivista ocasionou a criação da bandeira do Brasil que carrega em si o lema de Comte “ordem e progresso”.
INFLUÊNCIAS DO POSITIVISMO NO BRASIL 
Na atualidade o pensamento de “ordem e progresso” ainda se perpetua como forma de controle social, por exemplo, a própria estrutura escolar na qual o método cientifico de Comte aplica a hierarquização não apenas dentro das salas de aula, uma vez que o corpo docente não tem autonomia sobre o conteúdo a se aplicar na escola, incorporando essa função a uma certa pessoa habilitada, a repreensão do pensamento autônomo do aluno, a maneira em que é imposto o comportamento a ser seguido dentro da sala de aula onde o aluno deve sentar em fileiras e quase sempre lhe é exigido silêncio, rebuscando assim o militarismo. 
Um pensamento Comtista reincorporado nos anos 70 que é propagado até hoje é submissão de um campo de conhecimento em detrimento de outro, superiorizando as ciências exatas sobre as ciências humanas, já que elas visam o desenvolvimento de um pensamento crítico. Esse desenvolvimento crítico na forma de pensar acarreta na contestação, o que é inaceitável na lógica positivista, pois se o aluno é educado para entender o sistema que é imposto sobre ele, isso geraria uma certa revolta e foi justamente para controlar a revolta que a ideologia do positivismo foi criada.
A supremacia das ciências exatas prioriza o que é objetivo e prático em função do desenvolvimento tecnológico e industrial. Desenvolvimento esse que divide o homem em o homem que nasce para o pensar (acadêmico) e o homem para o trabalho (lembrando qualquer tipo de trabalho, desde o homem que dá ordens quanto aquele que está na linha de produção), esse papel social de cada homem é ligado ao determinismo remetendo a ideia de sociedade como sistema natural. 
Porém há uma contestação a esse pensamento determinista de papeis sociais do homem, a problemática está, por exemplo, na precarização do ensino básico público, que prepara o homem para a indústria servindo de mão-de-obra barata, enquanto o ensino o ensino básico privado incentiva o homem para a vida acadêmica. 
O sistema educacional de Augusto Comte atuou tanto mais entre nós quanto, além de preparar moral e intelectualmente a massa proletária, o seu objetivo, conforme ressalta o Professor Tocary Bastos, é formar sábios e técnicos, que deverão situar-se no alto da pirâmide social (9), o que é precisamente o ideal da pedagogia moderna. (LINS, I. M. B, 1967 p. 563).
Essa educação técnica e moral baseada no sistema Comteano que busca o desenvolvimento dos ideais burgueses acaba por incitar o pensamento meritocrático, reforçando o ideário de “ordem e progresso”, o qual visa o planejamento e controle. Um dos meios sociais que podemos citar, por exemplo, é o operário que almeja objetos de consumo fora de sua realidade, reproduz o pensamento de que se ele se esforçar o suficiente no trabalho, conseguira obter esses objetos.
 Os positivistas acreditavam que para manter o controle da sociedade era necessário estabelecer novos instrumentos de dominação e um desses meios seria a reforma das instituições, sendo educação apenas uma delas. A sociedade da época era patriarcal, ou seja, a família daquela época era chefiada pelo homem que detinha o poder sobre mulher, filhos e agregados. No entanto, Comte em suas ideias reconhecia o potencial da mulher no desenvolvimento da sociedade como observa-se nas entrelinhas do ditado popular brasileiro ”atrás de um grande homem sempre haverá uma grande mulher”.
CONCLUSÃO
O positivismo foi visto com bons olhos na sua chegada ao Brasil, dado aos seus ideais revolucionários para a época conturbada, já que rompia com a igreja e promovia o desenvolvimento cientifico do país. O modo como ele se desenvolveuno Brasil foi de maneira experimental e que deu certo no ponto de vista da metodologia Comtiana
A ciência exata e lógica que traz consigo como única forma de conhecimento correto, acarreta na problemática vista para o controle das massas, gerando um sistema proposital que sucateia o currículo pedagógico em não se preocupar com o pensamento crítico já que a educação tem o poder de transformar a sociedade trazendo um comportamento autônomo que foge das rédeas da ordem social, priorizando a formação técnica, indo de encontro com o pensamento de Saint- Simon de que o que for bom para a indústria é bom para o homem. 
Apesar dos positivistas serem contra o sistema escravagista e monárquica, buscando o fim das castas sociais e ideário de igualdade, todos esses encadeamentos citados acima só mostram o quanto o positivismo tem a necessidade de hierarquização estabelecendo novos instrumentos de dominação através das instituições (razão/leis) sejam elas a educação, trabalho e até mesmo a família. 
REFERÊNCIAS
GIANNOTTI, J. A. Comte (1798-1857): vida e obra. São Paulo: Cultural e Industrial, 1978.
Lins, I. M. B. História do positivismo no Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967. (Coleção Brasiliana).
MELLO, R. R. P. B. A influência do positivismo nos primeiros anos da República (1889-1894). In: VI SIMPÓSIO NACIONAL ESTADO E PODER: CULTURA, 2010, Sergipe. Anais... Sergipe: UFF; UFS, 2010, p. 1850-1900.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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ISKANDAR, J. I.; LEAL, M. R. Sobre positivismo e educação, Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 3, n. 7, p. 89-94, set./dez. 2002.
MOTTA, C. D. V. B.; BROLEZZI, A. C. A influência do positivismo na história da educação matemática no Brasil. 1º Seminário Paulista de História e Educação Matemática: possibilidades de diálogos, p. 4660-4670, 2005.
O BRASIL E O POSITIVISMO DE AUGUSTE COMTE. Disponível em: < https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/9403/9403_5.PDF>. Acesso em: 16 jul 2017.
PIVA, T. C. C.; DE ANDRADE, S. L. A. A influência do positivismo no ensino científico brasileiro, 2011. Disponível em: <http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh4/trabalhos/Sergio%20Luiz.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2017.
SANTOS, R. M. S. dos; SANTOS, J. O. dos. O positivismo e sua influência no Brasil, Revista Brasileira de Filosofia e História, Pombal, v. 1, n. 1, p. 55-59, jan./dez. 2012.
SOUZA, B. G.; MURQUIA, E. I. MEMÓRIA E TRADIÇÃO POSITIVISTA NO BRASIL: reflexões sobre o processo de elaboração de um projeto de nação a partir da proclamação da república. In: XVI ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 2015, João Pessoa. Anais... João Pessoa; UFPB, 2015, p 1-17.

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