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1 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Sumário Constituição da República Federativa Brasileira de 1988 ............................................................................................ 2 Programa Nacional Diabetes Mellitus .............................................................................................................................. 4 Programa Nacional – Hipertensão Arterial Sistêmica..................................................................................................... 11 RASTREAMENTO ......................................................................................................................................................... 11 CRISES HIPERTENSIVAS ................................................................................................................................................... 22 OBESIDADE ..................................................................................................................................................................... 28 PROGRAMA SAÚDE DA CRIANÇA .................................................................................................................................. 47 CARÊNCIAS DE MICRONUTRIENTES............................................................................................................................... 56 Deficiência em Vitamina A .......................................................................................................................................... 56 Anemia por carência de Ferro ................................................................................................................................... 63 2 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Constituição da República Federativa Brasileira de 1988 Movimento da Reforma sanitária - Inicio na década de 70 (assistência apenas para quem trabalhava e contribuia) Objetivo: reformular o Sistema Único de Saúde Brasileiro, passando assim a ser: universal e Descentralização 1986: 8ª Conferência Nacional de Saúde Implantação de um sistema universal, descentralizado e resoluto 1988: Constituição da Republica Federativa Brasileira Garante ao cidadão direitos (politica de bem-estar social) – erradicação da miséria e redução das desigualdades sociais. Art. V e VI: direitos individuais e coletivos (sáude, educação, moradia, julgamento justo com ampla defesa) Art. 60 e 61: Cláusulas pétreas (ex. Art V: direito a saude é dever do estado) SUS: politica do ESTADO brasileiro. Pincipios doutrinários e finalisticos: UNIVERSALIDADE, EQUIDADE e INTEGRALIDADE Seção II DA SAÚDE (Seguridade Social) Artigo 196 A saúde é direito de todos e dever do Estado (Federal, estadual e municipal), garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Artigo 197 São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Artigo 198 As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade. (Lei 8.142: 50% de usuários, 25% trabalhadores e 25% gestores e pretadores) Hierarquização: 80% resolvido na Atenção Básica, 15% no nivel 2ªrio e 5% no 3ªrio/ 4ªrio. (complexidade crescente) - EC nº29 § 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos (12%) Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (15%), além de outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) substituida pela EC nº95/2016 § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º; (Incluído pela EC nº 29, de 2000) II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela EC nº 29, de 2000) III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) § 3º Lei complementar (lei 141/2012), que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá: (punições) (Incluído pela EC nº 29, de 2000) I - os percentuais de que trata o § 2º; (Incluído pela EC nº 29, de 2000) II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000 Emenda Constitucional nº 29, de 2000 substituida pela EC nº95/2016 EC nº 29, de 2000: o governo deveria investir o PIB nominal (PIB do ano anterior + inflação do ano anterior) (ex.: 5% + 6% = 11%) EC nº95/2016: somente a inflação do ano interior Ano 2000, a cada R 1,00 gasto em saúde: 0,70 era do governo federal, e 0,15 do estado e 0,15 do município - Com o passar dos anos, foi criado: PAB (piso da atenção básica) R$ 2,22 mês/habitante PAB variável, que depende do município fazer o convenio com o governo (ex. UPA, SAMU, CAPS) - Ex. SAMU: Governo Federal: R$ 150 mil e o município R$ 300 mil Em 2020, cada R 1,00 gasto em saúde: 0,40 é do governo federal, 0,15 do estado e 0,45 do município § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) - 1991 surge o PACS (programa do Agente comunitário em Saúde) - 1994 surge o PSF (programa de Saúde da Família) – serviços temporários (4 anos) - EC 51 o contrato do Agente comunitário passa a ser atemporal (Lei 11.350/2006 Obrigatoriedade de Agentes comunitários no local em que tem Saúde da Família) § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) (Vide Medida provisória nº 297. de 2006) Regulamento § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitosespecíficos, fixados em lei, para o seu exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) 3 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Artigo 199 Complementariedade A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. (Setor privado não pode fazer gestão) § 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. (Medida protecionista – Lei 8.080: prevê a participação de empresas/entidades ligadas a ONU) § 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. (Lei 8.080 – Decreto 7.508) TRANSVERSALIDADE: - UNIVERSALIDADE é um princípio doutrinário transversal, pois o acesso tem que ser a todos os níveis do SUS - PNH (política Nacional de Humanização): precisa ocorrer em todos os níveis do SUS LONGITUDINALIDADE: diretriz da Atenção Básica que acompanha durante toda a vida Intersetorialidade: articulação com outros setores (educação, politica, saneamento,...) Artigo 200 Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; (Lei 8.080) Vigilância sanitária: conjunto de ações de fiscalização, controle da produção, do transporte do armazenamento e da distribuição de produtos de interesse da saúde Vigilância epidemiológica: verifica frequência e distribuição dos fatores determinantes e condicionantes na saúde e doenças. Vigilância da saúde do trabalhador: ações de vigilância sanitária e epidemiológica no ambiente de trabalho Vigilância em Saúde: Portaria 2436/2017 (PNAB) - amplo de ações que a equipe de AB executa em seu território para identificação de situações de risco que envolve a vigilância sanitária, epidemiológica, saúde do trabalhador e ambiental. III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho CAPÍTULO III DA APLICAÇÃO DE RECURSOS EM AÇÕES E SERVIÇOS PUBLICOS DE SAÚDE Seção I Dos Recursos minimos Art. 5º A união aplicará, anualmente, em ações e serviços publicos de saúde, o montante correspondente ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, apurado nos termos desta Lei Complementar, acrescido de, no minimo, o percental correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no ano anterior ao da lei orçamentária anual. § 1º (VETADO) § 2º Em caso de variação negativa do PIB, o valor de que trata o caput não poderá ser reduzido, em termos nominais, de um exercicio financeiro para o outro § 5º (VETADO) Art. 6º Os estados e o Distrito Federal aplicarão, anualmente, em ações e serviços publicos de saúde, no mínimo, 12% da arrecadaçãp dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam o art. 157 e alínea “a” do inciso I e o inciso II do caput do art. 159, todos da Constituição Federal, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municipios Parágrafo único (VETADO) Art. 7º Os Municipos e o Distrito Federal aplicarão anualmente em ações e serviçps públicos de saúde, no mínimo 15% da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam o art. 158 e a alínea “b” do inciso I do caput e § 3º do art. 159 todos da Constituição Federal Parágrafo único (VETADO) Art. 8º O Distrito Federal aplicará, anualmente, em ações e serviços publicos de saúde, no minimo 12% do produto de arrecadação direta dos impostos que não possam ser secregados em base estadual e em base municipal Art. 9º Está compreendida na base de calculo dos percentuais dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios qualquer compensação financeira proveniente de impostos e transferências constitucionais provistos no § 2º do art. 198 todos da Constituição Federal já instituida ou que vier a ser criada, bem como a divida, a multa e os juros de mora decorrentes dos impostos cobrados diretamente ou por meio de processo administrativo ou judicial Art. 10 Para efeito do calculo do montante de recursos previstos no § 3º do art. 5º e nos art. 6º e 7º, devem ser considerados os recursos decorrentes da dívida ativa, da multa e dos juros de mora provenientes dos impostos e da sua respectiva divida ativa Art. 11 Os Estados, o Distrito Federal e os Municipios deverão observar o disposto nas respectivas Contituições ou Leis Organicas sempre que os percentuais nelas estabelecidos forem superiores aos fixados nesta Lei Complementar para aplicação em ações e serviços publicos de saúde. 4 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Programa Nacional Diabetes Mellitus RASTREIO: faz exame em pessoas sem sinais e sintomas (somente quando se tem um programa) DIAGNÓSTICO PRECOCE: faz exame em pessoas com sinais e sintomas Ex.: Sinais e sintomas de diabetes (4P): POLIDPSIA POLIÚRIA POLIFAGIA Perda de peso (menos comum, no tipo 2 só em fase avançada) Quando o programa recomenda fazer rastreamento de DM? Tabela 1 – Critérios para o rastreamento do DM em adultos assintomáticos Excesso de peso (IMC >25 kg/m2) e um dos seguintes fatores de risco: • História de pai ou mãe com diabetes; • Hipertensão arterial (>140/90 mmHg ou uso de anti-hipertensivos em adultos); • História de diabetes gestacional ou de recém-nascido com mais de 4 kg (macrossomia fetal); • Dislipidemia: hipertrigliceridemia (>250 mg/dL) ou HDL-C baixo (<35 mg/dL); • Exame prévio de HbA1c ≥5,7%, tolerância diminuída à glicose (TOTG) ou glicemia de jejum alterada (110 a 125mg/dL); • Obesidade severa(IMC >40 kg/m2), acanthosis nigricans (manchas enegrecidas em pescoço, região inguinal e axilas, sinal de ↑ de insulina circulante); • Síndrome de ovários policísticos; • História de doença cardiovascular; • Inatividade física; OU Idade ≥ 45 anos; OU Risco cardiovascular moderado (Ver Cadernos de Atenção Básica, nº 37 – Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica – Hipertensão Arterial Sistêmica). Fonte: AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2013 Quais os estágios de desenvolvimento do Diabetes Mellitus? DM tipo 1: auto-imune, AC contra as cél. β requer INSULINA (em semanas) - ↓ a insulina e ↑ a glicemia DM tipo 2: metabólico, resistência no R GP4 - ↓ a glicose que entra na cél e ↑ glicemia O sangue ao passar pelo pâncreas estimula as cél β a produzir mais insulina - A glicemia em Jejum: 8 a 12 horas em fazes iniciais pode apresentar normal, pq inicialmente o jejum pode compensar. - TOTG (teste oral de Tolerânciaa glicose): colhe 1º a glicemia em jejum, faz o exame, e posteriormente adm 75gr de dextrose e colher após 120 min (2 horas), resultado: - < 140: normal - 140 a 199: intolerância a glicose ou pré DM tipo 2 - > 200: DM tipo 2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes Mellitus / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 64 p. il. – (Cadernos de Atenção Básica, n. 16) (Série A. Normas e Manuais Técnicos) Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica : diabetes mellitus / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 160 p. : il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 36) Medicamentos e mecanismo de ação Metformina - Atuação R GP4, diminuindo a resistência do R a insulina -No intestino ↓ a absorção de glicose, causando diarreia - Bloqueia o Glucagón (Com o ↑ do Aa, a cel α produz Glucagón que vai agir no fígado quebrando glicogênio (glicogenolise) e assim ↑ glicemia = hiperglicemia endógena). Glibencamida: - Atuação R GP4, diminuindo a resistência do R a insulina - SECRECAGOGO Estimula a cel β a produzir insulina Pode causar HIPOGLICEMIA 5 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde 1-Qual a conduta para a paciente? R- Solicitar glicemia jejum para rastreamento do diabetes 2-Quais os critérios para rastreamento do diabetes? R- 45 anos ou +; ou IMC > 25 + fatores de risco Rastreio Diagnóstico precoce: -Quando já tem os sinais e sintomas Poliúria Polidpsia Polifagia Perda de peso 3-Quanto tempo deve ser feita a glicemia jejum? R:Jejum de 8h a 12h Paciente retorna em consulta médica com resultado da glicemia jejum 116 mg/dL (glicemia em jejum alterada) 4- Qual a conduta médica? R: Solicitar TOTG e ou Hemoglobina glicada quando disponível 5-Quais as indicações do Teste Oral de Tolerância a Glicose? R (Fique atento: Página 16 Caderno AB 16) Todo valor glicemia no diagnóstico 110 a 125 mg/dL ou glicemia normal com 2 ou mais fatores de risco maior Caso clínico: M.S.N, 35 anos, feminino, casada, mãe de 2 filhos, última gestação há 5 anos, refere ter vindo em consulta médica para exames de rotina. Relatou histórico de macrossomia fetal, diabetes gestacional, não faz uso de medicamentos, mãe e pai diabéticos tipo 2. Negou outros antecedentes patológicos, internação hospitalar. Ao exame físico não foram encontradas anormalidades. PA: 130x80mmHg, P: 82 bpm, R: 22 mrpm, ictus cordis normal, AP: murmúrio vesicular biLeral em ápice e base. AC: 1 e 2 bulhas normofonéticas. Peso: 82kg e Altura: 162cm. IMC: 31 TOTG (1ª na hora e 2 horas após a dextrose) – teste ouro - Se < 140 = Normal retorno em 1 ano - 140 a 199 = Pré-DM ou tolerância a glicose diminuída - 200 ou + = DM confirmado Glicemia em Jejum (Sensibilidade, especificidade e custo & benefício) Hemoglobina Glicada/ glicosilada/ glicohemoglobina (não é tão sensível quanto o TOTG) - Visualiza a % de hemoglobina que se ligou a hemácia (por 3 meses) - < 5,6% = normal - 6,5 a 5,7% = intolerância a glicose - Se ≥ 6,5% = DM 70 a 109 Glicemia Normal 110 a 125 Glicemia de Jejum alterada >126 Suspeita de DM Tem fator de Risco? Fazer TOTG Solicitar nova glicemia de jejum NÃO ↓ SIM ↓ 70 a 109 ↓ 110 a 125 ↓ Retorno em 1 ano TOTG Investigar (Dieta, se sacaneou) fazer TOTG TOTG Se 70 a 109 ↓ >126 ↓ Retorno em 1 ano Confirma DM Solicitar: Exame de glicemia casual - Exame de glicosímetro (aparelho/ destro). Não precisa estar em jejum, pode ser feito a qualquer momento Resultado: < 200 = solicitar glicemia em jejum – investigar os sintomas (pq glicemia > 180 o pct já apresenta sintomas, pq o rim libera glicose, poliuria) >200 = confirmado DM (Para confirmar DM precisa ter os 3 sintomas) Exceção: se estiver em UPA, PS e o pct tiver uma infecção (pois no processo infeccioso/infecção aguda ela descompensa) infecção = ↑ glicemia Resumindo... 4 Possibilidades de confirmar DM: 1- Glicemia em jejum: >126 + 2 teste 2- Glicemia casual >200 + 3Ps 3- Hemoglobina Glicada: > 6,5% 4- TOTG: >200 6 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Realizado TOTG resultado 110 e após 2 horas 170 mg/dL 6. Qual a conduta médica? R: Confirmar o diagnóstico de Tolerância a glicose diminuida ou “Pré-diabetes” - Orientações: MEV- mudança de estilo de vida (dieta + estilo de vida) Agendar consulta com enfermeiro para acompanhamento - Retorno com o enfermeiro: 3 meses - Retorno com o médico: 1 ano 7. Como é realizada a interpretação TOTG? - No TOTG-75 g, o paciente recebe uma carga de 75 g de glicose, em jejum e a glicemia é medida antes e 120 minutos após a ingestão. - Uma glicemia de 2 horas pós-sobrecarga maior ou igual a 200 mg/dL é indicativa de diabetes e entre 140 mg/dL e 199 mg/dL, indica tolerância à glicose diminuída. 8. Quando deverá ser marcado o retorno para a paciente? - O retorno para consulta médica deverá ser marcado até 1 ano. (Fazer Hemoglobina glicada para ver se deu resultado) - Com o enfermeiro: 3 meses - Exame com o destro, avalia peso, alimentação e orientações. No caso de uma má adesão, encaminha para o médico. (voltar em 7 dias) 9. Quais exames de rotina devem ser solicitados? Glicemia de jejum e HbA1C. • Colesterol total (CT), HDL e triglicerídeos (TG). A fração LDL pode ser calculada utilizando-se a fórmula de Friedewald: LDL = CT – HDL – TG/5 (para triglicerídeos abaixo de 400 mg/dL). • Creatinina sérica. • Exame de urina tipo 1 e, se necessário, microalbuminúria ou relação albumina/creatinina. - Urina 1 - sem proteínas presentes: deve pedir em seguida microalbuminuria - com proteina: pedir proteinuria 24 horas (para ver o grau da lesão renal) encaminhar para o nefro • Fundoscopia. A paciente volta 1 ano após a primeira consulta, tendo realizado glicemia casual na UBS com resultado 180mg/dL Nega sintomas Clássicos de diabetes mellitus 10. Qual a conduta? R: Deverá ser solicitada glicemia jejum + HB glicada 11. Qual o parâmetro para confirmar diabetes mellitus na glicemia casual? R: Maior ou igual a 200mg/dL com (3Ps) sintomas clássicos de diabetes mellitus – polifagia, poliúria, polidipsia e perda de peso Paciente retorna com resultado da glicemia jejum 138mg/dL 12. Qual deverá ser a conduta médica? R: Deverá solicitar uma nova glicemia jejum para confirmar Paciente fez uma nova glicemia jejum com o resultado 142mg/dL 13. Qual a conduta médica? - Confirmar o diagnóstico de diabetes mellitus; - Caso a paciente seja obesa (IMC >25) iniciar com metformina; intensificar MEV - Retorno em 3 meses - Novamente solicitar exames de rotina 14. Em quais situações confirmamos diabetes mellitus? Tabela 3 – Valores preconizados para o diagnóstico de DM tipo 2 e seus estágios pré-clínicos Categoria Glicemia de jejum* TTG: 2 horas após 75 g de glicose Glicemia casual + 3Ps Hemoglobina glicada (HbA1C) Glicemia normal <110 <140 <200 Glicemia alterada >110 e <126 Tolerância diminuída à glicose ≥140 e <200 Diabetes mellitus <126 ≥ 200 200 (com sintomas clássicos***) ≥ 6,5% 1ª escolha: Metformina (inicia com dose mínima 500 ou 800 mg/dia com o pico de efeito em 7 dias) - 1 comprimido após a principal refeição do dia - pct tem que retornar em 7 dias, com o enfermeiro – orienta e avalia, fazer glicemia casual: Se Glicemia: normal, pedir Glicemia de jejum, se também normal mantém Metformina - Retorno em 3 meses (poisestá controlado) Se glicemia: 130 a 180 em jejum, agendar consulta com o médico na mesma semana. (avaliar e questionar sobre alimentação e excercicio físico) ↑ Metformina (passa a tomar 2x dia) - Retorno em 7 dias com o enfermeiro Precisa controlar o diabetes: ↓ de 130 em jejum - diagnostico de Diabetes em Glicemia de 300 inicia com INSULINA (> 270 INSULINA) E orientar o pct passar com a enfermeira no dia para orientar sobre a insulina. 7 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde (Ver diagramas) 15. Como deve ser iniciada metformina? R: Iniciar com Metformina (biguanidas) na menor dose possível (a menor dose 500/850 mg) para uma melhor adaptação 16. Qual a dose mínima, média e máxima de metformina? R: Vem em comprimidos de 500mg ou 850mg - iniciar 500mg sempre após a principal refeição (1 comprimido após o almoço) - máxima 850mg 3x ao dia (dose máx. 2.550 mg) 500 após almoço + 500 após jantar, se não controlou + 2,5 da Glibencamida antes do almoço, se não controlou 5mg da Glibencamida antes do almoço, se não controlou 5mg da Glibencamida antes do almoço + 5 antes da janta, se não controlou 3 cp de Metformina + 3cp de Glibencamida (café, almoço e janta), se não controlou + 5mg no almoço de Gliben (5 café, 10 almoço, 5 jantar = dose máx.), se não controu Mantém remédio + INSULINA (10 UI as 18:00) – após 3 dias voltar com o enfermeiro, se não controlou Ex. 150 de glicemia Aumentar 2 UI de insulina – voltar após 7 dias, se controlou MANTÉM 17. Qual o mecanismo de ação da metformina? São 3 principais: (não ↑ os níveis de insulina, por isso não causa hipo e é a 1ª escolha) 1- diminui resistência do receptor (GP4) celular a insulina 2- reduz absorção de hidratos carbono no intestino 3- No fígado: bloqueia (parcialmente) a ação do glucagon evita a hiperglicemia endógeno 18. Quais suas principais contraindicações? - Hepatopatas - Nefropatas - Gestantes - Portadores de doenças crônicas intestinais (piora o quadro clínico- Diarreia, desconforto abdominal. Ex. Doença de Crohn, diverticulite, Colite pseudomenbranosa) 19. Quais seus eventos adversos? - Dores abdominais - Náuseas - Vômitos - diarreia (pode durar até 2 semanas – por isso manter o TTO) 20. Quanto tempo pode ser aguardado para avaliar eficácia do hipoglicemiante? R: O hipoglicemiante tem seu efeito máximo em 7 dias 21. Para quanto tempo é agendada reavaliação do paciente? R: 3 meses Paciente retorna em 3 meses, apresentando uma glicemia jejum de 180mg/dL, já com uso de metformina 850mg 2x. 22. Qual a conduta? R: Iniciar o tratamento com medicamentos de 2º linha - GLIBENCAMIDA 23. Quais os medicamentos de 2ª linha? Foi prescrito glibenclamida 5mg antes do almoço (ANTES da principal refeição) Dose máx.: 20 mg (4 cp) O Quadro 7 apresenta os hipoglicemiantes orais disponíveis na Relação Nacional de Medicamento (Rename) de 2012. Quadro 7 – Medicamentos de uso oral disponíveis na Rename 2012 Classe farmacológica Denominação genérica Concentração Apresentação Dose mínima (dose inicial) Dose máxima (dia) Tomadas ao dia Biguanidas (APÓS a refeição) Cloridrato de Metformina 500 mg Comprimido 500 mg 2.550 mg (5cp) 3 Cloridrato de Metformina 850 mg Comprimido 500 mg 2.550 mg (3cp) 3 Derivados da ureia, sulfonamidas (ANTES da refeição)* pode dar hipo, então: tem que comer logo após (30min). Glibenclamida 5 mg Comprimido 2,5 mg 20 mg 2 – 3 Gliclazida 30 mg Comprimido de liberação controlada 30 mg – 1 Gliclazida 60mg Comprimido de liberação controlada 30mg – 1 Gliclazida 80 mg Comprimido 80 mg 320 mg 1 – 2 Fonte: Relação Nacional de Medicamento (Rename) de 2012. A Figura 2 apresenta uma sugestão de fluxograma de tratamento do DM tipo 2. 24. Qual o mecanismo de ação do glibenclamida? É um hipoglicemiante do grupo das sulfoniluréias (secrecagogo) com 2 mecanismo de ação: 1. Diminui resistência do receptor celular (RGP4) a ação da insulina = Metformina 2. Estimula secreção de insulina – cél β(secrecagogo, por isso causa hipo e é a 2ª escolha) 25. Qual a dose e frequência do glibenclamida? - dose mínima: 2,5 mg/dia - dose máxima: 20mg/dia - Frequência: ANTES das refeições 30 minutos 26. Quais as contraindicações? - Gestantes - hepatopatias - insuficiência renal 8 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Obs: Na Diabetes gestacional INSULINA Ex.: Pct com glicemia de 340 (Diagnóstico de DM) entrar com insulina, mas não significa que ele sempre irá precisar de insulina, pode ser que esse pct esteja descompensado (quadro infeccioso), e posteriormente ele pode controlar só com remédio. Ex. Idoso diabético, quando a glicemia sobe rapidamente investigar quadro infeccioso (pneumonia, ITU) esses quadros nos idosos são mascarados. Na vigência de um quadro infeccioso: adm INSULINA 27. Qual o principal evento adverso? R: Hipoglicemia 28. Qual a frequência da hemoglobina glicosilada? - Se não está controlado: 3 meses - Pacientes controlados: 6 meses 29. Qual o resultado satisfatório para tratamento? R: Sempre Hb <7% ou glicemia em Jejum <130 Paciente retornou 3 meses com glicemia jejum 112 mg/dL e hemoglobina glicada 6,5 30. Qual a conduta? R: Manutenção do tratamento, e voltar depois de 6 meses com o médico Paciente acompanhando há 10 anos na UBS com momentos de aderência ao tratamento e outros não. Comparece em consulta com glicemia de 301 e hemoglobina glicada 9. Qual a conduta? R: Iniciar tratamento com medicamento de 3ª linha para diabetes mellitus (INSULINA) 31. Quais os tratamentos de 3 linha? R: Insulina 32. Qual insulina deverá ser prescrita? R:Insulina NPH de ação intermediária 33. Qual dose deve ser iniciada? R:Duas maneiras 1. 10U/I noite aumentando 2U/I semana se não controlar glicemia. (máx 20 UI) (esquema para iniciar com a insulina) 2. 0,5 a 1 U/I kg dia com 2/3 cedo e 1/3 noite INSULINA: - Insulina de ação Rápida (REGULAR): não é insulina para começar risco de hipoglicemia. Regular somente na hiper pós- prandial - Insulina ultralenta: - INICIAR com a insulina Intermediária: NPH (começa efeito em meia hora com duração de 20 horas e pico de 6 horas) 0,50 UI ou 1 UI por Kg do paciente (ideal começar com dose mínima) ex.: 90 Kg = 45 UI (2/3 (30 UI) cedo e 1/3 (15 UI) noite 18/19 horas) após o café da manhã (não pode ficar de jejum) variar com a refeição do paciente Recomendação do Ministério FORMA ALTERNATIVA: Mantém os remédios e entra as 18:00 hrs com 10 UI NPH Prescrever insulina e marcar consulta com o enfermeiro para receber as orientações sobre o uso da insulina (tem direito ao aparelho e 3 testes por dia) Se a glicemia estiver < 70 ou > 180 ele precisa procurar atendimento. Pegar o histórico de marcação do pct: - Se < 70 (ver o horário que está acontecendo): Se for durante a noite ou a noite Reduzir a insulina da manhã ( - 4UI) pela manhã Se a hipo for de manhã Reduzir a insulina da noite ( - 4UI) - Resultados entre 70 e 130: MANTER insulina na dose prescrita (retorno em 3 meses) - Entre 131 e 180: aumentar 2 unidades (inversos ao horário que está alto) - >180: aumentar 4 unidades (inversos ao horário que está alto) 34. Suspende os hipoglicemiantes? R; Não, a resistência ainda existe, portanto mantem metformina 850 1 a 2x ao dia 35. Como iniciar e manejo insulina? R: (ver figura 2) 36. Mudou a frequência de hemoglobina glicada? R: Sim, agora de 2 ou 3 meses 37. Quais os tipos de insulina? Tabela 4 – Insulinas disponíveis no SUS Insulinas Início Pico Duração Posologia Aspecto Ação rápida: Regular 30 – 60min 2 – 3h 8 – 10h 30 minutos antes das refeições Adm: 1– 3x/dia Cristalino Ação Intermediária: NPH 2 – 4h 4 – 10h 12 – 18h (até 22 h) Recomendar dose noturna às 22h Turvo/ leitosaTodas as insulinas disponíveis no Brasil têm concentração de 100 unidades/ml. 9 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde 38. Quais os eventos adversos dos medicamentos de 1 a 3 linha do diabetes mellitus? Quadro 8 – Principais efeitos adversos dos hipoglicemiantes orais e insulinas Denominação genérica Efeitos adversos Cloridrato de Metformina Hipotensão postural, hipertensão de rebote na retirada, sedação, distúrbio do sono, cefaleia, vertigens e tonturas, depressão, sinais e sintomas psicóticos, diminuição da libido, xerostomia, hepatotoxicidade, anemia hemolítica, febre. Glibenclamida Hipoglicemia, particularmente em idosos, distúrbios gastrintestinais, cefaleia, reações cutâneas, distúrbios hepáticos, alterações hematológicas, aumento de peso. Hipersensibilidade pode ocorrer nas seis primeiras semanas de tratamento. Gliclazida Hipoglicemia, particularmente em idosos, distúrbios gastrintestinais, reações cutâneas, distúrbios hepáticos. Insulinas (NPH e regular) Hipoglicemia, aumento de peso, edema, hipersensibilidade cutânea, reação no local de aplicação 39. Paciente retorna há 1 dia com complicações. O que deve ser feito? Tabela 5 – Avaliação e tratamento da descompensação aguda do DM Avaliação diagnóstica: • História: causa da descompensação (mudança e não aderência ao esquema de insulina, doenças e medicações intercorrentes, abuso alimentar). • Exame físico: pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória, temperatura axilar, avaliação do estado mental, hálito cetônico, boca, garganta e ouvidos, ausculta respiratória, exame abdominal, gânglios linfáticos, pele, exame neurológico. • Exames complementares: glicemia capilar, cetonúria e exame comum de urina, se sintomas de infecção urinária. Conduta: • Hidratação oral e tratamento da doença intercorrente. • Pessoas com glicemia >250 mg/dL, cetonúria e hálito cetônico, desidratação ou vômitos: encaminhar para serviço de emergência prontamente. • Pessoas com glicemia >250 mg/dL e cetonúria, mas sem os agravantes acima: administrar 20% da dose de insulina diária sob a forma de insulina regular e revisar em quatro horas. Repetir a dose se glicemia >250 mg/dL. Se não melhorar no próximo teste ou mostrar agravantes, encaminhar prontamente ao serviço de emergência. A pessoa deve ser hidratada com soro fisiológico 0,9% endovenoso em acesso venoso calibroso. • Pacientes com glicemia >250 mg/dL, sem cetonúria, mas com manifestações clínicas, administrar 10% da dose total de insulina e observar de 4 em 4 horas até estabilização. Havendo piora do quadro, encaminhar para serviço de emergência. A pessoa também deve ser hidratada com soro fisiológico 0,9% endovenoso em acesso venoso calibroso. Avaliação Diagnóstica 40. Paciente com Hipoglicemia qual o manejo? Atenção Quadro 11 – Instruções para o manejo da hipoglicemia pelo paciente, família e serviço de Saúde Paciente Ingerir 10 g a 20 g de carboidrato de absorção rápida; repetir em 10 a 15 minutos, se necessário. Amigo ou Familiar Se a pessoa não conseguir engolir, não forçar. Pode-se colocar açúcar ou mel embaixo da língua ou entre a gengiva e a bochecha e levá-lo imediatamente a um serviço de Saúde. Serviço de Saúde Se existirem sinais de hipoglicemia grave, administrar 25 mL de glicose a 50% via endovenosa em acesso de grande calibre, com velocidade de 3 ml/min e manter veia com glicose a 10% até recuperar plenamente a consciência ou glicemia maior de 60 mg/dL; manter então esquema oral, observando o paciente enquanto perdurar o pico da insulina; pacientes que recebem sulfonilureias devem ser observados por 48h a 72h para detectar possível recorrência. A hiperglicemia matinal persistente precisa ser investigada como consequência de hipoglicemia noturna (efeito Somogyi). O diagnóstico diferencial com o efeito do alvorecer (hiperglicemia matinal por deficiência de insulina, agravada pela secreção de hormônios contrarreguladores de madrugada) é necessário para definir a conduta adequada. O efeito Somogyi requer redução da dose ou revisão do horário de aplicação da insulina noturna; o efeito do alvorecer requer aumento da dose de medicação em uso e com frequência ajuste de horário da insulina noturna. Para prevenção da hipoglicemia noturna, pode-se orientar um lanche antes de dormir que contenha carboidratos, proteínas e gorduras, por exemplo, um copo de leite (300 mL). Pessoas muito suscetíveis à ocorrência de hipoglicemias ou que tenham hipoglicemias assintomáticas requerem relaxamento das metas terapêuticas (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2009), já que o tratamento intensivo do diabetes aumenta a incidência de hipoglicemias graves em três vezes (THE DIABETES CONTROL AND COMPLICATIONS TRIAL RESEARCH GROUP, 1997). 10 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde 1-Paciente de 40 anos, compareceu a Unidade Básica de Saúde – UBS em demanda espontânea com queixa de poliúria, polifagia, polidipsia e perda de peso. Assinale abaixo a alternativa mais adequada: a. Solicitar glicemia jejum. b. Solicitar TOTG. c. Solicitar hemoglobina glicada. d. Solicitar glicemia casual. e. Encaminhar para Unidade de Pronto Atendimento – UPA. 2-Paciente de 45 anos, feminino, casada, mãe de dois filhos, na última gestação há 10 anos teve diabetes gestacional. Para rastreio do diabetes mellitus assinale a alternativa mais adequada: a. Solicitar glicemia jejum. b. Solicitar TOTG. c. Solicitar hemoglobina glicada. d. Solicitar glicemia casual. e. Solicitar curva glicêmica. 3-Em retorno de consulta a paciente de 50 anos, obesa, dislipidêmica, traz glicemia jejum com resultado de 90mg/dL. Assinale abaixo a alternativa mais adequada para esse caso: a. Solicitar nova glicemia de jejum. b. Resultado exame normal. Marcar retorno do paciente para 3 anos. c. Solicitar TOTG. d. Solicitar glicemia casual. e. Nenhuma das alternativas acima estão corretas. 4-Paciente veio em consulta médica de retorno com resultado de glicemia jejum de 118mg/dL. Assinale abaixo a conduta mais adequada para esse caso: a. Solicitar nova glicemia de jejum. b. Resultado exame normal. Marcar retorno do paciente para 3 anos. c. Solicitar TOTG. d. Solicitar glicemia casual. e. Nenhuma das alternativas acima estão corretas. 5-Em consulta médica na Unidade Básica de Saúde – UBS compareceu o paciente M.L.P, 45 anos, casado, masculino, com resultado de glicemia jejum de 140mg/dL. Assinale a alternativa mais adequada para esse caso: a. Solicitar nova glicemia de jejum. b. Resultado exame normal. Marcar retorno do paciente para 3 anos. c. Solicitar TOTG. d. Solicitar glicemia casual. e. Nenhuma das alternativas acima estão corretas. 6-Em consulta de retorno após a segunda glicemia de jejum com resultado de 130mg/dL. Das alternativas abaixo responda a mais adequada frente o caso apresentado: a. Solicitar nova glicemia jejum para elucidação diagnóstica. b. Confirmar o diagnóstico de exame alterado de glicemia jejum. c. Estabelecer o diagnóstico de Pré-diabetes. d. Estabelecer o diagnóstico de intolerância a glicose. e. Estabelecer o diagnóstico de diabetes mellitus. 7-Paciente de 45 anos, masculino, após Teste Oral de Tolerância a Glicose - TOTG com resultado de 201mg/dL após 120 minutos do exame. Deverá ter a seguinte conduta: a. Solicitar novo Teste Oral de Tolerância a Glicose. b. Solicitar hemoglobina glicada. c. Estabelecer o diagnóstico de Pré-diabetes. d. Estabelecer o diagnóstico de Diabetes Mellitus. e. Nenhuma das alternativas estão corretas. 8- Após Teste Oral de Tolerância a Glicose – TOTG o paciente retornou com resultado de 180 mg/dL. Assinale abaixo a alternativa mais adequada para esse caso: a. Solicitar novo Teste Oral de Tolerância a Glicose. b. Solicitar hemoglobina glicada. c. Estabelecer o diagnóstico de Pré-diabetes. d. Estabelecer o diagnóstico deDiabetes Mellitus. e. Nenhuma das alternativas estão corretas. 9- Após teste de hemoglobina glicada com resultado de 6,6% o paciente retorna para avaliação. Assinale abaixo a conduta mais adequada para esse caso: a. Solicitar novo Teste Oral de Tolerância a Glicose. b. Solicitar hemoglobina glicada. c. Estabelecer o diagnóstico de Pré-diabetes. d. Estabelecer o diagnóstico de Diabetes Mellitus. e. Nenhuma das alternativas estão corretas. 10-Paciente veio em consulta médica com resultado dos exames para acompanhamento do diabetes mellitus apresentando proteinúria no exame de urina. Assinale a conduta mais adequada nesse caso: a. Marcar retorno em 3 meses. b. Solicitar Proteinúria 24 horas. c. Solicitar microalbuminúria. d. Encaminhar para Unidade de Pronto Atendimento – UPA. e. Encaminhar o paciente para hemodiálise. 11 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Programa Nacional – Hipertensão Arterial Sistêmica RASTREAMENTO (Caderno 37) M.S.N, 18 anos, masculino, solteiro, não faz uso de medicamentos, veio à UBS com queixa de tristeza e insônia após perder o emprego. Negou outros antecedentes patológicos, internação hospitalar. Ao exame físico não foram encontradas anormalidades. PA: 130x80mmHg, P: 82 bpm, R: 22 mrpm, ictus cordis normal, AP: murmúrio vesicular biliteral em ápice e base. AC: 1 e 2 bulhas normofonéticas. Peso: 82kg e Altura: 182cm. HAS: 80% dos casos assintomáticos (Exceto em Urgências e emergências) 1-Qual a frequência de rastreio para este paciente? R:Sem registro nos últimos 2 anos. Anualmente 2. Como deve ser a aferição da pressão arterial neste paciente? R: Deve ser aferida ESTIMANDO em ambos os membros e marcando o maior valor. Ex. 160 x 80 – 110x100. Quando a ≠ entre a Sistólica for > 20 investigar obstrução arterial periférica (aterosclerose). OU ≠ da Diastólica não pode ser > 10 investigar obstrução arterial periférica. Pensar em dissecção de Aorta (pulso diminuído em braço esquerdo) Manobra de Osler/ Técnica da estimativa da PA - Pct com o braço semi-fletido, colocar o dedo no pulso radial (ESTIMAR), colocar o manguito no braço e ir inflando de 10 em 10 mmHg, quando parar o pulso, olhar no manômetro (ex. 120), desinsulflar e esperar de 30’s a 1 min. - Palpar o pulso braquial, colocar o esteto no pulso braquial (bolsa a altura de 3cm da fossa cubital) - Ir insuflando de 10 em 10, quando o som parar (120), insulflar + 20 ou 30, ao chegar em 150 ir soltando; O 1º Korotkoff: 120mmHg (PAS) O 5ª Korotkoff (ao parar): 80 mmHg (PAD) - Se não estimar antes: pct pode apresentar uma pseudo-hipertensão O que é um paciente OSLER (+)? R: Com o envelhecimento as artérias vão enrijecendo (ARTERIOESCLEROSE), em alguns pct a artéria está tão enrijecida, que ao insuflar (colaba a Artéria), não apresentará pulso braquial. No OSLER (+) por enrijecimento da artéria (a artéria está tão dura) que mesmo interrompendo o fluxo sanguíneo, o som é auscultado (artefato). - Se aferir a PA direto do pct, sem fazer a estimativa, apresentará um engano, pois o artefato fica até os 300 mmHg do aparelho. Pseudo- Hipertenso O Quadro 3 descreve a técnica correta de medida da pressão arterial. Quadro 3 – Condições padronizadas para a medida da pressão arterial • O paciente deve estar sentado, com o braço apoiado e à altura do precórdio. • Medir após cinco minutos de repouso. • Evitar o uso de cigarro e de bebidas com cafeína nos 30 minutos precedentes. • A câmara inflável deve cobrir pelo menos dois terços da circunferência do braço. • Palpar o pulso braquial e inflar o manguito até 30mmHg acima do valor em que o pulso deixar de ser sentido. • Desinflar o manguito lentamente (2 a 4 mmHg/seg). • A pressão sistólica corresponde ao valor em que começarem a ser ouvidos os ruídos de Korotkoff (fase I). • A pressão diastólica corresponde ao desaparecimento dos batimentos (fase V)*. • Registrar valores com intervalos de 2 mmHg, evitando-se arredondamentos (Exemplo: 135/85 mmHg). • A média de duas aferições deve ser considerada como a pressão arterial do dia; se os valores observados diferirem em mais de 5 mmHg, medir novamente. • Na primeira vez, medir a pressão nos dois braços; se discrepantes, considerar o valor mais alto; nas vezes subsequentes, medir no mesmo braço (o direito de preferência). *No caso em que se ouvirem os batimentos até zero, considerar o abafamento do som (fase IV). 12 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde 3. Quando apresentar diferenças > 20 PAS OU > 10 PAD mmHg entre os braços? R: O indivíduo deverá ser investigado para doenças arteriais se apresentar diferenças de pressão entre os membros superiores maiores de 20/10 mmHg para as pressões sistólica/diastólica, respectivamente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010). Com intervalo de um minuto, no mínimo, uma segunda medida dever ser realizada. Suspeitar de Obstrução arterial periférica (complicação da hipertensão – aterosclerose) A média dos valores pressóricos obtidos foram: PAS < 120 E PAD < 80 mmHg 4. Qual a conduta médica? R: Retorno a cada 2 anos, se PA menor que 120/80 mmHg (BRASIL, 2006); (Rastreamento: > 18 anos, PAS < 120 e PAD <80) PAS: 120 – 139 OU PAD: 80 – 89 mmHg 5. Entre 120 – 139/80 – 89 mmHg nas pessoas sem outros fatores de risco para doença cardiovascular (DCV) (CHOBANIAN et al., 2003)? R: Retorno a cada ano. Na presença de fator de risco investigar HAS PA ≥ 140/90 mmHg OU PA entre 120 – 139/80 – 89 mmHg na presença de outros fatores de risco para doença cardiovascular (DCV). 6. Qual a conduta médica? investigar HAS R: Fazer o controle da PA em mais 2 momentos em um intervalo de 1 – 2 semanas INVESTIGAÇÃO DE HAS HAS: PA alta mantida 7. O que fazer na HAS do Avental Branco? Estudos demonstraram que, entre os profissionais médico, enfermeiro e técnico de Enfermagem que verificam a PA em serviços de Saúde, as medidas realizadas pelos técnicos de Enfermagem apresentaram efeito do avental branco com uma frequência menor (SEGRE et al., 2003). Portanto, destaca-se a importância do trabalho desses profissionais na verificação da PA em serviços de Saúde. 8. Aparelho comum da UBS- serve para todos? R: NÃO Recomendam-se 6 tamanhos de manguitos para as UBS que atendem crianças e adultos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010) (Tabela 1). Tabelas de correção da pressão arterial de acordo com o perímetro do braço tiveram sua validação questionada e não são reconhecidas por diretrizes atuais. A Tabela 1 mostra os manguitos apropriados para diferentes circunferências braquiais. O tamanho precisa ser adequado para não apresentar uma falsa hipertensão Tabela 1 – Dimensões da bolsa de borracha (manguito) para diferentes circunferências de braço em crianças e adultos Denominação do manguito Circunferência do braço (cm) Bolsa de borracha (cm) Largura Comprimento Recém- nascido ≤ 10 4 8 Criança 11 – 15 6 12 Infantil 16 – 22 9 18 Adulto pequeno 20 – 26 10 17 Adulto 27 – 34 12 23 Adulto grande 35 – 45 16 32 A paciente volta com 40 anos, tendo valor da pressão arterial sistêmica de 150x90mmHg em ambos os membros. 9. Está estabelecido o diagnóstico de HAS? R: Não (Para confirmar, precisa ao menos 2 aferições em momentos diferentes) 10. Qual o critério de diagnóstico da HAS? 2.3 Diagnóstico O diagnóstico da HAS consiste na média aritmética da PAS ≥ 140 OU PAD ≥90mmHg, verificada em pelo menos 3 dias diferentes com intervalo mínimo de uma semana entre as medidas, ou seja, soma-se a média das medidas do primeiro dia mais as duas medidas subsequentes e divide- se por três. A constatação de um valor elevado em apenas um dia, mesmo que em mais do que uma medida,não é suficiente para estabelecer o diagnóstico de hipertensão. Cabe salientar o cuidado de se fazer o diagnóstico correto da HAS, uma vez que se trata de uma condição crônica que acompanhará o indivíduo por toda a vida. Deve-se evitar verificar a PA em situações de estresse físico (dor) e emocional (luto, ansiedade), pois um valor elevado, muitas vezes, é consequência dessas condições. Ex. no prontuário possui marcações de aferição de PA com alterações, se tiver já 2 aferições (NOS ULTIMOS 12 MESES) + a atual = confirma Diagnóstico de PA. Ex.: Pct com PA de 180 x 120 = URGÊNCIA HIPERTENSIVA (TTO: captopril). Investigar 4 possíveis diagnósticos: * Emergência hipertensiva: (tem sinais e sintomas) ↑ de PA + Lesão de órgão alvo Aguda (AVC, dissecção de aorta, Papiledema – hemorragia de retina) SAMU Hospital * Urgência Hipertensiva: (não tem sinais) PAD ≥ 120 * Pseudo Crise Hipertensiva: ex. 180x 110 sem sintomas. É o hipertenso que não foi descoberto antes RASTREIO: pessoas sem sinais e sintomas HAS > 18 anos PAS < 120 E PAD < 80 mmHg PAS: 120 – 139 OU PAD: 80 – 89 mmHg ↓ PAD ≥ 140 OU PAD ≥ 90 mmHg Tem fator de risco? Retorno em 2 anos NÃO ↓ Retorno 1 ano SIM Investigar HAS 13 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde 11. O que é Ampa? A automedida da pressão arterial (Ampa) é realizada por pacientes ou familiares, não profissionais de Saúde, fora do consultório, geralmente no domicílio, representando uma importante fonte de informação adicional. A principal vantagem da Ampa é possibilidade de obter uma estimativa mais real dessa variável, tendo em vista que os valores são obtidos no ambiente em que as pessoas passam a maior parte do dia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010). 12-Quais as indicações do Mapa? Na suspeita de Hipertensão do Avental Branco (HAB) ou Hipertensão Mascarada (HM), sugerida pelas medidas da Ampa, recomenda-se a realização de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa) ou Monitorização Residencial de Pressão Arterial (MRPA), para confirmar ou excluir o diagnóstico [Grau de Recomendação D](SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010). 14. Como é o Mapa? A Mapa é feita por aparelhos validados que empregam o método oscilométrico. Afere a pressão por dezenas de vezes nas 24 horas, registrando o comportamento da pressão arterial durante o período do sono. A MRPA é feita, preferencialmente, por manômetros digitais pela própria pessoa ou familiares. Recomendam-se três medidas pela manhã, antes do desjejum e da tomada de medicamento, e três à noite, antes do jantar, durante cinco dias, ou duas medidas em cada sessão durante sete dias (PARATI et al., 2010). Ambos os métodos capturam com adequada precisão o risco de elevação da pressão arterial (SEGA et al., 2005; MANCIA et al., 2006; KIKUYA et al., 2007). Por medirem muitas vezes a pressão, aferem com mais precisão a pressão usual dos indivíduos, amortecendo a reação de alerta que ocorre em consultórios médicos. Isso ocorre em especial com a pressão aferida pela Mapa, que inclui valores de pressão aferidas durante o sono, usualmente mais baixas do que a vigília. Elevação da PA durante o sono demonstrou valor prognóstico independente da pressão de 24 horas. Tabela 2 – Valores de pressão arterial no consultório, Mapa, Ampa e MRPA que caracterizam hipertensão, hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada Consultório Mapa Vigília Ampa MRPA Normotensão ou hipertensão controlada < 140/90 ≤ 130/85 ≤ 130/85 ≤ 130/85 Hipertensão ≥ 140/90 > 130/85 > 130/85 > 130/85 Hipertensão do avental branco ≥ 140/90 < 130/85 < 130/85 < 130/85 Hipertensão mascarada < 140/90 > 130/85 > 130/85 > 130/85 Nota: Mapa = monitorização ambulatorial da PA de 24h; Ampa = automedida da PA; MRPA = monitorização residencial da PA. 15. Indivíduos com HAS jaleco branco terão mapa Normal? Indivíduos com pressão alterada no consultório, devido à reação de alerta, e normal na Mapa ou na MRPA, têm a síndrome do avental branco. Por um tempo, imaginou-se que essa condição fosse benigna, mas de fato já embute aumento discreto de risco. Estima-se que quase um terço dos indivíduos hipertensos em consultório tem síndrome de avental branco. 16. O que é hipertensão mascarada? Indivíduos com pressão normal no consultório e anormal na Mapa ou na MRPA têm a denominada hipertensão mascarada. Estima-se que aproximadamente 12% de indivíduos com pressão normal em consultório tenham hipertensão mascarada (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010). 17. Como é o risco da HAS mascarada? Maior? O risco para eventos cardiovasculares é menor em indivíduos normotensos no consultório e fora dele, aumentando progressivamente em hipertensos do jaleco branco, hipertensos mascarados e hipertensos no consultório e fora do consultório (SEGA et al., 2005). Tratamento é indicado para hipertensão no consultório e fora do consultório, hipertensão mascarada e hipertensão de jaleco branco, nesta última categoria pelo maior risco mencionado acima e pelo fato de que todos os ensaios clínicos, no qual embasam decisões de tratamento, utilizaram medidas de consultório. Há tendência em se estabelecer rastreamento de hipertensão arterial com medida de PA no consultório e fora do consultório, mas não há diretrizes sobre a periodicidade. O rastreamento deve permanecer baseado na pressão de consultório, obtendo-se medidas fora dele e em todos os indivíduos hipertensos no consultório sem evidência de repercussão em órgão-alvo, e naqueles normotensos sob risco aumentado de hipertensão. Entre esses, poderia se incluir pacientes com pressão limítrofe, aqueles na faixa etária dos 40 a 50 anos e indivíduos com fatores de risco para hipertensão (história familiar, sobrepeso ou obesidade). Com base na pressão aferida no consultório e fora dele, os pacientes podem ser classificados segundo a proposta apresentada na Figura 1 – Condições classificatórias da pressão arterial considerando a aferição em consultório e fora de consultório 14 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde 19. Valores médios do paciente foram 150x92mmHg. Está estabelecido o diagnóstico de HAS? R:Sim 20. Qual o estágio de HAS do mesmo? Classificação da pressão arterial De acordo com os valores pressóricos obtidos no consultório, podemos classificar a pressão arterial em normotensão, PA limítrofe e hipertensão arterial sistêmica (Tabela 3). A HAS também pode ser diagnosticada por meio da MRPA ou da Mapa. Tabela 3 – Classificação da pressão arterial para adultos maiores de 18 anos Nota: Quando as pressões sistólica e diastólica estiverem em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da pressão arterial. 21. Se o valor fosse abaixo de 120x80? 2 anos até. Entre 130x85? As pessoas que apresentarem PA entre 130/85mmHg são consideradas normotensas e deverão realizar a aferição anualmente 23. PA entre 130/85 a 139/89mmHg? Pessoas com PA entre 130/85 a 139/89mmHg deverão fazer avaliação para identificar a presença de outros fatores de risco (FR) para DCV. Na presença desses fatores, a pessoa deverá ser avaliada pela enfermeira, em consulta individual ou coletiva, com o objetivo de estratificar o risco cardiovascular. A PA deverá ser novamente verificada em mais duas ocasiões em um intervalo de 7 a 14 dias. Na ausência de outros FR para DCV, o indivíduo poderá ser agendado para atendimento com a enfermeira, em consulta coletiva, para mudança de estilo de vida (MEV), sendo que a PA deverá ser novamente verificada em um ano. Pessoas com PA limítrofe possuem um risco aumentado de HAS e devem ser estimuladas pelaequipe de Saúde a adotarem hábitos saudáveis de vida. Se a média das três medidas forem iguais ou maiores a 140/90mmHg? R: Iniciar o tratamento médico e acompanhamento. Classificação Pressão sistólica (mmHg) Pressão diastólica (mmHg) Ótima < 120 < 80 Normal < 130 < 85 Limítrofe 130 – 139 85 – 89 Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99 Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 15 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Tabela 2 – Valores de pressão arterial no consultório, Mapa, Ampa e MRPA que caracterizam hipertensão, hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada Consultório Mapa Vigília Ampa MRPA Normotensão ou hipertensão controlada < 140/90 ≤ 130/85 ≤ 130/85 ≤ 130/85 Hipertensão ≥ 140/90 > 130/85 > 130/85 > 130/85 Hipertensão do avental branco ≥ 140/90 < 130/85 < 130/85 < 130/85 Hipertensão mascarada < 140/90 > 130/85 > 130/85 > 130/85 Nota: Mapa = monitorização ambulatorial da PA de 24h; Ampa = automedida da PA; MRPA = monitorização residencial da PA. QUESTÕES PARA MEMORIZAR O ASSUNTO Paciente veio a UBS com relato de alteração nos valores de pressão arterial ao passar mal devido uma cólica renal e procurado a Unidade de Pronto Atendimento – UPA. Valor tensional na consulta médica em ambos os membros foi de 140x90 mmHg. Das assertivas abaixo assinale a mais adequada. Alternativas (A) Está estabelecido ao diagnóstico de HAS, e estágio é leve. (B) Não está estabelecido o diagnóstico de HAS, deve ser solicitado ao paciente MAPA. (C) Não está estabelecido o diagnóstico de HAS, deve ser solicitado o controle de pressão arterial por duas semanas. (D) Deve iniciar tratamento medicamento com anti-hipertensivos. Paciente 25 anos, veio UBS com pressão arterial de 120x80 mmHg não tem lesão em órgão alvo ou fatores de risco. Assinale abaixo a conduta mais adequada: (A) Retorno em consulta a cada ano. (B) Retorno em consulta a cada 2 anos. (C) Solicitar controle de pressão arterial. (D) Solicitar MAPA. Página 29 do Caderno de Atenção Básica 37 De acordo com a média dos dois valores pressóricos obtidos, a PA deverá ser novamente verificada: – a cada dois anos, se PA menor que 120/80 mmHg (BRASIL, 2006); – a cada ano, se PA entre 120 – 139/80 – 89 mmHg nas pessoas sem outros fatores de risco para doença cardiovascular (DCV) (CHOBANIAN et al., 2003); 30 Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica – em mais dois momentos em um intervalo de 1 – 2 semanas, se PA maior ou igual a 140/90 mmHg ou PA entre 120 – 139/80 – 89 mmHg na presença de outros fatores de risco para doença cardiovascular (DCV). Leia mais sobre fatores de risco para DCV neste Capítulo, na página 38. Página 36 – do mesmo Manual Fique atento • Observamos uma divergência de condutas uma na página 29 orientando anualmente e outra na página 36 orientando a cada dois anos. • Assim, concluímos que ambas as respostas estão corretas. 16 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Hipertensão arterial – Estratificação de risco Despois de confirmada a Hipertensão, realizar a consulta 1ª Etapa da consulta: Avaliação de HAS: Primária/ essencial 95%: Hipertenso multifatorial (o pct não tem doença que está causando HA) Avaliar se o pct tem consequências da HÁ = Lesão em órgão alvo - TTO: tratar a hipertensão Secundária 5%: causado por uma doença - TTO: tratar a doença base Multifatorial: idade, sexo (M), raça (negro), sedentarismo, fator genético Secundária - Indícios: Se iniciou antes dos 40 anos ou após 60 anos HAS refratária (já tentou 3 medicamentos e não tem controle) Apresenta crises Principais causas de Hipertensão secundária Feocromocitoma Tumor benigno na Supra renal causando o ↑de catecolaminas - Tríade: Cefaléia, Taquicardia e dor precordial - Diagnóstico: dosagem basal de adrenalina + Exame de imagem da Supra Renal Hipotireoidismo - Tireoidite de Hashimoto (AC contra as cél da tireoide), níveis de T3 ↓ e T4 ↓ - Sintomas: sonolência, fraqueza, queda de cabelo, edema de MMII, depressão - Disgnostico: Solicitar TSH (no Hipo TSH ↑ e T3 ↓ e T4 ↓) Coarctação de aorta Situação congênita (no RN), leva a uma hipertensão e concomitantemente ↓ o fluxo nos MMIIs = ↓ ou ausência de pulso femoral, poplíteo e pedioso - Confirmação: encaminhar para o cardio (ECO) Hiperaldesteronismo: Tumor benigno na Supra renal causando o ↑ aldosterona (↑ PA e causa vasoconstrição) - Sintomas: câimbras intensas, arritmia - Diagnostico: Dosagem de K (hipocalemia) e Aldosterona Doença de Cronh - Doença inflamatória intestinal crônica que eleva a PA Uso de AINEs - Acumula Na, ↑ volume intravascular = ↑ PA - Fazer anamnese - Suspender o uso Anticoncepcioanais - Fazer anamnese - Geralmente aparece quando iniciou o uso de AC Suspender o uso Acromegalia - Tumor na hipófise, que causa excesso de GH após o fechamento das epífises - Cresce membros, face e órgãos internos Gigantismo - Tumor na hipófise, que causa excesso de GH (Pessoa não para de crescer) - Antes do fechamento das epífises (na infância) - Retém Na, causa cardiopatia Diagnostico: Tomo + dosagem de GH Doença de cushing - causas Endógena ou exógena Endógena: Tumor na gl. suprarenal Exógeno: uso crônico de corticoides - Rosto redondo, giba de búfalo, catabolismo proteico, estrias violáceas, osteoporose, alterações psiquiátricas, diabetes, retenção liquida Diagnostico: Dosar Cortisol Basal (↑) Obstrução de artéria renais - Hipertenso que não responder ao TTO - Não apresenta sinais e sintomas - Libera muita RAA, ↑reabsorção de Na, volume intravascular Diagnostico: US Insuficiência Renal - Retém liquido, causa anasarca = ↑ PA Apneia do sono - Obstrução da VA pela noite - Libera adrenalina (stress), fazendo a PA se manter alta por todo o dia EXAMES (rotina 1 x ano) - Colesterol (fator de risco) - LDL (fator de risco) - HDL < 40 (fator de risco) - Triglicerídeos (fator de risco) - ác. Úrico - Creatinina: (normal: até 1,4 homem e até 1,2 mulher) - Sódio (injesta) - Potássio: hiperaldesteronismo - ECG: FC e investiga hipertrofia de VE ver se ondas QRS estão ↑, se sim sugere hipertrofia. Se onda P positiva e T invertida = lesão de órgão alvo, encaminha para o cardio. Onda Q muito grande: sinal de infarto anterior - RX de tórax (pouco utilizado) - Exame de fundo de olho: oftalmo - Palpar pulso cefálo-caudal, comparar lados (avaliar: frequência, ritmo, perfusão) Exame físico: Ausculta de pulmão e ♥, Turgência de Jugular (hipertrofia de VD), ascite Na presença dessas doenças REFERÊNCIA (encaminhar) Se a lesão é multifatorial Tratar na AB 17 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Primária – Estratificação Risco – Fatores de risco 1- Idade > 60 anos 2- Dislipidemia 3- Tabagismo 4- História familiar Estadiamento final Risco A - Não há fatores de risco Risco B - Há fatores de risco Risco C - Diabetes Mellitus OU lesão de órgão alvo Estagio I PAS: 140 -159 OU PAD: 90 - 99 MEV (3meses) MEV MEV + TM (1 drogas) Estagio II PAS: 160 - 174 OU PAD: 100 -109 MEV + TM (2 drogas) MEV + TM (2 drogas) MEV + TM (2 drogas) Estágio III PAS > 180 OU PAD > 110 MEV + TM (2 drogas) MEV + TM (2 drogas) MEV + TM (2 drogas) Lesão órgão alvo Cérebro ♥ Artéria periférica Rins Fluxo de consulta (medica e enfermagem) Estagio I: trimestral Estagio II e III: mensal Fluxo de consulta pacientes controlados (medica e enfermagem) Risco A: Semestral Risco B: trimestral Risco C: mensalAnt-ihipertensivo: necessita de 30 dias para fazer efeito MEV: MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA 1- Perda de peso: 10% principal fator que ↓ PA 2- Atividade física aeróbica 3- Dieta rica em Potássio = ↓PA 4- Dieta Pobre em Sal 5- Restrição do consumo de álcool (homem: 1 cerveja ou 60 ml destilado – mulher metade) Pct de rastreamento PAS < 120 E PAD < 80: retorno em 2 anos PAS 120 a 139 OU PAD 80 a 89 – Tem fator de risco? SIM: investigar HAS PAS > 140 OU PAD > 90 – SIM: investigar HAS Investigar com 4 fatores: 1- MRPA: medida residencial da PA 2- MAPA: Aparelho 24hrs oscilométrico que faz a média com várias oscilações (pct tem que marcar as atividades) – Medida ambulatorial da PA 3- AMPA: Auto medida da PA 4- CONTROLE: vai até a UBS e o técnico/auxiliar realiza Aferições: 1x por semana em 3 semanas: somar as 3 aferições e fazer a média Quadro 5 – Achados do exame clínico e anamnese indicativos de risco para DCV. Baixo risco/Intermediário – Risco B Alto risco – Risco C • Tabagismo • Hipertensão • Obesidade • Sedentarismo • Sexo masculino • História familiar de evento cardiovascular prematuro (homens <55 anos e mulheres <65 anos) • Idade >65 anos • Acidente vascular cerebral (AVC) prévio • Infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio • Lesão periférica – Lesão de órgão-alvo (LOA) • Ataque isquêmico transitório (AIT) (onda T invertida) • Hipertrofia de ventrículo esquerdo (HVE) • Nefropatia • Retinopatia • Aneurisma de aorta abdominal • Estenose de carótida sintomática • Diabetes mellitus 18 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Tratamento e Acompanhamento das Pessoas com Hipertensão Arterial Sistêmica na Atenção Básica 3.1 Introdução O cuidado da pessoa com hipertensão arterial sistêmica (HAS) deve ser multiprofissional. O objetivo do tratamento é a manutenção de níveis pressóricos controlados conforme as características do paciente e tem por finalidade reduzir o risco de doenças cardiovasculares, diminuir a morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos (BRASIL, 2010). Um dos desafios para as equipes da Atenção Básica é iniciar o tratamento dos casos diagnosticados e manter o acompanhamento regular dessas pessoas motivando-as à adesão ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso. 3.2 Tratamento não medicamentoso O tratamento não medicamentoso é parte fundamental no controle da HAS e de outros fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV), como obesidade e dislipidemia. Esse tratamento envolve mudanças no estilo de vida (MEV) que acompanham o tratamento do paciente por toda a sua vida. Entre as MEV está a redução no uso de bebidas alcoólicas. O álcool é fator de risco reconhecido para hipertensão arterial e pode dificultar o controle da doença instalada. A redução do consumo de álcool reduz discretamente a pressão arterial, promovendo redução de 3,3mmHg (IC95%1: 2,5 – 4,1mmHg) em pressão sistólica e 2,0mmHg (IC95%: 1,5 – 2,6mmHg) em diastólica [GRADE B] (NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CLINICAL ExCELLENCE, 2011; MOREIRA et al, 1999). Outro ponto a ser observado é o uso de anticoncepcionais hormonais orais. A substituição de anticoncepcionais hormonais orais por outros métodos contraceptivos promove a redução da pressão arterial em pacientes hipertensas [GRADE D] (LUBIANCA et al., 2005; ATTHOBARI et al., 2007). Embora fumar seja um fator de risco para o desenvolvimento de DCV, o papel do tabagismo como fator de risco para HAS não está, ainda, bem definido (GUPTA; SINGH; GUPTA, 2004). Estudo realizado na Índia mostrou uma relação significativa do tabagismo com a prevalência da HAS (GUPTA; GUPTA, 1999). Fumar um cigarro eleva momentaneamente a pressão arterial, podendo, o seu efeito se manter por até duas horas (GUPTA; SINGH; GUPTA, 2004). Estudos estimam um aumento de até 20mmHg na pressão sistólica após o primeiro cigarro do dia. Além disso, o cigarro aumenta a resistência às drogas anti- hipertensivas, fazendo com que elas funcionem menos que o esperado (FERREIRA et al, 2009; CHOBANIAN et al., 2003). 1 Intervalo de confiança de 95%. Indica que 95% da amostra do estudo apresentou uma redução da PA entre 2,5 e 4,1mmHg. Quando menor o IC, maior a confiabilidade no estudo. O tabagismo também aumenta o risco de complicações cardiovasculares secundárias em hipertensos e aumenta a progressão da insuficiência renal. Além disso, a cessação do tabagismo pode diminuir rapidamente o risco de doença coronariana entre 35% e 40% (KAPLAN, 2010). A adoção de hábitos saudáveis, como alimentação, diminuição do consumo de álcool, prática de atividade física, controle do peso e abandono do tabagismo serão abordados no Cadernos de Atenção Básica, nº 35 – Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica, desta Coleção. As especificidades da alimentação saudável e a prática de atividade física na HAS serão abordadas neste Caderno nos próximos capítulos. Tratamento medicamentoso A decisão de quando iniciar medicação anti-hipertensiva deve ser considerada avaliando a preferência da pessoa, o seu grau de motivação para mudança de estilo de vida, os níveis pressóricos e o risco cardiovascular. Pessoas com alto risco cardiovascular ou níveis pressóricos no estágio 2 (PA ≥ 160/100mmHg) beneficiam-se de tratamento medicamentoso desde o diagnóstico para atingir a meta pressórica, além da mudança de estilo de vida (BRITISH HYPERTENSION SOCIETY, 2008). Pessoas que não se enquadram nos critérios acima e que decidem, em conjunto com o médico, não iniciar medicação neste momento, podem adotar hábitos saudáveis para atingir a meta por um período de três a seis meses. Durante esse intervalo de tempo devem ter a pressão arterial avaliada pela equipe, pelo menos, mensalmente. Quando a pessoa não consegue atingir a meta pressórica pactuada ou não se mostra motivada no processo de mudança de hábitos, o uso de anti-hipertensivos deve ser oferecido, de acordo com o método clínico centrado na pessoa. O tratamento medicamentoso utiliza diversas classes de fármacos selecionados de acordo com a necessidade de cada pessoa, com a avaliação da presença de comorbidades, lesão em órgãos-alvo, história familiar, idade e gravidez. Frequentemente, pela característica multifatorial da doença, o tratamento da HAS requer associação de dois ou mais anti-hipertensivos (BRASIL, 2010) Ex: IC, diabetes IECA - Cefaleia, revascularizado: β-Bloq - 55 anos indica começar com Tiazídico - Gravidez: CI captopril (mal formação fetal) 19 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Tabela 4 – Medicamentos disponíveis na Rename 2012 Classe farmacológica Denominação genérica Concentração Apresentação Dose mínima Dose máxima Tomadas ao dia* Diuréticos tiazídicos Hidroclorotiazida 12,5 mg ou 25 mg Comprimido 12,5 – 25 mg 50 mg 1 Diuréticos (de Alça) – Sulfonamidas simples Furosemida 40 mg Comprimido 20 mg Variável 1 – 2 Agentes poupadores de potássio Espironolactona 25 mg ou 100mg Comprimido 25 mg 100 mg 1 – 2 Betabloqueadores seletivos Atenolol 50 mg ou 100mg Comprimido 25 mg 100 mg 1 – 2 Succinato de Metoprolol 25 mg, 50mg ou 100 mg Comprimido de liberação controlada 25 – 100 mg 200 mg 1 – 2 Tartarato de Metropolol 100 mg Comprimido 25 – 100 mg 200 mg 1 – 2 Agentes alfa e betabloqueadores Carvedilol 3,125 mg, 6,25 mg, 12,5 mg ou 25mg Comprimido 12,5 mg 50 mg 1 – 2 Betabloqueadores não seletivos Propranolol 10 mg ou 40 mg Comprimido 40 mg 240 mg 2 – 3 Antiadrenérgicos de ação central Metildopa 250 mg Comprimido 500 mg 1.500 mg 2 – 3 Bloqueadores seletivos dos canais de cálcio – Derivados da diidropiridina Besilato de Anlodipino 5 mg ou 10 mg Comprimido 5 mg 10 mg 1 Nifedipino 10 mg Cápsula ou comprimido 20 – 40 mg 60 mg 3 Bloqueadores seletivosdos canais de cálcio – Derivados da fenilalquilamina (não é utilizado na rede) Cloridrato de Verapamil 80 mg ou 120 mg Comprimido 80** -– 120 mg 480 mg 2 – 3 Agentes que atuam no músculo liso arteriolar Cloridrato de Hidralazina 25 mg ou 50 mg Comprimido 25 mg 200 mg 2 Inibidores da enzima conversora de angiotensina, simples Captopril 25 mg Comprimido 25 mg 150 mg 2 – 3 Maleato de Enalapril 5 mg, 10mg ou 20 mg Comprimido 5 mg 40 mg 1 – 2 Antagonistas da angiotensina II, simples Losartana potássica 50 mg Comprimido 25 mg 100 mg 1 Fonte: (BRASIL, 2010; KATZUNG, 2003; GUSSO; LOPES, 2012). * O termo "Tomadas ao dia" refere-se à quantidade de vezes em que o paciente irá utilizar a medicação. Mais de um comprimido poderá ser ingerido durante uma tomada, atentando-se paras as doses mínima e máxima da medicação. ** A dose inicial para idosos é de 40 mg. 20 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Diuréticos Tiazídicos: Hidroclorotiazida 1ª Escolha Mecanismo de ação: No túbulo renal ↑ excreção de Na, K água na urina = ↓ o volume vascular = ↓ PA - Após 15 dias, relaxa a parede arterial, ajudando a ↓ a PA - Ação: 24hrs (lenta) - ↓ A PA de forma gradual, - 1ª escolha em idosos e pessoas de cor negra - Efeito colateral: como perde K, pode causar caibras, ↑ glicemia (atenção diabetes), ↑ ác. úrico (contra-indicado em pct com hiperuricemia), ↑ colesterol e triglicéridos, ↑ Ca (bom na osteoporose) - 1 dose pela manhã: dose mínima 12,5, dose máx 50 mg (não utilizado) – dose usual: 25 mg β-Bloqueador seletivo (age em β-1) 2ªEscolha Efeitos: - Atua no R β bloqueando a ação da adrenalina: 1- ↓ FC 2- Evita a vasoconstrição 3- ↑ Fluxo coronariano (Ao ↓ a FC em 1 min, se tem mais diástole do que sístole, e como as coronárias são irrigadas em diástole, esse eleito melhora a perfusão do MEC) 1ºEscolha em pct revascularizados e com crise de enxaqueca - dias antes das cirurgias: acalma o pct (bloqueia adrenalina), melhora a perfusão do miocárdio, e consequentemente melhora as chances de sobrevida - Utilizado em pct com taquicardias, arritimias: ↓ FC - Evidencias demonstram que melhora a sobre-vida, o ideal é associa-lo com outra droga (Hidrclorotiazida), pois não é uma boa droga para TTO de monoterapia - Cuidado: Mascara o feocromocitoma - Atenolol: 1 a 2 x dia - 25 a 50 mg dia (nunca antes de dormir, pelo menos 4 horas antes) - Eventos adversos: ↑ colesterol total, ↑ triglicerídeos, ↓ FC, bloqueio de ramo cardíaco (bradicardia), efeito rebote (cuidado na retirada abrupta – pode apresentar picos hipertensivos), crise de asma, cuidado com pct insulino-dependente (se tem hipo pode ter descarga adrenérgica e tomando o β-bloq esses sintomas serão mascarados), fenômeno de Reynold (pois ↓ a vascularização periférica), disfunção sexual, cansaço nas atividades diárias, insônia e pesadelos (↓ perfusão cerebral) CI: pct com obstrução da vascularização periférica, homens por causar disfunção sexual β-Bloqueador não seletivo (β-1 e β-2) - Efeitos colaterais: estimula crise de asma (β-2) CI: na asma brônquica, enfisema - Propanolol a cada12 horas: máx 240 mg/dia Furosemida - Ação rápida: Alça de Henle - Indicação: pct com lesão de órgão alvo (IC congestiva:♥ fraco, retém sangue, causando sobrecarga, o que pode até mesmo causar o retorno para o pulmão = edema agudo de pulmão), ou seja, reduz edema, melhora qualidade de vida. - Efeito colateral: como perde K, pode causar caibras, ↑ ác. Úrico, causa hipotensão - Dose: 20 mg 1 a 2 vezes ao dia Espironolactona - Diurético - dose mínima: 25mg - dose máx: 100 mg - 1 a 2 x dias - Não dá câimbras, não aumenta glicemia - 4ª Escolha: Poupadores de K Inibidores do Canal de Ca - Bons Anti-hipertensivos Besilato de Anlodipino (1x dia) Nifedipino Dose: 20 mg 3xdia -Mecanismo de ação: Na parede do endotélio tem os canais de Ca, inibir os canais de Ca = dilatar as artérias = ↓ PA (dilatador indireto). Muito eficaz - Efeito colateral: ao dilatar a artéria - edema maleolar, edema de MMII, cefaleia 1ª escolha em negros (associado ao Hidroclorotiazida) 3ª escolha (Se deu Hidroclorotiazida + Captopril e não controlou, adicionar Nifedipino) Metildopa - Inibidores adrenérgicos (ação no SN simpático) ↓ PA - Não é um bom anti-hipertensivo - 1ª Escolha na gestação (não causa má-formação fetal, não atravessa barreira transplacentaria, estimula produção de leite, estimula a contração do parto) Dose: 250 mg de 2 a 3 x dia (dose máx. 1500 mg) Nunca só 1 x ao dia 4ª escolha - Mas controla alguns casos refratários - Efeitos adversos: sedação, boca seca, tontura, risco de queda, depressão Agentes que atuam no ML arteriolar Hidralazina: - Não é um bom anti-hipetensivo para TTO continuo/ Rotina (melhor para crise- hipertensiva) - Potente VASODILATADOR - Efeito colateral: efeito rebote (abaixa e depois sobe) IECA - Captopril, Enalapril e Ramipril Controle da PA: SRAA. Quando o sangue passa na A.aferente a cél justaglomerular vai perceber o volume sanguíneo, se estiver ↓, ela vai liberar renina, a Renina na corrente sanguínea e inicia a cascata da SRAA (retém Na, H2O e vasoconstricção) Captopril: inibe a ECA no pulmão, que converte Angio I Angio II - Faz com que o Na seja eliminado, com que o volume sanguíneo não aumente, e como efeito indireto poupa K - Libera Bradicinina: mediador inflamatório, que causa dilatação de arteríolas periféricas, assim no rim dilato os vasos glomerulares e tem efeito nefroprotetor 1ª Escolha em pct com Diabetes, pct com Hipertrofia de VE (remodela o ♥), bom na IC congestiva (acumula mais sangue na periferia assim ↓ sobrecarga cardíaca) - Não é tão indicado para negros - Captopril + furosemida: melhora a sobrevida e sintomas no pct com IC congestiva Captopril: Dose: 25 mg de 2 a 3 x dia (máx. 150 mg) Enalapril: Dose min.5 mg, média 20 de 1 a 2 x dia (máx. 40 mg) Efeito colateral: angiodema, tosse (bradicinina) CI: gestante (má formação fetal) Antagonista da Angio II- Losartana - atua diretamente na Angio II - Não libera bradicinina - Evita retenção de Na, evita o ↑ da PA, evita a vasoconstricção, poupa K - Não causa disfunção erétil Não pode adm Captopril + losartana pois causa lesão renal 1ª Escolha por ter poucos efeitos colaterais, bem tolerado, 1 dose dia Efeito colateral: tontura CI: gestante 21 Letícia M. Dutra - Protocolos de atenção à Saúde Antes de substituir o anti-hipertensivo que se mostra ineficaz, deve-se garantir o uso de doses adequadas. Ocorrência de efeitos adversos significativos ou continuada ineficácia indicam a necessidade de substituição, em vez do uso de doses mais altas. Pacientes sob tratamento com três anti-hipertensivos em doses adequadas, incluindo um diurético, com adesão conferida e sem pressão controlada, têm hipertensão resistente. Esses pacientes devem ser referidos a serviços especializados. O Quadro 11 traz as indicações das principais situações clínicas por classes medicamentosas. Indicações Classe medicamentosa Insuficiência cardíaca Diuréticos, betabloqueadores, inibidores da enzima conversora de angiotensina ou antagonistas da angiotensina II, antagonistas de aldosterona. Pós-infarto do miocárdio Inibidores da enzima conversora da angiotensina, antagonistas da aldosterona. Alto risco para doença coronariana Betabloqueadores, inibidores da enzima conversora da angiotensina, bloqueadores dos canais de cálcio. Diabetes Inibidores da enzima conversora da angiotensina, antagonistas da angiotensina II, bloqueadores dos canais de cálcio. Doença renal crônica Inibidores da enzima conversora da angiotensina, antagonistas da angiotensina II. Prevenção da recorrência de acidente vascular encefálico (AVE) Diurético, inibidores da enzima conversora
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