Buscar

Fisioterapia em disfunções de ATM

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
1 ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (ATM) .......................................................................... 4 
1.1 Sistema mastigatório ............................................................................................................................. 4 
1.2 Funções principais do aparelho mastigatório ..................................................................................... 4 
1.3 Anatomia ................................................................................................................................................ 4 
1.4 Dentes ..................................................................................................................................................... 6 
1.5 Ligamento temporomandibular ........................................................................................................... 7 
1.6 Ligamentos acessórios ........................................................................................................................... 8 
1.7 Cápsula ................................................................................................................................................... 8 
1.8 Disco articular........................................................................................................................................ 9 
1.9 Músculos do complexo cérvico-crânio-mandibular: ........................................................................ 10 
1.9.1 Temporal ......................................................................................................................................... 11 
1.9.2 Masseter .......................................................................................................................................... 11 
1.9.3 Pterigóideo Medial .......................................................................................................................... 11 
1.9.4 Pterigóideo Lateral .......................................................................................................................... 11 
1.9.5 Músculos supra-hióideos e infra-hióideos ...................................................................................... 12 
1.9.6 Músculos faciais ............................................................................................................................. 12 
1.9.7 Músculos cervicais .......................................................................................................................... 13 
1.10 Origem e inserção musculares ....................................................................................................... 13 
1.11 Vascularização ................................................................................................................................... 15 
1.12 Inervação ......................................................................................................................................... 16 
1.13 Movimento mandibular de Abertura .............................................................................................. 17 
1.14 Movimento mandibular de Laterotrusão ........................................................................................ 18 
1.15 Movimento mandibular de Retrusão ............................................................................................... 18 
1.16 Movimento mandibular de Fechamento ......................................................................................... 18 
1.17 Postura ................................................................................................................................................ 19 
3 DISFUNÇÃO TÊMPORO-MANDIBULAR - DTM .............................................................................. 21 
3.1 Terminologia ........................................................................................................................................ 21 
3.2 Definição de DTM ............................................................................................................................... 22 
3.3 Etiologia ................................................................................................................................................ 22 
3.4 Sinais e Sintomas ................................................................................................................................. 23 
3.5 Evolução patológica ............................................................................................................................. 24 
3.6 Classificação das DTM ........................................................................................................................ 25 
3.7 Classificação diagnóstica ............................................................................................................... 28 
3.7.1 Disfunções articulares ..................................................................................................................... 29 
3 
 
 
3.7.2 Disfunções musculares ................................................................................................................... 34 
3.7.3 Disfunções neurovasculares ............................................................................................................ 35 
3.8 Inter-relação postura/ATM ................................................................................................................ 38 
3.9 Respirador bucal ................................................................................................................................. 39 
4 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA .................................................................................................... 41 
4.1 Anamnese ............................................................................................................................................. 41 
4.2 Exames complementares: ................................................................................................................... 44 
4.2.1 Radiografia ..................................................................................................................................... 44 
4.2.2 Panorâmica ..................................................................................................................................... 45 
4.2.3 Tomografia ..................................................................................................................................... 45 
4.2.4 Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ........................................................................................ 46 
5 EXAME FÍSICO ........................................................................................................................................ 48 
5.1 Inspeção ................................................................................................................................................ 48 
5.2 Língua ................................................................................................................................................... 48 
5.3 Posições mandibulares básicas ........................................................................................................... 49 
5.4 Classificação de Angle ......................................................................................................................... 50 
5.5 Palpação óssea ...................................................................................................................................... 51 
5.6 Palpação muscular ............................................................................................................................... 51 
5.7 Amplitude de movimento passivo ...................................................................................................... 53 
5.8 Teste articular...................................................................................................................................... 53 
5.9 Teste muscular ..................................................................................................................................... 55 
6 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO ............................................................................................... 57 
6.1 Objetivos fisioterapêuticos gerais para DTM: .................................................................................. 57 
6.2 Recursos físicos .................................................................................................................................... 57 
6.3 Ultra-som .............................................................................................................................................. 57 
6.4 Laser ..................................................................................................................................................... 58 
6.5 TENS..................................................................................................................................................... 60 
6.6 Crioterapia ........................................................................................................................................... 61 
6.7 Cinesioterapia ...................................................................................................................................... 62 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 64 
 
 
 
 
4 
 
 
1 ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (ATM) 
 
1.1 Sistema mastigatório 
O sistema mastigatório é a unidade funcional do corpo primordialmente responsável pela 
mastigação, fala e deglutição. Os seus componentes também atuam no paladar e na respiração. 
O sistema é composto por ossos, articulações, ligamentos, dentes e músculos. Além disso, há 
um intrincado sistema de controle neurológico que regula e coordena todas essas estruturas e 
componentes. A neuroanatomia e a fisiologia produzem um mecanismo através do qual, 
importantes movimentos funcionais da mandíbula podem ser executados. 
Todos os movimentos funcionais são atos altamente coordenados pelo complexo 
neuromuscular. Estímulos sensoriais das estruturas do sistema mastigatório (p.ex., dentes, 
ligamentos periodontais, lábios, língua, maxilares, palato) são recebidos e integrados como atos 
reflexos existentes e atividade muscular adquirida para desempenhar a atividade funcional 
desejada. 
 
1.2 Funções principais do aparelho mastigatório 
Existem três funções principais do sistema mastigatório: 
(1) mastigação 
(2) deglutição 
(3) fala. 
Existem também funções secundárias, que auxiliam na respiração e na expressão das 
emoções. 
 
1.3 Anatomia 
A articulação têmporo-mandibular, considerada a articulação mais complexa do corpo humano, 
é composta principalmente pelo côndilo mandibular, parte móvel que se desloca, e pelo osso 
5 
 
 
temporal, parte fixa. 
6 
 
 
Separando completamente estes dois ossos para que não se articulem diretamente existe um 
tecido fibrocartiloginoso, resistente, denominado disco articular que, desta forma, divide o 
espaço virtual entre o côndilo e osso temporal em inferior e superior. 
Envolvendo completamente os componentes desta articulação existe uma cápsula, ou 
ligamento capsular, que tem a função de manter a união entre os ossos temporal e mandibular e 
resistir movimentos que tendem a deslocar os componentes intracapsulares fora de seus limites 
funcionais. Assim, por convenção, as ocorrências dentro desses limites podem ser chamadas 
como intracapsulares ou intra-articulares. 
A articulação têmporo-mandibular possui uma característica ímpar, é o único sistema articular 
com um ponto terminal “rígido“ de fechamento, que são os dentes. Deste modo, uma 
interdependência de formação estrutural e estabilidade funcional são estabelecidas entre a 
dentição e as articulações. Devido a esta integração, alterações como perdas dentárias, 
restaurações incorretas, traumas, doenças articulares etc., sempre provocam necessidade de 
uma modificação adaptativa em todo o conjunto. 
Outro aspecto pertinente à articulação têmporo-mandibular é que ambos os côndilos fazem 
parte de um mesmo osso, assim, qualquer alteração mecânica e/ou funcional de um pode afetar 
o outro. O termo articulação craniomandibular, às vezes, é usado para demonstrar essa 
bilateralidade. 
Tem-se admitido que a mandíbula trabalha tal qual uma alavanca de terceiro gênero 
(interpotente, como uma pinça por exemplo). 
O fulcro é a própria ATM, que juntamente com os dentes recebe uma carga de força durante a 
mastigação. A força desenvolvida pode ser mais ou menos absorvida pelo fulcro de acordo não 
apenas com a quantidade gerada, mas também com o tamanho da distância entre a resistência 
(dentes) e o fulcro (ATM). Neste caso, a mastigação com os incisivos faz aumentar o braço de 
resistência e a carga no fulcro é aumentada. 
 
1.4 Dentes 
Existem quatro incisivos maxilares (superiores) e quatro incisivos mandibulares (inferiores). A 
função dos incisivos é cortar o alimento durante a mastigação. 
Existem dois caninos maxilares e dois caninos mandibulares. Na dentição humana os caninos 
geralmente agem como incisivos e ocasionalmente são usados para rasgar e cortar. 
7 
 
 
Existem quatro pré-molares maxilares e quatro mandibulares. Os pré-molares também são 
chamados bicúspides porque eles geralmente têm duas cúspides. Os pré-molares maxilares e 
mandibulares ocluem de forma tal a permitir que a comida seja colocada e amassada entre eles. 
A principal função dos pré-molares é iniciar a quebra das substâncias do alimento em pedaços 
menores. 
Existem seis molares maxilares e seis mandibulares. A coroa de cada molar tem quatro ou cinco 
cúspides. Isto proporciona uma ampla superfície sobre a qual a trituração da comida ocorrerá. 
Os molares atuam primariamente nos estágios finais da mastigação, quando o alimento é 
transformado em pequenas partículas fáceis de engolir. 
A tolerância estrutural é o ponto no qual o colapso se inicia. O fator fundamental na harmonia do 
aparelho mastigatório é uma boa oclusão. Quando ela é estabelecida por uma dentição 
saudável bem alinhada, as estruturas deste aparelho podem tolerar mais facilmente as pesadas 
cargas geradas pelo sistema muscular. Se, no entanto, o alinhamento dos dentes é ruim ou os 
arcos dentários estão mutilados, ou restaurações inadequadas, as pesadas forças são mais 
prováveis de serem transferidas às estruturas que não são capazes de tolerá-las. Por exemplo, 
quando há perda unilateral dos dentes posteriores a força da atividade biomecânica da 
articulação sobre o lado sem suporte é muito maior que do lado oposto; isto aumenta a chance 
de tolerância estrutural da articulação sobrecarregada ser excedida e ocorrer colapso. 
À medida que o fator da oclusão inadequada tornou-se maior, o efeito dele, juntamente com o 
estresse do indivíduo, excede sua tolerância fisiológica. A hiperatividade muscular é então 
aumentada, excedendo a tolerância estrutural e causando o colapso do tecido. 
Quando existe má oclusão, a mandíbula ainda assim estará com um contato total, geralmente 
criando um desequilíbrio muscular e um déficit na posição condilar, que é uma causa comum de 
desarranjo discal. 
 
1.5 Ligamento temporomandibular 
É o único verdadeiro ligamento da ATM. Cobre quase toda a superfície lateral da cápsula 
articular e é contínuo a ela. Acima ele se insere numa longa linha no processo zigomático do 
temporal, além da eminência articular até as imediações do processo retroarticular. As fibras 
convergem direção inferior para se inserirem no colo da mandíbula em uma pequena área logo 
abaixo da inserção do disco articular. Esta convergênciadas fibras dá ao ligamento um aspecto 
8 
 
 
triangular e deixa descoberta uma pequena porção posterior da cápsula. No todo, ele age como 
ligamento suspensório da mandíbula, mas como suas fibras profundas são muito inclinadas, 
quase horizontais servem também para limitar movimentos retrusivos da mandíbula e assim 
evitar a compressão das estruturas situadas atrás da cabeça da mandíbula. 
 
1.6 Ligamentos acessórios 
Os textos de anatomia referem-se a duas formações anatômicas que dariam um suporte 
ligamentoso adicional à ATM, apesar de estarem distantes dela e não terem influência sobre os 
seus movimentos. 
São eles o ligamento esfenomandibular, que vai da espinha do esfenóide à língula da 
mandíbula, e o ligamento estilomandibular, que vai do processo estilóide ao ângulo da 
mandíbula. 
 
1.7 Cápsula 
A cápsula ou ligamento articular é uma membrana que liga ou prende o côndilo mandibular ao 
osso temporal, envolvendo-os completamente. É constituída de tecido conjuntivo, cujas fibras 
ricas em colágeno não se estiram. Apresenta-se em duas camadas: uma membrana fibrosa, 
relativamente frouxa e bem resistente, que é externa; e a membrana sinovial, que constitui a 
camada interna da cápsula. 
A cápsula atua para resistir a qualquer força mediana, lateral ou inferior que tende a separar ou 
deslocar as superfícies articulares e, deste modo, define os limites anatômicos e funcionais da 
ATM entre a fossa mandibular, eminência articular e nos pólos medial e lateral do côndilo, 
abaixo da inserção dos ligamentos colaterais. 
Os proprioceptores situados nas cápsulas, disco e ligamentos têm uma função especializada e 
servem como monitores dos movimentos e posições dos componentes de qualquer articulação. 
A cápsula articular parece possuir maior variação de movimento e adaptabilidade quando 
comparada com os ligamentos. 
 
9 
 
 
1.8 Disco articular 
Tal como acontece em outras articulações sinoviais, encontramos na articulação têmporo- 
mandibular uma placa de tecido conjuntivo fibroso, a qual divide a articulação em duas partes: 
os compartimentos disco-mandibular e disco-temporal. Trata-se de uma placa de forma côncava 
(exceção feita da sua face dorso-cranial), formada por densa rede de fibras colágenas. Estas 
fibras se entrelaçam, constituindo uma rede tridimensional, a qual é responsável pelas 
propriedades biomecânicas do tecido do disco. 
Do ponto de vista funcional, a morfologia do disco é importante para: 
 Correção do espaço articular, compensando as incongruências das superfícies 
articulares, de modo a melhorar a estabilidade da articulação; 
 Distribuição da pressão, visando aumentar a superfície efetiva, com conseqüências 
favoráveis quanto à solicitação da cartilagem articular e à lubrificação da articulação; 
 Mobilidade, devido à subdivisão do espaço intra-articular em dois compartimentos: o 
superior e o inferior. Na articulação superior ocorre um movimento de deslizamento entre 
a superfície da face articular e o disco, enquanto no compartimento inferior observa-se 
um movimento combinado: rotação e deslizamento. 
 
O disco articular está formado por feixes densos de fibras colágenas que, na área central, são 
mais finos e mais grossos na região posterior e anterior. A região central do disco é avascular e 
carece de inervação. O disco apresenta duas inserções posteriores no côndilo e osso temporal 
e uma inserção anterior no músculo pterigóideo lateral. As regiões posteriores e anteriores são 
ricas em terminações nervosas, especialmente proprioceptores. 
 
As características do disco podem ser resumidas da seguinte forma: 
a) Apresenta pouca espessura; 
b) O disco é fibroelástico; 
c) O disco apresenta proprioceptores; 
d) O disco apresenta pouca capacidade regenerativa; 
e) As alterações no disco são de caráter degenerativo; 
f) O disco apresenta 3 zonas topográficas com funções diferentes. 
10 
 
 
 
 
As funções do disco são: 
a) Estabilizar o côndilo; 
b) Acompanhar os movimentos condilares; 
c) Proteger as superfícies articulares do contato ósseo direto durante os movimentos 
mandibulares; 
d) Amortecer as pressões; 
e) Regular os movimentos mandibulares. (As porções anterior e posterior do disco são 
ricas em proprioceptores, especialmente corpúsculos de Ruffini). 
 
1.9 Músculos do complexo cérvico-crânio-mandibular: 
 
 
1. Músculos mastigatórios 
 
Figura 1. Músculos mastigatórios principais. 
 
1 
4 
2 3 
Legenda: 
 
1. Músculo Temporal 
2. Músculo Masseter 
3. Músculo Pterigóideo Medial 
4. Músculo Pterigóideo Lateral 
11 
 
 
1.9.1 Temporal 
O temporal é um músculo grande, em forma aparente de leque. As fibras dos músculos 
temporais ao se contraírem elevam a mandíbula. Quando somente uma parte se contrai, a 
mandíbula se move de acordo com a direção das fibras que estão ativadas. 
As fibras anteriores participam da fase de fechamento do ciclo mastigatório e estão inativas na 
fase de abertura. Este grupo de fibras é ativo também durante a deglutição e na posição 
postural. 
As fibras posteriores funcionam primariamente como retratoras ou estabilizadoras mandibulares 
e são inativas durante a depressão e protrusão da mandíbula. Devido à variação na angulação 
de suas fibras musculares, o temporal é capaz de coordenar os movimentos de fechamento, 
desta forma, possui um papel relevante como posicionador da mandíbula. 
 
1.9.2 Masseter 
O masseter é um músculo forte, formado por um feixe ou porção superficial e outro feixe 
profundo. Sua principal função é o fechamento ou elevação da mandíbula nas posições 
cêntricas. Parece designado, assim, para esmagar e moer os alimentos próximo à posição da 
máxima intercuspidação. 
 
1.9.3 Pterigóideo Medial 
Quanto à direção de suas fibras, o pterigóideo medial e o masseter superficial funcionam 
sinergicamente para formar um suspensório muscular que sustenta a mandíbula na altura do 
seu ângulo. Quando suas fibras se contraem, a mandíbula é elevada e os dentes entram em 
contato. Atua ainda na protrusão e no movimento lateral da mandíbula. 
 
1.9.4 Pterigóideo Lateral 
Este músculo foi, durante muito tempo, considerado como possuindo 2 feixes ou porções, uma 
12 
 
 
superior e outra inferior. Entretanto, recentemente, pesquisadores provaram que estes feixes 
apresentavam funções diferentes. Assim, os pterigóideos laterais, superior e inferior podem ser 
considerados como músculos independentes. 
 Pterigóideo Lateral Inferior: Quando os pterigóideos laterais inferiores direito e esquerdo se 
contraem simultaneamente, os côndilos são movimentados pela inclinação da parede posterior 
da eminência articular, sendo esta função primordial, ou seja, a protrusão. Quando o músculo 
pterigóideo lateral inferior, juntamente com os músculos depressores, atua, ocorre o 
abaixamento da mandíbula. 
 Pterigóideo Lateral Superior: O pterigóideo lateral superior atua em conjunção com os 
músculos elevadores. 
 
1.9.5 Músculos supra-hióideos e infra-hióideos 
 
O grupo muscular supra-hióideo compreende os músculos digástrico, milo-hióideo, genio- 
hióideo e estilo-hióideo. Funcionam para elevar o osso hióideo superior e posteriormente, como 
ocorre durante a deglutição, e para abaixar a mandíbula quando o osso hióideo está fixo. 
O grupo dos músculos infra-hióideos inclui o esterno-hióideo, o esternotireóideo e o omo-
hióideo. Estão localizados abaixo do osso hióideo e sua função consiste em abaixar este osso e 
a laringe, como também estabilizá-lo permitindo que os supra- hióideos baixem a mandíbula. 
 
1.9.6 Músculos faciais 
Os músculos deste grupo são mais de vinte, e dentre eles, dois devem ser considerados: o 
orbicular dos lábios e o bucinador. 
A ação do obicular dos lábios é pressioná-los contra os dentes anteriores e ainda protruí-los. 
Enquanto a principal função do músculo bucinador é tensionar a bochecha direcionando, desta 
forma, os alimentos para os dentes a partirdo aspecto lateral e impedindo que a bochecha se 
“dobre” e seja mordida durante o fechamento dos maxilares. 
 
13 
 
 
1.9.7 Músculos cervicais 
Também importantes para o sistema embora não participem diretamente da função 
mastigatória. 
São eles: esternocleidomastóideo, músculos posteriores do pescoço e o trapézio. 
Estes músculos têm sua origem na base do crânio e são necessários para estabilizá-lo e 
permitir os movimentos controlados da mandíbula. 
O platisma, músculo cutâneo do pescoço, também deve ser considerado. 
 
 
1.10 Origem e inserção musculares 
MASSETER 
o: porção superficial 2/3 do bordo inferior do arco 
zigomático porção profunda – superfície medial do arco 
zigomático 
i: superfície lateral do processo coronóide e ângulo da 
mandíbula f: elevação mandibular; mastigação 
 
PTERIGÓIDEO MEDIAL 
o: superfície medial do pterigóideo lateral; processo piramidal do osso palatino; 
tuberosidade maxilar 
i: partes posterior e inferior da superfície medial do ângulo da mandíbula 
f: protrusão e elevação da mandíbula; auxilia movimentos rotacionais (lateral) da 
mandíbula 
 
PTERIGÓIDEO LATERAL 
o: ventre superior - superfície infratemporal da asa maior do esfenóide ventre inferior 
– superfície lateral do pterigóide lateral 
i: porção anterior do colo do côndilo e cápsula articular 
14 
 
 
f: protrusão mandibular, empurrando o disco anteriormente; auxilia movimentos 
rotacionais da mandíbula. 
 
TEMPORAL 
o: fossa temporal fáscia temporal 
i: processo coronóide bordo anterior do ramo 
f: elevação da mandíbula; retrusão e posições da mandíbula ao mastigar 
 
 
 
Supra-hióideos: milo-hióideo, genio-hióideo, estilo-hióideo, digástrico (feixes anterior e 
posterior) 
MILO-HIÓIDEO 
o: linha partindo da última raiz molar para sínfise 
mandibular i: linha medial do queixo ao osso hióide 
f: elevação do osso hióide e da base da língua; depressão mandibular quando o osso hióide 
está fixo 
GÊNIO-HIÓIDEO 
o: tubérculo genial inferior internamente à superfície da sínfise 
mandibular i: superfície anterior do corpo do osso hióide 
f: elevação do osso hióide e da língua 
ESTILO-HIÓIDEO 
o: bordo posterior do processo estilóide 
i: corpo do osso hióide na junção com o corno maior 
f: elevação do osso hióide e base da língua 
 
DIGÁSTRICO 
o: ventre posterior – processo mastóideo do osso temporal ventre anterior – fossa 
digástrica da mandíbula 
i: fixação do osso hióide e base da língua 
 
15 
 
 
 
Infra-hióideos: esterno-hióideo, omo-hióideo, esternotireóideo e tíreo-hióideo 
 
ESTERNO-HIÓIDEO 
o: manúbrio e extremidade medial da clavícula i: corpo do osso hióide 
OMO-HIÓIDEO 
o: ângulo superior da escápula i: corpo inferior do osso hióide 
ESTERNOTIREÓIDEO 
o: superfície posterior do manúbrio i: cartilagem tireóidea 
TÍREO-HIÓIDEO 
o: cartilagem tireóidea 
i: corpo inferior e corno maior do osso hióide 
 
 
LIGAMENTO ESFENOMANDIBULAR 
o: espinha angular do osso esfenóide 
i: língula mandibular 
 
LIGAMENTO ESTILOMANDIBULAR 
o: processo estilóide 
i: ângulo da mandíbula 
 
 
 
1.11 Vascularização 
Sugere-se que em inúmeros tipos de dores e disfunções craniofaciais possa haver relações 
entre contrações isométricas mantidas (parafunção) e vasoconstrição. Torna-se, desta forma, 
importante o conhecimento da vascularização deste sistema e uma análise destas possíveis 
16 
 
 
relações. 
A vascularização deste sistema ocorre por meio das artérias carótida externa, maxilar e facial e 
seus ramos. 
 
1.12 Inervação 
 
 
Inervação Área inervada 
1) Ramos do nervo masseterino 
2) Ramos do nervo auriculotemporal 
3)Ramos do nervo maxilar interno 
Região anterior da ATM 
Região posterior da ATM 
Ramos articulares anteriores e posteriores 
 
Proprioceptores 
 
 
Proprioceptores da ATM Função principal 
1.Terminações de Ruffini 
2.Corpúsculos de Vater-Paccini 
3.Órgãos tendinosos de Golgi 
 
4.Terminações nervosas livres 
Postura. 
Aceleram os movimentos da mandíbula. 
Ajudam a proteger os ligamentos 
articulares. 
Receptores da dor, função protetora. 
 
Biomecânica 
Em uma posição postural, sem interferência da condição oclusal, o côndilo é estabilizado por 
uma contração moderada de alguns músculos, o que caracteriza a tonicidade normal do 
17 
 
 
sistema. Os principais músculos envolvidos nesta condição são os temporais, que posicionam 
os côndilos superiormente na fossa, os masseteres e os pterigóideos mediais, ântero-
superiormente, e os pterigóideos laterais inferiores, que posicionam os côndilos horizontalmente 
na parede posterior da eminência articular. 
A relação postural ideal é completada com os discos articulares corretamente interpostos entre 
os côndilos e a fossa articular. 
A contração moderada e integrada desses músculos proporciona a posição de melhor 
estabilidade para os componentes intra-articulares, a partir da qual se iniciam os movimentos 
mandibulares. 
 
 
Figura 2. Biomecânica da ATM. 
 
 
 
1.13 Movimento mandibular de Abertura 
Durante o trecho inicial de movimento de abertura ocorre apenas um movimento de rotação da 
mandíbula em torno de um eixo fixo, chamado eixo de dobradiça. Trata-se de uma distância de 
20 a 25 mm. Sob a influência das estruturas articulares, a abertura da boca, além dessa 
18 
 
 
distância é acompanhada de movimento simultâneo de rotação e deslizamento da mandíbula: 
ambos os côndilos deslizam para baixo e para frente. 
Na primeira fase de abertura ocorre um pequeno movimento do côndilo, que ao girar em torno 
de seu próprio eixo, determina a chamada “rotação”. Este movimento, limitado pelos ligamentos 
colaterais, caracteriza a articulação “infra-discal”. Na seqüência de abertura, o conjunto côndilo-
disco desliza pela parede posterior da eminência articular, determinando o movimento de 
“deslizamento”. Este movimento, também limitado pelos ligamentos capsulares, caracteriza a 
articulação “supradiscal”. 
Para que ocorra a abertura, os músculos pterigóideos laterais inferiores se contraem 
tracionando o conjunto côndilo-disco anteriormente, enquanto, simultaneamente, os músculos 
elevadores antagonistas (temporais, masseteres, pterigóideos mediais e laterais superiores) 
permanecem inativos possibilitando a normalidade do movimento. Ao mesmo tempo os tecidos 
retrodiscais, por meio de suas fibras de estrutura elástica, se estiram proporcionando tensão 
posterior no disco articular. Os digástricos anteriores completam a abertura. 
 
1.14 Movimento mandibular de Laterotrusão 
Ambos os côndilos executam padrões motores diferentes. Exemplo, o movimento da mandíbula 
para o lado direito: o processo condilar direito descreve um pequeno movimento para fora 
(movimento de Bennett), o qual é acompanhado de discreto deslocamento para trás e para 
cima. Durante estes movimentos, o processo condilar da articulação esquerda desliza para 
frente e para baixo, ao longo da face posterior inclinada do tubérculo articular, ao mesmo tempo 
em que se desloca em direção à linha mediana. 
 
1.15 Movimento mandibular de Retrusão 
Em posição sentada ereta, a intercuspidação máxima permite um movimento de retrusão de 
aproximadamente 0,6 mm. As restrições a este movimento não são devidas às estruturas 
ósseas da articulação, mas sim às formadas por tecido conjuntivo fibroso, à musculatura (em 
especial, ao músculo pterigóideo lateral) e ao sistema neuromuscular. 
 
1.16 Movimento mandibular de Fechamento 
Nesse movimento os músculos elevadores são ativados e, enquanto os pterigóideos laterais 
19 
 
 
inferiores se tornam inativos, os pterigóideos laterais superiores desempenham relevante 
função coordenadora. 
A função básica da contração dos músculos pterigóideos laterais superiores parece ser a de 
coordenar o retorno do disco articular de forma suave à sua posição, posto que, ligado na sua 
parte posterior às fibras elásticas da zona bilaminar, poderia sertracionado abruptamente e 
posicionado antes do côndilo, estabelecendo prováveis alterações funcionais. 
Desta forma, estabelece-se uma complexa e integrada ação entre os componentes musculares 
e as fibras elásticas. 
 
1.17 Postura 
O sistema neuromuscular não atua apenas para movimentar as estruturas passivas, mas 
também para mantê-las através do equilíbrio e postura estática. Assim, para a cabeça ser 
mantida na posição ereta, os músculos que ligam a parte posterior do crânio à coluna cervical e 
à região dos ombros devem se contrair. Alguns dos músculos que têm essa função são o 
trapézio e o esternocleideomastóideo. Para contrabalancear esta ação existe um grupo de 
músculos antagonistas na região anterior da cabeça que fornece o equilíbrio adequado: o 
masseter, ligando a mandíbula ao crânio; os supra-hióideos, ligando a mandíbula ao osso 
hióideo e os infra-hióideos, ligando o osso hióideo ao esterno e à clavícula . Estes músculos, 
além de outros, mantêm o correto posicionamento postural do complexo craniofacial, sob um 
refinado controle do sistema nervoso central. 
Esta ação fisiológica é determinada por contração moderada de algumas fibras dos músculos 
isolada com conseqüente normalidade de tônus e estabilidade da postura. No sentido vertical é 
executada principalmente pelas fibras anteriores e médias dos temporais e a porção profunda 
dos masseteres (elevadores); para contrabalancear, os digástricos e os supra- hióideos 
(depressores) são também levemente contraídos. Deste equilíbrio resulta a dimensão vertical 
postural com um adequado espaço livre funcional. 
No sentido sagital o equilíbrio é resultado da contração das fibras posteriores dos temporais em 
antagonismo à contração dos pterigóideos laterais, superior e inferior, embora estes tenham 
suas ações principais antagônicas. 
Funcionalmente, a coluna cervical, a ATM e as articulações entre os dentes estão intimamente 
relacionadas. A anormalidade funcional ou má posição de uma delas podem afetar a função ou 
posição das outras. Por exemplo, a alteração na posição da cabeça modifica a posição 
20 
 
 
mandibular, acometendo assim a oclusão. O equilíbrio entre os flexores e extensores da cabeça 
e pescoço é afetado pelos músculos da mastigação e o músculo supra e infra hióideos. A 
disfunção tanto nos músculos da mastigação quanto nos músculos cervicais pode facilmente 
alterar este equilíbrio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
3 DISFUNÇÃO TÊMPORO-MANDIBULAR - DTM 
 
 
“Devemos saber que quanto mais complexo um sistema tanto maior será a probabilidade de 
haver um problema. O sistema mastigatório é extremamente complexo. É impressionante 
pensarmos que na maioria das vezes ele funciona sem maiores complicações durante toda a 
vida do indivíduo. Quando ocorre um problema, no entanto, poderá haver uma situação tão 
complicada quanto o sistema.” (Okeson) 
 
3.1 Terminologia 
Através dos tempos, os distúrbios funcionais do sistema mastigatório têm sido designados por 
uma variedade de termos. 
Em 1934 Costen descreveu um grupo de sintomas que se localizavam ao redor da orelha e da 
articulação têmporo-mandibular. Ele foi o primeiro a associar a dor de ouvido com distúrbios 
funcionais do sistema mastigatório e dessa forma o nome “Síndrome de Costen” se 
desenvolveu. Ele também acreditou que a perda dos dentes posteriores causava um aumento 
de pressão no ouvido e isto levava aos sintomas. Sua teoria tem se mostrado inexata e, com as 
novas teorias, apareceram novos termos. Desde então distúrbios da articulação têmporo-
mandibular tornou-se popular até que em 1959 Shore introduziu o termo síndrome da 
articulação têmporo-mandibular. 
Mais tarde apareceu o termo distúrbios funcionais da articulação têmporo-mandibular dado por 
Ramfjord e Ash. Alguns termos descreviam os fatores etiológicos prováveis, como distúrbio 
ocluso- mandibular e mioartropatia da articulação têmporo-mandibular. Outras dores também 
foram descritas: síndrome da disfunção com dor, síndrome da dor-disfunção miofacial e 
síndrome da dor-disfunção têmporo-mandibular. 
Como os sintomas nem sempre estão isolados à ATM, alguns autores afirmam que estes 
termos são muito limitados e que um termo mais amplo e coletivo deveria ser usado tal como 
desordens crânio- mandibulares. Bell sugeriu o termo desordens têmporo-mandibulares, que 
ganhou popularidade. Ele não engloba somente problemas isolados das articulações, mas inclui 
22 
 
 
todos os distúrbios associados com a função do sistema mastigatório. 
A grande variedade dos termos usados contribui para a grande confusão que existe neste já 
complicado campo de estudo. Falta de comunicação e coordenação dos esforços para pesquisa 
geralmente levam a diferenças na terminologia. 
Vale ressaltar que, numa visão holística do paciente, devemos associar a desordem na ATM 
aos demais fatores biomecânicos deste grande complexo, que inclui coluna cervical e cintura 
escapular, além das estruturas que compõem o sistema estomatogmático. 
 
3.2 Definição de DTM 
Disfunções têmporo-mandibulares (DTM) são os distúrbios funcionais do aparelho mastigatório 
no sentido mais amplo da palavra, levando em consideração as inter-relações artrogênicas e 
miogênicas, assim como a influência do sistema nervoso, dos órgãos internos e do psiquismo. 
Ao procurar estabelecer o diagnóstico, o examinador se vê obrigado a levar em consideração 
numerosos fatores etiológicos, tendo em vista a natureza multifatorial da síndrome em apreço. 
 
3.3 Etiologia 
Sabemos há vários anos que não existe um fator etiológico único que possa ser 
responsabilizado pela DTM. A sintomatologia clínica dá a nítida sensação de que a etiologia 
desta doença abrange importantes elementos funcionais, anatômicos e psicossociais. 
Cada estrutura do sistema mastigatório pode tolerar somente certa quantia de aumento de 
forças gerada pela hiperatividade muscular. Quando as forças aplicadas às estruturas são 
aumentadas além desse nível crítico, o colapso dos tecidos se inicia. Este nível é conhecido 
como tolerância estrutural. Há uma tolerância estrutural específica para cada componente do 
sistema mastigatório. Se a quantia de força criada pela hiperatividade muscular excede a 
tolerância estrutural de qualquer componente, o colapso vai ocorrer. O início do colapso é visto 
na estrutura como o mais baixo nível de tolerância. Dessa forma o local do colapso varia de 
paciente para paciente. A tolerância estrutural é influenciada por fatores como forma 
anatômica, trauma prévio e condições locais do tecido. 
Do mesmo ponto de vista etiológico, Steenks classifica os fatores responsáveis em três grandes 
23 
 
 
grupos, só ocorrendo disfunção quando esses fatores se combinam. O tamanho dos três 
círculos etiológicos varia de um paciente para outro. 
Figura 3. Representação esquemática dos fatores relacionados à etiologia da DTM. 
 
 
 
O fisioterapeuta deve fazer parte da equipe terapêutica e levar em consideração os círculos 
etiológicos que acabamos de enumerar. É evidente que o seu papel ganha maior destaque nos 
casos em que predominam os fatores de natureza neuromuscular. 
 
3.4 Sinais e Sintomas 
A DTM afeta geralmente várias estruturas de tecidos, ocasionando uma série de 
sintomas. 
Raramente o distúrbio de apenas uma estrutura de tecido é capaz de explicar todos os 
sintomas. 
São manifestações concomitantes possíveis: sensação de rigidez e/ou de fadiga nos músculos 
mastigatórios (bochechas ou têmporas), zumbidos ou vertigens. 
Os sinais e sintomas de DTM são muito facilmente encontrados. Os estudos epidemiológicos 
sugerem que 50% a 60% da população têm algum distúrbio mastigatório. Alguns desses sinais 
24 
 
 
surgem como sintomas significativos que levam o paciente a buscar tratamento. No entanto, 
muitos outros sintomas são sutis e não estão nem mesmo no nível de conscientização clínicado 
paciente. Os sintomas dos quais o paciente não está consciente são chamados de subclínicos. 
Alguns sintomas subclínicos podem, com o tempo, tornam-se aparentes e representam 
distúrbios funcionais significativos se não forem tratados. É importante dessa forma identificar 
todo e qualquer sinal e sintoma de distúrbio funcional no pacientes. Isto não implica que 
todos os sinais indiquem uma necessidade de tratamento. 
 
A importância e a etiologia do sinal como também o prognóstico da desordem são fatores que 
determinam a necessidade de tratamento. 
Os pacientes são bastante conscientes de seus sintomas, ainda que eles não possam estar 
conscientes dos sinais clínicos presentes. 
Para que os sinais subclínicos não passem despercebidos, o examinador deve estar bastante 
consciente dos sinais e sintomas comuns. 
As seguintes manifestações são consideradas sintomas clássicos da DTM: 
- ruídos articulares; 
- limitação dos movimentos e/ou desvios dos movimentos da mandíbula; 
- dor ao nível da articulação têmporo-mandibular e/ou músculos mastigatórios; 
- cefaléia; 
- vertigem; 
- otalgia; 
- dor facial. 
 
 
3.5 Evolução patológica 
Recordando: 
 
Um sinal é um achado clínico objetivo revelado durante o exame. 
Um sintoma é uma descrição ou queixa feita pelo paciente. 
25 
 
 
As disfunções cérvico-crânio-mandibulares freqüentemente seguem uma trajetória de eventos 
progressivos, um desenrolar contínuo, desde os sinais de uma disfunção até chegar a uma 
doença articular degenerativa. São eles: 
 
1. Articulação normal saudável 
2. Condições que permitem um desvio do disco no côndilo 
3. Hiperatividade muscular ocasionando uma tração ântero-medial do disco 
4. Afinamento da borda posterior do disco 
5. Alongamento crescente dos ligamentos retrodiscais inferiores e dos discos 
6. Deslocamento funcional do disco 
i. estalido único 
ii. estalido recíproco 
 
7. Desalojamento funcional do disco 
i. deslocamento com redução 
ii. deslocamento sem redução (travamento) 
8. Retrodiscite 
9. Doença articular degenerativa 
 
 
Alguns pacientes irão apresentar os sintomas de um estágio, mas não necessariamente 
progredirão para o próximo estágio. Num dado estágio de um desarranjo interno, o paciente 
pode alcançar um nível de tolerância e não haverá um progresso da desordem. 
 
3.6 Classificação das DTM 
Entendemos por DISFUNÇÃO MIOGÊNICA do aparelho mastigatório os sintomas devidos à 
função não fisiológica da musculatura da região. 
O simples fato de a hiperatividade muscular ser aumentada não significa necessariamente que 
o colapso das estruturas vá ocorrer. Se o aumento ficar abaixo da tolerância estrutural de cada 
26 
 
 
componente do sistema, o colapso não ocorre. No entanto, tão logo a força seja maior do que a 
tolerância estrutural de um componente, aquele componente vai sofrer um colapso. A estrutura 
com o menor nível de tolerância representa o elo mais fraco da corrente. 
Uma equação pode ser usada para demonstrar a etiologia e efeito da hiperatividade muscular: 
Maloclusão Tolerância Fisiológica Aumento na hiperatividade muscular Tolerância 
Estrutural Colapso. 
 
 
1. Maloclusão: O termo oclusão refere-se ao relacionamento de contato dos dentes durante 
não só o fechamento como também nos movimentos excêntricos. Maloclusão refere-se ao grau 
no qual a oclusão varia a partir daquela que é ideal. 
2. Estresse emocional: O termo estresse emocional refere-se ao grau de estresse psicológico 
que o paciente está experimentando. O grau de estresse depende da quantia e intensidade de 
fatores estressantes sobre o paciente. 
3. Tolerância fisiológica: O termo tolerância fisiológica refere-se ao nível máximo de uma 
atividade ou condição existente que uma pessoa pode experimentar sem sofrer qualquer 
mudança no processo fisiológico normal e usual. O nível de tolerância pode ser bem diferente de 
paciente para paciente. 
A tolerância fisiológica de uma pessoa não permanece constante durante toda a vida. Ela pode 
ser influenciada pela dieta, saúde geral do corpo, fadiga, idade, hora do dia, etc. 
4. Tolerância Estrutural: Como já foi dito, cada estrutura do sistema mastigatório é 
capaz de suportar certa quantia de aumento de força sem mostrar sinais de colapso. 
A tolerância estrutural determina o ponto no qual o colapso se inicia. 
Vários fatores podem afetar o nível de tolerância estrutural. A saúde geral dos tecidos 
que compõe a estrutura é extremamente importante. 
Um fator que pode influenciar a tolerância estrutural é a condição oclusal. Quando ela é 
estabelecida por uma dentição saudável, estável e bem alinhada, as estruturas do sistema 
mastigatório podem tolerar mais facilmente a pesada carga gerada pela hiperatividade 
muscular. Se, no entanto, o alinhamento dos dentes é ruim ou os arcos dentais estão mutilados, 
as pesadas forças são mais prováveis de serem transferidas às estruturas que não são capazes 
de tolerá-las. 
Resumindo, uma condição oclusal boa e saudável é primordial para a função muscular normal 
27 
 
 
durante a mastigação, deglutição, fala e postura mandibular. Distúrbios na condição oclusal 
podem levar a um aumento de tônus muscular (hiperatividade ) e sintomas. 
 
A DISFUNÇÃO ARTROGÊNICA é um distúrbio funcional do sistema articular (artron) como 
unidade biomecânica e neurorreflexa. 
Questão de grande importância para o diagnóstico e tratamento da disfunção artrogênica é o 
conhecimento das causas responsáveis pelos sintomas que o paciente refere. Mencionaremos 
entre os fatores que podem dar origem à disfunção articular: 
1. Modificações da solicitação mecânica local, tais como traumatismos, alterações rápidas 
ou bruscas da motricidade, assim como a sobrecarga mecânica local; 
2. Diminuição da tolerância local às solicitações mecânicas em virtude de um distúrbio 
segmentar ou localizado nas cadeias biomecânicas; 
3. Diminuição geral da tolerância diante das solicitações (estresse, doenças sistêmicas, 
processos infecciosos). 
São muitas as doenças que podem levar ao distúrbio funcional da unidade articular. Seguiremos 
em nossa descrição a classificação de Carlsson: 
1. Disfunção mandibular / alterações neuromusculares 
2. Osteoartrose /alterações degenerativas da articulação têmporo-mandibular: 
- Artrose deformante; 
- Artrite traumática; 
- Artrite devida à imobilização; 
- Processos infecciosos; 
- Artrite reumática; 
- Infecção de etiologia desconhecida. 
3. Lesões internas ( internal derangement ) da ATM: 
- Deslocamento do disco articular; 
- Deformidade do disco 
- Perfuração do disco. 
 
28 
 
 
3.7 Classificação diagnóstica 
Para poder interpretar todos os resultados do seu exame, é preciso que o examinador disponha 
de conhecimentos suficientes sobre a patologia e a fisiopatologia, além do conhecimento dos 
diversos sintomas que fazem parte do quadro de DTM e de outros quadros nosológicos capazes 
de se manifestarem por sintomas semelhantes. 
A articulação têmporo-mandibular é uma articulação sinovial do tipo dobradiça. Por esse motivo 
e pelo seu grau de complexidade cinético, está susceptível a traumas e demais patologias 
também presentes em outras articulações sinoviais do corpo humano. 
 
1. Disfunções ósseas do crânio e da mandíbula 
Os ossos do complexo crânio-facial, como a maxila, mandíbula, ossos da base do crânio 
(esfenóides, palatino, occipital, etc.), abóbada cranial crescem todos em diferentes proporções e 
direções, porém são capazes de conservar uma direção e posição relativa entre eles. De todos 
os conceitos de crescimento e desenvolvimento ósseos, talvez o mais importante de todos seja 
aquele de “mudança de área ou de posição”, que também tem sido chamado de recolocação, 
ou relocação. 
A reação harmoniosa da cabeça articular da mandíbula é a condição mais importante durante a 
fase de crescimento rápido do terço médio da face. O crescimentoda cabeça articular da 
mandíbula é regulado tanto por fatores intrínsecos, isto é, geneticamente determinados, como 
por fatores epigenéticos; estes últimos são em geral de natureza biomecânica, dependendo 
conseqüentemente da função. O crescimento se atrasa e diminui sempre que ocorrer distúrbio 
da proliferação do tecido cartilaginoso da cabeça da mandíbula. Este fato se reflete na 
adaptação do crânio como um todo. As conseqüências da disfunção crânio-mandibular devem 
se manifestar durante o crescimento, se esta disfunção representar de fato uma alteração que 
mantém relação com a cabeça articular do osso mandibular. Neste caso, a hipótese será a 
seguinte: a disfunção crânio-mandibular é responsável pelo desenvolvimento anormal do 
esqueleto facial. 
 
Hipoplasia 
Crescimento ou desenvolvimento incompletos dos ossos do crânio ou da mandíbula, 
comumente, decorrente de trauma, infecção ou irradiação durante o período pós-natal do 
29 
 
 
crescimento. É caracterizada pela diminuição do corpo mandibular e desvio do queixo para o 
lado afetado. A hipoplasia condilar pode ser secundária a traumas. 
 
Hiperplasia 
Hiperdesenvolvimento dos ossos do crânio ou da mandíbula, podendo ser congênito 
ou 
adquirido. O tamanho excessivo da mandíbula á denominado prognatismo mandibular, 
resultando em protrusão e anormalidades quanto a tamanho, forma ou função mandibulares. 
 
Fraturas 
Caracterizam-se por uma força extrínseca causando trauma em componentes ósseos do 
sistema mastigatório (temporal, maxilar, zigomático, esfenóide e mandíbula). Podem ocorrer, 
segundo McNeill, luxação, contusão e/ou laceração das superfícies articulares, ligamentos e 
disco, com ou sem hemartrose intra-articular. As seqüências deste tipo de trauma podem incluir 
aderências, anquilose ou degeneração articular. 
 
3.7.1 Disfunções articulares 
Desarranjo ou incoordenação do complexo côndilo-disco 
As desordens de interferência no disco são caracterizadas por sintomas intra-capsulares que 
resultam de uma disfunção do complexo côndilo-disco contra a fossa mandibular. Muitas se 
apresentam crônicas e assintomáticas. Alguns pacientes se tornam conscientes delas apenas 
quando o dentista os alerta. As características clínicas comuns vão de ruídos articulares e 
aderências, ou até um travamento da articulação. A dor pode ou não acompanhar a desordem. 
Quando a dor está presente, deve ser completamente avaliada uma vez que pode se originar 
primariamente de estruturas intra-capsulares ou ser secundária, associada a desordens 
musculares. As desordens de interferência no disco geralmente se encaixam em uma das 4 
categorias: desarranjo do complexo côndilo-disco, incompatibilidade estrutural, subluxação e 
deslocamento espontâneo. 
Os desarranjos no complexo côndilo-disco ocorrem porque os ligamentos que suportam o 
complexo são alongados e o disco se torna mais fino. Os ligamentos tipicamente afetados são o 
ligamento colateral lateral e a lâmina retrodiscal inferior. A área do disco mais comumente 
30 
 
 
estreitada é o bordo posterior. Estas mudanças estruturais permitem que o disco seja deslocado 
de seu relacionamento normal do côndilo. O disco irá assumir a posição ditada pelas estruturas 
que o tracionam (a lâmina retrodiscal superior e o músculo pterigóideo lateral superior). Uma 
vez que na posição de fechamento articular a lâmina retrodiscal superior está relativamente 
passiva, o músculo pterigóideo lateral superior determina a posição do disco. O disco 
usualmente permanece na posição mais anterior permitida pelo espaço discal. Se houver 
suficiente afinamento do disco com alongamento dos ligamentos, o disco pode ser puxado 
através do espaço discal e então é dito que está deslocado. 
A causa mais comum do desarranjo côndilo-disco é o trauma, tanto macrotrauma (“pancada” na 
face) como microtrauma (o efeito implacável da hiperatividade muscular crônica). A condição 
oclusal que usualmente causa microtrauma é a Angle - classe II - mordida profunda anterior. 
Existem 2 tipos de desarranjo do complexo côndilo-disco: deslocamento do disco com redução 
e deslocamento do disco sem redução. 
O desenvolvimento de sofisticadas técnicas de artrografia esclareceu os mecanismos que 
levam à debilitação da função côndilo-disco e ao desarranjo interno da ATM. Este último inclui 
situações de deslocamento do disco, que tanto são reversíveis como irreversíveis e situações 
de deslocamento e remodelação condilar. Vários autores já observaram o deslocamento 
anterior do disco, que é causado por um enfraquecimento dessa inserção posterior, com seu 
afrouxamento ou laceração. Isto pode ser um resultado de trauma direto ou microtrauma de 
longo prazo, devido a alterações oclusais e consequente deslocamento posterior do côndilo. A 
parte posterior mais espessa do disco é então deslocada na frente do côndilo, uma vez que as 
fibras elásticas do ligamento posterior não podem mantê-la na posição correta; tal deslocamento 
é favorecido pelo tônus do músculo pterigóideo lateral (feixe superior) que se liga ao disco. A 
cabeça do côndilo fica em contato direto com ligamento posterior altamente vascularizado. 
Durante os movimentos da abertura, a cabeça do côndilo se move para frente, passando a 
porção posterior do disco e, se o deslocamento for reversível, o côndilo salta à frente do disco, 
com um estalido típico; desse momento em diante, até que a abertura máxima seja atingida, a 
relação côndilo-disco permanece normal. 
Esta situação é descrita como incoordenação côndilo-disco. Pode ser “inicial”, em casos menos 
adiantados, quando o enfraquecimento do ligamento posterior do disco é limitado e o estalido 
ocorre logo ao início do movimento de abertura; ou pode ser “tardia”, quando a lesão está mais 
adiantada e o estalido ocorre no final do movimento da abertura. Durante o movimento de 
31 
 
 
fechamento, o disco não é puxado para trás pelas fibras elásticas do ligamento posterior 
enfraquecido e assim, quando o côndilo se translada para trás, vai novamente para trás do 
disco. Isto pode produzir o segundo ruído (estalido recíproco). 
A incoordenação côndilo-disco é, portanto, uma das mais freqüentes causas de ruído articular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4. Representação esquemática do comportamento discal durante abertura da boca. 
 
Hipermobilidade articular 
Nesta condição, a cápsula da ATM está anormalmente estirada. A abertura ativa da mandíbula 
do paciente é maior do que o normal. Os desvios de abertura podem ser inconsistentes se os 
músculos da mastigação não puderem manusear eficientemente esta excessiva amplitude de 
movimento. A luxação da mandíbula é mais provável de ocorrer na vigência desta condição. 
Os hábitos para funcionais que contribuem para a hipermobilidade da ATM incluem a 
alimentação prolongada com mamadeira, o hábito de chupar o polegar e o uso de chupetas por 
crianças. 
32 
 
 
Considerado com sendo o distúrbio mecânico mais comum da ATM caracteriza-se pela 
translação anterior precoce ou excessiva da mandíbula. Nos casos de hipermobilidade, a 
translação ocorre nos primeiros 11mm de abertura, em vez de faze-lo nos últimos 15 a 25 mm. 
A translação anterior excessiva resulta em frouxidão da cápsula e dos ligamentos circundantes. 
O colapso destas estruturas torna possível o desarranjo discal em uma ou ambas as ATM. 
Finalmente, poderão ocorrer deficiências, como perda funcional e alterações artríticas. 
 
Hipomobilidade articular 
A abertura ativa da mandíbula do paciente é menor do que a normal. Quando existe restrição de 
apenas uma articulação, será observado um desvio em direção àquele lado. A hipomobilidade 
da ATM pode resultar de uma restrição da cápsula articular, que é causada pela imobilização, 
inflamação localizada, trauma, ou doença sistêmica. O disco luxado também irá causar 
hipomobilidade da ATM. 
A hipomobilidade poseresultar em fibrose capsular (como resultado das aderências cruzadas 
intermoleculares das fibras colágenas). Esta condição pode ou não ser dolorosa. Se for 
dolorosa, a dor é percebida no lado do acometimento, com possível irradiação para as áreas 
inervadas pelo V nervo craniano. A dor aumente durante os movimentos funcionais e para 
funcionais da mandíbula. Se existe encurtamento capsular completo, a abertura mandibular será 
menor que a funcional, e o paciente apresenta-se com um padrão capsular de restrição. Os 
movimentos laterais da mandíbula para o lado oposto são reduzidos. Com uma restrição 
bilateral, os movimentos laterais serão ainda mais restritos; a abertura da boca e a protrusão 
são limitadas, porém o fechamento é livre. 
 
Luxação 
Descrita como condição em que o côndilo mandibular está posicionado anteriormente à 
eminência articular e é incapaz de retornar à posição de origem. 
 
Trismo 
Em indivíduos com disfunção aguda da ATM, qualquer processo inflamatório nos tecidos 
articulares pode induzir a trismo articular devido ao espasmo prolongado dos músculos 
temporal, masseter e pterigóideo lateral, que não relaxam e não permitem a abertura bucal. 
Tem sido atribuído a um posicionamento condilar anterior que induz à trauma sobre as 
terminações nervosas do masseter e no nervo temporal profundo posterior que inerva a porção 
33 
 
 
anterior do ligamento capsular. Tem sido também observado em pacientes adultos do sexo 
feminino quando a tensão emocional prolongada está presente. 
O trismo pode ser provocado por: 
a) Inflamação dos tecidos intra-articulares; 
b) Posição condilar anterior; 
c) Pressão e irritação nas terminações nervosas capsulares; 
d) Hiperatividade dos músculos masseter e temporal; 
e) Tensão emocional prolongada. 
 
 
Capsulites e sinovites traumáticas 
O mais significante achado na capsulite traumática é a história do macrotrauma. O que é mais 
comumente reportado é uma pancada no queixo proveniente de um acidente ou uma queda. 
Até uma batida numa parede ou uma cotovelada acidental no queixo pode levar a uma capsulite 
traumática. O trauma é mais provável de causar injúria na articulação quando os dentes estão 
separados. Quando capsulite ou sinovite estão presentes, qualquer movimento que tende a 
alongar o ligamento capsular irá acentuar a dor. 
 
Capsulites e sinovites devido à inflamação secundária 
Capsulites e sinovites podem resultar de uma condição inflamatória secundária proveniente de 
estruturas adjacentes, também podem ser secundárias a outra condição artrítica ou uma 
desordem de interferência no disco. É importante que o exame diagnóstico seja completo e 
preciso, de forma que a etiologia da condição inflamatória seja apropriadamente identificada e 
tratada. 
A sobrecarga da articulação por bruxismo, mastigação excessivamente vigorosa, traumatismo, 
esforço ou infecção pode causar uma resposta inflamatória na cápsula fibrosa, na membrana 
sinovial e nos tecidos retrodiscais. 
Alterações sutis e persistentes na cinemática articular podem causar desequilíbrio muscular 
entre os levantadores e depressores e produzir estresses anormais suficientes a ponto de 
resultar em aplicação inadequada das cargas na cartilagem articular. Este padrão pode 
acarretar uma possível falha por fadiga e alterações artríticas na cartilagem articular. As 
sobrecargas repetidas induzem a microtraumas e uma reação inflamatória na cápsula, nas 
34 
 
 
partes periféricas do disco e na inserção do pterigóideo lateral. A capacidade do pterigóideo 
lateral excessivamente fatigado em movimentar o disco de forma harmoniosa durante os 
movimentos da maxila pode ser prejudicada, resultando em deslocamento e dano do disco. 
Os sinais e sintomas de capsulite incluem dor em repouso (intensificada durante a 
intercuspidação máxima funcional) e com os movimentos parafuncionais da mandíbula. A 
dor ocorre no lado do acometimento em áreas inervadas pelo V nervo craniano. A 
deficiência devida à capsulite varia de pequena restrição articular a imobilização total. 
 
Osteoartrose 
Degeneração, não inflamatória, caracterizada por mudanças na estrutura das superfícies 
articulares, secundariamente à tensão excessiva no mecanismo de remodelação. Ocorrem 
deterioração e abrasão da cartilagem articular e remodelação do osso subcondral. 
O mais comum dos fatores etiológicos que causam ou contribuem para a doença articular 
degenerativa é a sobrecarga nas estruturas articulares. Esta sobrecarga é associada com 
problemas nas estruturas articulares (por exemplo, deslocamento de disco ou aumento de 
hiperatividade muscular ou ambos). Tipicamente, as mudanças radiográficas na morfologia do 
osso subarticular podem ser vistas, embora possa levar até mais de 6 meses de sintomas antes 
que haja desmineralização óssea que possa ser vista radiograficamente. 
 
3.7.2 Disfunções musculares 
Disfunção oclusomuscular 
Ocorre quando a má oclusão provoca uma posição mandibular incorreta, causando disfunção 
dos músculos mastigatórios em pacientes já susceptíveis. 
Entendemos por oclusão todo e qualquer contato estático entre um ou vários dentes 
superiores e inferiores. Para avaliar a oclusão, partimos freqüentemente da “posição de 
repouso”. A posição de repouso é definida como a distância constante e inconsciente entre 
os maxilares, estando corpo e cabeça em posição ereta. 
A mudança de posição da mandíbula resultante afeta diretamente ambas as articulações 
têmporo- mandibulares, assim como os músculos mastigatórios,eventualmente provocando dor 
e aumento de pressão. Os distúrbios oclusais podem também contribuir para a disfunção da 
articulação pelos mecanismos neuromusculares. Esta mudança de posição da mandíbula é 
35 
 
 
capaz de desencadear aumento da tensão e dor nos músculos do aparelho mastigatório, 
podendo também provocar o deslocamento do disco articular. 
 
Miosite 
A Miosite é uma inflamação do tecido muscular, embora não muito comum, pode ser devida 
a uma infecção generalizada em tecidos vizinhos. Mais comumente, a miosite resulta de 
mioespasmo prolongado, desta forma, qualquer fator etiológico de mioespasmo pode 
também contribuir para a miosite. De fato, a miosite pode ser encarada como um estágio 
avançado do mioespasmo. Clinicamente pode ser difícil diferenciar ambos. Uma outra 
consideração é que se o tratamento para o mioespasmo não eliminar os sintomas em 10 ou 
14 dias, então a miosite provavelmente vai aparecer. Como com os mioespasmos, o fator 
etiológico mais comum nas miosites é a hiperatividade muscular prolongada. 
 
Mioespasmo 
Desordem aguda e involuntária, com súbita contração tônica muscular. O espasmo é uma 
contração muscular contínua (fasciculação) e pode ser diferenciado do espasmo protetor 
através da eletroneuromiografia. 
 
Espasmo protetor 
Definido por McNeill como restrição ou resguardo do movimento mandibular causado pela co- 
contração dos músculos a fim de evitar a dor causada pela movimentação. Este reflexo também 
pode ocorrer em fase aguda de alguma desordem psicológica. 
 
Contratura muscular 
Resistência crônica dos músculos ao estiramento passivo como resultado de aderências em 
tendões, ligamentos ou fibras musculares. Geralmente causada por trauma ou qualquer 
outra desordem que traga a hipomobilidade como conseqüência. 
 
3.7.3 Disfunções neurovasculares 
Neuralgia do trigêmio 
Envolve áreas maxilar e/ou mandibular inervadas pelo V par craniano. O paciente refere algia 
36 
 
 
intensa e contínua com quadro de parestesia no local afetado. É de difícil resposta a 
tratamentos e prognóstico desfavorável. 
A dor trigemial é intensa, paroxística, descrita às vezes como uma sensação semelhante a um 
choque ou também como uma ferroada muito intensa e de curta duração. A dor vem em forma 
de um “choque” com intervalos de completa calma, dando a sensação de que o problema 
desapareceu. Os ataques são irregulares,às vezes, provocando vários episódios de curta 
duração caracterizando o que se chama estado de mal trigemial. Um aspecto marcante da dor 
trigemial é a sua localização quase sempre correspondendo a uma das divisões do trigêmio. O 
paciente localiza perfeitamente a região da face acometida. A dor trigemial pode ser 
desencadeada por um gatilho (trigger point). Este gatilho de dor pode ser localizado tanto na 
superfície cutânea como na cavidade oral, geralmente na gengiva, e o tocar da língua em certo 
ponto da gengiva pode provocar dor, de maneira que o paciente às vezes fica impedido de falar 
ou de alimentar-se em função das dores intensas. Quando o ponto gatilho está na superfície 
cutânea, o paciente não consegue sequer realizar a higiene da face. 
 
Bruxismo 
O bruxismo caracteriza um dos comportamentos parafuncionais mais problemáticos que 
acometem o indivíduo. Deriva da palavra grega Bruchein, que significa apertamento, fricção ou 
atrito dos dentes entre si, sem finalidades funcionais. As contrações musculares nos bruxistas 
podem desenvolver forças pesadíssimas (de 150 a 340 Kg de carga puntiforme durante 
períodos ativos) e causar diversos níveis de alterações em dentes, periodonto, músculos e 
ATMs. 
Inúmeras teorias sobre a origem do bruxismo já foram propostas. Entre elas encontram-se as 
discrepâncias oclusais e o estresse emocional. É importante salientar que nem todos os 
indivíduos com distúrbios emocionais são portadores de bruxismo, de distúrbios musculares 
e/ou articulares. 
Muitas vezes, pequenas alterações emocionais podem estimular os rangimentos dos dentes em 
alguns indivíduos. Estes apresentam alto grau de percepção do hábito e tem-se afirmado que 
estes casos são mais fáceis de tratar. 
Dependendo do alimento mastigado, da dieta e dos hábitos mastigatórios, os indivíduos podem 
aplicar forças de 7, 14, 15 e 25 Kg durante os contatos dentais. Pacientes com bruxismo podem 
aplicar forças de até 150 Kg durante os períodos de bruxismo. 
 
37 
 
 
Classificação do bruxismo 
Pela relação maxilo-mandibular e dental, o bruxismo pode ser classificado como bruxismo 
cêntrico e excêntrico. 
Nos indivíduos com bruxismo cêntrico podemos observar que: 
a) O paciente aperta os dentes em OC ou RC ou entre ambas; 
b) Não se observa deslizamento, apenas apertamento dental; 
c) Os indivíduos apresentam contração muscular isométrica; 
d) Os tecidos musculares dos indivíduos com bruxismo cêntrico apresenta muita dificuldade 
para eliminar os resíduos metabólicos que se originam na contração muscular prolongada e 
sustentada e no metabolismo energético; 
e) Os indivíduos podem apresentar contatos prematuros cêntricos com etiologia ou então 
tensão emocional exacerbada. 
Os indivíduos com estes tipos de bruxismo não apresentam facetas de deslizamento e a 
contração muscular isométrica permite maior acúmulo de irritantes locais, principalmente ácido 
acético e ácido lático.
38 
 
 
No caso de bruxismo excêntrico, observa-se que: 
a) Os indivíduos apertam e deslizam os dentes nas posições protrusivas e laterais-protrusivas; 
b) Os movimentos mandibulares são bordejantes; 
c) Os indivíduos podem apresentar contatos prematuros cêntrico ou excêntrico; 
d) A contração muscular é isotônica; 
e) Os indivíduos apresentam facetas de desgastes excêntricas tanto nos dentes anteriores 
como posteriores. O mais freqüente é uma combinação de facetas na face vestibular incisal de 
incisivos e caninos inferiores e na face lingual de incisivos e caninos superiores; 
f) A musculatura apresenta maior facilidade na eliminação de resíduos energéticos, ácidos e 
irritantes. Contudo, isto não significa que dor, disfunção, hipertonismo muscular e sensibilidade 
à palpação estejam ausentes. 
 
Devemos também salientar que o tipo de bruxismo que ocorre durante o dia tem sido chamado 
de bruxomania, enquanto que aquele que ocorre à noite é conhecido como bruxismo 
propriamente dito. 
 
A contração mantida dos músculos pode induzir à vasocontricção do plexo pterigóideo e, assim, 
aumentar a pressão intra-craniana, provocando dores de cabeça. Tem sido relatado 
freqüentemente que o aperto dental crônico provoca fadiga muscular, espasmo e dor. A dor 
muscular estimula a tensão que pode induzir dor e apertamento dental; estabelece-se assim um 
ciclo vicioso de retroalimentação: Dor / Tensão / Apertamento / Espasmo / Dor 
 
3.8 Inter-relação postura/ATM 
A função do conjunto de estruturas que compõem o sistema estomatognático é dependente 
não só das estruturas tipograficamente envolvidas, mas mantém relações estreitas com a 
respiração e o posicionamento da cabeça. Atualmente, entende-se que alterações 
localizadas nos segmentos corpóreos implicam alterações em cascata da postura e, 
conseqüentemente, das funções motoras dependentes da mesma. 
Desvios posturais tais como pronação de um pé, diferença no comprimento de membros 
39 
 
 
inferiores ou escoliose causam assimetria nos ombros e inclinação da cabeça com forças 
craniovertebrais alteradas. No plano sagital, a postura anteriorizada da cabeça produz 
importantes alterações nas relações craniovertebrais. 
Usualmente a posição da cabeça à frente mostra uma coluna cervical retificada à radiografia, 
com perda da lordose normal. Os músculos longo da cabeça e do pescoço estão encurtados e 
muitas vezes em contração. Para ver qualquer coisa que não o chão, a cabeça é hiperestendida 
sobre o pescoço. Esta posição, então, faz os músculos extensores suboccipitais e supra-
hióideos encurtarem-se e os infra-hióideos alongarem-se, com o reposicionamento mandibular e 
hiperatividade dos músculos da mastigação. Compressão pode ocorrer posteriormente na 
região de C1 a C2 com dor crânio-facial. Estas complexidades ilustram que a ATM não pode ser 
considerada isoladamente e que, em muitos casos, uma abordagem multidisciplinar pode ser 
eficaz para restaurar a função. 
 
3.9 Respirador bucal 
A respiração habitual pela boca com reflexos no aparelho mastigatório é, em geral, devido a 
uma área obstruída no nariz ou na faringe. 
Para obter uma via aérea livre através da boca , a pessoa tem que estender a cabeça e abaixar 
a mandíbula e a posição da língua. Isso altera o equilíbrio normal dos músculos que circundam 
o sistema dental resultando, em muitos casos, em mordida cruzada dos dentes posteriores e em 
menor inclinação labial dos incisivos. Essas alterações são adaptativas, mas podem se tornar 
patológicas. 
Na opinião de Backlund, o hábito da respiração bucal parece estar relacionado com uma 
posição lingual baixa e protrusiva, ausência de contato entre a língua e o palato e posição 
separada dos lábios. O indivíduo portador de respiração bucal permanece quase sempre 
com a boca aberta e mostra uma altura facial aumentada (aumento no terço facial interior). 
De modo geral, um padrão de respiração bucal pode ser provocado por: 
a) Vias nasofaríngeas estreitas; 
b) Vias nasofaríngeas estreitas quando combinadas com membrana nasal cronicamente 
inflamada; 
c) Presença de tecido adenóide cronicamente hipertrófico, o que é um achado bastante 
40 
 
 
freqüente nas populações examinadas; 
d) Cornetes inflamados; 
e) Rinite crônica; 
f) Desvios de septo nasal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
4 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA 
 
 
A ATM é um anel da cadeia de articulações sinoviais conectando o corpo humano, ela se 
interrelaciona anatômica e cinesiologicamente com as articulações adjacentes nesta cadeia e 
na coluna cervical. Por causa desta relação, uma maior compreensão da ATM irá auxiliar os 
fisioterapeutas no tratamento da coluna cervical. 
 
4.1 Anamnese 
A avaliação fisioterapêutica inicia-se com uma anamnese minuciosa cujo objetivo é colher o 
máximo de informações e dados clínicos relacionados ao distúrbio apresentado. Isso pode 
serfeito através de um questionário.QP: queixas que levaram o paciente ao dentista e/ou ao fisioterapeuta; refere-se ao problema 
real trazido pelo paciente. 
HDA: colhe-se a história de como, quando e em que regiões iniciaram-se os problemas na ATM. 
É aconselhável que se mantenha uma ordem cronológica dos acontecimentos. 
HP: referem-se a dificuldades na função mastigatória e às queixas, presentes ou passadas, que 
possam complicar o quadro: infecções do ouvido, distúrbios do equilíbrio, doença reumática, 
outras doenças musculares ou articulares e distúrbios circulatórios. 
HDentária: problemas dentais do paciente executados no passado como extrações dentais 
As informações que o fisioterapeuta obtém inicialmente são: 
 Queixa principal (QP) 
 História da doença atual (HDA) 
 História patológica (HP) 
 História dentária 
 História familial (HFAL) 
 História social (HS) 
 História psicológica (HPSic) 
 Hábitos parafuncionais 
 Avaliação da dor 
42 
 
 
simples ou complicadas, prótese, tratamento ortodôntico ou outro. Coleta-se ainda informações 
sobre qualquer tratamento vigente que o paciente esteja recebendo, que possa influenciar de 
alguma forma os dados clínicos. 
HFal: questiona-se sobre algum fator hereditário possível que possa predispor 
disfunção. HSocial: questionamentos sobre tabagismo, sedentarismo, etilismo, etc. 
HPsic: questões tratam de colapso nervoso no presente ou no passado, excitabilidade fácil, 
distúrbios no sono, ingestão de tranqüilizantes e soporíferos. Questiona-se se o início dos 
sintomas coincidiram com o período de estresse ou se a sintomatologia piora durante estes 
períodos de maior estresse emocional. Normalmente, uma vez que o estímulo é removido, os 
sintomas desaparecem em poucos dias. 
Hábitos parafuncionais: hábitos podem influenciar a disfunção: ler apoiando a têmpora 
em uma das mãos, roer unhas, movimento labial, etc. Às vezes, o paciente pode não estar 
totalmente consciente deles e, portanto, algumas questões são úteis quando se suspeita de 
bruxismo ou apertamento. A fadiga dos músculos mastigatórios depois que a pessoa acorda é, 
por exemplo, uma conseqüência típica de bruxismo noturno. 
As necessidades funcionais do aparelho mastigatório compreendem basicamente a mastigação, 
a deglutição e a fonética, enquanto as atividades parafuncionais são as contrações musculares 
prolongadas. Citamos como exemplos hábitos como morder lábio ou objetos, chupar dedo, roer 
unhas, postura anormal craniocervicofacial, mascar objetos como haste de óculos, cachimbo; 
atividades assim denominadas por não terem propósitos funcionais. 
Segundo estudos recentes, sinais ou sintomas relacionados com as atividades parafuncionais 
são observados em 80 a 90% da população. Na maioria das pessoas estes comportamentos 
não provocam alterações clinicamente importantes, no entanto, entre 10 e 15% destes 
indivíduos resultam em graves problemas clínicos e necessitam atendimento específico. 
As conseqüências destes comportamentos podem incluir: desgaste dental excessivo, dores 
musculares craniofaciais, maloclusão severa, alterações articulares degenerativas, desarranjo 
do disco articular, hipertrofia muscular, alterações auditivas, agravamento de lesões 
periodontais e destruição de trabalhos restauradores. 
 
Uma combinação de fatores predisponentes com níveis acentuados de parafunção pode 
provocar: 
a. Problemas auditivos 
43 
 
 
b. Dor articular - estalido 
c. Doença articular degenerativa 
d. Dor de cabeça por contração muscular 
e. Dor miofacial 
f. Hipertrofia muscular 
g. Hipotonia muscular 
h. Maloclusão 
i. Erosão cervical 
j. Dentes quebrados 
k. Abrasão dental 
l. Perda óssea alveolar 
m. Desgaste dental 
n. Destruição de trabalhos odontológicos 
 
Avaliação da dor: questões sobre intensidade, duração, localização e tipo da dor. Refere-se a 
dores diretamente relacionadas à DTM e às cefaléias, freqüentemente presentes nestes casos. 
Faz-se o registro do lado primário da dor e das zonas de irradiação, de sua freqüência, 
intensidade e períodos de acometimento. 
Uma escala facilmente aplicada e útil para o dia-a-dia é a Face Pain Scale, mas também é 
possível a Escala Analógica Visual ou o Inventário McGill de dor, instrumentos bastante 
utilizados em pesquisas. 
Figura 5. Face Pain Scale (0 – ausência de dor a 5 – dor violenta) 
 
 
A dor de origem articular pode ser localizada pelo paciente como interna, na área pré-auricular; 
44 
 
 
em geral é contínua ou obtusa, podendo exacerbar-se com o movimento e função mandibular. A 
dor muscular tem lados característicos de irradiar, dependendo dos músculos envolvidos: 
1. O músculo masseter se irradia nas regiões auricular e articular e na porção interior da 
bochecha; 
2. A dor dos músculos temporais envolve a porção superior da bochecha, a têmpora e a órbita; 
3. A dor do músculo pterigóideo medial dissemina-se para as áreas retromandibular e intra- 
auricular; 
4. A dor do músculo pterigóideo lateral irradia-se para a região articular. 
 
 
Em indivíduos com disfunção, a dor de cabeça é causada principalmente pela hiperatividade 
muscular; pode ser de origem muscular e vascular. Foi demonstrado que os músculos 
mastigatórios normalmente alternam períodos de isquemia (durante a contração) e períodos de 
fluxo abundante de sangue (durante o relaxamento entre dois atos mastigatórios). Em 
indivíduos com disfunções, as contrações musculares reflexas alteram esse mecanismo, 
levando à isquemia muscular e conseqüente dor cefálica. 
 
4.2 Exames complementares: 
4.2.1 Radiografia 
Há uma tendência de, ao se examinar uma radiografia, considerar basicamente as estruturas do 
ponto se vista anatômico. Esta descrição, observada na maioria dos laudos radiográficos, 
embora correta, demonstra as limitações das imagens na identificação dos problemas 
funcionais e/ou biomecânicos das articulações têmporo-mandibulares. Variações anatômicas 
de paciente para paciente, diferentes níveis de adaptação estrutural e funcional dos tecidos, 
angulações das tomadas, posição da cabeça, etc, são fatores que dificultam uma definição 
diagnóstica. Desta forma, as imagens isoladas não definem diagnósticos biomecânicos e 
funcionais; são apenas auxiliares e apenas terão importância combinadas com um rigoroso 
exame clínico, bem como do histórico do paciente. 
Entretanto, quando existem indícios de alterações têmporo-mandibulares significativas 
45 
 
 
baseadas na queixa de dor, na história, no exame clínico, eventualmente do diagnóstico 
diferencial, a imagem reveste-se de relevante importância diagnóstica, pois uma queixa de dor 
tanto pode ser um problema biomecânico funcional comum, como pode ser um problema grave 
como por exemplo, um tumor. 
Pode-se concluir assim que, no diagnóstico de problemas têmporo-mandibulares, o protocolo 
radiográfico é importante para: registro (documento do ponto de vista legal); para exclusão de 
fatores não relacionados (fraturas, tumores, objetos etc.); no auxílio diagnóstico e para avaliar o 
correto espaço dos côndilos e os tecidos articulares na fossa mandibular. 
Um grande avanço foi a introdução da ressonância magnética que permitiu o estudo, a 
interpretação e a avaliação dos tecidos moles têmporo-mandibulares. Entretanto, é consenso 
geral que a imagem radiográfica com qualquer técnica, ainda que fundamental no diagnóstico 
têmporo- mandibular, é apenas um recurso auxiliar e que um diagnóstico correto e preciso 
envolve um conhecimento profundo dos aspectos anatômicos, funcionais, histológicos, 
interpretação adequada dos níveis de adaptação e emprego de critérios diagnósticos 
diferenciais. 
 
4.2.2 Panorâmica 
A radiografia panorâmica, embora amplamente usada nos consultórios odontológicos no que se 
refere aos contornos ósseos e às estruturas dentais (como posição, forma, alterações etc.), 
apresentam informações pouco significativas com relação a aspectos funcionais

Outros materiais